Bueno,
Esses eixos vistos pelo Soultrain apresentam problemas de concepção semelhante ao dos BRICs. Pois pressupõe a necessidade de criar eixos para formar blocos fortes. O que não quer dizer que seja uma necessidade de todos os países para prosperarem, mas que nem sempre existe.
Os chamados BRICs são autônomos o suficiente para não precisar se integrar totalmente a outros. Os seus objetivos no cenário internacional tem como foco a si mesmo, a relação com os demais se dá por questões pontuais em nome do seu objetivo maior. Não tem a necessidade de se alinhar automaticamente com algum outro país.
Também não se pode confundir grandes relações comerciais e financeiras com alinhamento político. Pode parecer esquizofranico, mas não é. Antes da Primeira Guerra Mundial, as três grandes potências européias eram extremamente interligadas, mas não impediu que existissem conflitos na esfera militar e política, prtagonizados por Grã-Bretanha e França de um lado e Alemanha de outro. Além dos desgarrados que tinham grandes relações com os dois lados e tiveram que abandonar um dos dois quando a Guerra precipitou-se.
Nesse fica evidenciado a confusão entre integração econômica e alinhamento político. É verdade que a China, Córeia e Japão tem diferenças e rivalidades milenares, mas a integração econômica entre eles estão bombando. Pelo que lembro, o comércio bilateral entre China e Córeia foi de mais de 100 bi de dólares. É uma relação de conveniência em busca de benefícios conjuntos, visando inicialmente produzir para o mercado norte-americano, mas que hoje também representa enormes mercados internos e ligação estrutural das economias. Entretanto, os objetivos políticos e estratégicos dos três entram em conflito, pois tem visões muito diferentes de mundo.Túlio escreveu:Valews, Bender!!!
Bueno, começo pondo em questão as possíveis blocos citados pelo Soultrain:
1-América, China, Japão e Coreia;
A 'bola-fora aí é precisamente o Japão: há diferenças demais deles com os Coreanos e Chineses que, a meu ver, transcendem meras questões econômicas (afinal, são três concorrentes ao outrora faminto mercado norte-americano de manufaturados, hoje bastante combalido e que tende a piorar ainda mais, ao menos nos anos da próxima década, quando finalmente a conta das 'ajudas' e 'estímulos' for devidamente apresentada), são incompatibilidades históricas praticamente incontornáveis, ao menos para logo (falo agora deste século inteiro). Ademais, a China dificilmente aceitaria um 'protagonismo-a-dois' com os EUA, ambos parecem estar delimitando claramente seu 'território' (áreas de influência). A iniciativa de Obama me parece mais uma tentativa de manter um protagonismo em evidente declínio...
Os EUA são o grande mercado e parceiro econômico desses três. Porém tem uma relação carnal com a Córeia e Japão que transcende a economia. E com a China tem uma antagonismo de visões na arena internacional, envolvendo grandes interesses globais.
Não faz sentido. A Índia é uma país que preza pela a autonomia e busca de parceiros que satisfaçam as suas necessidades, não importa quem. A Rússia também tem uma visão soberana do mundo e busca parceiros para se satisfazer, mas ainda com visão "a la" URSS e superpotência.2-Rússia e Índia;
Parece haver algum futuro aí, embora limitado. O quê tem a Rússia a comerciar com a Índia além de armamentos e tecnologia bélica? Na realidade atual, os principais parceiros comerciais da Índia são os EUA, Japão, países da U.E. (sobretudo Reino Unido, Alemanha e Bélgica) e países da OPEP. Ah, o Inglês é muito difundido por lá, já o Russo...
Também não faz sentido. O Brasil é grande de mais para se sentir obrigado a formar um eixo com a UE. O Brasil pode sim atrair os países simpáticos da América Latina para formar o seu bloco de influência, dada a integração crescente e o Brasil ser o maior país da região. Ainda, não consigo ver vantagens em formar um eixo com a UE.3-Brasil e UE;
Também vejo problemas aí: uma kôza é a gente se acupinchar com a França e amigos tradicionais, como Portugal e Espanha. Mas a UE gravita entre dois eixos, França e Alemanha, e com estes não estamos tão bem. Claro que pode ser só fase, mas já dura faz tempo. O principal parceiro comercial da Alemanha (já deficitária em seu comércio conosco) é justamente a França e estamos caminhando para morder uma fatia desse bolo. Sei não, para mim há DUAS UEs...
Eu veria como muito mais natural uma aproximação da RÚSSIA com a UE, talvez até, com os anos, vindo a integrar o bloco (se superar a resistência, no mínimo, dos Alemães mas, se bobear, dos próprios Franceses também).
Além do mais a UE nem um país é. Os próprios membros brigam entre si e não formam um bloco coerente caminhando verdadeiramente para ser um país único. Sem isso até o euro está ameaçado de implodir na primeira pancada mais forte, pois não existe um poder central que sustente o bloco unido. Sem contar que a Europa deu o que tinha que dar a muito tempo.
Dúvido que a a Rússia venha a se integrar a UE, no máximo acordo de livre comércio na esfera econômica. Na esfera estratégica os russos tem uma visão autônoma e não parece ter vantagens em ser alinhado com a UE.
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É a visão de que o brasil precisa agir com autonomia e buscar vantagens para si, em que o parceiro em uma área pode ser o adversário em outro. Contudo, faz parte do jogo de poder internacional e da atual fase do capitalismo mundialAo Brasil cabe, a meu ver, abrir à força seu caminho para Grande Potência (não necessariamente manu militari, embora esta opção, a médio/longo prazo, não possa nem deva ser descartada*): terá de disputar espaço com os Chineses na África, com os ianques na América Latina e com os Alemães na Europa (a EU é o maior parceiro comercial dos Alemães, que consome metade de suas exportações, e todos sabem que a Alemanha ou exporta ou morre)...
* A opção militar, em minha opinião, terá a forma de IMPOSIÇÃO DE PAZ em alguma região particularmente conturbada, EM NOSSA ÁREA DE INTERESSE, como algum vizinho - chuto numa Bolívia balcanizada - ou na África, aí não serão mais Capacetes Azuis sorridentes e bonzinhos mas gente armada até os dentes e com vontade de deixar fincada a nossa Bandeira como mensagem "AQUI É NOSSO QUINTAL"!
Po-por enquanto é só, pe-pessoal...