DBader escreveu:Wolfgang escreveu:Depois que tomar uma "paulada" do Sintra, não reclame.
Só pedi que ele fosse um pouco menos lacônico. Gostaria de entender. Fica tranquilo que eu aguento o tranco.
[]s,
Douglas Bader
Óptimo, de qualquer forma já à algum tempo que não escrevo um texto que me "dê gozo" (trabalho) e deu-me a oportunidade, agradeço por isso Douglas "pernas de ferro" Bader.
Podemos começar pela seguinte afirmação “The Rafale was intended to catch up to, rather than leap ahead of, aircraft that were designed years earlier such as the F-16 and Mig-29”.
Qual é que foi a parte do programa Dassault “mimi” que o tipo não reparou?
O “mimi” era o Mirage “Mille” , que depois, por motivos de Marketing se transformou no “deux mille”.
O “deux mille” em 1984 era equipado com FBW, um radar pulse doppler “look Down shoot down”, misseis BVR e um T/W próximo do 1:1 quando em missões de superioridade aérea (depois dos depósitos de combusteis externos serem largados).
Assim de repente parece-me que os Franceses já tinham “catched” o Viper em 1984...
Relendo, as “Air et Couscous” e outras “Science et Vie hors serie Aviation” dos anos 80 que andam cá por casa, torna-se bastante claro que o “caderno de encargos” do Rafale era responder a um conjunto de ameaças que se previa existirem no final do século 20, inicio do Seculo 21, coisas como misseis BVR “fire and forget” de longo alcance, equipamentos com velocidades hipersónicas, radares baseados no espaço, aviões com assinaturas radar, IR, visuais muito reduzidas, etc.
Agarrando na história das assinaturas radar/IR/Visuais tenho aqui um texto de 1987 (note-se a data) que discute os esforços que o Departamento de Engenharia da Dassault estava a fazer neste capitulo, a companhia Francesa, em grande parte movidos pela crença do Ministro da Defesa Francês Charles Hernu (1981-85, novamente note-se a data) de que “la furtivité” seria essencial no quadro (possibilidade) de um confronto entre o Pacto de Varsóvia e a NATO sobre a Alemanha algures na próxima década.
O que por acaso dinamita completamente o seguinte trecho “Late in the Rafale's design process its engineers realized that they had failed to anticipate the key role RCS reduction would play in future designs and scambled to find ways to reduce the Rafale's RCS”.
Agora vamos agarrar neste outro trecho: “The most obvious area where this lack of vision is displayed is in the Rafale's overall layout and its notable lack of signature reduction design features.
The Rafale exhibits numerous features that would simply never be incorporated into any design intended to have a reduced RCS, including its
prominent intakes, a
huge vertical stabilizer,
canards, a
non-retractable refueling probe”
Obviamente que este senhor nunca viu uma fotografia de um X-32, de um F-22 ou F-23 (“prominent intakes”), também nunca viu as fotografias do protótipo Lampyridade ou do concorrente da General Dynamics ao programa ATF (“huge vertical stabilizer”) ou do X-36 (“canards”).
Adorei esta parte: “Instead, what Spectra offers are relatively simplistic signals generated by its prominent but inflexible and simplistic transmitters.(Based on narrow-band, inefficient MMICs, a constraint imposed by the lack of a domestic supplier for more modern MMICs, the same issue that has plauged France's AESA program.)”
Não só o homem ignora olimpicamente que a Fundição e os laboratórios de Orsay já trabalham com MMICS à duas décadas e meia, ignora também que a United Monolithic Semiconductors não só é competitiva tecnologicamente com o que as Fundições Norte Americanas produzem (as especificações dos MMICS são publicas, pelo menos parte, trata-se de uma tecnologia pesadamente utilizada no sector civil...).
Apenas como exemplo, a Selex trabalha com a fundição da BAE Systems nos Estados Unidos (pertencia à Lockheed Martin até a venderem aos Britânicos) que fornece MMICS para os programas F-22 e JSF, e também trabalha com a UMS.
Agora vou-lhe fazer uma pergunta, tente lá adivinhar qual foi a empresa que a Selex preferiu para lhe fornecer os MMICS para a antena do ES05 “Raven” (também conhecido como Selex 1000ES)?
Outra afirmação que me chamou a atenção: “While the US launched fully funded AESA programs and prepared for a generational leap in radar performance, for some reason the Rafale was designed with a PESA radar, a technological dead-end.”
Hmmmm, calculo que o radar do B1B também possa ser apelidado de “technological dead-end”, já para não falar das dezenas de radares SPY-1 que equipam todos os destroyers da frota de guerra americano, dos EMPAR que equipam a classe “Horizon”, dos “Herakles” que os Franceses vos querem, vender nas FREEM, dos “BARS” que estão instalados nos SU-30 MKI da Força Aérea Indiana, ou do novissimo NIIP “IRBIS” que equipa o SU-35BM!!!!
Á primeira vista para um “technological dead-end”, o IRBIS, os radares AEGIS, os Empar, etc, parecem bem razoáveis...
Eu até percebi o que ele queria dizer e não está errado, está é a ser parcial...
Posso estar errado, mas quase que aposto que se estivessem a discutir radares navais este senhor ia achar o SPY-1 por comparação com o conjunto Sampson/S1850, como sendo uma maravilha.
(estou completamente de acordo quando ele diz que o nariz do Rafale devia ser maior)
Continuando, esta parte também é boa:
“The Rafale was designed to match and compete with designs in operation in the early to mid 90s, but other design teams around the world were already moving ahead with generational leaps in stealth, electronic warfare, sensor fusion, and network centric concepts”
Exactamente, este texto é uma maravilha e tem toda a razão, por isso mesmo é que as outras equipas no resto do planeta para o mesmo “timeframe” em que o Dassault Rafale foi desenhado e entregue produziram aviões BRUTALMENTE DIFERENTES e MUITO MAIS AVANÇADOS como o Eurofighter Typhoon, o Saab Gripen, o CAC J-10, o Boeing F/-18E/F, versões melhoradas do Viper, do Eagle, do Flanker e do Fulcrum!
Ummmmmmmmmmmmmmmmh... Se calhar não será bem assim...
Um caso muito interessante de estudo foram os projectos Soviéticos da mesma altura (ligeiramente mais tardios), o MFI/LFI.
O MFI seria um caça pesado e o LFI um caça leve, seriam os substitutos directos do Mig-29 e do SU-27.
A este concurso (na realidade dois) responderam os três “do costume”, a Mikoyan, a Sukhoi e a Yakovlev.
O desenho da Mikoyan para o MFI era o nosso já conhecido Mig1.44, um delta canard bimotor, equipado com um radar Pesa, entradas conformais para AAM´s na barriga, pylons externos nas asas e algum trabalho para a diminuição do RCS na zona frontal.
Hmmm, assim de repente parece que acabei de descrever um certo avião Francês...
A principal diferença entre os dois aviões era o tamanho, o avião Soviético era maior que um Flanker.
O desenho da Yakovlev para o MFI era um... (adivinharam) Delta Canard equipado com unico motor com mais de TRINTA toneladas de empuxo.
A Sukhoi apresentou uma ligeirissima derivação do SU-27 Flanker “KM”, que hoje em dia é conhecida como o S-47 Berkut. (Quantas pessoas é que sabiam que existiram desenhos para uma versão naval do SU-27 com asas FSW?)
Assim de repente o nivel tecnológico deste desenhos parece-me ser muitissimo parecido ao de um certo caça Francês.
A excepção à regra foram os Norte Americanos com o programa ATF. Desde o inicio a USAF quis algo superlativo e era a unica que tinha um orçamento quase ilimitado que lhe permitia “luxos” como o F-22 e o B-2 que não estão à disposição do resto do planeta. E que por acaso não entraram na competição FX2.
Posso continuar aqui o resto do dia, mas acho que já percebeu a ideia.
É um texto escrito por alguém que não sabe muito (na realidade sabe muito pouco) e que claramente fez um “flame text” (comum na strategy page, gostam tanto do RAFALE lá, como gostam do Typhoon no Air Defense net, como gostam do Hugo Chavéz aqui no DB).
Abraço
Budweiser 'beer' is like making love in a canoe - 'F***** close to water'...