ZeRo4 escreveu:lobo_guará, na sua comparação existem dois problemas...
O primeiro é que como você bem disse foi uma evolução NATURAL, não houve um GAP de décadas entre os projetos, nada anormal como aconteceu com o Osório.
O segundo é que todos esses projetos adquiriram auto-suficiencia nos próprios países em que foram desenvolvidos, na época, não era necessário que fossem vendidos a outra país estrangeiro para que viesse a ser lucrativo...
Nem naquela época o Osório conseguiu isso, vai conseguir agora? auto-suficiente não será e muito menos venderá para outro país com a quantidade de bons CCs dando sopa no mercado.
Colocarei um texto da Koslowa muito interessante, que passa bem o que eu quero dizer... alguns fabricantes de equipamentos do Osório não devem nem mais existir! O Osório é bom como está, como PEÇA DE MUSEU.
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Elizabeth posso te fazer uma pergunta?.... voce acha que o Brasil tem capacidade para produzir um INS totalmente nacional?... se não, porque não?... se sim o que está faltando para se produzir um?... seria interesse comercial (ou falta dele)?...
Ola
Vamos fazer uma abstração Sérgio.
Existem duas empresas.
A Construtora Saez
E a Koslova Tech
A Construtora Saez esta projetando e construindo uma ponte, ganhou a licitação
A Koslova Tech esta projetando e construindo um leitor optico de CD.
Derrepende os recursos se tornam irregulares, para a Construtora Saez e para a Koslova Tech
A ponte para na metade,ligando uma cabeceira do rio até o meio do rio
O leitor optico de CD também para, esta 50% desenvolvido.
Passa-se 5 anos, e tanto a Construtora Saez quanto a Koslova Tech recebem novamente recursos para continuar o contrato que elas ganharam.
Os engenheiros da Construtora Saez vão até a obra, verificam que o que foi feito esta estruturalmente nos padrões, e assinam os contratos de compra de material e mão de obra.
Algum tempo depois a Construtora Saez entrega a ponte.
A Koslova Tech faz uma lista dos 300 componentes que compõe a unidade optica e descobre que destes 300, 150 estão fora de linha de produção, foram substituidos por outros melhores. Também descobre que as velocidades de leitura optica previstas no projeto original estão 5 vezes mais lentas do que o estado da arte, tabém verifica que dos 15 engenheiros que tocavam o projeto, todos nestes 5 anos ou estão trabalhando com outra coisa, porque precisavam sustentar sua familia, ou se mudaram para outras empresas concorrentes.
Conclusão:
Os 50% financiados da primeira fase do projeto vão ter que se jogados no lixo e o projeto do CD optico vai começar novamente do zero.
Alguns projetos, alguns perfis de tecnologia tem uma tolerancia baixissima da irregularidades orçamentárias e/ou erros de planejamento.
O maior problema de desenvolver um INS no Brasil não é exatamente técnico, não que tecnicamente seja facil, a questão é que um programa desta natureza não tolera sazionalidades de investimentos e cumprimento de prazos e metas de qualidade de projeto.
O INS brasileiro esta no papel a pelo menos 20 anos.
Então devemos culpar o a cultura do estado brasileiro de
irregularidade de liberação de recursos pelo problema?
NÃO! NÃO! e NÃO!
Irregularidades orçamentaria em maior ou menor escala existe em qualquer lugar, o que qualquer pais com cultura de gestão espacial faz é preservar margens minimas de investimento para programas criticos.
Na Rússia apesar da quebradeira geral nos primeiros 5 anos apos a queda a URSS, todas as celulas de capacitação criticas foram preservadas.
Os russos não perderam nenhuma capacidade critica de desenvolvimento. Continuam a desenvolver satelites, foguetes, espaçonaves, submarinos, reatores, mísseis etc.. etc.. etc...
No Brasil não existe planejamento estratégico de capacitação, existe o oba oba eterno, os grandes bobalhões da gestão espacial como este atual presidente da AEB.
Foram aplicados mais de US$1bi em recursos e não se garantiu a capacitação critica em tecnologia de direcionamento.
Qual a lógica de um programa que o tempo todo anuncia projetos mirabolantes de satelites geo estacionários, 5 lançadores até 2022, cooperação na ISS, cooperação com a Ucrânia, com a China etc.. etc.. etc.. E não consegue garantir o fornecimento de um componente vital para qualquer programa espacial que são sistemas inerciais?
Elizabeth
Ok Zero, concordo plenamente, mas quando falo em aproveitar a base do Osório não imagino aproveitar a eletrônica, sistemas de armas ou mesmo motor, etc, imagino aproveitar coisas mais simples como o chassi, suspensão e principalmente o projeto da blindagem (que pelo pouco que sei parece ser bem complicado para desenvolver), o que já não seria pouca coisa, contudo nesses itens a defasagem não se faz assim tão impiedosa como no caso da parte eletrônica sendo que esses itens poderiam ser facilmente produzidos pelo parque industrial brasileiro, já as demais partes poderiam ser importadas ou produzidas localmente através de parcerias de empresas como Elbit, Thales, NExter etc com empresas nacionais tipo Aeroeletrônica, Mectron, Ares. Acho que dessa forma o desenvolvimento de um MBT nacional seria mais fácil do que esta sendo como a nova viatura sobre rodas que esta começando do zero.
Quanto a questão de escala acho que isso deve ser um paradgma a ser quebrado, pois se a Itália projetou e produziu 200 MBT Ariete apenas para o seu exército, por que então o Brasil não poderia produzir 500 MBT para o EB? (nas minhas contas é essa a necessidade que temos para equipar umas 3 brigadas blindadas (considero que a 4 Bda C Mec devesse ser transformada em Bd Inf Bl) mais uns 3 RCC divisionários (com a transformação dos 13º, 15º e 16º RCMec ou ainda com a criãção de um RCC em Formosa/GO no lugar de um desses) ou seja 9 x54 = 486 + 14 (para instrução na AMAN, ESA, CIBl, EsMB). Além disso é bem provável que o Brasil obtivesse sucesso com a exportação de um veículo dessa classe (58 ton.) para inúmeros países na AL, OM e África. Por isso que imagino fosse viável a produção de algo como um Osório II (claro que com inúmeras modificações na parte eletrônica, mecânica, armamentos, etc. e com a substituição de diversos fornecedores originais por novos).
Agora outra opção sem dúvida mais fácil seria o licenciamento de um veículo novo junto a industria bélica internacional, mais aí imagino que seria outro processo tipo FX e sempre teríamos restrições tanto para o emprego como para a exportação futura por maior que fosse o ínidce de nacionalização, já um projeto autonômo por mais que houvesse dependência no fornecimento de certos itens esses poderiam ser facilmente nacionalizados e/ou substituídos em função do projeto ser próprio o que torna o re-projeto algo factível, o que dificilmente ocorre de outra forma.
Deve, pois, um príncipe não ter outro objetivo nem outro pensamento, nem tomar qualquer outra coisa por fazer, senão a guerra e a sua organização e disciplina, pois que é essa a única arte que compete a quem comanda. (Machiavelli)