Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Hitler salvou-nos de ataque espanhol
Investigador espanhol divulga provas documentais de que Franco quis invadir Portugal no começo da II Guerra Mundial.
Margarida Mota (www.expresso.pt)
12:20 | Terça-feira, 3
Hitler e Franco encontram-se em Hendaye
Hitler e Franco encontram-se em Hendaye
Roger Viollet
Há 70 anos que se suspeitava que a Espanha franquista projectara invadir Portugal. Primeiro, os falangistas vitoriosos desafiaram o caudilho a "fazer um passeio triunfal até Lisboa", em Março de 1939. Depois, com a II Guerra Mundial, Franco aproximou-se perigosamente de Hitler. Contudo, faltavam provas credíveis dessas intenções.
Graças ao investigador espanhol Manuel Ros Agudo, confirma-se que, em Dezembro de 1940, Portugal esteve a um passo de ser invadido. O documento, dos arquivos da Fundação Francisco Franco, descoberto em 2005, "é precioso", comentou ao Expresso o historiador Fernando Rosas. "Prova que os espanhóis não só tinham um plano de invasão, como o tencionavam executar à margem dos alemães".
Datado de Dezembro de 1940, o "Plano de Campanha nº 1 (34)" - elaborado pelo Estado-Maior espanhol - foi, esta semana, apresentado por Ros Agudo numa conferência no Instituto de Defesa Nacional. Em 120 páginas, previa-se um ataque surpresa, levado a cabo por uma força de 250 mil homens, coordenado com uma ofensiva hispano-germânica sobre Gibraltar (operação Félix). A invasão de Portugal destinava-se a impedir que os britânicos reagissem, ocupando os portos do seu velho aliado.
Portugal opta pela neutralidade
Franco parecia não ter pejo em invadir um país que o apoiara logisticamente durante a Guerra Civil (1936-1939) e com quem celebrara um Pacto de Amizade e Não-Agressão, em 1939. Anos antes, na prestação de provas para o generalato, a sua tese fora um plano de invasão de Portugal. Desde Março de 1939 que Salazar enviara o embaixador Teotónio Pereira para junto de Franco, para contrariar a influência dos falangistas pró-ibéricos junto do ditador. Quando a guerra começa, Portugal opta pela neutralidade e a Espanha pela não-beligerância.
A 23 de Outubro de 1940, após a queda da França, Franco e Hitler encontraram-se em Hendaya. Em troca da entrada na guerra, Franco pedia Gibraltar, o Marrocos francês, parte da Argélia, a ampliação da Guiné espanhola e Fernando Pó, explicou ao Expresso Ros Agudo.
As pretensões imperiais de Franco colidiam com os domínios coloniais franceses. Hitler não quis hipotecar o colaboracionismo do marechal Pétain. "Hitler salvou a Espanha de entrar na guerra e, indirectamente, salvou Portugal de ser invadido".
Para o historiador, só meia dúzia de pessoas saberia do plano: "Franco e os seus mais directos colaboradores. Nem Hitler nem Mussolini sabiam", diz o autor de "A Grande Tentação: Os Planos de Franco para Invadir Portugal" (Casa das Letras, 2009).
O desejo constante da anexação
Este professor de História Contemporânea na Universidade CEU San Pablo de Madrid justifica o plano por "razões defensivas e não anexionistas, no contexto da II Guerra". Mas para Fernando Rosas, tal como o "perigo espanhol" é "uma ideia sempre presente no nosso imaginário", a anexação de Portugal é uma constante na cultura da elite espanhola, desejosa de "corrigir os lapsos que, nos séculos XIV e XVII, tinham permitido a independência de Portugal".
A Guerra Civil espanhola exacerbou estes sentimentos. Em Lisboa, o perigo espanhol foi "agitado por Salazar para dizer que o desígnio ibérico dos vermelhos era a maneira de o velho perigo espanhol, agora sob a bandeira do comunismo, engolir Portugal". Mas a propaganda anexionista da Falange também inquietava o ditador português, ao ponto de, no discurso de celebração da vitória franquista, na Assembleia Nacional, a 22 de Maio de 1939, se limitar a dizer: "Ganhámos. Eis tudo!"
Como recorda Ros Agudo no seu livro, um ano depois, os falangistas da Divisão Azul, enviada para a frente russa, cantavam: "Só esperamos a ordem / que nos dê o nosso General / para apagar a fronteira / de Espanha com Portugal".
Conclui Fernando Rosas: "Costumo dizer aos meus alunos que Portugal manteve a neutralidade por vários factores: servia à Inglaterra, serviu ao Eixo em certa altura, servia às elites económicas portuguesas. Mas tivemos sorte quando os alemães, em 1941, foram para a Jugoslávia e depois para a URSS. E porque Franco não entrou na guerra."
Texto publicado na edição do Expresso de 31 de Outubro de 2009
Investigador espanhol divulga provas documentais de que Franco quis invadir Portugal no começo da II Guerra Mundial.
Margarida Mota (www.expresso.pt)
12:20 | Terça-feira, 3
Hitler e Franco encontram-se em Hendaye
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Roger Viollet
Há 70 anos que se suspeitava que a Espanha franquista projectara invadir Portugal. Primeiro, os falangistas vitoriosos desafiaram o caudilho a "fazer um passeio triunfal até Lisboa", em Março de 1939. Depois, com a II Guerra Mundial, Franco aproximou-se perigosamente de Hitler. Contudo, faltavam provas credíveis dessas intenções.
Graças ao investigador espanhol Manuel Ros Agudo, confirma-se que, em Dezembro de 1940, Portugal esteve a um passo de ser invadido. O documento, dos arquivos da Fundação Francisco Franco, descoberto em 2005, "é precioso", comentou ao Expresso o historiador Fernando Rosas. "Prova que os espanhóis não só tinham um plano de invasão, como o tencionavam executar à margem dos alemães".
Datado de Dezembro de 1940, o "Plano de Campanha nº 1 (34)" - elaborado pelo Estado-Maior espanhol - foi, esta semana, apresentado por Ros Agudo numa conferência no Instituto de Defesa Nacional. Em 120 páginas, previa-se um ataque surpresa, levado a cabo por uma força de 250 mil homens, coordenado com uma ofensiva hispano-germânica sobre Gibraltar (operação Félix). A invasão de Portugal destinava-se a impedir que os britânicos reagissem, ocupando os portos do seu velho aliado.
Portugal opta pela neutralidade
Franco parecia não ter pejo em invadir um país que o apoiara logisticamente durante a Guerra Civil (1936-1939) e com quem celebrara um Pacto de Amizade e Não-Agressão, em 1939. Anos antes, na prestação de provas para o generalato, a sua tese fora um plano de invasão de Portugal. Desde Março de 1939 que Salazar enviara o embaixador Teotónio Pereira para junto de Franco, para contrariar a influência dos falangistas pró-ibéricos junto do ditador. Quando a guerra começa, Portugal opta pela neutralidade e a Espanha pela não-beligerância.
A 23 de Outubro de 1940, após a queda da França, Franco e Hitler encontraram-se em Hendaya. Em troca da entrada na guerra, Franco pedia Gibraltar, o Marrocos francês, parte da Argélia, a ampliação da Guiné espanhola e Fernando Pó, explicou ao Expresso Ros Agudo.
As pretensões imperiais de Franco colidiam com os domínios coloniais franceses. Hitler não quis hipotecar o colaboracionismo do marechal Pétain. "Hitler salvou a Espanha de entrar na guerra e, indirectamente, salvou Portugal de ser invadido".
Para o historiador, só meia dúzia de pessoas saberia do plano: "Franco e os seus mais directos colaboradores. Nem Hitler nem Mussolini sabiam", diz o autor de "A Grande Tentação: Os Planos de Franco para Invadir Portugal" (Casa das Letras, 2009).
O desejo constante da anexação
Este professor de História Contemporânea na Universidade CEU San Pablo de Madrid justifica o plano por "razões defensivas e não anexionistas, no contexto da II Guerra". Mas para Fernando Rosas, tal como o "perigo espanhol" é "uma ideia sempre presente no nosso imaginário", a anexação de Portugal é uma constante na cultura da elite espanhola, desejosa de "corrigir os lapsos que, nos séculos XIV e XVII, tinham permitido a independência de Portugal".
A Guerra Civil espanhola exacerbou estes sentimentos. Em Lisboa, o perigo espanhol foi "agitado por Salazar para dizer que o desígnio ibérico dos vermelhos era a maneira de o velho perigo espanhol, agora sob a bandeira do comunismo, engolir Portugal". Mas a propaganda anexionista da Falange também inquietava o ditador português, ao ponto de, no discurso de celebração da vitória franquista, na Assembleia Nacional, a 22 de Maio de 1939, se limitar a dizer: "Ganhámos. Eis tudo!"
Como recorda Ros Agudo no seu livro, um ano depois, os falangistas da Divisão Azul, enviada para a frente russa, cantavam: "Só esperamos a ordem / que nos dê o nosso General / para apagar a fronteira / de Espanha com Portugal".
Conclui Fernando Rosas: "Costumo dizer aos meus alunos que Portugal manteve a neutralidade por vários factores: servia à Inglaterra, serviu ao Eixo em certa altura, servia às elites económicas portuguesas. Mas tivemos sorte quando os alemães, em 1941, foram para a Jugoslávia e depois para a URSS. E porque Franco não entrou na guerra."
Texto publicado na edição do Expresso de 31 de Outubro de 2009
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Essa invasão de Portugal iria precipitar a derrota de Hitler...
Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Las tonterías que hay que leer...soultrain escreveu:Hitler salvou-nos de ataque espanhol
- soultrain
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Não foi escrito por mim, mande um e-mail ao expresso e aos seus compatriotas que o dizem.
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
manuel.liste escreveu:Las tonterías que hay que leer...soultrain escreveu:Hitler salvou-nos de ataque espanhol
Não é tontaria, foi mesmo assim. E creio que nem eu, nem o Soultrain corremos o risco de sermos apelidados de "anti espanhois"...
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Não sei porque é que não podem ser acusados de ser anti-espanhóis.
É anti-espanhol quem quer que seja que diga qualquer coisa desagradável para nuestros hermanos.
Não importa se verdadeira ou falsa.
O que é ridiculo, é que algo que já era sabido em Portugal, seja agora apresentado em Espanha como uma grande novidade e um furo jornalístico.
O plano já tinha sido referido em publicações do próprio Instituto de Defesa Nacional, como é o caso do livro «Debaixo de Fogo» de Telmo Faria, já aqui por mim referido.
Parece que até a fundação Francisco Franco confirma que o plano existiu.
Se eu fosse espanhol, agora estaria a pedir fuentes ao Manuel Liste, para provar que os planos não existiram...
Mas como não sou, tenho que respeitar o que é acima de tudo um comprovado preconceito ...
Enfim, Deus escreve direito por linhas tortas e apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo...
Cumprimentos
É anti-espanhol quem quer que seja que diga qualquer coisa desagradável para nuestros hermanos.
Não importa se verdadeira ou falsa.
O que é ridiculo, é que algo que já era sabido em Portugal, seja agora apresentado em Espanha como uma grande novidade e um furo jornalístico.
O plano já tinha sido referido em publicações do próprio Instituto de Defesa Nacional, como é o caso do livro «Debaixo de Fogo» de Telmo Faria, já aqui por mim referido.
Parece que até a fundação Francisco Franco confirma que o plano existiu.
Se eu fosse espanhol, agora estaria a pedir fuentes ao Manuel Liste, para provar que os planos não existiram...
Mas como não sou, tenho que respeitar o que é acima de tudo um comprovado preconceito ...
Enfim, Deus escreve direito por linhas tortas e apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo...
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- manuel.liste
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Perdona que lo diga, pero sostener la tesis de un Hitler salvando a Portugal frente a la agresión de Franco es la majadería del sigloSintra escreveu:manuel.liste escreveu: Las tonterías que hay que leer...
Não é tontaria, foi mesmo assim. E creio que nem eu, nem o Soultrain corremos o risco de sermos apelidados de "anti espanhois"...
La historia es muy sencilla: Hitler quiso tomar Gibraltar en 1940 y propuso a Franco entrar en la Guerra Mundial. Franco no quiso entrar en la Guerra Mundial. Todo está sobradamente documentado.
Salir ahora con unos antiguos papeles de Estado Mayor como prueba de una agresión que jamás existió es raro. Pero afirmar que Hitler salvó a Portugal ya es para reir y para tomárselo a broma
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
El Estado Mayor del Ejército Español redactó hace muchos años un plan teórico para tomar Portugal. ¿Y?pt escreveu:Não sei
Los hechos son historia: la historia de la amistad entre Salazar y Franco, la historia del apoyo de Salazar a Franco y de Franco a Salazar. Dos dictadores hermanados.
Salazar fue DICTADOR
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Esse desejo de anexar Portugal à Espanha de alguma forma ainda se faz presente no pensamento das elites Espanholas Soultrain??soultrain escreveu:
Este professor de História Contemporânea na Universidade CEU San Pablo de Madrid justifica o plano por "razões defensivas e não anexionistas, no contexto da II Guerra". Mas para Fernando Rosas, tal como o "perigo espanhol" é "uma ideia sempre presente no nosso imaginário", a anexação de Portugal é uma constante na cultura da elite espanhola, desejosa de "corrigir os lapsos que, nos séculos XIV e XVII, tinham permitido a independência de Portugal".
Texto publicado na edição do Expresso de 31 de Outubro de 2009
As vezes tenho a ligeira impressão que alguns setores das elites Portuguesas vêem com bons olhos essa questão. Digo isso,pois, ainda acho muito tímida a aproximação efetiva de Portugal do Brasil, inclusive com críticas gratuitas sobre o próprio acordo ortográfico, que guardadas as devidas e legitimas contestações sobre a dinamica da escrita que varia em algumas circunstancias entre o Português brasileiro e o de Portugal (tendo por base o latim) é antes de tudo mais um passo para uma CPLP mais forte e para uma maior aproximação entre Brasil e Portugal, pois, a linguagem é dinâmica, muda e vem mudado ao longo da história da humanidade, principalmente com uma maior interação entre os povos na modernidade.
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Se a desonestidade intelectual matasse, este fórum já teria provocado mortes ...
O professor Fernando Rosas afirmou, num tom sarcástico, que na prática, foi a recusa de Hitler em aceitar as exigências de Franco em Hendaia que acabou por salvar Portugal.
A invasão de Portugal era inevitável e havia dois planos:
1 - O plano de Franco (que se incluía nas ideias imperiais do ditador e dos nazistas da Falange)
2 - A operação Felix, que incluia um corpo Panzer, composto de três divisões, a qual deveria tomar Portugal e caso de haver uma reação britânica (que hoje sabemos que existiria, contra os Açores e contra as Canárias)
Ao recusar em 23 de Outubro as exigências de Franco, especialmente sobre o norte de África, para não prejudicar as relações e os compromissos que haviam sido assumidos em Junho de 1940 com a França de Vichy (apenas quatro meses antes), Hitler acabou por indirectamente evitar que Portugal se visse envolvido na guerra.
Se a intenção de Hitler era preservar Portugal, isso é evidente que não passa pela cabeça de ninguém. Mas que foram as decisões de Hitler que em última instância condicionaram o destino da guerra na peninsula ibérica isso é por demais óbvio.
As evidências não são apenas as dos planos apresentados agora (que já eram conhecidos dos Portugueses e que não se restringem aos planos de Franco, porque já existiam ainda não se tinha ouvido falar de Franco). São uma soma de factos e de documentos, tanto espanhóis, quanto alemães, quanto britânicos e naturalmente portugueses, que apontam nesta direcção.
É no entanto natural a negação por parte dos espanhóis. A negação do óbvio é uma das suas características. A leste, nada de novo...
O professor Fernando Rosas afirmou, num tom sarcástico, que na prática, foi a recusa de Hitler em aceitar as exigências de Franco em Hendaia que acabou por salvar Portugal.
A invasão de Portugal era inevitável e havia dois planos:
1 - O plano de Franco (que se incluía nas ideias imperiais do ditador e dos nazistas da Falange)
2 - A operação Felix, que incluia um corpo Panzer, composto de três divisões, a qual deveria tomar Portugal e caso de haver uma reação britânica (que hoje sabemos que existiria, contra os Açores e contra as Canárias)
Ao recusar em 23 de Outubro as exigências de Franco, especialmente sobre o norte de África, para não prejudicar as relações e os compromissos que haviam sido assumidos em Junho de 1940 com a França de Vichy (apenas quatro meses antes), Hitler acabou por indirectamente evitar que Portugal se visse envolvido na guerra.
Se a intenção de Hitler era preservar Portugal, isso é evidente que não passa pela cabeça de ninguém. Mas que foram as decisões de Hitler que em última instância condicionaram o destino da guerra na peninsula ibérica isso é por demais óbvio.
As evidências não são apenas as dos planos apresentados agora (que já eram conhecidos dos Portugueses e que não se restringem aos planos de Franco, porque já existiam ainda não se tinha ouvido falar de Franco). São uma soma de factos e de documentos, tanto espanhóis, quanto alemães, quanto britânicos e naturalmente portugueses, que apontam nesta direcção.
É no entanto natural a negação por parte dos espanhóis. A negação do óbvio é uma das suas características. A leste, nada de novo...
- soultrain
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Anderson,Anderson TR escreveu:Esse desejo de anexar Portugal à Espanha de alguma forma ainda se faz presente no pensamento das elites Espanholas Soultrain??soultrain escreveu:
Este professor de História Contemporânea na Universidade CEU San Pablo de Madrid justifica o plano por "razões defensivas e não anexionistas, no contexto da II Guerra". Mas para Fernando Rosas, tal como o "perigo espanhol" é "uma ideia sempre presente no nosso imaginário", a anexação de Portugal é uma constante na cultura da elite espanhola, desejosa de "corrigir os lapsos que, nos séculos XIV e XVII, tinham permitido a independência de Portugal".
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As vezes tenho a ligeira impressão que alguns setores das elites Portuguesas vêem com bons olhos essa questão. Digo isso,pois, ainda acho muito tímida a aproximação efetiva de Portugal do Brasil, inclusive com críticas gratuitas sobre o próprio acordo ortográfico, que guardadas as devidas e legitimas contestações sobre a dinamica da escrita que varia em algumas circunstancias entre o Português brasileiro e o de Portugal (tendo por base o latim) é antes de tudo mais um passo para uma CPLP mais forte e para uma maior aproximação entre Brasil e Portugal, pois, a linguagem é dinâmica, muda e vem mudado ao longo da história da humanidade, principalmente com uma maior interação entre os povos na modernidade.
A meu ver as criticas ao acordo otográfico é um fait diver, uma coisa sem importância, o próprio acordo é muito importante, é facto. Eu próprio discordo de algumas coisas.
Quanto a alguns sectores das elites Portuguesas que vêem com bons olhos a reunificação, têm interesses escusos ou são mentecaptos.
Não se esqueça que Espanha passa hoje por um renascer do nacionalismo de algumas regiões, como a Catalunha, Baleares, a Galiza e o eterno País Basco.
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Lo nada nuevo es el histerismo anti-español en algunas partes de la sociedad portuguesa.
- soultrain
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Manuel,
Não sei se reparou, mas a fonte é um Espanhol, não é seu compatriota?
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Não sei se reparou, mas a fonte é um Espanhol, não é seu compatriota?
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
E depois o Governo Espanhol da altura envia o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros a Berlim e a Roma DISCUTIR ESSE MESMO PLANO.manuel.liste escreveu:El Estado Mayor del Ejército Español redactó hace muchos años un plan teórico para tomar Portugal. ¿Y?pt escreveu:Não sei
Los hechos son historia: la historia de la amistad entre Salazar y Franco, la historia del apoyo de Salazar a Franco y de Franco a Salazar. Dos dictadores hermanados.
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Claro que não havia absolutamente intencionalidade nenhuma, nada.
Manuel
Quando se cai no ridiculo de acusar de "anti histerismo" Espanhol partes da sociedade Portuguesa, quando a documentação é fornecida por Espanhois, os textos são fornecidos por Espanhois e os argumentos são fornecidos por Espanhois...
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Re: Portugal-Pós 2ª Guerra Mundial
Pessoalmente não acredito que existam intentos anexionistas por parte das elites espanholas. O problema é a tradicional forma espanhola de encarar os problemas.Esse desejo de anexar Portugal à Espanha de alguma forma ainda se faz presente no pensamento das elites Espanholas Soultrain??
Os espanhóis normalmente não resolvem problemas históricos, ignoram-nos.
O problema não são as pulsões anexionistas, que sim, têm existido ao longo dos anos. O problema é outro, a que eu me tenho referido variadíssimas vezes.
Há um problema com as elites espanholas, nomeadamente as de origem castelhana, que está relacionado com as interpretações da História com origem nessa mesma aristocracia/elites de origem castelhana.
Eles partem de um principio que é baseado numa gigantesca fraude histórica !
Essa fraude, afirma que alguma vez no passado existiu algum tipo de unidade peninsular, entre os vário povos da peninsula ibérica. E que essa unidade deve ser feita sob a égide da Nação Castelhana.
Essa ideia foi especialmente reforçada depois do aparecimento do Império Alemão no século XIX. A unificação alemã foi feita em torno da Prússia, uma nação germânica. OI conceito que ainda temos da Alemanha, de nação onde as pessoas têm comportamentos rigidos, formais e quase militares, vem da tradição prussiana. Durante muitos anos vimos a Alemanha como se fosse a Prússia.
A mesma coisa acontece com a Espanha, vemos a Espanha como se fosse a Nação Castelhana. De tal forma que até chamamos espanhol à lingua castelhana.
O problema, é que nunca existiu a unidade ibérica ou Hispânica que a historiografia espanhola inventou.
O império espanhol foi um império que derivou da monarquia austríaca dos Habsburgo e que foi criado pelo acaso dos casamentos e não por qualquer sentido de unificação nacional.
Eles tentaram ir mais longe, procurando as origens da unidade ibérica na unificação conseguida pelo Visigodos durante um século e meio. Mas os visigodos eram um povo germânico de imigrantes militarizados, não eram um povo autóctone. Embora politicamente no século V e no século VI tenha havido reis visigodos que reinaram em toda a peninsula, os diferentes povos sempre se mantiveram separados.
Foi aliás essa separação que levou à queda do reino Visigodo.
É por tudo isto que a Historia que os espanhois contam nas escolas é uma fraude, mas é nessa fraude que eles baseiam os seus direitos históricos.
O problema hoje, não é que eles queiram ocupar, invadir ou anexar Portugal, isso não faz o mais pequeno sentido. O problema é que para o espanhóis, eles vêm a realidade actual, como resultado das circunstâncias históricas do século XVI ou XVII e não do facto de na realidade nunca ter havido razões para sustentar a possibilidade de uma unificação ibérica.
Ou seja: Mesmo que os portugueses não tivessem esmagado os castelhanos em Aljubarrota em 1385 ou na batalha de Montes Claros em 1665 (e nas restantes batalhas do século XVII), a realidade peninsular acabaria por ditar que povos separados viverão separados, porque são diferentes.
Os espanhóis não aceitam que Portugal é independente, não por causa de umas quantas batalhas, mas por razões profundas que se explicam com as diferenças existentes na península ibérica desde que existem documentos escritos.
O problema é apenas de interpretação. Não existe nenhum perigo de invasão espanhola.
A invasão espanhola, é apenas aventada de forma ridicula, por aqueles que não tendo argumentos, tentam desclassificar uma discussão séria.
Nota final:
A Espanha não pode aceitar as posições portuguesas, porque no dia em que as aceitar, estará a dizer que os vários países que a constituem são unidades com o direito à independência politica.
Ou seja, no dia em que os espanhóis aceitarem que Portugal existe não por causa de uns quantos acasos da sorte, mas por razões históricas, étnicas, sociológicas muito profundas, o Estado Espanhol estará a perder a sua justificação para existir.
E esse é na realidade o problema.
Espero ter esclarecido alguma coisa.