Eu acho que todos têm uma parcela de razão e debatendo dessa forma é muito mais interessante.
Concordo que a proposta do Gripen NG pode ser a mais atraente para a Embraer e outras indústrias porque é a que poderia (ou poderá) proporcionar a melhor forma de aprendizado que é a de "aprender fazendo". Também concordo que é o avião que, em tese, poderia ser melhor adaptado ao que já foi desenvolvido aqui em termos de aviônicos, por exemplo. Isso, de forma alguma significa, na minha opinião, que é a proposta que condiciona a transferência de tecnologia mais ampla. Não há relação porque para a Embraer, por exemplo ,não interessará que determinados componentes deixem de ser caixas-pretas.
Não vou mais tentar julgar o mérito das posturas da Embraer, ou do Presidente, ou do Nelson Jobim. Acho que a discussão mudou um pouco.
Sei que o Rafale é um avião caro. Em parte por ser europeu e patrocinado apenas pelo país fabricante, por estar em início de operação, não ter uma produção em maior escala mas também por ser um avião muito sofisticado. Me parece que esse é um ponto chave para a sua escolha e foi dito ao Presidente francês.
Também acho que dificilmente o Rafale seria adaptado ao que já foi desenvolvido aqui, menos em relação à integração de armas. É um avião pronto, com todas as funcionalidades altamente integradas e que não conseguiríamos melhorar em nada. Para adaptar aviônicos e piorar o que existe eu acho jogar dinheiro no lixo. Acho que a possibilidade futura de se adaptar ou modificar o Rafale existe mas deverá ser pensada em um desenvolvimento específico para ele, se for o caso. As telas MFD e o software atuais, o que se aprendeu com o SCP-01, RAM, para exemplificar, de nada servem para o Rafale.
Por outro lado, é um avião que está aí, pronto, e que pode proporcionar já uma capacidade tanto defensiva quanto ofensiva que a FAB nunca possuiu. Não vou mencionar a MB. Tem encomendas garantidas no país fabricante e é o caça mais avançado que podemos ter (e dominar) no momento.
A proposta de ToT dos franceses é a única que garante oficialmente toda a tecnologia. Alguma outra fez esse tipo de garantia? Alguém garantiu isso oficialmente?
Eles assinaram 39 memorandos de entendimento com empresas brasileiras.
Segue a lista de empresas/entidades contatadas para parceria: AÇOTÉCNICA, AERNNOVA, AEROELETRÔNICA, ALLTEC, AMBRA SOLUTIONS, ASTRA, ATECH, AUTOMATA, CAL-COMPOENDE, CECOMPI, CONDOR S/A, CTA, EMBRAER, FIRST WAVE, FOCAL, FRIULI, GIOVANNI, GLOBO, GME AEROSPACE, GOODRICH DO BRASIL, GRANA, INBRA INDÚSTRIA QUÍMICA, ITA, LANMAR, LATECOERE DO BRASIL, MECTRON, MULTIALLOY, OMNISYS, POLARIS, SERCO, SOBRAER, STATUS USINAGEM, THYSSENKRUPP, TOYO MATIC, VEM, VILLARES METAL e WINNSTAL.
Muitas eu confesso que nem conheço mas não se pode dizer que eles não tenham feitos entendimentos para transferência de tecnologia e produção local.
Um resumo do que foi oferecido está na página oficial do Rafale no FX-2:
http://www.rafale.com.br/index.php?id=6 ... release=41
Sobre a linha de montagem do Rafale, ela existirá porque é uma exigência brasileira. Evidentemente não iremos fabricar o Rafale aqui com 36 unidades.
Se tudo o que escrevi é desfavorável ao Rafale é porque estou tentando ser muito realista. Mas pensem bem sobre fazer um Gripen NG BR.
Abraços