Vamos com princípios básicos para cálculo de resolução radar. Tentarei explicar em poucas palavras como funciona, sendo que o ideal seriam umas horas de cálculos e alguns dias de aula para melhor entender.soultrain escreveu:Thor,Thor escreveu: Admiro seus posts por seu profundo conhecimento da língua portuguesa.
Acredito que os números que passaram sobre o radar do Gripen C são aqueles mesmos, na prática, pois estão condizentes com "as leis da física". Eu e a torcida do flamengo (inclui-se aí técnicos, engenheiros, doutores, operadores, etc) achamos pouco provável que sejam atingidos os resultados enunciados nos testes de laboratório desse radar, que por sinal não me interessa se é russo ou não.
Quanto a você achar ridículo que as leis da física foram evocadas nesse caso, se quiser podemos tentar elucidar como se chega ao cálculo básico de uma equação radar.
Abraços
Ok, vamos então esmiuçar essa questão de impossibilidade física? Eu tenho um grande respeito por radares grandes e potentes, não sei se já teve oportunidade de estar perto de um SU, mas a criança é gigantesca, é de uma escala completamente diferente de tudo.
É sem duvida um radar grande, potente e avançado. Como sabe existem radares terrestres maiores e mais potentes, mas têm a limitação da curvatura da terra, esse lá em cima não tem.
Qual é a impossibilidade de um radar com aquela faixa de potência não ter aquele alcance? Lembre-se que estamos a falar de um radar com phased array, ou seja com possibilidade de "concentrar" a sua potência e reforçar o sinal numa única direcção.
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A equação radar simples se dá pela fórmula. Rmax= Raiz4((Potencia.Ganho.RCS.AreaEfet.IntegPulso)/(4.Pi^2.k.T.Fn.Fr.(S/N).L)). Mas para simplificar os cálculos usaremos dB, o que vai nos ajudar quando passarmos para log.
Vamos calcular algumas variáveis, o que se eu ficar explicando o por quê vai dar um livro:
Comprimento de onda= c/f; c=3.10^8 m/s e f=9 Ghz (estimado para radar de aquisição da caça).
Lambda = 0,033m; -14,77dB
Área Efetiva= G. Lambda^2/4Pi, ou G(dB) + 2 Lambda – 11. Isso dará, considerando uma boa antena de 40 dB (uma antena com um excelente ganho, o normal para radares com boa diretividade é de 30 a 35), -0,54dBSM.
Agora vamos considerar que embora o feixe seja estreito (chutaria algo em torno de 0,5º), tenha uma FRP alta (melhor resolução, taxa de atualização, anv de caça), consiga uma integração de 100 pulsos (normal é 30).
Podemos estimar que a relação sinal ruído, com uma Probabilidade de Falso Alarme de 10^-5 e Pd de 80% e usando como referência alvos com pequenas flutuações de RCS (caso 1 de Swerling, para ajudar, pois poderia ser aeronave de caça manobrando), teríamos como base 17,1 dB.
Como esse bom fator de Integração de pulsos, teríamos um valor de 14,2 dB.
Precisaríamos de um valor médio de largura de pulso, para calcularmos a faixa de passagem do receptor radar. Usarei um valor de 1,2 microseg, uma vez que mesmo sendo radar de aquisição/acompanhamento terá características de radar de vigilância (valor estimado, pois nunca vi nada a respeito de PW ou PRI). Isso nos dará uma Fn de 60 dBHz. Esse cálculo de faixa de passagem considerei 90% a 93% da energia contida no pulso, que é o que os sistemas atuais conseguem processar o ruído que vem junto.
Para o cálculo do ruído do receptor, usaremos uma temperatura de 290K (17ºC) e a constante de Boltzmann como 1,38.10^23J/K, o que dará -204dBJ. Incluindo com a faixa de passagem calculada, teremos -144dBW (k.t.Fn, em dB).
Para facilitar usaremos a Potência de Pico, ao invés da média, o que dará 43 dBW (usando 20 KW).
Agora vamos pegar uma aeronave da classe de um caça, com RCS de uns 10m^2. Teremos 10dBSM.
Como valor médio, temos uma figura de ruído na faixa de 3dB, que já é um valor bom para um receptor novo.
E como perdas globais assumiremos 10 dB, em função das linhas de transmissão e recepção, guias de onda, isoladores, duplexador, juntas, formato do feixe, amplificador de FI, absorção da atmosfera, etc...
Isso tudo nos dará Rmax=[(43+40-0,54+10+14,2)-(22-144+3+17,1+10)]/4= 49,65 dBm.
Traduzindo, 51 Nm.
O que os fabricantes nos mostram são valores de laboratório, sem perdas pela atmosfera, sem flutuação de RCS, sem perdas do receptor, sem clutter de solo, sem falso alarme, em temperatura ótima, sem preocupação com probabilidade de detecção, etc...
Desses números, para que valores bem maiores sejam conseguidos, pode ser que tenham conseguido uma diretividade excepcional com uma antena AESA única no mundo, além de uma área efetiva com nenhuma perda em relação à área geométrica (normal é de 70% nas melhores antenas). O radar terá que contar com uma capacidade de utilização em faixas de freqüências distintas (coisa que não se conseguiu ainda no ocidente) variando de 2 a 10 GHz, além de compressão de pulso que permita uma maior largura de pulso emulada, sistema de refrigeração extraordinário, processamento do sinal ruído melhorado, diminuição das perdas internas dos receptores/transmissores.
Desculpem-me o offtopic.
Alguns fatores não poderemos entrar em detalhes.
Abraços