NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2251 Mensagem por Sterrius » Sáb Set 05, 2009 8:34 pm

Quando falei 10-11 anos citei o acordo ATUAL.

Por mais que a gente queira ver 15 subs novos na marinha brasileira. Até os contratos estarem encaminhados é preciso pensar apenas nos 4 subs convencionais e 1 nuclear.

O que o estaleiro ira fazer dpois de 2021 ainda não esta definido.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2252 Mensagem por Marino » Sáb Set 05, 2009 8:36 pm

Vai continuar a fabricar os SSK e SSN.
O que pode ocorrer é o contrato com o consórcio ser renovado, ou a MB assumir o estaleiro, como faz com o AMRJ.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2253 Mensagem por Penguin » Dom Set 06, 2009 1:39 am

IstoE Dinheiro (http://www.terra.com.br/istoedinheiro/e ... 1089-3.htm)
Por que o lobby alemão fracassou

Tentativa de barrar a compra esbarrou num detalhe crucial: a Alemanha não tem submarinos nucleares

Um mês atrás, no dia 6 de agosto, uma carta da empresa alemã HDW foi protocolada no Comando da Marinha e no Ministério da Defesa, com cópia para o embaixador Friedrich Prot von Kunow. Nela, os alemães se propunham a vender submarinos mais baratos do que os franceses, ao custo total de E 2,5 bilhões.

Imagem

Depois, a carta vazou numa tentativa de se criar um escândalo internacional. Na Marinha, os oficiais não gostaram da postura da HDW, mas não mudaram uma vírgula do projeto. "Os alemães reclamam, mas não têm o submarino nuclear", disse à DINHEIRO o contra-almirante Wellington Liberatti.

De fato, ao contrário da França, a Alemanha é um país que, até na área energética, decidiu fechar todos seus reatores. E o ponto mais importante no projeto da Marinha, segundo Liberatti, é a possibilidade de migrar da tecnologia convencional para a nuclear - o que os Scorpène permitem.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2254 Mensagem por Penguin » Dom Set 06, 2009 9:53 am

OESP, 06/09

Sarkozy quer acordo nuclear e espacial

Ele chega hoje ao País, que vê como plataforma para a América Latina

Andrei Netto

O governo francês pretende usar a segunda visita oficial do presidente Nicolas Sarkozy ao Brasil, entre hoje e amanhã, para ampliar o "viés civil" da Parceria Estratégica entre os dois países. Depois de firmar a venda de submarinos e helicópteros em um acordo de ? 8,6 bilhões (R$ 22,6 bi) e conquistar o favoritismo na licitação FX-2, do Ministério da Defesa, o Palácio do Eliseu quer agora aprofundar os negócios em áreas como energia nuclear, transportes e a exploração do espaço. Para os franceses, o Brasil é ainda visto como plataforma na qual suas empresas poderão produzir e vender para toda a América Latina.

O foco da Parceria Estratégica foi revelado pelo conselheiro diplomático do Palácio do Eliseu, Jean-David Lévite, na sexta-feira, em Paris. A ambição do governo francês é reduzir o peso militar das relações comerciais entre os dois países, ampliando os negócios civis. "Os contratos militares progrediram rapidamente, mas os civis vão ultrapassá-los em breve", estimou Lévite.

Só para a compra dos quatro submarinos convencionais Scorpène, para a produção do casco de um submarino nuclear e a construção de uma base naval e de um estaleiro no Rio, o Ministério da Defesa vai desembolsar 6,7 bilhões, de acordo com os números divulgados em Paris. Outros 1,9 bilhão vão para a aquisição de 51 helicópteros pesados Cougar EC-725, que serão produzidos no Brasil pela Helibras, subsidiária da francesa Eurocopter.

O governo francês confia ainda no favoritismo dos aviões de caça Rafale, produzidos pela Dassault, que competem com os americanos F/A-18 da Boeing e com os suecos Gripen NG na licitação FX-2, que prevê a compra de 36 aviões para a Força Aérea Brasileira (FAB). O resultado da seleção pode até ser divulgado amanhã.

A França também planeja usar o Brasil para transformar o país em um trampolim comercial no continente. "O Brasil será uma plataforma de reexportação para toda a América Latina de produtos franceses fabricados no país, como os helicópteros Eurocopter, os submarinos DCNS e os aviões, se for o caso", afirmou o conselheiro de Américas da Presidência francesa, Damien Loras.

COMÉRCIO

O sucesso nos negócios militares, que seria motivado pela disposição de transferir tecnologia de forma irrestrita, faz o Palácio do Eliseu se mostrar otimista quanto à abertura de novas frentes comerciais, agora civis. Uma comitiva de seis ministros de Estado - Christine Lagarde, da Economia, Bernard Kouchner, das Relações Exteriores, Hervé Morin, da Defesa, Eric Besson, da Imigração, Frédéric Mitterand, da Cultura, e Dominique Bussereau, dos Transportes - acompanhará Sarkozy, apesar de a visita ter duração de menos de 24 horas.

Além dos líderes políticos, 26 grandes empresários, representantes de empresas como Rodia, DCNS, Dassault, Safram, Alstom, EDF, Areva e Sanofi-Aventis, estarão na delegação, estreitando relações e apresentando projetos ao Brasil.

O governo francês planeja, por exemplo, aprofundar negociações sobre a possível compra de lançadores de foguetes Astrium. Em julho, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, visitou as instalações da companhia em Toulouse, no sul do país, onde são produzidos satélites e veículos lançadores.

Entre os focos de interesse civil, estão a venda de reatores para as quatro novas usinas nucleares planejadas pelo Ministério de Minas e Energia até 2030, mercado estimado em torno de R$ 40 bilhões. A França vai oferecer o Reator Pressurizado Europeu (EPR), cuja produção de lixo radioativo é reduzida.

Outro ponto de atenção é a licitação para a construção do trem de alta velocidade entre Rio, São Paulo e Campinas. A Alstom - empresa que enfrenta suspeitas de pagamento de propina para a venda ao metrô de São Paulo - vai intensificar o lobby, valendo-se do apoio do governo francês e, mais uma vez, de propostas de transferência de tecnologia.

Item anticorrupção ainda é incógnita

Vendas militares à Índia incluíram uma "cláusula de transparência"

Ao adquirir seis submarinos Scorpène de fabricação francesa, em 2005, o governo da Índia incluiu nos contratos a chamada cláusula de transparência financeira, mecanismo que facilita o acesso às contas e sua verificação, para reduzir o risco de corrupção. O item foi adotado depois que um escândalo envolveu mortes e denúncias de pagamento de propinas quando da venda de fragatas francesas La Fayette ao governo de Taiwan. Quatro anos depois, o Brasil está adquirindo os mesmos produtos, mas os governos silenciam sobre a existência ou não da cláusula.

A compra realizada pelo governo indiano, em outubro de 2005, foi semelhante à que está sendo concretizada neste ano pelo Brasil. Há quatro anos, Paris e Bombaim assinaram um acordo que previa a construção na Índia de seis submarinos de ataque convencionais Scorpène, acompanhados de 36 mísseis antinavios Exocet SM-39. O total do negócio, que envolvia a transferência parcial de tecnologia e a assistência técnica prestada pelos grupos Thales e pelo estaleiro DCNS, foi então avaliado em ? 2,4 bilhões. Para assegurar a lisura do contrato, foi incluída a cláusula de transparência financeira.

Mesmo assim, nos meses que se seguiram, o ministro da Defesa da Índia, Pranab Mukherjee, teve de desmentir em público as denúncias de pagamento de propina.

Questionado pelo Estado, o Ministério da Defesa francês não esclareceu se os contratos referentes ao Brasil estão protegidos por cláusulas desse tipo. O conselheiro de Américas, damien Loras, e o Ministério da Defesa do Brasil também não responderam à pergunta.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2255 Mensagem por LeandroGCard » Dom Set 06, 2009 10:13 am

Marino escreveu:Vai continuar a fabricar os SSK e SSN.
O que pode ocorrer é o contrato com o consórcio ser renovado, ou a MB assumir o estaleiro, como faz com o AMRJ.
Poi é o que imagino.

Se não estivermos pensando desde já na fabricação continuada de sub's, todo este affair da transferência de tecnologia não faz nenhum sentido, e é melhor economizarmos tempo e dinheiro comprando de prateleira. Ou o estaleiro vai continuar construindo após o contrato atual e mesmo após 2021, ou é melhor que nem seja construído.

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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2256 Mensagem por Marino » Dom Set 06, 2009 10:21 am

Mas é claro que vai continuar suas atividades.
Basta ver o nº de meios na reportagem da Defesa Latina. :wink:




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2257 Mensagem por Grifon » Dom Set 06, 2009 10:37 am

Da FSP de hoje:


Lula e Sarkozy fecham acordo militar de R$ 22,5 bi amanhã

Brasil vai comprar helicópteros, submarinos, construir uma base e um estaleiro

Conta provavelmente será aumentada em breve com a aquisição de até 36 caças franceses, a um custo que pode chegar a R$ 10 bilhões


Imagem
O submarino convencional francês Scorpène; a Marinha do Brasil deve adquirir 4 unidades

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil assina amanhã com a França o maior e mais importante acordo militar de sua história recente, comprando inicialmente € 8,5 bilhões em submarinos e helicópteros.
Provavelmente esta conta será aumentada em breve pela aquisição de caças franceses, se depender do desejo do Ministério da Defesa.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy celebram a "parceria estratégica" após a festa do Sete de Setembro. O valor, equivalente a R$ 22,5 bilhões no câmbio de sexta-feira, é muito superior às compras russas feitas pela Venezuela (menos de R$ 10 bilhões) ou aos acordos operacionais dos EUA com a Colômbia.
A preferência pelos caças franceses, um negócio em separado que pode chegar até a R$ 10 bilhões para o fornecimento de 36 aviões, foi confirmada à Folha pelo ministro Nelson Jobim (Defesa). Lula já dera declarações pró-Paris na semana passada, e Jobim diz que a escolha "faz sentido" no escopo de parceria estratégica.
"Ainda espero as considerações da FAB sobre preço e transferência de tecnologia. Eles não farão a escolha, mas indicarão prós e contras de cada avião", disse Jobim. Concorrem com o Rafale o F-18 americano e o Gripen sueco. Ele conversa com Lula sobre o assunto hoje, indicando que o Ano da França no Brasil pode ser ainda mais festivo para Sarkozy.
O valor do acordo de amanhã, a ser pago em até 20 anos por meio de financiamentos (€ 6,1 bilhões) e desembolsos diretos, equivale a tudo o que está previsto para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) neste ano. Os termos de financiamento não deverão ser assinados, pois ainda dependem de aprovação final no Congresso Nacional.
O Exército, "patinho feio" até aqui na cesta de compras militares, será contemplado com a assinatura de um protocolo de cooperação com a França para modernizar sua capacidade de combate.
É a principal parceria militar brasileira desde que o governo Getúlio Vargas apoiou os Aliados em troca de um extenso pacote de favores durante a Segunda Guerra Mundial. Em termos de valores relativos ao PIB, pode superar a compra de encouraçados britânicos no início do século 20 ou de armas alemãs na década de 1930.
Não configura uma corrida armamentista clássica, mas um reequipamento generalizado que afeta os países da região no novo cenário geopolítico local, marcado pela retórica agressiva dos países "bolivarianos".
Com o acordo e a provável aquisição dos caças, o Brasil coloca quase todos os "ovos no mesmo cesto" na área militar. Isso tem suas vantagens. Como parceiro prioritário, o Brasil supostamente terá acesso privilegiado a tecnologias de ponta para capacitar sua indústria. E tecnologia militar transborda para diversos setores civis.
Hoje, apenas França e Rússia dominam um espectro tão completo quanto o dos EUA em termos militares -tanto que Moscou foi namorada pelo governo Lula para acordo semelhante, mas o noivado acabou sendo com Paris.
Tradicionalmente, os franceses buscam o máximo de independência tecnológica dos EUA. Esse não alinhamento é um excelente ponto de venda, uma vez que material militar americano sempre é sujeito a vetos futuros. Não foi por acaso que Hugo Chávez caiu nos braços de Vladimir Putin.
Mas há problemas. O país ficará dependente da França, e de eventuais problemas de escala industrial ou de falta de transferência tecnológica futura. E o argumento do não alinhamento francês é válido para hoje, mas não necessariamente para o futuro. Jobim discorda do risco e por tabela praticamente descarta o americano F-18 da concorrência da FAB.
Os questionamentos são focados principalmente no acordo para a montagem de quatro submarinos convencionais Scorpène (€ 415 milhões cada), a integração do reator brasileiro a um submarino nuclear (€ 2 bilhões) e a construção de uma base e um estaleiro (€ 1,8 bilhão) -mais quase € 1 bilhão numa incerta rubrica de "transferência tecnológica".
No caso dos convencionais, o acerto enterra mais de 25 anos de parceria com a Alemanha, que gerou os cinco submarinos atuais do país. A nova geração do produto alemão, considerado superior ao Scorpène, algo mais barata e com mais compradores no mundo, chegou a ser aprovada pela Marinha.
"Os submarinos convencionais que fazem parte do contrato com a França não são um projeto à parte, são integrantes do processo de desenvolvimento do submarino nuclear", diz a nota da Defesa. As novas instalações geram polêmica porque são caras e serão feitas por um parceiro escolhido pelos franceses com ligações estreitas com políticos brasileiros: a construtora Odebrecht.
César Borges (PR-BA), relator e defensor do programa de financiamento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, recebeu da construtora R$ 200 mil para sua campanha em 2002. Ele nega que a doação tenha influenciado sua decisão.
Jobim concorda que submarino nuclear é uma arma de ataque de longa distância, não de proteção de costa. Há, contudo, a questão do custo de operação, já que no mercado a estimativa é que um modelo nuclear custe o mesmo que dez convencionais para navegar.
No segundo ponto do acordo, da compra de 50 helicópteros de transporte por € 1,85 bilhão, há menos polêmica -apenas a imprecisão de que será uma empresa brasileira a construir os modelos. A Helibrás é subsidiária da fabricante francesa.


Marinha rebate críticas a submarinos

Para comandante da Força, posições contrárias ao pacote são baseadas em "mentira" e "conversa de vendedor"

Brasil assinará contrato com a França de 6,7 bilhões para comprar quatro submarinos e obter tecnologia para fabricar um de propulsão nuclear

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, 66, classifica como "mentira" e como "conversa de vendedor" as críticas ao pacote que o Brasil ratifica amanhã com a França para a compra de quatro submarinos convencionais da classe Scorpène, incluindo a tecnologia para planejar e fabricar um submarino nacional de propulsão nuclear.
Segundo Moura Neto, o Chile e a Índia estão "muito satisfeitos" com o Scorpène, e o motivo de o Brasil ter escolhido a França é simples: o Brasil sabe construir e operar submarinos, mas não planejá-los. O pacote inclui tecnologia de planejamento, evoluindo do convencional até chegar ao de propulsão nuclear, e habilita o Brasil a entrar no grupo de seis países com essa capacidade.
A Alemanha, parceira brasileira de décadas, nunca repassou tecnologia para planejar o convencional e é proibida, por lei, de ter submarino de propulsão nuclear. Além disso, o preço do Scorpène francês equivale ao do IKL alemão.



FOLHA - O Brasil é um país pacífico, sem guerras à vista, e convive com milhões de miseráveis. Como explicar o gasto de 6,7 bilhões (R$ 17,6 bi) com submarinos?
JÚLIO SOARES DE MOURA NETO - O prazo é de 20 anos. Olhando o todo, é muito dinheiro. Olhando por ano, não é. Dá um valor de R$ 1 bilhão anual, bastante aceitável, palatável, no conjunto do Orçamento da União. O governo tem sido muito eficaz no combate aos problemas sociais, mas a sociedade brasileira precisa ter a consciência de que temos riquezas incomensuráveis no mar e a Marinha precisa estar apta para defender nossas riquezas e nossa soberania.

FOLHA - Para que um submarino de propulsão nuclear?
MOURA NETO - Os inimigos não são claros e existem muitos riscos que envolvem sobretudo o petróleo. O submarino convencional trabalha com bateria e, de tempos em tempos, precisa subir à superfície para recarregá-la. Já o de propulsão nuclear produz energia elétrica lá dentro dele mesmo e pode ficar permanentemente submerso.
Além disso, ele anda em alta velocidade. Ninguém sabe onde ele está. Isso traz uma capacidade de dissuasão enorme, que só têm EUA, Reino Unido, França, Rússia e China. A Índia também lançou o seu.

FOLHA - A manutenção do submarino de propulsão nuclear é muito cara, correspondente à de dez convencionais. Não seria melhor ter dez convencionais?
MOURA NETO - Precisamos dos dois. O convencional é lento, mas, por outro lado, opera em profundidades muito baixas de áreas próximas do litoral. Já o de propulsão nuclear, como se desloca com enorme rapidez, patrulha áreas gigantescas.

FOLHA - Por que o Brasil optou pelo Scorpène francês se já tem um projeto de décadas com a Alemanha?
MOURA NETO - Quando a Marinha deu a largada para o projeto de um submarino de propulsão nuclear, em 1979, concluiu que precisava dominar a tecnologia nuclear e simultaneamente a capacidade de construir reatores e submarinos. E fez. O que falta hoje é a capacidade de projetar o submarino.
A França levou 30 anos para passar do submarino convencional para o de propulsão nuclear. Não temos recursos para isso e partimos para uma parceria. Tinha de ser com um país com capacidade para os dois e para nos auxiliar nessa passagem do convencional até o de propulsão nuclear. Havia os franceses, os russos e os chineses. E a França, num acordo governo a governo, aceitou nos transferir tecnologia nas duas áreas. Os alemães não têm submarino de propulsão nuclear, até por questão de legislação.

FOLHA - Por que não uma forma mista, já que os convencionais da Alemanha são até mais baratos?
MOURA NETO - Isso não é verdade, é um discurso de vendedor e uma distorção que tem saído na imprensa. O alemão IKL-214, que é bem similar ao Scorpène e tem o mesmo nível técnico, foi vendido à Turquia na faixa de 430 milhões cada um. E o nosso Scorpène está saindo por 415 milhões.

FOLHA - Não é um mau sinal o fato de nenhum país da Europa usar o Scorpène? Tanto o Chile quanto a Índia têm criticado bastante esse submarino.
MOURA NETO - Isso também é conversa de vendedor. Não é verdade. Nós temos informações seguras de que a Marinha chilena está muito satisfeita. Eles têm, acho, há uns dez anos.

FOLHA - E no caso da Índia, onde há inclusive um processo judicial reclamando de atraso e de não transferência de tecnologia?
MOURA NETO - Eu não sei qual foi o acordo, mas as notícias que temos diretamente dos indianos é que tudo também está correndo muito bem lá. Quanto a dificuldades na construção de navios e de submarinos, isso é natural. Em alguns países onde os IKL estão sendo construídos também há contestação.

FOLHA - Não é claro que foi o Brasil que apresentou a Odebrecht aos franceses?
MOURA NETO - Não, não. Foi o contrário. Os franceses é que escolheram a Odebrecht, que simplesmente aceitou. O Brasil não poderia dizer: "Não quero a Odebrecht". Os franceses é que têm de nos fornecer material e tecnologia, e então eles já escolheram mais de 30 empresas no Brasil para construir partes dos nossos submarinos.

FOLHA - Há preocupação com a reativação da Quarta Frota dos EUA no Atlântico Sul?
MOURA NETO - O governo brasileiro reagiu muito bem ao reclamar que a Quarta Frota não foi nem política nem diplomaticamente informada ao Brasil. Mas, na prática, eles só criaram a Quarta Frota como elo entre a Marinha e o Comando Sul, mudando a designação de algo que já existia. Uma alteração meramente burocrática.

FOLHA - Ao não assinar o protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear, o Brasil está deixando uma porta aberta para a bomba em algum momento do futuro?
MOURA NETO - Nada disso. É porque o protocolo adicional inclui salvaguardas desnecessárias. O Brasil já faz tudo o que tem de fazer para mostrar a clareza do seu programa nuclear voltado para a não produção de nenhum armamento nuclear.

FOLHA - A volta do Cabo Anselmo remexe a discussão sobre a abertura dos documentos da ditadura?
MOURA NETO - É muito simples: a Marinha já encaminhou para o Ministério da Justiça, em 2005, todos os documentos.

FOLHA - E o julgamento dos acusados de tortura?
MOURA NETO - Não defendo nenhum tipo de tortura, mas acho que a anistia foi um acordo que, como bem diz o ministro [Nelson] Jobim, pacificou o país. O país precisa pensar no futuro.
ELIANE CANTANHÊDE

Mar adentro


BRASÍLIA - O Brasil se habilita amanhã, quando os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy ratificarem a aliança Brasil-França em Brasília, a ser o sétimo país do seleto time com condições hoje de projetar, construir e operar tanto submarinos convencionais quanto de propulsão nuclear. Um projeto para 2021.
Os outros são os gigantes EUA, França, Reino Unido, Rússia, China e, mais recentemente, a Índia. Mas há uma diferença. Eles operam com submarinos "estratégicos", pesadíssimos, que são de guerra, para ataque de longo alcance. Já o Brasil optou por um submarino classificado "de ataque", mas bem menor, mais leve, que pode operar torpedos e mísseis de alcance restrito, contra outros submarinos ou navios. Ou seja, apesar da designação, trata-se na verdade de um equipamento de defesa.
A pergunta que não quer calar é por que raios o Brasil, país que convive com milhões de miseráveis, com educação precária e saúde lamentável, vai se meter num negócio desses? A resposta é razoavelmente simples: porque o mar jurisdicional brasileiro deve chegar a 4,5 milhões de Km2. E não é de um governo, é de todos.
É metade de todo o território nacional, com fronteiras virtuais e de difícil controle, com petróleo jorrando. A gente bem sabe como ele é gerador de guerras e invasões. O petróleo é nosso. A Amazônia e a chamada Amazônia Azul também. É preciso ficar alerta contra a cobiça alheia, desde já.
Sem contar o efeito econômico, técnico, científico, comercial e político que irradia de um empreendimento desse porte, ao custo de uma bolada de 6,7 bilhões, diluídos na base de R$ 1 milhão por ano. Um preço justo. Que vale ser pago.
A aliança com a França é estratégica para o país de hoje e do futuro. Lula sai, o mar e as riquezas brasileiras ficam. Ele acerta ao pensar grande, deixando o pacote, o lega- do para o Brasil e o sinal para o mundo.
O negócio armado

JANIO DE FREITAS :evil:


Contrato militar Brasil-França segue opiniões de civis, como Lula, e não a de militares habilitados a defini-las

O CONTRATO militar que os presidentes Lula e Sarkozy assinam amanhã, e atrela o Brasil aos caros armamentos e às concepções francesas, tem uma peculiaridade bem brasileira: segue basicamente as opiniões de civis, como o próprio Lula, o ministro Nelson Jobim e o ex-ministro Mangabeira Unger, e não a dos militares habilitados a defini-las. A partir da peculiaridade, a iniciativa militarizadora cerca-se de uma tapeação gigantesca do governo Lula quanto ao custo estimado do plano, pelo menos dez vezes superior à maior cifra citada.
Não precisou de explicações a atitude original da FAB sobre os aviões de caça que devessem ser comprados: apenas entregou à decisão governamental apreciações sobre cada uma das marcas de caça possíveis, e não a indicação do modelo de maior conveniência para o Brasil em conformidade com os longos estudos e testes realizados. Ou seja, feita e declarada por antecipação a escolha do caça francês Rafale por Lula, a FAB dispôs-se a aceitá-la sem a subscrever. Ou quis deixar claro que a escolha era dos civis, ou que não chegara à mesma escolha a que Lula foi induzido.
Os quatro submarinos mais modernos da Marinha são modelos alemães e foram construídos com assistência e transferência de tecnologia alemãs. Ou a Marinha escolheu mal, para fazê-los, ou, para acrescentar outros quatro à flotilha, quer passar como autora da escolha de submarinos que já veio, agora, no pacote transado com a França.
A discrição da FAB não foi acompanhada pela Marinha, que tratou as escassas referências jornalísticas ao negócio dos submarinos de modo agressivo, com notas insultuosas ainda à maneira de tempos idos (mas, vê-se, nem tanto) e com afirmações duvidosas, quando não de inverdade explícita.
Os alemães negam, por exemplo, que não tenham oferecido transferência de tecnologia inclusive para o casco de um submarino nuclear. Importa porém, para a peculiaridade do episódio, que os pequenos submarinos franceses já vieram no pacote decidido por civis.
Se a concorrência em qualificações militares foi por aí, a concorrência financeira simplesmente inexiste. E não são poucos os indícios de que o mais pesado dentro do pacote são os preços das partes, incluída a exigência absurda de que uma nova base naval e um estaleiro sejam construídos pela empreiteira Odebrecht. Sem concorrência e a custo estabelecido, sem trocadilho, aereamente. Só mesmo em país onde sobra dinheiro para saúde, educação e alimentação de 40 milhões de pobres e miseráveis.
E onde, por isso mesmo, o Senado aprova sem discussão e sem repercussão em imprensa e TV, como ocorreu na quarta-feira, a tomada de empréstimo externo e o gasto pelo governo de 6,1 bilhões. Dos quais, perto de um terço com 50 helicópteros, a serem divididos entre FAB, Marinha e Exército, e cerca de dois terços com quatro submarinos convencionais e orientação tecnológica para o submarino nuclear.
Mas esses 6,1 bilhões -no câmbio atual e irreal, mais ou menos R$ 17 bilhões- não representam um terço do projeto militar, cujo custo em 10 a 20 anos foi citado, tão depressa quanto possível, em 20 bilhões, não se sabe de reais, de dólares ou de euros. Nem são verdadeiras as quantidades de armamentos mencionadas, do que são exemplo os divulgados 32 caças a jato que serão, pelo plano, mais de 130. Ainda pelo plano, os citados 20 bilhões vão, de fato, a mais US$ 200 bilhões no total do gasto pretendido pelos próximos dez anos.
Frases

"Não é uma dependência porque a tecnologia será transferida e, daqui a alguns anos, não precisaremos da França para fazer nossos produtos. Não é como no caso americano, em que é tudo muito difuso nesse campo"

"Eles [a FAB] não farão a escolha, mas indicarão prós e contras de cada avião"
NELSON JOBIM
ministro da Defesa
Acordo marca expectativa de ser "potência", diz estudioso

Acerto para a compra de submarinos é o mais importante desde o fim da Guerra Fria

João Roberto Martins Filho diz que pacote militar faz parte "do interesse do Brasil de afirmar uma política sem hegemonia americana"

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO


O acordo que será assinado amanhã com a França é o mais importante na área militar desde o fim da Guerra Fria e o primeiro entre governos desde o negociado com a Alemanha, há 34 anos, lembra João Roberto Martins Filho, especialista em história e estratégia militares que coordena o Arquivo de Política Militar Ana Lagôa, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
"O acordo marca a retomada da expectativa do Brasil de ser uma potência mundial nas próximas décadas", diz Martins Filho, que é vice-presidente do Comitê de Pesquisa sobre Forças Armadas e Sociedade da Associação Internacional de Ciência Política. Autor de três livros sobre a ditadura militar, ele prepara o lançamento de "A Marinha Brasileira na Era dos Encouraçados".



FOLHA - Historicamente, qual a importância do acordo com a França?
JOÃO ROBERTO MARTINS FILHO - Só há dois precedentes, o acordo nuclear com a Alemanha, em 1975, e o acordo com os Estados Unidos, de 1952 [e que foi denunciado no governo do general Ernesto Geisel, quando já estava inoperante]. É o primeiro acordo militar entre o governo brasileiro e outro governo no período pós-Guerra Fria.

FOLHA - No que ele difere do acordo com os EUA dos anos 50?
MARTINS FILHO - O nível de capacidade tecnológica que o Brasil tinha na época levou o país a aceitar receber material militar já obsoleto. No final dos anos 50, foram entregues navios fabricados na Segunda Guerra.
O acordo marca a retomada da expectativa do Brasil de ser uma potência mundial nas próximas décadas, o que implica conseguir certa autonomia tecnológica. Isso está sintetizado na possibilidade de construção do submarino nuclear.

FOLHA - Há implicações para as relações com os EUA, na área militar?
MARTINS FILHO - Esse acordo é resultado tanto de um interesse da França em ter esse tipo de relação privilegiada com o Brasil, quanto do interesse do Brasil de afirmar uma política sem hegemonia americana. Ele vai contrariar não só interesses estratégicos americanos como interesses das indústrias naval e aeronáutica americanas.

FOLHA - O acordo corresponde a intenções políticas do atual governo, ou seus fins são compartilhados pelos militares?
MARTINS FILHO - Vejo uma convergência das visões das Forças e do Ministério da Defesa.

FOLHA - Segundo seus estudos, a Marinha foi a primeira Força a expressar intenção de maior independência em relação aos EUA. Como?
MARTINS FILHO - Antes do final da Guerra Fria, nos anos 70, dois almirantes publicaram um texto, confidencial, em que diziam que o Brasil deveria procurar se afastar das amarras da visão hegemônica americana.
Nessa visão, que previa uma guerra entre as superpotências da época [EUA e União Soviética], sobrava muito pouco papel para o Brasil, que queria começar a pensar em termos de ameaças regionais.

FOLHA - Do ponto de vista da França, o interesse é realmente estratégico e comercial?
MARTINS FILHO - A França tem interesse estratégico político e industrial. Há um conjunto de benefícios que ela poderia tirar de uma aliança com o Brasil, que tem economia considerável, para conseguir a boa vontade do país em outras áreas.
Mas o acordo também lhe causa problemas na União Europeia. Provocou tensões com a Alemanha, que forneceu ao Brasil os submarinos da classe Tikuna e está por trás dos questionamentos feitos agora.

FOLHA - Por que o senhor diz que seria impossível um acordo igual com os EUA?
MARTINS FILHO - Nos EUA existem restrições maiores à transferência tecnológica e não haveria a possibilidade de um acordo em nível de governos.

FOLHA - Por quê?
MARTINS FILHO - Porque os EUA não têm interesse em fazer um acordo que destaque o Brasil na América do Sul, onde vêm privilegiando a Colômbia, e porque o foco de sua política está no Iraque e no Afeganistão.
O acordo com a França é tão significativo que [o presidente colombiano Álvaro] Uribe cobrou [explicações de Lula, para se contrapor às críticas ao acordo que permitirá aos EUA o uso de sete bases na Colômbia]. A diferença é que os franceses não disporão de bases aqui.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2258 Mensagem por Marino » Dom Set 06, 2009 10:55 am

segue basicamente as opiniões de civis, como o próprio Lula, o ministro Nelson Jobim e o ex-ministro Mangabeira Unger, e não a dos militares habilitados a defini-las.
quanto ao custo estimado do plano, pelo menos dez vezes superior à maior cifra citada.
Os quatro submarinos mais modernos da Marinha são modelos alemães
Marinha, que tratou as escassas referências jornalísticas ao negócio dos submarinos de modo agressivo, com notas insultuosas ainda à maneira de tempos idos (mas, vê-se, nem tanto) e com afirmações duvidosas, quando não de inverdade explícita.
Os alemães negam, por exemplo, que não tenham oferecido transferência de tecnologia inclusive para o casco de um submarino nuclear
os pequenos submarinos franceses já vieram no pacote decidido por civis.
a concorrência financeira simplesmente inexiste
o Senado aprova sem discussão
20 bilhões, não se sabe de reais, de dólares ou de euros.
Nem são verdadeiras as quantidades de armamentos mencionadas
os citados 20 bilhões vão, de fato, a mais US$ 200 bilhões
[082] [082] [082] [082] [082] [082] [082] [082] [082] [082] [082] [082] [082]
ACABOU O PATROCÍNIO [081] [081] [081] [081] [081] [081] [081] [081] [081] [081]
[053] [053] [053] [053] [053] [053] [065] [065] [065] [065] [065] [065] [065]




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2259 Mensagem por Luís Henrique » Dom Set 06, 2009 11:39 am

Marino escreveu:Mas é claro que vai continuar suas atividades.
Basta ver o nº de meios na reportagem da Defesa Latina. :wink:
Eu queria adquirir essa revista. Mas ela não esta sendo vendida no interior.
Alguém sabe se tem outro meio?




Su-35BM - 4ª++ Geração.
Simplesmente um GRANDE caça.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2260 Mensagem por Marino » Dom Set 06, 2009 11:51 am

Da mesma FSP que o janio de freitas:
ELIANE CANTANHÊDE

Mar adentro



BRASÍLIA - O Brasil se habilita amanhã, quando os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy ratificarem a aliança Brasil-França em Brasília, a ser o sétimo país do seleto time com condições hoje de projetar, construir e operar tanto submarinos convencionais quanto de propulsão nuclear. Um projeto para 2021.

Os outros são os gigantes EUA, França, Reino Unido, Rússia, China e, mais recentemente, a Índia. Mas há uma diferença. Eles operam com submarinos "estratégicos", pesadíssimos, que são de guerra, para ataque de longo alcance. Já o Brasil optou por um submarino classificado "de ataque", mas bem menor, mais leve, que pode operar torpedos e mísseis de alcance restrito, contra outros submarinos ou navios. Ou seja, apesar da designação, trata-se na verdade de um equipamento de defesa.

A pergunta que não quer calar é por que raios o Brasil, país que convive com milhões de miseráveis, com educação precária e saúde lamentável, vai se meter num negócio desses? A resposta é razoavelmente simples: porque o mar jurisdicional brasileiro deve chegar a 4,5 milhões de Km2. E não é de um governo, é de todos.

É metade de todo o território nacional, com fronteiras virtuais e de difícil controle, com petróleo jorrando. A gente bem sabe como ele é gerador de guerras e invasões. O petróleo é nosso. A Amazônia e a chamada Amazônia Azul também. É preciso ficar alerta contra a cobiça alheia, desde já.

Sem contar o efeito econômico, técnico, científico, comercial e político que irradia de um empreendimento desse porte, ao custo de uma bolada de 6,7 bilhões, diluídos na base de R$ 1 milhão por ano. Um preço justo. Que vale ser pago.

A aliança com a França é estratégica para o país de hoje e do futuro. Lula sai, o mar e as riquezas brasileiras ficam. Ele acerta ao pensar grande, deixando o pacote, o legado para o Brasil e o sinal para o mundo.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2261 Mensagem por Marino » Dom Set 06, 2009 11:54 am

Acordo marca expectativa de ser "potência", diz estudioso

Acerto para a compra de submarinos é o mais importante desde o fim da Guerra Fria

João Roberto Martins Filho diz que pacote militar faz parte "do interesse do Brasil de afirmar uma política sem hegemonia americana"

CLAUDIA ANTUNES

DA SUCURSAL DO RIO



O acordo que será assinado amanhã com a França é o mais importante na área militar desde o fim da Guerra Fria e o primeiro entre governos desde o negociado com a Alemanha, há 34 anos, lembra João Roberto Martins Filho, especialista em história e estratégia militares que coordena o Arquivo de Política Militar Ana Lagôa, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

"O acordo marca a retomada da expectativa do Brasil de ser uma potência mundial nas próximas décadas", diz Martins Filho, que é vice-presidente do Comitê de Pesquisa sobre Forças Armadas e Sociedade da Associação Internacional de Ciência Política. Autor de três livros sobre a ditadura militar, ele prepara o lançamento de "A Marinha Brasileira na Era dos Encouraçados".

FOLHA - Historicamente, qual a importância do acordo com a França?

JOÃO ROBERTO MARTINS FILHO - Só há dois precedentes, o acordo nuclear com a Alemanha, em 1975, e o acordo com os Estados Unidos, de 1952 [e que foi denunciado no governo do general Ernesto Geisel, quando já estava inoperante]. É o primeiro acordo militar entre o governo brasileiro e outro governo no período pós-Guerra Fria.

FOLHA - No que ele difere do acordo com os EUA dos anos 50?

MARTINS FILHO - O nível de capacidade tecnológica que o Brasil tinha na época levou o país a aceitar receber material militar já obsoleto. No final dos anos 50, foram entregues navios fabricados na Segunda Guerra.

O acordo marca a retomada da expectativa do Brasil de ser uma potência mundial nas próximas décadas, o que implica conseguir certa autonomia tecnológica. Isso está sintetizado na possibilidade de construção do submarino nuclear.

FOLHA - Há implicações para as relações com os EUA, na área militar?

MARTINS FILHO - Esse acordo é resultado tanto de um interesse da França em ter esse tipo de relação privilegiada com o Brasil, quanto do interesse do Brasil de afirmar uma política sem hegemonia americana. Ele vai contrariar não só interesses estratégicos americanos como interesses das indústrias naval e aeronáutica americanas.

FOLHA - O acordo corresponde a intenções políticas do atual governo, ou seus fins são compartilhados pelos militares?

MARTINS FILHO - Vejo uma convergência das visões das Forças e do Ministério da Defesa.

FOLHA - Segundo seus estudos, a Marinha foi a primeira Força a expressar intenção de maior independência em relação aos EUA. Como?

MARTINS FILHO - Antes do final da Guerra Fria, nos anos 70, dois almirantes publicaram um texto, confidencial, em que diziam que o Brasil deveria procurar se afastar das amarras da visão hegemônica americana.

Nessa visão, que previa uma guerra entre as superpotências da época [EUA e União Soviética], sobrava muito pouco papel para o Brasil, que queria começar a pensar em termos de ameaças regionais.

FOLHA - Do ponto de vista da França, o interesse é realmente estratégico e comercial?

MARTINS FILHO - A França tem interesse estratégico político e industrial. Há um conjunto de benefícios que ela poderia tirar de uma aliança com o Brasil, que tem economia considerável, para conseguir a boa vontade do país em outras áreas.

Mas o acordo também lhe causa problemas na União Europeia. Provocou tensões com a Alemanha, que forneceu ao Brasil os submarinos da classe Tikuna e está por trás dos questionamentos feitos agora.

FOLHA - Por que o senhor diz que seria impossível um acordo igual com os EUA?

MARTINS FILHO - Nos EUA existem restrições maiores à transferência tecnológica e não haveria a possibilidade de um acordo em nível de governos.

FOLHA - Por quê?

MARTINS FILHO - Porque os EUA não têm interesse em fazer um acordo que destaque o Brasil na América do Sul, onde vêm privilegiando a Colômbia, e porque o foco de sua política está no Iraque e no Afeganistão.

O acordo com a França é tão significativo que [o presidente colombiano Álvaro] Uribe cobrou [explicações de Lula, para se contrapor às críticas ao acordo que permitirá aos EUA o uso de sete bases na Colômbia]. A diferença é que os franceses não disporão de bases aqui.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2262 Mensagem por Centurião » Dom Set 06, 2009 11:57 am

Para mim a FSP está fazendo o papel (necessário) de advogado do diabo. Estão cutucando para extrair mais informações. Vide a conclusão da Eliane Cantanhêde que concorda com os rumos tomados.

Quanto a esse janio (minúsculo mesmo) de Freitas...

Mudando um pouco de assunto, alguém pode me dizer se a opinião pública algum dia vai saber que o SUBNUC serve primordialmente para outro propósito que a proteção de plataforma petrolífera ou vão continuar acreditando nisso (no caso da Eliane, por exemplo)?




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2263 Mensagem por Marino » Dom Set 06, 2009 12:01 pm

Mas ele protege as plataformas, atacando em todo o Atlântico qq força inimiga. :lol: :lol: :lol: :twisted:




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2264 Mensagem por Marino » Dom Set 06, 2009 12:10 pm

Correio Brasiliense:
Cães de guarda do petróleo

Preocupação com a defesa do pré-sal pode ser a redenção da indústria bélica do país, que vai receber tecnologia francesa para fabricar aviões, submarinos e helicópteros Paola Carvalho e Paulo Paiva




A descoberta do pré-sal, riqueza estratégica para o país e cobiçada no exterior, promete ressuscitar de vez a combalida indústria bélica brasileira e, por tabela, turbinar o setor de alta tecnologia. Para zelar pelos campos do pré-sal, o governo brasileiro está fechando um amplo acordo militar com a França, que prevê a compra e fabricação de aviões de combate, submarinos, helicópteros e fragatas, num negócio de US$ 14 bilhões. O ponto principal do acordo é a transferência de tecnologia e a produção de todos os armamentos no Brasil. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que desembarca hoje no país, e seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, devem anunciar o acordo amanhã, no feriado da Independência.

Um dos principais pontos da parceria é a compra de 51 helicópteros EC 726 Cougar, da francesa Eurocpter, dona da Helibrás. O negócio beneficia diretamente Minas Gerais: a Helibrás, que será a responsável pela construção das aeronaves, está instalada em Itajubá, no Sul do estado. A empresa francesa pretende investir cerca de US$ 400 milhões no negócio, que prevê a montagem de uma linha de produção e a transferência completa de tecnologia. Os primeiros modelos devem ser entregues já no ano que vem. Empresários brasileiros acreditam que o índice de nacionalização do Cougar poderá chegar a 100% – o que significa uma bolada de US$ 1 bilhão. O projeto integra um dos programas mobilizadores em áreas estratégicas do governo de Minas, que é o fortalecimento do parque aeronáutico do estado.

O acordo também prevê a realização de um antigo sonho da Marinha brasileira: a construção de um submarino nuclear. O país vai adquirir quatro submarinos convencionais e um nuclear da classe Scorpène, equipado com reator desenvolvido pela própria Marinha brasileira. Para isso, serão erguidos um estaleiro e uma nova base naval no Rio de Janeiro (Sepetiba), com custos estimados em US$ 9 bilhões. Segundo a Marinha, o índice de nacionalização do Scorpène será elevado, com milhares de itens produzidos por mais de 30 empresas brasileiras.

O modelo movido a reator não levará armas nucleares. “O Brasil tem uma proibição constitucional de construir e usar armas nucleares. Não vamos utilizar e não vamos produzir armas nucleares”, assegurou na semana passada o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Ainda assim, trata-se de uma arma de guerra eficiente. O submarino nuclear é mais veloz. Movimenta-se a uma velocidade de até 65,52km/h, sendo que o convencional desenvolve até 11,232km/h. Isso dará à Marinha mobilidade para defender toda a região do pré-sal. “O avanço tecnológico e a agregação de valor são os maiores ganhos para o país”, diz o diretor do Departamento de Defesa e Segurança (Comdefesa) da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Walter Bartels, também presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB). O submarino nuclear deve estar em operação em 2021.

Ainda pelo acordo, o governo deve selar a vitória da francesa Dassaut, fabricante do caça Rafale F3, para equipar as Forças Armadas. O mais provável é que o país compre 36 aviões, num negócio de US$ 2 bilhões, no qual o fator determinante foi, mais uma vez, a transferência de tecnologia (americanos e suecos também estavam na briga). Os franceses já se dispuseram a produzir o Rafale no Brasil – o que implica a criação de uma linha de montagem e parceria com mais de 50 empresas nacionais, como a Embraer. O Brasil está desenvolvendo, em parceria com a África do Sul, um míssil de médio alcance que poderia ser a opção para equipar o Rafale – o que também significa o envolvimento de empresas brasileiras. Finalmente, prevê-se também a construção de seis fragatas da classe Fremm nos estaleiros da Marinha, no Rio, com investimentos de US$ 2 bilhões.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#2265 Mensagem por binfa » Dom Set 06, 2009 12:13 pm

Prezados(as) boa tarde!

a atitude de Sr Janio de Freitas é ridícula para não dizer patética, o MD juntamente com a MB deveria chamar este Sr para uma conversa tetê a tetê.... se mesmo assim este Sr continuar emitindo "materias" sensacionalistas, mentirosas, sem dados concretos, sem fatos, aplica-lhe um processo contra este Sr e contra o referido jornal que a publicou (ai vão alegar que os tempos a ditadura voltou através do controle da imprensa!).

infelizmente moramos em um país em que poucos são inteirados quando o assunto é defesa nacional, soberania, defesa de riquezas, excelência em tecnologia, a maioria não tem o hábito de exercitar o pensamento analítico, somente o pensamento critico sem analisar os fatos tornado-se fantoche de aproveitadores e mentirosos.....

mesmo estes contratos serem entre Governos, fico preocupado com nossos próximos governantes em dar continuidade neste projeto de tornar o Brasil em uma potência postergando os mesmos, se quando compramos o A319 (VC 1) os tucanos alegavam que o $$ seria possível construir não sei quantos hospitais, imaginem o que eles poderam alegar agora.....

infelizmente este é o país em que moramos, criticamos quando o mesmo é passivo e criticamos quando o mesmo esboça sair da inércia....

Brasil um país de tolos! ops quer dizer Brasil um país de todos!




att, binfa
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