Acredito que a história é cíclica. O mundo não demorará mais de cem anos para criar outra guerra de grandes proporções. Foi assim por toda a história e não acho que tenhamos evoluido o suficiente para o fim dessas barbáries, basta ver a quantidades de confrontos de baixa intensidade que existem nos dias atuais. Como eu gosto de dizer as pessoas ainda não evoluiram o suficiente para respeitar a fila do elevador, não me surpreende o uso constante da violência ao invés da razão. Sem um acordo global de desarmamento global, que começe com a principal força do planeta, o que nem se cogita, não dá para ficar desarmado acreditando no poder do pacifismo. É prudente nos armarmos, para que nossas armas defendam nosso pacifismo. O pacifismo de uma nação se evidencia por sua escolha e não pela falta de opção.Marino escreveu:
Amorim: rearmamento brasileiro é preparação para o futuro
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, negou ontem que a política de rearmamento do país tenha por objetivo apoiar sua ambição de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
– Há uma estranha e deplorável coincidência entre os membros permanentes do Conselho de Segurança e as potências nucleares. Por isso, defendemos sua expansão a países pacíficos, que não são militaristas, como é o caso do Brasil – explicou Amorim. O chanceler disse que o Brasil precisa se rearmar já que tem “necessidades” de Defesa, justificadas pela grande extensão de seu território, por contar com uma área como a Amazônia, “frequentemente fruto de especulações fora do país”, segundo o ministro, e pela riqueza petrolífera recentemente descoberta no Oceano Atlântico.
Amorim disse que o Brasil agora não tem ameaças externas, mas considerou que a política de Defesa deve ser preparada com um prazo de 40 ou 50 anos. De acordo com o ministro, as circunstâncias poderiam mudar de “forma surpreendente”. Segundo Amorim, a defesa das enormes jazidas de petróleo no Atlântico, no horizonte geológico chamado pré-sal, poderia ser “fundamental” para o país em uma disputa futura.
O ministro reiterou que ainda está aberta a licitação para comprar 36 caças de combate, na qual concorrem a americana Boeing, a sueca Saab e a francesa Dassault Aviation.
Amorim explicou que o governo brasileiro optou por avançar nas negociações pelos Rafale franceses devido a fatores como preço competitivo, transferência de tecnologia e o “monopólio” para que o Brasil venda o modelo francês no mercado latino-americano. (Com agências)
Estratégia Nacional de Defesa
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
- Marino
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
A indústria bélica
Merval Pereira
A questão do reaparelhamento das Forças Armadas, abordada nas colunas do fim de semana, com base nos acordos já firmados com o governo da França para adquirir helicópteros e submarinos, e a licitação dos novos caças, que parece estar definida a favor dos Rafale franceses - mas que continua teoricamente em aberto para que os governos de Estados Unidos e Suécia possam melhorar suas ofertas, especialmente no que se refere à transferência de tecnologia -, atraiu grande atenção dos leitores. Utilizo a mensagem do engenheiro Eduardo Siqueira Brick, coordenador adjunto do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Nest/UFF), especializado em Ciência, Tecnologia e Informação (CT&I) e Indústria de Defesa, para representar a massa de comentários recebida.
Hoje vou abordar aspectos da criação do complexo industrial-militar prevista na reformulação da Estratégia Nacional de Defesa (END) que está sendo elaborada pelo Ministério da Defesa. A questão da transferência de tecnologia fica para outra coluna.
Segundo Eduardo Brick, quando se trata da Base Industrial de Defesa (BID), existem cinco componentes que apresentam aspectos distintos, mas que interagem com grande intensidade:
a) A infraestrutura industrial da defesa: empresas e organizações envolvidas no desenvolvimento e fabricação de produtos de defesa.
Um ponto fundamental seria a definição do que é empresa brasileira para fins de defesa, pois, segundo Brick, se a lei não mudar rapidamente, todas as empresas brasileiras existentes serão adquiridas por grandes empresas estrangeiras.
Entretanto, para ele falta definir a parte mais importante: a existência de recursos no orçamento de forma continuada para dar sustentação a essa indústria. "Já tivemos essa experiência no passado. Desenvolvemos uma indústria de defesa, não muito sofisticada, que sobreviveu principalmente das vendas para o exterior. O Brasil nunca garantiu a existência dessas empresas. Sem isso, todo o esforço que agora está sendo feito será inútil".
b) A infraestrutura científico-tecnológica da defesa: universidades, centros de pesquisa e empresas envolvidos na criação de conhecimentos científicos e tecnologias com aplicação em produtos de defesa.
Ela deve englobar todo o complexo nacional, através de ações cooperativas, organização de redes temáticas, utilização compartilhada de laboratórios e outros mecanismos de interação.
"A participação da indústria nesses arranjos deve ser mandatória, objetivando-se a aceleração do processo de inovação", ressalta. Segundo Brick, este componente da BID ainda está muito incipiente, "pois pouco ou quase nada tem sido feito, sendo citáveis apenas os editais Pro-defesa que têm procurado incentivar essa participação de instituições civis na solução de problemas de defesa".
c) A infraestrutura de inteligência da defesa: instituições e pessoas envolvidas na coleta e análise de informações existentes no exterior sobre conhecimentos científicos e inovações tecnológicas com aplicação no desenvolvimento de produtos de defesa e em prospecção tecnológica com impacto em defesa.
"Sua existência se justifica pela dinâmica da evolução tecnológica, a qual torna imprescindível ser capaz de conhecer e/ou absorver a tecnologia atual para uso próprio, ou para criar contramedidas apropriadas", analisa o engenheiro Eduardo Brick.
Adicionalmente, há que se ter capacidade de vislumbrar possíveis evoluções da tecnologia, através da aplicação de métodos de prospecção e avaliação tecnológica. "É importante existir um sistema de inteligência tecnológica para prospectar as tendências de evolução tecnológica mais relevantes para a defesa, contornar o cerceamento tecnológico e proteger nossos ativos tecnológicos".
d) a infraestrutura de financiamento da defesa: instituições e recursos financeiros dedicados ao financiamento de pesquisa científica e tecnológica e ao desenvolvimento de produtos com aplicação em defesa e ao financiamento de vendas externas de produtos de defesa, "uma função vital para a saúde de todo o sistema, que possui características tão específicas".
Sem financiamento governamental, diz Eduardo Brick, não há P&D para sustentar a inovação de produtos de defesa. Sem inovação, "o sistema de defesa, rapidamente, fica obsoleto e incapaz de enfrentar as novas ameaças que não cessam de evoluir".
A realidade, porém, é que o Brasil dedica pouquíssimos recursos para pesquisa de interesse para defesa. Em 2006, o Brasil investiu apenas 0,6% dos recursos de pesquisa e desenvolvimento na área de defesa. Em 2003, ano em que o Brasil investiu apenas 1,2%, os EUA investiram 56%, a Espanha 24%, a França 23% e a Coreia 13%.
O pouco investimento que existiu resultou em significativos avanços para aplicações civis, lembra Eduardo Brick, que cita o exemplo da Embraer com o projeto do AMX, que permitiu o desenvolvimento dos jatos regionais EMB 135, 145 e 190 que hoje dominam grande parte do mercado internacional, gerando postos de trabalho de alta qualidade no Brasil e receitas de exportação.
Também o investimento da Marinha no ciclo de combustível nuclear garantiu o fornecimento desse combustível para nossas usinas nucleares. "Os benefícios, estratégicos, financeiros e sociais desses sucessos foram, sem sombra de dúvida, muitas ordens de grandeza superiores aos investimentos feitos", comenta Brick.
e) o arcabouço regulatório da BID. Temas tais como regras para licitação, financiamento de P&D, financiamento de exportações, tratamento fiscal diferenciado, entre outros, devem ser objeto de documentos normativos específicos para a BID. Alguns desses assuntos estão sendo objeto de propostas de legislação.
Merval Pereira
A questão do reaparelhamento das Forças Armadas, abordada nas colunas do fim de semana, com base nos acordos já firmados com o governo da França para adquirir helicópteros e submarinos, e a licitação dos novos caças, que parece estar definida a favor dos Rafale franceses - mas que continua teoricamente em aberto para que os governos de Estados Unidos e Suécia possam melhorar suas ofertas, especialmente no que se refere à transferência de tecnologia -, atraiu grande atenção dos leitores. Utilizo a mensagem do engenheiro Eduardo Siqueira Brick, coordenador adjunto do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Nest/UFF), especializado em Ciência, Tecnologia e Informação (CT&I) e Indústria de Defesa, para representar a massa de comentários recebida.
Hoje vou abordar aspectos da criação do complexo industrial-militar prevista na reformulação da Estratégia Nacional de Defesa (END) que está sendo elaborada pelo Ministério da Defesa. A questão da transferência de tecnologia fica para outra coluna.
Segundo Eduardo Brick, quando se trata da Base Industrial de Defesa (BID), existem cinco componentes que apresentam aspectos distintos, mas que interagem com grande intensidade:
a) A infraestrutura industrial da defesa: empresas e organizações envolvidas no desenvolvimento e fabricação de produtos de defesa.
Um ponto fundamental seria a definição do que é empresa brasileira para fins de defesa, pois, segundo Brick, se a lei não mudar rapidamente, todas as empresas brasileiras existentes serão adquiridas por grandes empresas estrangeiras.
Entretanto, para ele falta definir a parte mais importante: a existência de recursos no orçamento de forma continuada para dar sustentação a essa indústria. "Já tivemos essa experiência no passado. Desenvolvemos uma indústria de defesa, não muito sofisticada, que sobreviveu principalmente das vendas para o exterior. O Brasil nunca garantiu a existência dessas empresas. Sem isso, todo o esforço que agora está sendo feito será inútil".
b) A infraestrutura científico-tecnológica da defesa: universidades, centros de pesquisa e empresas envolvidos na criação de conhecimentos científicos e tecnologias com aplicação em produtos de defesa.
Ela deve englobar todo o complexo nacional, através de ações cooperativas, organização de redes temáticas, utilização compartilhada de laboratórios e outros mecanismos de interação.
"A participação da indústria nesses arranjos deve ser mandatória, objetivando-se a aceleração do processo de inovação", ressalta. Segundo Brick, este componente da BID ainda está muito incipiente, "pois pouco ou quase nada tem sido feito, sendo citáveis apenas os editais Pro-defesa que têm procurado incentivar essa participação de instituições civis na solução de problemas de defesa".
c) A infraestrutura de inteligência da defesa: instituições e pessoas envolvidas na coleta e análise de informações existentes no exterior sobre conhecimentos científicos e inovações tecnológicas com aplicação no desenvolvimento de produtos de defesa e em prospecção tecnológica com impacto em defesa.
"Sua existência se justifica pela dinâmica da evolução tecnológica, a qual torna imprescindível ser capaz de conhecer e/ou absorver a tecnologia atual para uso próprio, ou para criar contramedidas apropriadas", analisa o engenheiro Eduardo Brick.
Adicionalmente, há que se ter capacidade de vislumbrar possíveis evoluções da tecnologia, através da aplicação de métodos de prospecção e avaliação tecnológica. "É importante existir um sistema de inteligência tecnológica para prospectar as tendências de evolução tecnológica mais relevantes para a defesa, contornar o cerceamento tecnológico e proteger nossos ativos tecnológicos".
d) a infraestrutura de financiamento da defesa: instituições e recursos financeiros dedicados ao financiamento de pesquisa científica e tecnológica e ao desenvolvimento de produtos com aplicação em defesa e ao financiamento de vendas externas de produtos de defesa, "uma função vital para a saúde de todo o sistema, que possui características tão específicas".
Sem financiamento governamental, diz Eduardo Brick, não há P&D para sustentar a inovação de produtos de defesa. Sem inovação, "o sistema de defesa, rapidamente, fica obsoleto e incapaz de enfrentar as novas ameaças que não cessam de evoluir".
A realidade, porém, é que o Brasil dedica pouquíssimos recursos para pesquisa de interesse para defesa. Em 2006, o Brasil investiu apenas 0,6% dos recursos de pesquisa e desenvolvimento na área de defesa. Em 2003, ano em que o Brasil investiu apenas 1,2%, os EUA investiram 56%, a Espanha 24%, a França 23% e a Coreia 13%.
O pouco investimento que existiu resultou em significativos avanços para aplicações civis, lembra Eduardo Brick, que cita o exemplo da Embraer com o projeto do AMX, que permitiu o desenvolvimento dos jatos regionais EMB 135, 145 e 190 que hoje dominam grande parte do mercado internacional, gerando postos de trabalho de alta qualidade no Brasil e receitas de exportação.
Também o investimento da Marinha no ciclo de combustível nuclear garantiu o fornecimento desse combustível para nossas usinas nucleares. "Os benefícios, estratégicos, financeiros e sociais desses sucessos foram, sem sombra de dúvida, muitas ordens de grandeza superiores aos investimentos feitos", comenta Brick.
e) o arcabouço regulatório da BID. Temas tais como regras para licitação, financiamento de P&D, financiamento de exportações, tratamento fiscal diferenciado, entre outros, devem ser objeto de documentos normativos específicos para a BID. Alguns desses assuntos estão sendo objeto de propostas de legislação.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Lamentável artigo:
Muitas dúvidas
Merval Pereira
As dúvidas sobre a real prioridade que deveria ser dada pelo governo ao reaparelhamento das Forças Armadas, e o que ele deveria objetivar caso considerado de interesse nacional, provocaram diversas mensagens de leitores que resumo na coluna de hoje aproveitando quatro delas. O dirigente do Partido Verde Alfredo Sirkis começa colocando em dúvida a adequação dos equipamentos que Lula quer comprar “ao seu livre arbítrio”.
Para Sirkis, as ameaças que pairam no horizonte do Brasil são as seguintes: 1) as consequências do aquecimento global: maiores enchentes e outros fenômenos extremos como os tornados em Santa Catarina, na região Centro-Sul; a desertificação do semiárido no Nordeste e savanização da Amazônia. “Isso poderá ter um custo em vidas, patrimônio, migração e desestabilização social numa escala que compromete a defesa nacional”.
2) Situações de instabilidade aguda, narcoterrorismo e regimes irresponsáveis em países vizinhos gerando conflitos que podem atravessar nossas fronteiras terrestres.
3) Quebra do monopólio das Forças Armadas sobre o armamento de guerra, controle territorial de favelas e modalidades pós-modernas de insurgência.
“Penso que esse é um problema de defesa nacional em curso há tempos”.
Sirkis diz que “a realidade ou plausibilidade dessas ameaças é infinitamente maior do que um hipotético ataque de alguma grande potência ao présal, que, aliás, só vai operar efetivamente daqui a uns 20 anos”.
Para ele, a questão do equipamento de nossas Forças Armadas “depende de um nova doutrina e de um remanejamento imediato para defender as florestas, evitando queimadas, que contribuem com mais de 60% para nossas emissões de CO2, reforçando a defesa de fronteiras com países de regimes problemáticos que podem provocar guerras civis ou com regiões com a presença de narcoterrorismo e uma integração mais efetiva com as polícias no combate ao narcovarejo que controla territórios no Rio e ataca militar mente a polícia (São Paulo e Salvador)”.
Outro leitor desconfiado da eficácia desse reaparelhamento, principalmente com a tão falada transferência de tecnologia, é o engenheiro químico André Lion, que participou de transferências de tecnologia, tão em voga na década de 70 do século passado.
Ele lembra que a transferência de tecnologia “só faz sentido se depois de realizada o receptor da tecnologia continuar pesquisando e desenvolvendo o assunto, pois de outra forma o conhecimento se tornará obsoleto”.
Para exemplificar, cita que, na época em que um oficial da Aeronáutica brasileira foi com a nave russoamericana em órbita, o governo brasileiro pagou a viagem “porque o Brasil deveria fornecer uma escotilha para ser instalada na nave, mas não se conseguiu desenvolver a mesma satisfatoriamente, o que tornou necessário o pagamento”.
Sobre transferência de tecnologia, o engenheiro Eduardo Siqueira Brick, coordenador adjunto do núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Nest/UFF), diz que “só absorve tecnologia quem é capaz de desenvolvê-la”.
É possível, sim, adquirir (comprar, roubar, copiar) tecnologia, desde que se tenha competência para isso, ressalva Brick.
Mas ele adverte: “Nós temos alguma capacidade para isso, mas falta incentivo para que nossos jovens estudem ciências e engenharias. Temos alguma qualidade, mas falta quantidade . Vamos e nfrentar muitas dificuldades por conta desse descaso”.
O mesmo ponto é levantado pelo leitor Felipe Albano, consultor financeiro, economista com mestrado London Business School.
Para ele, a pergunta a ser feita é por que se deve gastar esse monte de dinheiro em defesa e, em em caso positivo, como devemos nos defender? Albano garante que não é comprando submarinos.
“Você sabe o que aconteceu com os Mirage comprados no passado? Por que vai ser diferente desta vez? Não basta ter aviões, é preciso treino constante, que consome milhões”, lembra ele.
O cético Felipe Albano segue questionando as prioridades: “Se você fosse presidente e precisasse liberar recursos para treinos aéreos e não tivesse verba para educação ou saúde, como você faria? Exatamente o que os próximos presidentes farão: manteria os aviões no chão e seus pilotos destreinados. Defesa é para país rico”.
Seu ceticismo tem base na realidade. O país forma apenas mil físicos e 33 mil engenheiros por ano. “Você acha que, com mil físicos, podemos absorver alguma tecnologia, ainda mais bélica, que envolve materiais que não sabemos como produzir?”, pergunta.
A China, que tem seis vezes a nossa população, forma 300 mil engenheiros por ano. “Embora uma coisa não tenha relação direta com a outra, podemos dizer que formamos poucos engenheiros para o desenvolvimento”, comenta.
Como explica Felipe Albano, “fazer foguetes é fácil, o difícil é saber onde eles vão cair. A tecnologia de “missile guidance” é que é complicada. Vide a Coreia do Norte, que faz foguetes e não sabe onde eles cairão.
Da mesma forma, diz ele, a revista “Popular Mechanics ” publicou em 1954, mais ou menos, como se faz uma bomba atômica, e quase ninguém conseguiu fazer. “O que falta: materiais, engenharia de fabricação e combustível físsil”. E conclui: “Tecnologia não se absorve, desenvolve-se, mas é preciso ter bons engenheiros, físicos e químicos”.
Muitas dúvidas
Merval Pereira
As dúvidas sobre a real prioridade que deveria ser dada pelo governo ao reaparelhamento das Forças Armadas, e o que ele deveria objetivar caso considerado de interesse nacional, provocaram diversas mensagens de leitores que resumo na coluna de hoje aproveitando quatro delas. O dirigente do Partido Verde Alfredo Sirkis começa colocando em dúvida a adequação dos equipamentos que Lula quer comprar “ao seu livre arbítrio”.
Para Sirkis, as ameaças que pairam no horizonte do Brasil são as seguintes: 1) as consequências do aquecimento global: maiores enchentes e outros fenômenos extremos como os tornados em Santa Catarina, na região Centro-Sul; a desertificação do semiárido no Nordeste e savanização da Amazônia. “Isso poderá ter um custo em vidas, patrimônio, migração e desestabilização social numa escala que compromete a defesa nacional”.
2) Situações de instabilidade aguda, narcoterrorismo e regimes irresponsáveis em países vizinhos gerando conflitos que podem atravessar nossas fronteiras terrestres.
3) Quebra do monopólio das Forças Armadas sobre o armamento de guerra, controle territorial de favelas e modalidades pós-modernas de insurgência.
“Penso que esse é um problema de defesa nacional em curso há tempos”.
Sirkis diz que “a realidade ou plausibilidade dessas ameaças é infinitamente maior do que um hipotético ataque de alguma grande potência ao présal, que, aliás, só vai operar efetivamente daqui a uns 20 anos”.
Para ele, a questão do equipamento de nossas Forças Armadas “depende de um nova doutrina e de um remanejamento imediato para defender as florestas, evitando queimadas, que contribuem com mais de 60% para nossas emissões de CO2, reforçando a defesa de fronteiras com países de regimes problemáticos que podem provocar guerras civis ou com regiões com a presença de narcoterrorismo e uma integração mais efetiva com as polícias no combate ao narcovarejo que controla territórios no Rio e ataca militar mente a polícia (São Paulo e Salvador)”.
Outro leitor desconfiado da eficácia desse reaparelhamento, principalmente com a tão falada transferência de tecnologia, é o engenheiro químico André Lion, que participou de transferências de tecnologia, tão em voga na década de 70 do século passado.
Ele lembra que a transferência de tecnologia “só faz sentido se depois de realizada o receptor da tecnologia continuar pesquisando e desenvolvendo o assunto, pois de outra forma o conhecimento se tornará obsoleto”.
Para exemplificar, cita que, na época em que um oficial da Aeronáutica brasileira foi com a nave russoamericana em órbita, o governo brasileiro pagou a viagem “porque o Brasil deveria fornecer uma escotilha para ser instalada na nave, mas não se conseguiu desenvolver a mesma satisfatoriamente, o que tornou necessário o pagamento”.
Sobre transferência de tecnologia, o engenheiro Eduardo Siqueira Brick, coordenador adjunto do núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Nest/UFF), diz que “só absorve tecnologia quem é capaz de desenvolvê-la”.
É possível, sim, adquirir (comprar, roubar, copiar) tecnologia, desde que se tenha competência para isso, ressalva Brick.
Mas ele adverte: “Nós temos alguma capacidade para isso, mas falta incentivo para que nossos jovens estudem ciências e engenharias. Temos alguma qualidade, mas falta quantidade . Vamos e nfrentar muitas dificuldades por conta desse descaso”.
O mesmo ponto é levantado pelo leitor Felipe Albano, consultor financeiro, economista com mestrado London Business School.
Para ele, a pergunta a ser feita é por que se deve gastar esse monte de dinheiro em defesa e, em em caso positivo, como devemos nos defender? Albano garante que não é comprando submarinos.
“Você sabe o que aconteceu com os Mirage comprados no passado? Por que vai ser diferente desta vez? Não basta ter aviões, é preciso treino constante, que consome milhões”, lembra ele.
O cético Felipe Albano segue questionando as prioridades: “Se você fosse presidente e precisasse liberar recursos para treinos aéreos e não tivesse verba para educação ou saúde, como você faria? Exatamente o que os próximos presidentes farão: manteria os aviões no chão e seus pilotos destreinados. Defesa é para país rico”.
Seu ceticismo tem base na realidade. O país forma apenas mil físicos e 33 mil engenheiros por ano. “Você acha que, com mil físicos, podemos absorver alguma tecnologia, ainda mais bélica, que envolve materiais que não sabemos como produzir?”, pergunta.
A China, que tem seis vezes a nossa população, forma 300 mil engenheiros por ano. “Embora uma coisa não tenha relação direta com a outra, podemos dizer que formamos poucos engenheiros para o desenvolvimento”, comenta.
Como explica Felipe Albano, “fazer foguetes é fácil, o difícil é saber onde eles vão cair. A tecnologia de “missile guidance” é que é complicada. Vide a Coreia do Norte, que faz foguetes e não sabe onde eles cairão.
Da mesma forma, diz ele, a revista “Popular Mechanics ” publicou em 1954, mais ou menos, como se faz uma bomba atômica, e quase ninguém conseguiu fazer. “O que falta: materiais, engenharia de fabricação e combustível físsil”. E conclui: “Tecnologia não se absorve, desenvolve-se, mas é preciso ter bons engenheiros, físicos e químicos”.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Só pode ter saído na b* do O Globo...
abraços]
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Uma coisa é verdade nesse artigo, a necessidade de se desenvolver o que for repassado de tecnologia nessas compras, esse conhecimento. E é muito triste o Brasil ser um país com poucos físicos, químicos, engenheiros, etc.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
“Muita água vai rolar”, diz ministro sobre caças
Vasconcelo Quadros
BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, admitiu ontem que a opção política assumida pelo governo brasileiro é fechar a compra dos 36 caças com a França, seguindo o suposto acordo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês Nicolas Sarkozy no almoço do 7 de Setembro. Mas garantiu que o negócio ainda não está fechado e que a decisão final, amparada também pelos dados técnicos das concorrentes – a americana Boeing e a sueca Saab –, só será mesmo anunciada no próximo dia 21.
Na data serão abertos os envelopes com as propostas das concorrentes sobre os principais itens que o governo brasileiro levará em conta: preço, transferência de tecnologia e vantagens comerciais.
– Muita água ainda vai rolar – disse o ministro, negando que o governo já tenha efetivamente batido o martelo, apesar da clara preferência política de um negócio que deverá marcar o início de um novo eixo de relações estratégicas. O Brasil vira as costas para os Estados Unidos e se alia a França, outra potência nuclear.
Para os senadores que participaram quarta-feira da audiência com o Jobim, restaram poucas dúvidas de que o Brasil já fez a opção de um negócio que, entre aviões de caça, helicópteros, submarinos e demais equipamentos para a estratégia de defesa, envolverá custos da ordem de R$ 24 bilhões até 2029 ou, conforme destacou Jobim, 2,7% do PIB nacional.
– Não existe esse negócio de opção política. O governo prejudicou a concorrência – disse o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que considera jogo de cena os novos argumentos de Jobim.
Jobim negou que haja preferência e disse que questão principal – o repasse de tecnologia – esbarra numa interpretação semântica entre os dois principais concorrentes, a França e Estados Unidos. O novo parceiro fala em transferência “irrestrita”, enquanto os americanos em “necessária”.
Vasconcelo Quadros
BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, admitiu ontem que a opção política assumida pelo governo brasileiro é fechar a compra dos 36 caças com a França, seguindo o suposto acordo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês Nicolas Sarkozy no almoço do 7 de Setembro. Mas garantiu que o negócio ainda não está fechado e que a decisão final, amparada também pelos dados técnicos das concorrentes – a americana Boeing e a sueca Saab –, só será mesmo anunciada no próximo dia 21.
Na data serão abertos os envelopes com as propostas das concorrentes sobre os principais itens que o governo brasileiro levará em conta: preço, transferência de tecnologia e vantagens comerciais.
– Muita água ainda vai rolar – disse o ministro, negando que o governo já tenha efetivamente batido o martelo, apesar da clara preferência política de um negócio que deverá marcar o início de um novo eixo de relações estratégicas. O Brasil vira as costas para os Estados Unidos e se alia a França, outra potência nuclear.
Para os senadores que participaram quarta-feira da audiência com o Jobim, restaram poucas dúvidas de que o Brasil já fez a opção de um negócio que, entre aviões de caça, helicópteros, submarinos e demais equipamentos para a estratégia de defesa, envolverá custos da ordem de R$ 24 bilhões até 2029 ou, conforme destacou Jobim, 2,7% do PIB nacional.
– Não existe esse negócio de opção política. O governo prejudicou a concorrência – disse o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que considera jogo de cena os novos argumentos de Jobim.
Jobim negou que haja preferência e disse que questão principal – o repasse de tecnologia – esbarra numa interpretação semântica entre os dois principais concorrentes, a França e Estados Unidos. O novo parceiro fala em transferência “irrestrita”, enquanto os americanos em “necessária”.
– Não existe esse negócio de opção política. O governo prejudicou a concorrência – disse o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que considera jogo de cena os novos argumentos de Jobim.
TUCANO F..........D..........P..........
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
A delicada arquitetura de uma nova defesa nacional
Vasconcelos Quadros, Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O projeto de reestruturação das Forças Armadas que está sendo preparado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, será a maior mexida na estrutura militar nos últimos 50 anos. Impulsionada por um pacote de leis que chegará em breve ao Congresso, a proposta cria o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), muda a doutrina para permitir uma nova missão interna em tempos de paz, estende o poder de polícia à Aeronáutica e Marinha, equipa as três Forças, estimula o surgimento de uma indústria militar e, por tabela, dá a Jobim o status de superministro no apagar das luzes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As mudanças em curso têm como pano de fundo uma alteração radical na estratégia de defesa mirando a França com parceira: a preparação das Forças Armadas para garantir ao país a consolidação da bacia do pré-sal e, como consequência, um assento no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com o ônus e o bônus que a conquista representa.
– O Jobim se empolgou – ironiza o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), representante da frente parlamentar que acompanha as mudanças na área militar. – É um processo iniciado no governo Fernando Henrique, com a criação do Ministério da Defesa e costurado a quatro mãos por Jobim e Unger (o ex-ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger) com os militares.
Ao participar da audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado na última quarta-feira, Jobim, que foi relator da Constituição de 1988, fez a mea culpa pelo fato de o Congresso ter deixado redesenhar o papel para os militares naquela ocasião.
– Confundimos defesa com perseguição política. Nenhum de nós se comprometeu com um projeto de nação – disse o ministro, depois de um detalhado relato sobre os esforços que vem fazendo para reestruturar as Forças Armadas, passo imprescindível, segundo ele, para dar ao Brasil o papel de líder da América do Sul no novo eixo regional. Sempre acompanhado por um séquito das três forças para demonstrar que tem o apoio da caserna, o ministro explica que, depois de 24 anos de democracia, o país vai, finalmente, pacificar a historicamente tensa relação entre civis e militares com uma guinada: – Será a subordinação definitiva das Forças Armadas ao poder civil.
Em contrapartida, Jobim garante a reestruturação da Marinha com uma segunda frota – a vitrine será o submarino de propulsão nuclear e uma indústria naval que resultará da parceria com a França – criará na Amazônia novos 28 pelotões do Exército e, ao modificar a legislação atual, dará à Aeronáutica os 36 caças que, ao que tudo indica, serão os Rafale produzidos pela indústria francesa Dessault. Entre as três forças funcionará o novo EMCFA, que cuidará da logística, integração, mobilização, serviço militar – que envolverá uma parte obrigatória e outra de profissionais – e uma nova secretaria de compras, atribuição que também sairá dos comandos militares.
A engenharia jurídica em gestação mudará basicamente duas leis – que regem a área militar – para transferir poder ao Ministério da Defesa. O EMCFA já nasce integrando as três armas. O pulo do gato político está na designação de seu comandante. Ele pode ser um oficial-general da ativa nomeado pelo presidente e “indicado” pelo ministro da Defesa, atribuição que sai da esfera militar. O ministro também deixa de ser apenas “ouvido” na nomeação dos comandantes militares e passa a indicá-los antes de encaminhar os nomes para o Palácio do Planalto. Na definição de promoções, os comandantes elaboram as listas, mas quem escolhe é também o ministro.
No emprego das Forças Armadas em operações dentro do país, as ações que antes eram apenas combinadas, passam a ser integradas, embora cada comando mantenha sua estrutura de treinamento e preparo. A Aeronáutica, por exemplo, deixa de ter apenas o papel de poder de abate sobre uma aeronave que não atender a ordem de aterrissar em casos de suspeita de envolvimento com o crime e poderá fazer revistas e prisões em flagrante – hoje esse papel cabe apenas ao Exército e Polícia Federal. A Marinha, ao ganhar status para atuar em “águas jurisdicionais brasileiras” poderá também patrulhar os rios da Amazônia e prender criminosos.
– No geral o plano é bom. Mexe no organograma, na estrutura material e nos recursos humanos das Forças Armadas. Reforça o poder civil – concorda o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. Jobim volta ao Congresso depois do dia 21, data em que o governo avalia as propostas para bater o martelo na compra dos caças, já com o pacote de leis mais amadurecido.
O ministro quer aliar a desconcentração das estruturas das estratégias militares, hoje com 80% concentrados em São José dos Campos (SP), com o estímulo a formação de um complexo industrial bélico e a ampliação da base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão. Contará com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que passará a financiar também a indústria bélica.
Nos planos do ministro, em vez de três bases, como é atualmente, Alcântara teria mais 20, cada uma com um raio de cinco quilômetros de distância uma da outra. Geograficamente estratégico, é o melhor ponto de lançamento de foguetes do mundo, a apenas três graus da Linha do Equador. Jobim acha que o Brasil pode obter renda alugando as bases para outros países.
Vasconcelos Quadros, Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O projeto de reestruturação das Forças Armadas que está sendo preparado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, será a maior mexida na estrutura militar nos últimos 50 anos. Impulsionada por um pacote de leis que chegará em breve ao Congresso, a proposta cria o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), muda a doutrina para permitir uma nova missão interna em tempos de paz, estende o poder de polícia à Aeronáutica e Marinha, equipa as três Forças, estimula o surgimento de uma indústria militar e, por tabela, dá a Jobim o status de superministro no apagar das luzes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As mudanças em curso têm como pano de fundo uma alteração radical na estratégia de defesa mirando a França com parceira: a preparação das Forças Armadas para garantir ao país a consolidação da bacia do pré-sal e, como consequência, um assento no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com o ônus e o bônus que a conquista representa.
– O Jobim se empolgou – ironiza o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), representante da frente parlamentar que acompanha as mudanças na área militar. – É um processo iniciado no governo Fernando Henrique, com a criação do Ministério da Defesa e costurado a quatro mãos por Jobim e Unger (o ex-ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger) com os militares.
Ao participar da audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado na última quarta-feira, Jobim, que foi relator da Constituição de 1988, fez a mea culpa pelo fato de o Congresso ter deixado redesenhar o papel para os militares naquela ocasião.
– Confundimos defesa com perseguição política. Nenhum de nós se comprometeu com um projeto de nação – disse o ministro, depois de um detalhado relato sobre os esforços que vem fazendo para reestruturar as Forças Armadas, passo imprescindível, segundo ele, para dar ao Brasil o papel de líder da América do Sul no novo eixo regional. Sempre acompanhado por um séquito das três forças para demonstrar que tem o apoio da caserna, o ministro explica que, depois de 24 anos de democracia, o país vai, finalmente, pacificar a historicamente tensa relação entre civis e militares com uma guinada: – Será a subordinação definitiva das Forças Armadas ao poder civil.
Em contrapartida, Jobim garante a reestruturação da Marinha com uma segunda frota – a vitrine será o submarino de propulsão nuclear e uma indústria naval que resultará da parceria com a França – criará na Amazônia novos 28 pelotões do Exército e, ao modificar a legislação atual, dará à Aeronáutica os 36 caças que, ao que tudo indica, serão os Rafale produzidos pela indústria francesa Dessault. Entre as três forças funcionará o novo EMCFA, que cuidará da logística, integração, mobilização, serviço militar – que envolverá uma parte obrigatória e outra de profissionais – e uma nova secretaria de compras, atribuição que também sairá dos comandos militares.
A engenharia jurídica em gestação mudará basicamente duas leis – que regem a área militar – para transferir poder ao Ministério da Defesa. O EMCFA já nasce integrando as três armas. O pulo do gato político está na designação de seu comandante. Ele pode ser um oficial-general da ativa nomeado pelo presidente e “indicado” pelo ministro da Defesa, atribuição que sai da esfera militar. O ministro também deixa de ser apenas “ouvido” na nomeação dos comandantes militares e passa a indicá-los antes de encaminhar os nomes para o Palácio do Planalto. Na definição de promoções, os comandantes elaboram as listas, mas quem escolhe é também o ministro.
No emprego das Forças Armadas em operações dentro do país, as ações que antes eram apenas combinadas, passam a ser integradas, embora cada comando mantenha sua estrutura de treinamento e preparo. A Aeronáutica, por exemplo, deixa de ter apenas o papel de poder de abate sobre uma aeronave que não atender a ordem de aterrissar em casos de suspeita de envolvimento com o crime e poderá fazer revistas e prisões em flagrante – hoje esse papel cabe apenas ao Exército e Polícia Federal. A Marinha, ao ganhar status para atuar em “águas jurisdicionais brasileiras” poderá também patrulhar os rios da Amazônia e prender criminosos.
– No geral o plano é bom. Mexe no organograma, na estrutura material e nos recursos humanos das Forças Armadas. Reforça o poder civil – concorda o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. Jobim volta ao Congresso depois do dia 21, data em que o governo avalia as propostas para bater o martelo na compra dos caças, já com o pacote de leis mais amadurecido.
O ministro quer aliar a desconcentração das estruturas das estratégias militares, hoje com 80% concentrados em São José dos Campos (SP), com o estímulo a formação de um complexo industrial bélico e a ampliação da base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão. Contará com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que passará a financiar também a indústria bélica.
Nos planos do ministro, em vez de três bases, como é atualmente, Alcântara teria mais 20, cada uma com um raio de cinco quilômetros de distância uma da outra. Geograficamente estratégico, é o melhor ponto de lançamento de foguetes do mundo, a apenas três graus da Linha do Equador. Jobim acha que o Brasil pode obter renda alugando as bases para outros países.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Jornal do Comércio:
Reaparelhamento das Forças Armadas
O reaparelhamento das nossas Forças Armadas, há muito reclamado pelos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, entrou em fase decisiva com o comunicado conjunto dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy (França), no dia 7 de setembro, sobre a intenção de finalização de acordo para a compra de aviões de caça e submarinos franceses pelo Brasil. Posteriormente, foi divulgado que a disputa pelo fornecimento desses armamentos, entre França, Suécia e Estados Unidos, não havia sido encerrada. Como sempre em ocasiões semelhantes, a culpa pelo equívoco foi atribuída à precipitação da imprensa, pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito. Teria o presidente francês feito uma visita frustrada ao Brasil?
Com ou sem equívoco, por culpa da imprensa ou devido a posições e interesses divergentes em instâncias do governo, o certo é que o País vai fazer compras bilionárias que irão modernizar sobretudo a Aeronáutica e a Marinha. A força terrestre, nessa primeira etapa do processo brasileiro de reaparelhamento bélico, vai se beneficiar apenas com novos e modernos helicópteros. Outro ponto certo é que o governo brasileiro está firmemente decidido a só fechar qualquer negócio se, nos contratos, estiver incluída a transferência de tecnologia e parceria com empresas nacionais. Sem isso, nada feito.
O nosso País tem diversas razões para atualizar o poder de fogo das Forças Armadas e a doutrina militar nacional. A principal delas é a súbita reativação da esquadra estadunidense encarregada de vigiar e agir no Atlântico Sul, desativada desde o término da 2ª Guerra Mundial. Isso exatamente no momento em que a Petrobras descobre as megajazidas de petróleo do pré-sal e o governo começa a definir como será a exploração dessa riqueza. Apesar de todos os desmentidos sobre atitude hostil e declarações oficiais de autoridades de Washington, o Brasil, a América Latina, o mundo inteiro conhecem bem (e já experimentaram na pele) os métodos que, desde a sua independência, os EUA costumam empregar para defender suas concepções geopolíticas.
Entre outras razões para repensarmos a nossa defesa, há também o fato de a vizinha Venezuela estar em rápido processo de compra de armamentos e a também vizinha Colômbia, mesmo sem reaparelhamento bélico visível a olho nu, colocar-se ostensivamente à sombra das asas da águia americana. Cedeu-lhe o uso de várias bases aéreas, sob o pretexto de combate ao narcotráfico e à narcoguerrilha. Está ainda em curso, mas em estágio avançado, a definição de uma nova doutrina militar para o Brasil. O professor Mangabeira Unger, quando ministro, a esboçou traçando novos objetivos e meios para as Forças Armadas, e o assunto está em discussão no âmbito do Ministério da Defesa e dos comandos das três armas, sem dispensar a colaboração de especialistas em estratégia militar e projeto nacional.
O Ministério da Defesa foi instituído em 1999, pondo fim à anomalia de quatro ministérios ditos militares (o chefe do Estado Maior das Forças Armadas também tinha status de ministro), mas sua consolidação não tem sido fácil, devido à antiga e arraigada autoatribuição dos militares de exercerem tutela sobre a sociedade civil e o Estado. Dez anos depois da sua criação, tudo indica que o ministro Nelson Jobim está conseguindo a façanha de reduzir e controlar a pretensa autonomia dos militares e seu poder político, abalado pelo que já se revelou dos porões da ditadura de 1964-85, mas teoricamente ainda defendido nas escolas militares e entre oficiais reformados, que tinham muito poder na ditadura.
Concomitantemente, além de dar nova estrutura às três forças e aparelhá-las para a defesa externa, o Ministério da Defesa, fundamentado na contribuição histórica dos militares à conquista e manutenção do território nacional, reforça sua dedicação, por exemplo, à preservação da Amazônia. O Exército está fazendo um levantamento cartográfico inédito da parte mais preservada dessa região, conhecida como Cabeça do Cachorro.
Reaparelhamento das Forças Armadas
O reaparelhamento das nossas Forças Armadas, há muito reclamado pelos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, entrou em fase decisiva com o comunicado conjunto dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy (França), no dia 7 de setembro, sobre a intenção de finalização de acordo para a compra de aviões de caça e submarinos franceses pelo Brasil. Posteriormente, foi divulgado que a disputa pelo fornecimento desses armamentos, entre França, Suécia e Estados Unidos, não havia sido encerrada. Como sempre em ocasiões semelhantes, a culpa pelo equívoco foi atribuída à precipitação da imprensa, pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito. Teria o presidente francês feito uma visita frustrada ao Brasil?
Com ou sem equívoco, por culpa da imprensa ou devido a posições e interesses divergentes em instâncias do governo, o certo é que o País vai fazer compras bilionárias que irão modernizar sobretudo a Aeronáutica e a Marinha. A força terrestre, nessa primeira etapa do processo brasileiro de reaparelhamento bélico, vai se beneficiar apenas com novos e modernos helicópteros. Outro ponto certo é que o governo brasileiro está firmemente decidido a só fechar qualquer negócio se, nos contratos, estiver incluída a transferência de tecnologia e parceria com empresas nacionais. Sem isso, nada feito.
O nosso País tem diversas razões para atualizar o poder de fogo das Forças Armadas e a doutrina militar nacional. A principal delas é a súbita reativação da esquadra estadunidense encarregada de vigiar e agir no Atlântico Sul, desativada desde o término da 2ª Guerra Mundial. Isso exatamente no momento em que a Petrobras descobre as megajazidas de petróleo do pré-sal e o governo começa a definir como será a exploração dessa riqueza. Apesar de todos os desmentidos sobre atitude hostil e declarações oficiais de autoridades de Washington, o Brasil, a América Latina, o mundo inteiro conhecem bem (e já experimentaram na pele) os métodos que, desde a sua independência, os EUA costumam empregar para defender suas concepções geopolíticas.
Entre outras razões para repensarmos a nossa defesa, há também o fato de a vizinha Venezuela estar em rápido processo de compra de armamentos e a também vizinha Colômbia, mesmo sem reaparelhamento bélico visível a olho nu, colocar-se ostensivamente à sombra das asas da águia americana. Cedeu-lhe o uso de várias bases aéreas, sob o pretexto de combate ao narcotráfico e à narcoguerrilha. Está ainda em curso, mas em estágio avançado, a definição de uma nova doutrina militar para o Brasil. O professor Mangabeira Unger, quando ministro, a esboçou traçando novos objetivos e meios para as Forças Armadas, e o assunto está em discussão no âmbito do Ministério da Defesa e dos comandos das três armas, sem dispensar a colaboração de especialistas em estratégia militar e projeto nacional.
O Ministério da Defesa foi instituído em 1999, pondo fim à anomalia de quatro ministérios ditos militares (o chefe do Estado Maior das Forças Armadas também tinha status de ministro), mas sua consolidação não tem sido fácil, devido à antiga e arraigada autoatribuição dos militares de exercerem tutela sobre a sociedade civil e o Estado. Dez anos depois da sua criação, tudo indica que o ministro Nelson Jobim está conseguindo a façanha de reduzir e controlar a pretensa autonomia dos militares e seu poder político, abalado pelo que já se revelou dos porões da ditadura de 1964-85, mas teoricamente ainda defendido nas escolas militares e entre oficiais reformados, que tinham muito poder na ditadura.
Concomitantemente, além de dar nova estrutura às três forças e aparelhá-las para a defesa externa, o Ministério da Defesa, fundamentado na contribuição histórica dos militares à conquista e manutenção do território nacional, reforça sua dedicação, por exemplo, à preservação da Amazônia. O Exército está fazendo um levantamento cartográfico inédito da parte mais preservada dessa região, conhecida como Cabeça do Cachorro.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Eu gostaria de levantar um aspecto dessa END.
A constituição da as FAs a missão de defender os poderes constituidos (não sei se isso vai mudar).
A END define como prioridade a defesa das nossas riquezas. O grande norte da END é a defesa do pré-sal e a Amazonia. Acho que não preciso lembrar que o pré-sal ainda não tem dono. O governo diz que é do povo e as empresas diz que é dela.
Não é nenhum segredo de estado que o PT defende o fechamento do congresso. Inclusive, segundo a tese, com amparo legal.
Levando em conta que que existe essa aberração juridica no estado brasileiro, já que existe a tese do aspecto legal para o fechamento do congresso e a constituição diz que existe independencia nos poderes. E obviamente as FAs teriam que ficar entre defender um poder constituido e defender um elemento chave da END, vem a pergunta:
No caso de uma mobilização politica para o fechamento do congresso, tendo como motivo a defesa do pré-sal, como fica o papel das FAs?
A constituição da as FAs a missão de defender os poderes constituidos (não sei se isso vai mudar).
A END define como prioridade a defesa das nossas riquezas. O grande norte da END é a defesa do pré-sal e a Amazonia. Acho que não preciso lembrar que o pré-sal ainda não tem dono. O governo diz que é do povo e as empresas diz que é dela.
Não é nenhum segredo de estado que o PT defende o fechamento do congresso. Inclusive, segundo a tese, com amparo legal.
Levando em conta que que existe essa aberração juridica no estado brasileiro, já que existe a tese do aspecto legal para o fechamento do congresso e a constituição diz que existe independencia nos poderes. E obviamente as FAs teriam que ficar entre defender um poder constituido e defender um elemento chave da END, vem a pergunta:
No caso de uma mobilização politica para o fechamento do congresso, tendo como motivo a defesa do pré-sal, como fica o papel das FAs?
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Não vejo nenhuma possibilidade de fechar o congresso. Pode ser uma idéia do PT, assim como o terceiro mandato do lula, mas não passará de um sonho.SGT GUERRA escreveu:Eu gostaria de levantar um aspecto dessa END.
A constituição da as FAs a missão de defender os poderes constituidos (não sei se isso vai mudar).
A END define como prioridade a defesa das nossas riquezas. O grande norte da END é a defesa do pré-sal e a Amazonia. Acho que não preciso lembrar que o pré-sal ainda não tem dono. O governo diz que é do povo e as empresas diz que é dela.
Não é nenhum segredo de estado que o PT defende o fechamento do congresso. Inclusive, segundo a tese, com amparo legal.
Levando em conta que que existe essa aberração juridica no estado brasileiro, já que existe a tese do aspecto legal para o fechamento do congresso e a constituição diz que existe independencia nos poderes. E obviamente as FAs teriam que ficar entre defender um poder constituido e defender um elemento chave da END, vem a pergunta:
No caso de uma mobilização politica para o fechamento do congresso, tendo como motivo a defesa do pré-sal, como fica o papel das FAs?
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Que isso amigo, acho que anda lendo muito a FSP, ou o Estadão! Só brincadeira, não leve a mal.SGT GUERRA escreveu:Eu gostaria de levantar um aspecto dessa END.
A constituição da as FAs a missão de defender os poderes constituidos (não sei se isso vai mudar).
A END define como prioridade a defesa das nossas riquezas. O grande norte da END é a defesa do pré-sal e a Amazonia. Acho que não preciso lembrar que o pré-sal ainda não tem dono. O governo diz que é do povo e as empresas diz que é dela.
Não é nenhum segredo de estado que o PT defende o fechamento do congresso. Inclusive, segundo a tese, com amparo legal.
Levando em conta que que existe essa aberração juridica no estado brasileiro, já que existe a tese do aspecto legal para o fechamento do congresso e a constituição diz que existe independencia nos poderes. E obviamente as FAs teriam que ficar entre defender um poder constituido e defender um elemento chave da END, vem a pergunta:
No caso de uma mobilização politica para o fechamento do congresso, tendo como motivo a defesa do pré-sal, como fica o papel das FAs?
Há golpistas no PT assim como existem no PSDB, DEM, PCDB, PV, então um ou outro pode falar, mas daí transformar isso em uma posição do partido é demais, não? Não existe nenhuma possibilidade de se "fechar" o congresso.
Isso é papo besta (desculpe a expressão) da mídia de oposição, sem nenhum fundamento de fato ou direito (mencionado como existente). Podiam gastar mais tempo fazendo uma oposição responsável em prol do país...
Ademais, chega dessas manobras comuns nas republiquetas de terceiro mundo. Pelo menos já superamos essa fase, me parece.
Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Eu não leio estadão. na verdade eu sonhei com essa história de fechar congresso. Eu confundi o Brasil com outro país. Aqui, ninguém fala em fechar o congresso. O governo então...esse vai ser canonizado. Do Lula ao Tarso Genro é tudo santo.lelobh escreveu: Que isso amigo, acho que anda lendo muito a FSP, ou o Estadão! Só brincadeira, não leve a mal.
Há golpistas no PT assim como existem no PSDB, DEM, PCDB, PV, então um ou outro pode falar, mas daí transformar isso em uma posição do partido é demais, não? Não existe nenhuma possibilidade de se "fechar" o congresso.
Isso é papo besta (desculpe a expressão) da mídia de oposição, sem nenhum fundamento de fato ou direito (mencionado como existente). Podiam gastar mais tempo fazendo uma oposição responsável em prol do país...
Ademais, chega dessas manobras comuns nas republiquetas de terceiro mundo. Pelo menos já superamos essa fase, me parece.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Delmar, eu estou levantando a hipotese do "se".delmar escreveu:Não vejo nenhuma possibilidade de fechar o congresso. Pode ser uma idéia do PT, assim como o terceiro mandato do lula, mas não passará de um sonho.SGT GUERRA escreveu:Eu gostaria de levantar um aspecto dessa END.
A constituição da as FAs a missão de defender os poderes constituidos (não sei se isso vai mudar).
A END define como prioridade a defesa das nossas riquezas. O grande norte da END é a defesa do pré-sal e a Amazonia. Acho que não preciso lembrar que o pré-sal ainda não tem dono. O governo diz que é do povo e as empresas diz que é dela.
Não é nenhum segredo de estado que o PT defende o fechamento do congresso. Inclusive, segundo a tese, com amparo legal.
Levando em conta que que existe essa aberração juridica no estado brasileiro, já que existe a tese do aspecto legal para o fechamento do congresso e a constituição diz que existe independencia nos poderes. E obviamente as FAs teriam que ficar entre defender um poder constituido e defender um elemento chave da END, vem a pergunta:
No caso de uma mobilização politica para o fechamento do congresso, tendo como motivo a defesa do pré-sal, como fica o papel das FAs?
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
Re: Estratégia Nacional de Defesa
Fechamento de uma casa representativa, precisa de um forte apoio popular como em 64 .SGT GUERRA escreveu:Eu gostaria de levantar um aspecto dessa END.
A constituição da as FAs a missão de defender os poderes constituidos (não sei se isso vai mudar).
A END define como prioridade a defesa das nossas riquezas. O grande norte da END é a defesa do pré-sal e a Amazonia. Acho que não preciso lembrar que o pré-sal ainda não tem dono. O governo diz que é do povo e as empresas diz que é dela.
Não é nenhum segredo de estado que o PT defende o fechamento do congresso. Inclusive, segundo a tese, com amparo legal.
Levando em conta que que existe essa aberração juridica no estado brasileiro, já que existe a tese do aspecto legal para o fechamento do congresso e a constituição diz que existe independencia nos poderes. E obviamente as FAs teriam que ficar entre defender um poder constituido e defender um elemento chave da END, vem a pergunta:
No caso de uma mobilização politica para o fechamento do congresso, tendo como motivo a defesa do pré-sal, como fica o papel das FAs?
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Eu tenho outra hipótese Sgt. Penso que há má vontade em setores menores, mas influentes, do governo e que estão aparelhados com militantes do partido, simpatizantes dos chamados "movimentos sociais". Seja na Casa Civil, seja em outros ministérios. Estas pessoas não gostam de um exército numeroso, bem armado e presente em quase todo Brasil, pelos motivos que passo a explicar.SGT GUERRA escreveu:Delmar, eu estou levantando a hipotese do "se".delmar escreveu: Não vejo nenhuma possibilidade de fechar o congresso. Pode ser uma idéia do PT, assim como o terceiro mandato do lula, mas não passará de um sonho.
Se o MST ou similares invade uma usina e o governo do estado nada faz, quem acaba indo lá para desocupar e cumprir a lei? A Marinha com porta aviões e submarinos? A Aeronáutica com Rafales e Blackhawk? Ou o Exército com os pés de poeira ainda em jipes Willis? Se os "movimentos sociais paraguaios", unidos ao MST et caterva aqui do Brasil, ameaçam invadir Itaipu, quem vai lá proteger a usina? Qual é um, dos muitos obstáculos, para impedir que milicias "camponesas e operárias" tomem o controle de alguma região do Brasil, estabelecendo uma região "libertada"?
Pode parecer que estou delirando mas já falei com padres "progressistas", sindicalista e estudantes "revolucionários" e políticos "di isquerda". A idéia de implantar o socialismo pela "mobilização das massas" ainda não está morta. Se o próximo presidente da república não for do PT verás do que falo. A conversa de fechar o congresso vai exatamente neste sentido. Evitar uma possível saída do PT do governo.
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