Pressões Nucleares sobre o Brasil

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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WalterGaudério
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#106 Mensagem por WalterGaudério » Qui Set 24, 2009 10:09 pm

Túlio escreveu:Tudo tri, Gustavo véio, respeito tua opinião embora não a compartilhe e meus motivos estão por todas as págiinas deste tópico... :wink:
Estão se preocupando muito com investimento e se esquecendo do custeio.




Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
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Os sábios PENSAM
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#107 Mensagem por Túlio » Qui Set 24, 2009 10:15 pm

Ou seja, usando a véia maneira Brasileira de fazer a casa: começa-se pelo telhado, claro... :roll: :roll: :roll: :roll:




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#108 Mensagem por Bolovo » Qui Set 24, 2009 10:44 pm

Walterciclone escreveu:
Túlio escreveu:Tudo tri, Gustavo véio, respeito tua opinião embora não a compartilhe e meus motivos estão por todas as págiinas deste tópico... :wink:
Estão se preocupando muito com investimento e se esquecendo do custeio.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#109 Mensagem por Edu Lopes » Sex Set 25, 2009 8:55 am

José Alencar defende que país invista em arma nuclear

Jornal do Brasil

BRASÍLIA - Um dia depois de se submeter a mais uma sessão de quimioterapia, o presidente em exercício José Alencar defendeu ontem o desenvolvimento de armas nucleares como forma de dissuasão e para o Brasil ter mais espaço no cenário internacional. Alencar alega que elas podem ser importantes para a proteção das fronteiras e contra “a cobiça internacional”, especialmente depois da descoberta das reservas de petróleo na camada pré-sal.

O presidente em exercício lembrou que o Paquistão, mesmo sendo um país pobre, já detém essa tecnologia, o que lhe confere reconhecimento internacional.

– Nós dominamos a tecnologia da energia nuclear, mas ninguém aqui tem uma iniciativa para avançar nisso. Eles (Paquistão) têm reconhecimento tecnológico, mas são muito pobres. Eles sentam à mesa, porque têm arma nuclear. É vantagem? É, até do ponto de vista de dissuasão. É importante. Temos que despertar que o Brasil para ser um país realmente forte tem que avançar nisso, especialmente para fins pacíficos – defendeu o vice-presidente. – O brasileiro é muito tranquilo. Nós dominamos a tecnologia da energia nuclear, mas ninguém aqui tem uma iniciativa para avançar nisso. Temos que avançar nisso aí.

Alencar propôs também vincular parte do Produto Interno Bruto (PIB) ao orçamento das Forças Armadas. O presidente em exercício estima ser necessário percentual fixo de 3% a 5% do PIB para reaparelhar o Exército, a Aeronáutica e a Marinha.

– A fixação de um percentual com base no PIB seria bom porque daria segurança às Forças Armadas – comentou ontem. O presidente em exercício, admitiu, contudo, que não conversou recentemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a proposta. – O presidente Lula está atento a isso, porém dentro daquela visão responsável porque não podemos, por exemplo, criar um deficit orçamentário que nos leve a uma volta do período da irresponsabilidade fiscal. Isso não podemos fazer de forma alguma.

Alencar também rebateu críticas de que o governo não estaria dando a devida atenção ao Exército pelo fato de estar negociando a compra de caças para a Força Aérea e submarinos para a Marinha.

– A preocupação com o Exército é presente e será feita. Mas você vê que, de repente, falta dinheiro. Está faltando dinheiro. Até mesmo para a manutenção dos quadros atuais. Isso tem que mudar – reclamou. O Comando do Exército decidiu reduzir o expediente nas segundas e sextas-feiras, pois não há verba suficiente para o pagamento das contas de água, luz, telefone e alimentação dos soldados. (Com agências)

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/200 ... 098264.asp




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Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#110 Mensagem por Marino » Sex Set 25, 2009 3:48 pm

General: Brasil deve respeitar tratado antinuclear
Antonio Cruz/Agência Brasil

O general Francisco Albuquerque em 2006, quando era comandante do Exército do governo Lula
Diego Salmen

Se por um lado o Brasil deve respeitar os tratados de não-proliferação de armas atômicas, por outro não pode "ficar parado" em relação ao conhecimento nuclear. Desta maneira, argumenta o general Francisco Albuquerque, o país consegue aumentar seu poder no cenário internacional sem desrespeitar a própria Constituição.

- Temos que ampliar nosso conhecimento do assunto, até porque isso não se refere especificamente à bomba atômica, mas sim à utilização da energia nuclear para inúmeros fins.

Em entrevista a Terra Magazine, o ex-comandante do Exército do governo Lula (2004 a 2007), atribui ao avanço nas pesquisas nucleares um efeito de dissuasão, mesmo que limitado, no jogo da política mundial. Impediria, assim, eventuais agressões estrangeiras ao país.

- Não acredito que tenha o mesmo resultado (do que possuir a bomba atômica), mas eu acho que tem uma ação dissuasória, sim.

Nesta quinta-feira, 24, o vice-presidente José de Alencar defendeu o desenvolvimento de armas nucleares para que o Brasil possa defender o pré-sal e aumentar seu poder de defesa. Albuquerque preferiu não comentar as declarações do vice-presidente.

Terra Magazine - O senhor acha necessário que o Brasil desenvolva armas nucleares?
General Francisco Albuquerque - Nós precisamos ter conhecimento, não especificamente sobre a fabricação da bomba atômica, porque isso vai contra o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NR: assinado por FHC em 1997). Mas eu sou a favor que se tenha um profundo conhecimento da energia atômica.

Esse conhecimento teria o mesmo poder de dissuasão do que a bomba em si?
Eu não acredito que tenha o mesmo resultado, mas eu acho que tem uma ação dissuasória, sim.

Acredita que a descoberta do pré-sal pode gerar algum tipo de ambição internacional que ponha em risco a segurança do país?
O nosso patrimônio, como o patrimônio de qualquer nação, é sempre motivo de cobiça e preocupação. O patrimônio nacional tem que ser preservado, e o nosso pré-sal não deixa de ser um grande patrimônio. Ele está se apresentando como possibilidade de realmente transformar o Brasil a curto prazo.

O desenvolvimento de um artefato nuclear causaria desgaste ao país na comunidade internacional?
Não digo desgaste, mas a nossa Constituição e o tratado dizem que nós não vamos nos empenhar em construir a bomba atômica. Agora, isso realmente influencia o nosso comportamento dentro do contexto internacional.

Sim...
Temos que respeitar o tratado internacional e a nossa Constituição, mas também não podemos ficar parados. Temos que ampliar nosso conhecimento do assunto, até porque isso não se refere especificamente à bomba atômica, mas sim à utilização da energia nuclear para inúmeros fins.

O Jornal do Brasil publicou reportagens revelando que o físico Dalton Ellery Girão Barroso descobriu uma série de cálculos que levariam à construção exata da bomba...
Isso não deixa de ser conhecimento a respeito. E você vê que, de qualquer maneira, só o conhecimento deste homem,que está num estágio mais avançado, já gera uma preocupação em alguns lugares.

Terra Magazine




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#111 Mensagem por Túlio » Sex Set 25, 2009 5:53 pm

O sr. Alencar - que me desculpe o nosso véio CMG - bem que poderia fazer menos prosopopéia HOJE e ter feito algo pelas FFAA ONTEM, quando acumulava a VP com o MD: nada fez, estava 'preocupado com sua carreira política'... :roll:

De mais a mais, por azar sou amigo do Cabôco (portanto, ávido leitor de entrelinhas) e fico pensando no que esse moribundo quer: realmente que tenhamos a bomba ou alertar aos interessados que, se querem nos deter, tem de ser agora?

Sou mais o General Francisco Albuquerque, se lerem com atenção os dois posts verão a mais clara das diferenças... 8-]




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#112 Mensagem por Francoorp » Dom Set 27, 2009 3:11 pm

Tem que desçer do muro e decidir o que quer dizer, ou vai dizer que Menelau é o patrao de Troìa, e que Troìa tem o direito de defender-se. Mas Menelau nao é jà o chefe de TRoìa?...Viajeiiiii




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#113 Mensagem por Edu Lopes » Seg Set 28, 2009 12:10 pm

Jobim: Brasil vai avaliar melhor o Tratado de Não-proliferação Nuclear

Plantão | Publicada em 28/09/2009 às 10h57m
Henrique Gomes Batista


RIO - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse nesta segunda-feira, na Conferência Internacional Atlântica Nuclear, no Rio, que o Brasil vai avaliar melhor o Tratado de Não-proliferação Nuclear. Segundo ele, isto será feito em maio do próximo ano.

- O Tratado de Não-proliferação Nuclear teve a lógica dos desiguais, e dividiu o mundo em nações nucleares e não-nucleares. As nucleares não atingiram os objetivos de redução das armas. E as não-nucleares não tiveram acesso às pesquisas que poderiam levar ao desenvolvivento de energia nuclear - afirmou.

Jobim afirmou, ainda, que o Brasil vai desenvolver todas as tecnologias nucleares possíveis, desde que para uso pacífico. Ele também criticou o suposto desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã, como acusam os EUA:

- Isso é péssimo. Não devemos aplaudir nenhum programa que defenda a ampliação do número de armas nucleares.

Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/ ... 808721.asp




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Carlos Mathias

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#114 Mensagem por Carlos Mathias » Seg Set 28, 2009 1:37 pm

8-] 8-] 8-] 8-]




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#115 Mensagem por Edu Lopes » Ter Out 13, 2009 8:41 am

O Brasil e a (não) proliferação nuclear

Rubens Barbosa

A revelação recente da existência de uma unidade secreta de enriquecimento de urânio no Irã e a aprovação quase concomitante, pelo Conselho de Segurança da ONU, de resolução limitando mais rigidamente os arsenais e a proliferação de armas nucleares renovam a grande prioridade dessas questões na agenda internacional.

O Brasil já detém a sexta maior reserva de urânio do mundo, embora apenas 30% do território nacional tenha sido pesquisado. A pesquisa, a lavra, a produção, o enriquecimento e a comercialização de urânio são monopólio da União. A modificação de legislação para permitir a participação da iniciativa privada na prospecção e na exploração tornou-se urgente para aumentar rapidamente não só as reservas, como também a produção do minério no Brasil.

Quais as implicações desse fato, do ponto de vista do interesse brasileiro?

Em primeiro lugar, há o interesse estratégico de dispor da matéria-prima para atender a uma crescente demanda interna. O aumento do consumo ocorrerá pela expansão da capacidade do País de produzir energia nuclear pela construção de novas usinas, pela ampliação da pesquisa e do uso da energia nuclear para fins pacíficos e, no campo da defesa, pela construção de submarino a propulsão nuclear.

Em segundo lugar, o mercado internacional para o urânio enriquecido deverá crescer, com expressiva tendência de alta. Enquanto, em 2004, o preço do produto era de US$ 12, em outubro de 2009 subiu para US$ 42,50 por libra peso. Somente no mercado da América Latina, mais de sete usinas nucleares estão sendo programadas.

Em terceiro lugar, o programa de ampliação do nosso parque nuclear, que prevê a construção de oito centrais nos próximos anos, terá assegurado o combustível para seu funcionamento sem depender do beneficiamento externo. Até aqui, o Brasil, para beneficiar o urânio utilizado por suas duas centrais nucleares e em pesquisa para fins pacíficos, utiliza as facilidades de gaseificação no Canadá e de enriquecimento da Europa. Além de economizar mais de US$ 25 milhões, o Brasil terá receita crescente com a exportação do minério enriquecido e passará a competir com os EUA, a Europa e a Rússia para o seu fornecimento no mercado internacional.

Vale ressaltar que restrições constitucionais impedem ações visando à construção de artefatos nucleares. Em 1991, Brasil e Argentina puseram suas facilidades e laboratórios sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) e se comprometeram a desenvolver o uso da energia para fins pacíficos. O Brasil se tornou signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) em 1997, em decisão controvertida, especialmente depois de a Índia tornar-se potência nuclear. Não há duvida, portanto, sobre as motivações e os resultados do que se fez até aqui e sobre as finalidades dos ambiciosos programas projetados para os próximos anos, tanto na área civil quanto na área de defesa.

Em meados de 2008, com a entrada em funcionamento, em Rezende, de planta para o enriquecimento do urânio brasileiro a 4% - o que nos tornará autossuficientes -, o Brasil passou a deter o conhecimento do ciclo completo do combustível nuclear. Em dezembro de 2008, na nova Estratégia Nacional de Defesa, o governo brasileiro anunciou ter decidido não negociar o Protocolo Adicional ao TNP, que daria à AIEA autorização para inspeções ampliadas das instalações nucleares brasileiras.

O projeto de construção de um super-reator nuclear de pesquisa, ao custo de US$ 500 milhões, tornará o Brasil independente na produção de isótopos radioativos para medicina e será parte integrante do programa nuclear brasileiro.

Os acordos de cooperação com a China, com a Rússia, com a França e com a Ucrânia para o lançamento de satélites comerciais, a retomada dos entendimentos na área nuclear com a Alemanha e com a Índia, não só para o processamento de tório, mas também para o fornecimento de urânio enriquecido, e o projeto binacional com a Argentina para enriquecimento de urânio são alguns dos fatos recentes que indicam a alta prioridade que o governo brasileiro atribui a essa questão.

A entrada do País no rentável mercado de urânio enriquecido e os avanços no programa nuclear brasileiro poderão, na Conferência de Revisão do TNP em abril de 2010, colocar o Brasil no centro das discussões. As potências nucleares deixaram o desarmamento, um dos pilares do tratado, em segundo plano, e permitiram que quatro países - Israel, Índia, Paquistão e Coreia do Norte -, contrariamente ao disposto no TNP, avançassem em seus respectivos programas nucleares e se tornassem potências nucleares. Agora elas querem fechar as portas.

A ação do governo está explicitada na Estratégia Nacional de Defesa. É de nosso interesse, para a construção de um país com crescente projeção e responsabilidades externas, avançar, em todas as áreas, com programas que fortaleçam o poder nacional, a competitividade industrial e o domínio do conhecimento e da tecnologia, inclusive de uso dual, que possa levar à fabricação de artefato nuclear. O Brasil não pode abdicar dos meios para desenvolver os instrumentos necessários à garantia de sua segurança e soberania.

Cuidados adicionais deveriam ser tomados, em especial no tocante à aproximação com o Irã, cujo programa nuclear está sob cerrado ataque, apesar do controle pela AIEA. Declarações recentes comparando positivamente o programa nuclear iraniano ao do Brasil ou de apoio à construção da bomba atômica não ajudam a garantir a confiança que nosso país soube construir.

Resta saber se a desenvoltura do Brasil nessa área vai favorecer ou dificultar a pretensão do atual governo de buscar um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Rubens Barbosa, consultor de negócios, é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 9718,0.php




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#116 Mensagem por Marino » Ter Out 13, 2009 1:20 pm

OPINIÃO
Segurança e soberania
RUBENS BARBOSA
O Brasil detém a sexta maior reserva de urânio do mundo, com apenas 30% do território
nacional pesquisado. A pesquisa, a lavra, a produção, o enriquecimento e a comercialização de urânio
são monopólio da União. A modificação de legislação para permitir a participação da iniciativa
privada na prospecção e na exploração tornou-se urgente para aumentar rapidamente não só as
reservas, como também a produção do minério no Brasil.
Quais as implicações desse fato, do ponto de vista do interesse brasileiro?
Em primeiro lugar, há o interesse estratégico de dispor da matéria-prima para atender
a uma demanda interna crescente. O aumento do consumo ocorrerá pela significativa expansão da
capacidade do país de produzir energia nuclear pela construção de novas usinas, pela ampliação da
pesquisa e do uso da energia nuclear para fins pacíficos, e, no campo da defesa, pela construção de
submarino a propulsão nuclear.
Em segundo lugar, o mercado internacional para o urânio enriquecido deverá crescer, com
tendência de alta. Enquanto em 2004 o preço do produto era US$ 12, em outubro de 2009 subiu para
US$ 42,50 por libra peso. Somente nos países da América Latina, nosso mercado natural, estão
programadas mais de sete usinas nucleares.
Em terceiro lugar, o programa de ampliação do nosso parque nuclear, que prevê a construção
de oito centrais nos próximos anos, terá assegurado o combustível para seu funcionamento sem
depender do beneficiamento externo. Até aqui, o Brasil, para beneficiar o urânio utilizado por suas
duas centrais nucleares e em pesquisa para fins pacíficos, utiliza as facilidades de
gaseificação no Canadá e de enriquecimento da Europa.
Vale ressaltar que restrições constitucionais impedem ações visando à construção de artefatos
nucleares. Em 1991, Brasil e Argentina colocaram suas facilidades e laboratórios sob a supervisão
da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) e se comprometeram a desenvolver o uso da
energia para fins pacíficos. O Brasil se tornou signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP) em
1997, em decisão controvertida, especialmente depois de a Índia tornar-se potência nuclear. Não há
dúvidas, portanto, sobre as motivações e os resultados do que se fez até aqui e sobre as finalidades dos
ambiciosos programas projetados para os próximos anos, tanto na área civil quanto na área de defesa.
Em meados de 2008, com a entrada em funcionamento em Resende da planta para o
enriquecimento do urânio, o Brasil passou a deter o conhecimento do ciclo completo do combustível
nuclear. Em dezembro de 2008, na nova Estratégia de Defesa Nacional, o governo brasileiro anunciou
ter decidido não negociar Protocolo Adicional ao TNP, que daria à AIEA autorização para inspeções
ampliadas das instalações nucleares brasileiras.
A entrada do país no rentável mercado de urânio enriquecido e os avanços no programa nuclear
brasileiro poderão, na Conferência de Revisão do TNP, em abril de 2010, colocar o Brasil no centro das
discussões.
É de nosso interesse, para a construção de um país com crescente projeção e responsabilidades
externas, avançar, em todas as áreas, com programas que fortaleçam o poder nacional, a
competitividade industrial e o domínio do conhecimento e da tecnologia, inclusive de uso dual que
possa levar à fabricação de artefato nuclear. O Brasil não pode abdicar dos meios para desenvolver os
instrumentos necessários à garantia de sua segurança e soberania.
Cuidados adicionais deveriam ser tomados, em especial no tocante à aproximação
com o Irã, cujo programa nuclear está sob cerrado ataque, apesar do controle pela AIEA.
Declarações recentes comparando positivamente o programa nuclear iraniano ao do Brasil ou de apoio
à construção da bomba atômica não ajudam a garantir a confiança que nosso país soube construir.
Resta saber se a desenvoltura do Brasil nessa área favorecerá ou dificultará a pretensão do atual
governo de buscar um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#117 Mensagem por soultrain » Ter Out 13, 2009 8:46 pm






"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento" :!:


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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#118 Mensagem por DELTA22 » Sex Out 30, 2009 11:14 am

Imagem(via Resenha EB)
Americano vê risco de ambição nuclear no Brasil, que o refuta

DA SUCURSAL DO RIO

A sete meses da conferência de revisão do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), a proposta dos EUA de que seja criado um banco mundial de combustível nuclear volta a gerar pressão sobre o programa brasileiro de enriquecimento de urânio.

Presidente do Fundo Ploughshares, consultor informal do governo Obama e assessor do Congresso dos EUA na área de desarmamento atômico, Joseph Cirincione disse ontem que vê riscos de que o Brasil queira chegar à produção da bomba, a partir de seus programas de enriquecimento de urânio e de construção de um submarino a propulsão nuclear.

"Não há justificativa econômica para o Brasil prosseguir o enriquecimento de urânio. Há muita disponibilidade de combustível para reatores", disse Cirincione à Folha, durante seminário internacional sobre o futuro do TNP promovido pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).

"Então qual é razão?", continuou. "É apenas o fato de que o Brasil quer ser completamente independente no ciclo do combustível nuclear, ou o objetivo é construir capacidade suficiente para construir a bomba quando quiser?"

O americano também criticou o fato de o Brasil não ter aderido aos Protocolos Adicionais do TNP, que permitem inspeções intrusivas em instalações nucleares. "Isso cria um modelo negativo, por exemplo, para Egito e Arábia Saudita, que estão pensando em ter seus programas."

Presente ao seminário, o presidente da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) rebateu os questionamentos. Odair Dias Gonçalves disse ver interesse econômico por trás da posição do americano.

"O Brasil é um novo jogador que entra no esquema. E um jogador muito forte, porque somos 1 dos 3 países do mundo que têm urânio e capacidade de enriquecimento", disse à Folha. Segundo ele, todo o ciclo será "absolutamente rentável" com o projeto de construir até mais oito usinas nucleares de geração de energia. "O que é econômico? Deixar outras pessoas virem ao país, explorarem o nosso urânio e o levarem?"

Dias Gonçalves descartou a hipótese de o Brasil construir a bomba. Citou duas razões. Uma prática, já que o país se submete às inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), da própria Cnen e da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares.

"Temos um controle muito rígido. É impossível a hipótese de enriquecer sem que a AIEA fique sabendo. Todas as nossas instalações nucleares estão sob salvaguardas da AIEA, inclusive as militares, um dos poucos casos no mundo."

A segunda razão é política: "Não queremos, está claro na Constituição. É uma opção do país. Não somos belicistas. Toda a tecnologia nuclear é apenas por fins pacíficos".

Sobre os Protocolos Adicionais, ele lembrou que a posição brasileira, por enquanto, é a de só assinar novos compromissos quando as "outras partes" (as potências nucleares reconhecidas) avançarem na eliminação gradativa de seus arsenais.

Rafael Grossi, representante da Chancelaria argentina, disse que seu país não teme ambições atômicas brasileiras. "Haveria um retrocesso de 50 anos. Estou certo de que os dirigentes brasileiros não vão querer pôr em risco a confiança que existe", afirmou, em referência ao acordo pelo qual, nos anos 80, os dois países abriram mão de obter a bomba.

Segundo Grossi, a Argentina está atenta a declarações dos que, no Brasil, defendem armas atômicas. "Seguimos com atenção. Mas, quando falamos com as pessoas que decidem e cuidam desses temas, nos asseguraram que a política é a de sempre, de cooperação e transparência total." (CA)
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#119 Mensagem por rodrigo » Sex Out 30, 2009 2:21 pm

A África do Sul explodiu uma bomba pra todo mundo saber de sua capacidade, depois assinou o TNP.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#120 Mensagem por Guilherme » Sex Out 30, 2009 2:45 pm

Luís Henrique escreveu:E se o Brasil declarasse ao mundo que a bomba de 1990 NÃO foi desmantelada.
E que somos uma potência nuclear não declarada desde aquele ano.

O que aconteceria???

Embargos??? guerra???

Alguém se habilita?
Embargos, acredito eu.

Era um dispositivo de 30 kilotons, esse de 1990, segundo li anos atrás. O projeto estava feito, não sei em que estágio estava a produção do dispositivo.




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