Talvez já tenha sido postada por aí, mas a dor de cotovelo tem se espalhado mais do que o vírus da gripe suína.
Brasil - França
Defesa@Net 07 Setembro 2009
FSP 06 Setembro 2009
Jânio de Freitas
Contrato militar Brasil-França segue opiniões de civis, como Lula, e não a de militares habilitados a defini-las
O CONTRATO militar que os presidentes Lula e Sarkozy assinam amanhã, e atrela o Brasil aos caros armamentos e às concepções francesas, tem uma peculiaridade bem brasileira: segue basicamente as opiniões de civis, como o próprio Lula, o ministro Nelson Jobim e o ex-ministro Mangabeira Unger, e não a dos militares habilitados a defini-las. A partir da peculiaridade, a iniciativa militarizadora cerca-se de uma tapeação gigantesca do governo Lula quanto ao custo estimado do plano, pelo menos dez vezes superior à maior cifra citada.
Não precisou de explicações a atitude original da FAB sobre os aviões de caça que devessem ser comprados: apenas entregou à decisão governamental apreciações sobre cada uma das marcas de caça possíveis, e não a indicação do modelo de maior conveniência para o Brasil em conformidade com os longos estudos e testes realizados. Ou seja, feita e declarada por antecipação a escolha do caça francês Rafale por Lula, a FAB dispôs-se a aceitá-la sem a subscrever. Ou quis deixar claro que a escolha era dos civis, ou que não chegara à mesma escolha a que Lula foi induzido.
Os quatro submarinos mais modernos da Marinha são modelos alemães e foram construídos com assistência e transferência de tecnologia alemãs. Ou a Marinha escolheu mal, para fazê-los, ou, para acrescentar outros quatro à flotilha, quer passar como autora da escolha de submarinos que já veio, agora, no pacote transado com a França.
A discrição da FAB não foi acompanhada pela Marinha, que tratou as escassas referências jornalísticas ao negócio dos submarinos de modo agressivo, com notas insultuosas ainda à maneira de tempos idos (mas, vê-se, nem tanto) e com afirmações duvidosas, quando não de inverdade explícita.
Os alemães negam, por exemplo, que não tenham oferecido transferência de tecnologia inclusive para o casco de um submarino nuclear. Importa porém, para a peculiaridade do episódio, que os pequenos submarinos franceses já vieram no pacote decidido por civis.
Se a concorrência em qualificações militares foi por aí, a concorrência financeira simplesmente inexiste. E não são poucos os indícios de que o mais pesado dentro do pacote são os preços das partes, incluída a exigência absurda de que uma nova base naval e um estaleiro sejam construídos pela empreiteira Odebrecht. Sem concorrência e a custo estabelecido, sem trocadilho, aereamente. Só mesmo em país onde sobra dinheiro para saúde, educação e alimentação de 40 milhões de pobres e miseráveis.
E onde, por isso mesmo, o Senado aprova sem discussão e sem repercussão em imprensa e TV, como ocorreu na quarta-feira, a tomada de empréstimo externo e o gasto pelo governo de 6,1 bilhões. Dos quais, perto de um terço com 50 helicópteros, a serem divididos entre FAB, Marinha e Exército, e cerca de dois terços com quatro submarinos convencionais e orientação tecnológica para o submarino nuclear.
Mas esses 6,1 bilhões -no câmbio atual e irreal, mais ou menos R$ 17 bilhões- não representam um terço do projeto militar, cujo custo em 10 a 20 anos foi citado, tão depressa quanto possível, em 20 bilhões, não se sabe de reais, de dólares ou de euros. Nem são verdadeiras as quantidades de armamentos mencionadas, do que são exemplo os divulgados 32 caças a jato que serão, pelo plano, mais de 130. Ainda pelo plano, os citados 20 bilhões vão, de fato, a mais US$ 200 bilhões no total do gasto pretendido pelos próximos dez anos.
Defesa@Net
O Jânio de Freitas tem se enforcado com a própria corda que trançou... Uma coisa é especular, outra coisa é fazer política com ideologia de terceiros e se vê sozinho no final de tudo. O manco das ideias diz coisas tão impensadas que se esquece que em breve a própria FAB estará afirmando com todas as letras que foi ela que deu o ok ao Rafale. Mais uma vez terá que morder na própria língua (Jânio)...
Caro Jânio de Freitas, quem pule lâmina de guilhotina corre o risco de perder a cabeça.