Estados Unidos busca nuevas bases en la región
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- rodrigo
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Essa base colombiana de palanquero é uma homenagem ao Chavez?
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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- Guerra
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Você esta confundindo. Quem disse "todo mundo pro mato" foi o Talharim, no auge da sua "simpliciade" peculiar.delmar escreveu:
Isto já foi discutido aqui no fórum seriamente algum tempo atras. A opinião do Gen. Lessa foi contestada pela maioria dos foristas, que não concordou com ela. Se ele estivesse certo nada aviões modernos, helicópteros, submarinos, blindados. Iria todo mundo pro mato, na simplicidade.
saudações
Eu conheci o General Lessa. Participei de varias pelestras dele e ele nunca disse que não precisamos de aviões, navios e tanques. Ele apenas sabia que não o tinhamos e precisava fazer algo. É assim que os bons generais pensam.
Mas não vamos falar sobre essa estrategia. É complicado demais para se entender num forum.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- Marino
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Waldir: novas bases na Colômbia são "nocivas"Fabio Pozzebom/Agência Brasil
Para o ex-ministro da Defesa Waldir Pires, negociações militares bilaterais entre os EUA e a Colômbia são inconvenientes e nocivas aos interesses dos países da América do Sul
Claudio Leal
A ampliação das bases militares dos Estados Unidos na Colômbia, que motivou a visita do presidente colombiano Alvaro Uribe ao Brasil, é considerada "nociva" e "inconveniente" pelo ex-ministro da Defesa e ex-governador da Bahia Waldir Pires.
O governo dos EUA negocia o uso de sete bases militares no território da Colômbia. Críticas às negociações bilaterais com o Pentágono devem marcar na próxima segunda-feira o encontro da Unasul (União das Nações Sul-americanas).
- Não precisamos de bases militares de uma potência para pretender estabelecer essa segurança. Isso não é possível... Creio que essas organizações bilaterais, no instante em que estamos todos empenhados numa multilateralidade de valores, de convivência pacífica, são inconvenientes, nocivas. Não é esse o método - critica Waldir Pires.
Pelo acordo, as bases de Palanquero (no estado de Cundinamarca), Aiay (em Meta) e Malambo passariam para o controle dos EUA. Na recente visita da líder chilena Michelle Bachelet ao Brasil, o presidente Lula revelou seu desconforto com o avanço militar americano.
- Participei de reuniões do Conselho de ministros da Defesa muito na linha de podermos e sabermos organizar os interesses da defesa dos países da América do Sul... Levianamente, se vende a ideia de que permanecemos incapazes de nos organizar - completa o ex-ministro da Defesa, que se manifesta pela primeira vez sobre a política externa do Brasil desde que deixou o cargo, em 2007.
Terra Magazine - Quais as objeções que o senhor faz à presença militar americana na Colômbia? Qual é o risco para a América do Sul?
Waldir Pires - Nós vemos organizar um esquema de alianças, na América do Sul, no sentido de que a paz e a segurança sejam resultantes de um esforço comum de todas as nações latino-americanas. Isso, de alguma forma, representa uma aspiração a um passo novo. E sucede a toda uma tradição que vem da doutrina de Monroe e que se exteriorizou ao longo do século XX em diversos atos de prepotência na relação Estados Unidos e qualquer país da América do Sul. Nós queremos a paz sempre em qualquer relação com os Estados Unidos. Mas queremos que a história da América do Sul, hoje, comece a ser escrita, nesse começo do novo século, sob inspiração diferente de práticas viciadas de submissão e de subserviência. Por isso, queremos todos ser participantes livres e sem medo na construção da paz, indispensável à construção da humanidade. Não precisamos de bases militares de uma potência para pretender estabelecer essa segurança. Isso não é possível.
Como o senhor vê a possibilidade de uma negociação apenas bilateral, como tem sinalizado o Departamento de Estado dos EUA?
Essa é a incompatibilidade da organização bilateral no quadro de um continente que quer estabelecer uma organização multilateral de todos os seus países, na defesa comum do hemisfério sul, dos interesses da América do Sul. Essa coisa é muito significativa para tudo o que diz respeito à defesa do Atlântico Sul. Não se trata de querer viabilizar uma força dos Estados Unidos para defender o Atlântico Sul. Não. Os países da América do Sul deverão estar capazes para isso e deverão ter essa tarefa. Do contrário, não se suprime nunca uma soberania condicionada, dependente. Não é isso que desejamos. Até porque não é a experiência dos povos que se tornaram superpotentes serem capazes de organizar a paz. Não tem sido. Nós temos, no Brasil, uma tradição de lutar por esses aspectos da afirmação da soberania nacional. Portanto, é inadmissível repetir-se acordos bilaterais, que fracassaram ao longo do tempo, para a organização de bases militares.
Como o senhor avalia a evolução do Plano Colômbia? Os críticos desse plano afirmam que a guerra às drogas é usada para ampliar uma presença militar incômoda.
É verdade. É alguma coisa que começa a despertar reações e a ensejar razões específicas para que elas existam. Não deve ser este caminho. Participei de reuniões do Conselho de ministros da Defesa muito na linha de podermos e sabermos organizar os interesses da defesa dos países da América do Sul. É inadmissível se cogitar isso. É até uma leviandade também, porque, levianamente, se vende a ideia de que permanecemos incapazes de nos organizar, de ajudarmos o mundo a erguer uma ordem internacional de paz. Fico na impressão de que, no governo do Obama, estas expectativas possam e devam ser alteradas.
Até esse momento, como o senhor qualifica a política externa de Barack Obama para a América Latina?
A presença do Obama na condução política dos Estados Unidos representa um tal avanço na capacidade do seu povo de eleger o presidente da República, o chefe da Nação, que a expectativa é que isso resulte em transformações, em novos métodos, em novas capacidades comuns. A busca de que as Nações Unidas possam crescer para que elas sejam o instrumento que se imaginou, de manutenção da paz, não deve ser interrompida, por maiores que tenham sido as derrotas sucessivas das Nações Unidas.
Tem sido correta a posição do governo brasileiro nessa questão?
Creio que a posição do governo brasileiro tem sido muito na linha de que o Brasil, com todos os países da América do Sul, tenha sua vontade irmanada com a vontade de todos os sul-americanos. E não de transferir essa soberania. Estamos longe de viver o clima da Guerra Fria, da soberania tutelada. Isso não deve fazer parte do mundo contemporâneo.
A instalação de novas bases militares pode desgastar as relações diplomáticas entre a Colômbia e os países da América do Sul nos fóruns regionais, que têm sido fortalecidos nos últimos anos?
Creio que essas organizações bilaterais, no instante em que estamos todos empenhados numa multilateralidade de valores, de convivência pacífica, são inconvenientes, nocivas. Não é esse o método. Ele não resolveu isso de acordo com os povos do mundo. No Brasil, nós falamos disso com a autoridade moral de um País que há mais de um século e meio não tem guerra. De um continente que tem se preservado das guerras. Tenta-se instalar de novo uma metodologia nociva, que não tem respaldo e eficácia.
Terra Magazine
Para o ex-ministro da Defesa Waldir Pires, negociações militares bilaterais entre os EUA e a Colômbia são inconvenientes e nocivas aos interesses dos países da América do Sul
Claudio Leal
A ampliação das bases militares dos Estados Unidos na Colômbia, que motivou a visita do presidente colombiano Alvaro Uribe ao Brasil, é considerada "nociva" e "inconveniente" pelo ex-ministro da Defesa e ex-governador da Bahia Waldir Pires.
O governo dos EUA negocia o uso de sete bases militares no território da Colômbia. Críticas às negociações bilaterais com o Pentágono devem marcar na próxima segunda-feira o encontro da Unasul (União das Nações Sul-americanas).
- Não precisamos de bases militares de uma potência para pretender estabelecer essa segurança. Isso não é possível... Creio que essas organizações bilaterais, no instante em que estamos todos empenhados numa multilateralidade de valores, de convivência pacífica, são inconvenientes, nocivas. Não é esse o método - critica Waldir Pires.
Pelo acordo, as bases de Palanquero (no estado de Cundinamarca), Aiay (em Meta) e Malambo passariam para o controle dos EUA. Na recente visita da líder chilena Michelle Bachelet ao Brasil, o presidente Lula revelou seu desconforto com o avanço militar americano.
- Participei de reuniões do Conselho de ministros da Defesa muito na linha de podermos e sabermos organizar os interesses da defesa dos países da América do Sul... Levianamente, se vende a ideia de que permanecemos incapazes de nos organizar - completa o ex-ministro da Defesa, que se manifesta pela primeira vez sobre a política externa do Brasil desde que deixou o cargo, em 2007.
Terra Magazine - Quais as objeções que o senhor faz à presença militar americana na Colômbia? Qual é o risco para a América do Sul?
Waldir Pires - Nós vemos organizar um esquema de alianças, na América do Sul, no sentido de que a paz e a segurança sejam resultantes de um esforço comum de todas as nações latino-americanas. Isso, de alguma forma, representa uma aspiração a um passo novo. E sucede a toda uma tradição que vem da doutrina de Monroe e que se exteriorizou ao longo do século XX em diversos atos de prepotência na relação Estados Unidos e qualquer país da América do Sul. Nós queremos a paz sempre em qualquer relação com os Estados Unidos. Mas queremos que a história da América do Sul, hoje, comece a ser escrita, nesse começo do novo século, sob inspiração diferente de práticas viciadas de submissão e de subserviência. Por isso, queremos todos ser participantes livres e sem medo na construção da paz, indispensável à construção da humanidade. Não precisamos de bases militares de uma potência para pretender estabelecer essa segurança. Isso não é possível.
Como o senhor vê a possibilidade de uma negociação apenas bilateral, como tem sinalizado o Departamento de Estado dos EUA?
Essa é a incompatibilidade da organização bilateral no quadro de um continente que quer estabelecer uma organização multilateral de todos os seus países, na defesa comum do hemisfério sul, dos interesses da América do Sul. Essa coisa é muito significativa para tudo o que diz respeito à defesa do Atlântico Sul. Não se trata de querer viabilizar uma força dos Estados Unidos para defender o Atlântico Sul. Não. Os países da América do Sul deverão estar capazes para isso e deverão ter essa tarefa. Do contrário, não se suprime nunca uma soberania condicionada, dependente. Não é isso que desejamos. Até porque não é a experiência dos povos que se tornaram superpotentes serem capazes de organizar a paz. Não tem sido. Nós temos, no Brasil, uma tradição de lutar por esses aspectos da afirmação da soberania nacional. Portanto, é inadmissível repetir-se acordos bilaterais, que fracassaram ao longo do tempo, para a organização de bases militares.
Como o senhor avalia a evolução do Plano Colômbia? Os críticos desse plano afirmam que a guerra às drogas é usada para ampliar uma presença militar incômoda.
É verdade. É alguma coisa que começa a despertar reações e a ensejar razões específicas para que elas existam. Não deve ser este caminho. Participei de reuniões do Conselho de ministros da Defesa muito na linha de podermos e sabermos organizar os interesses da defesa dos países da América do Sul. É inadmissível se cogitar isso. É até uma leviandade também, porque, levianamente, se vende a ideia de que permanecemos incapazes de nos organizar, de ajudarmos o mundo a erguer uma ordem internacional de paz. Fico na impressão de que, no governo do Obama, estas expectativas possam e devam ser alteradas.
Até esse momento, como o senhor qualifica a política externa de Barack Obama para a América Latina?
A presença do Obama na condução política dos Estados Unidos representa um tal avanço na capacidade do seu povo de eleger o presidente da República, o chefe da Nação, que a expectativa é que isso resulte em transformações, em novos métodos, em novas capacidades comuns. A busca de que as Nações Unidas possam crescer para que elas sejam o instrumento que se imaginou, de manutenção da paz, não deve ser interrompida, por maiores que tenham sido as derrotas sucessivas das Nações Unidas.
Tem sido correta a posição do governo brasileiro nessa questão?
Creio que a posição do governo brasileiro tem sido muito na linha de que o Brasil, com todos os países da América do Sul, tenha sua vontade irmanada com a vontade de todos os sul-americanos. E não de transferir essa soberania. Estamos longe de viver o clima da Guerra Fria, da soberania tutelada. Isso não deve fazer parte do mundo contemporâneo.
A instalação de novas bases militares pode desgastar as relações diplomáticas entre a Colômbia e os países da América do Sul nos fóruns regionais, que têm sido fortalecidos nos últimos anos?
Creio que essas organizações bilaterais, no instante em que estamos todos empenhados numa multilateralidade de valores, de convivência pacífica, são inconvenientes, nocivas. Não é esse o método. Ele não resolveu isso de acordo com os povos do mundo. No Brasil, nós falamos disso com a autoridade moral de um País que há mais de um século e meio não tem guerra. De um continente que tem se preservado das guerras. Tenta-se instalar de novo uma metodologia nociva, que não tem respaldo e eficácia.
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Bem, acho que não há muito o que os EUA explicarem. Sabemos que antes da ação existe a fase do planejamento. Os motivos são visivelmente relacionados à logistica de grandes aeronaves em missão.
Só não podem, ironicamente e em deboche, se prenderem somente às explicações de combate ao narcotráfico, que já ficou no passado. Isto não podemos engolir mais...
Apoio integralmente uma política de exigências de garantias legais para a utilização destas bases, para o nosso conforto junto à ONU.
Só não podem, ironicamente e em deboche, se prenderem somente às explicações de combate ao narcotráfico, que já ficou no passado. Isto não podemos engolir mais...
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
rodrigo escreveu:Essa base colombiana de palanquero é uma homenagem ao Chavez?
agora eu entendi
"A religião católica contém a Verdade total revelada por Deus e não dizemos isso com arrogância nem para desafiar ninguém. Não podemos diminuir esta afirmação" Dom Hector Aguer
http://ridingaraid.blogspot.com.br/ meu blog
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Jobim: bases do EUA na Colômbia não alteram rotina do Brasil
07 de agosto de 2009
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta sexta-feira que nada mudará na rotina das Forças Armadas brasileiras por consequência da instalação de bases militares americanas em território colombiano. A declaração foi feita após cerimônia de posse do brigadeiro Gilberto Antônio Burnier no Comando-Geral de Operações Aéreas da Aeronáutica.
"A instalação dessas bases não muda nada na rotina das Forças Armadas brasileiras", disse em referência às bases dos Estados Unidos instaladas no país vizinho. "Isso não me preocupa", acrescentou o ministro, que disse não ver riscos de confronto na região.
Jobim disse que a conversa de ontem entre o presidente colombiano, Álvaro Uribe, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto foi conduzida com "absoluta razoabilidade", e que as ações previstas por Uribe estão restritas ao território colombiano.
"Essas operações estão vinculadas ao acordo antigo da Colômbia com os Estados Unidos sobre a questão do combate ao narcotráfico", disse. "Deveremos ter também uma discussão com a Colômbia via Ministério da Justiça, a pedido do presidente Lula, para ampliarmos a integração entre os países visando ao combate ao narcotráfico", completou.
Anunciado em julho, o acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos tem sido contestado por presidentes de outros países sul-americanos como Hugo Chávez, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador. Integrantes do governo brasileiro também manifestaram preocupação com o acordo. Entre eles o presidente Lula , o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim , e o assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia .
Agência Brasil
07 de agosto de 2009
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta sexta-feira que nada mudará na rotina das Forças Armadas brasileiras por consequência da instalação de bases militares americanas em território colombiano. A declaração foi feita após cerimônia de posse do brigadeiro Gilberto Antônio Burnier no Comando-Geral de Operações Aéreas da Aeronáutica.
"A instalação dessas bases não muda nada na rotina das Forças Armadas brasileiras", disse em referência às bases dos Estados Unidos instaladas no país vizinho. "Isso não me preocupa", acrescentou o ministro, que disse não ver riscos de confronto na região.
Jobim disse que a conversa de ontem entre o presidente colombiano, Álvaro Uribe, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto foi conduzida com "absoluta razoabilidade", e que as ações previstas por Uribe estão restritas ao território colombiano.
"Essas operações estão vinculadas ao acordo antigo da Colômbia com os Estados Unidos sobre a questão do combate ao narcotráfico", disse. "Deveremos ter também uma discussão com a Colômbia via Ministério da Justiça, a pedido do presidente Lula, para ampliarmos a integração entre os países visando ao combate ao narcotráfico", completou.
Anunciado em julho, o acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos tem sido contestado por presidentes de outros países sul-americanos como Hugo Chávez, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador. Integrantes do governo brasileiro também manifestaram preocupação com o acordo. Entre eles o presidente Lula , o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim , e o assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia .
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Conexão diplomática
Por Silvio Queiroz
Assim é…
O Brasil se sente à vontade para ponderar sobre o que lhe parecem receios plausíveis de Chávez e Correa com a atividade militar americana na fronteira
O lado brasileiro não disfarça o tamanho da preocupação com a perspectiva de ver tropas e — principalmente — aviões de transporte militar americanos operando em sete bases militares na Colômbia. Além dos tópicos colocados publicamente, como o pedido de garantias explícitas de que as operações se limitarão ao território colombiano e a objetivos (narcotráfico e terrorismo) de jurisdição colombiana, o governo Lula vê até inconveniências de alcance imediato. “Isso tudo apenas alimenta o discurso do Chávez”, comentou reservadamente uma fonte que acompanhou a maratona de discussões sobre o acordo entre Washington-Bogotá, durante a semana.
Na longa conversa que manteve com o colega Álvaro Uribe, o presidente enfatizou os possíveis desdobramentos da controvérsia das bases para a arquitetura da Unasul e do recém-criado Conselho de Defesa. Especialmente desse último, no qual a diplomacia brasileira investiu seu prestígio e bom trânsito entre os vizinhos rivais do norte — além da Venezuela de Hugo Chávez, também o Equador de Rafael Correa vive às turras com a Colômbia de Uribe. Como fiador da adesão colombiana ao incipiente sistema regional de segurança, o governo brasileiro se sente à vontade para ponderar com Bogotá sobre o que lhe parecem receios plausíveis da dupla bolivariana com o incremento da atividade militar americana na fronteira: em 2008, um acampamento das Farc (o terrorismo) foi bombardeado no Equador; e agora setores políticos nos EUA se articulam para classificar o governo de Caracas como conivente com o narcotráfico.
…se lhe parece
As diferenças evidentes entre as posições dos governos brasileiro e colombiano ficaram expressas também na perspectiva apresentada pela imprensa dos dois países para o encontro entre Lula e Uribe. Por aqui, a ênfase variou entre os pedidos de garantias quanto aos limites operacionais dos militares americanos em território colombiano e a afirmação do ministro Amorim que de a conversa foi “cordial”, mas insatisfatória e apenas inicial. Por lá, em uníssono, os jornais destacaram que “o Brasil respeita” o acordo militar entre Bogotá e Washington e que o visitante “esclareceu de maneira pertinente” as dúvidas.
Por Silvio Queiroz
Assim é…
O Brasil se sente à vontade para ponderar sobre o que lhe parecem receios plausíveis de Chávez e Correa com a atividade militar americana na fronteira
O lado brasileiro não disfarça o tamanho da preocupação com a perspectiva de ver tropas e — principalmente — aviões de transporte militar americanos operando em sete bases militares na Colômbia. Além dos tópicos colocados publicamente, como o pedido de garantias explícitas de que as operações se limitarão ao território colombiano e a objetivos (narcotráfico e terrorismo) de jurisdição colombiana, o governo Lula vê até inconveniências de alcance imediato. “Isso tudo apenas alimenta o discurso do Chávez”, comentou reservadamente uma fonte que acompanhou a maratona de discussões sobre o acordo entre Washington-Bogotá, durante a semana.
Na longa conversa que manteve com o colega Álvaro Uribe, o presidente enfatizou os possíveis desdobramentos da controvérsia das bases para a arquitetura da Unasul e do recém-criado Conselho de Defesa. Especialmente desse último, no qual a diplomacia brasileira investiu seu prestígio e bom trânsito entre os vizinhos rivais do norte — além da Venezuela de Hugo Chávez, também o Equador de Rafael Correa vive às turras com a Colômbia de Uribe. Como fiador da adesão colombiana ao incipiente sistema regional de segurança, o governo brasileiro se sente à vontade para ponderar com Bogotá sobre o que lhe parecem receios plausíveis da dupla bolivariana com o incremento da atividade militar americana na fronteira: em 2008, um acampamento das Farc (o terrorismo) foi bombardeado no Equador; e agora setores políticos nos EUA se articulam para classificar o governo de Caracas como conivente com o narcotráfico.
…se lhe parece
As diferenças evidentes entre as posições dos governos brasileiro e colombiano ficaram expressas também na perspectiva apresentada pela imprensa dos dois países para o encontro entre Lula e Uribe. Por aqui, a ênfase variou entre os pedidos de garantias quanto aos limites operacionais dos militares americanos em território colombiano e a afirmação do ministro Amorim que de a conversa foi “cordial”, mas insatisfatória e apenas inicial. Por lá, em uníssono, os jornais destacaram que “o Brasil respeita” o acordo militar entre Bogotá e Washington e que o visitante “esclareceu de maneira pertinente” as dúvidas.
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Instabilidade ao norte e uma posição do Brasil
Eurico de Lima Figueiredo
COORDENADOR DO NÚCLEO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS DA UFF
A notícia de que a Venezuela acelerará a compra de armamentos para se opor à instalação de bases norte-americanas na Colômbia, implica em dupla leitura e uma consequência, do ponto de vista brasileiro.
A primeira está em consonância com a estratégia de marketing político global que vem sendo utilizada por Chávez. A escalada armamentista visaria chamar a atenção da mídia internacional para sua pretensão de liderar as aspirações das nações do continente em face da ingerência dos EUA em assuntos da região. Serviria também ao desfocamento dos problemas venezuelanos, servindo para retirar da ordem do dia o problema das armas suecas que teriam ido parar nas mãos da Farc.
A segunda leitura, mais preocupante, poderia supor que tal escalada, tornando-se incontrolável, poderia levar a conflagração entre a Venezuela e a Colômbia, contando esta última com a eventualidade da assistência militar dos EUA.
A consequência de tal situação de beligerância em tais proporções traria inquietação à região e exigiria do Brasil, que possui amplas fronteiras com ambos, posição protagonista no sentido diplomático e, exarcebando-se os acontecimentos, até mesmo no sentido militar.
Eurico de Lima Figueiredo
COORDENADOR DO NÚCLEO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS DA UFF
A notícia de que a Venezuela acelerará a compra de armamentos para se opor à instalação de bases norte-americanas na Colômbia, implica em dupla leitura e uma consequência, do ponto de vista brasileiro.
A primeira está em consonância com a estratégia de marketing político global que vem sendo utilizada por Chávez. A escalada armamentista visaria chamar a atenção da mídia internacional para sua pretensão de liderar as aspirações das nações do continente em face da ingerência dos EUA em assuntos da região. Serviria também ao desfocamento dos problemas venezuelanos, servindo para retirar da ordem do dia o problema das armas suecas que teriam ido parar nas mãos da Farc.
A segunda leitura, mais preocupante, poderia supor que tal escalada, tornando-se incontrolável, poderia levar a conflagração entre a Venezuela e a Colômbia, contando esta última com a eventualidade da assistência militar dos EUA.
A consequência de tal situação de beligerância em tais proporções traria inquietação à região e exigiria do Brasil, que possui amplas fronteiras com ambos, posição protagonista no sentido diplomático e, exarcebando-se os acontecimentos, até mesmo no sentido militar.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Lula usa bases para fortalecer Unasul
Reposta brasileira à crise provoca atritos com EUA e Colômbia
Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro
Luiz Inácio Lula da Silva quer manter a polêmica sobre a presença americana nas bases militares da Colômbia como instrumento de retórica para reforçar a importância política da União das Nações Sul-americanas (Unasul). O governo decidiu também, segundo um assessor de Lula, transformar o caso em exemplo da "intolerância" do Brasil para com o envio e permanência de forças estrangeiras na América do Sul.
A exigência de "garantias" de que militares dos EUA não avançarão pelos territórios vizinhos da Colômbia é, de um lado, uma forma de protesto contra a a interferência de uma potência na área sobre a qual o Brasil tem pretensão hegemônica e, de outro, a expressão do temor de que a adoção de acordos desse tipo à revelia da Unasul acabem por banalizar o órgão recém-instituído.
A posição do Brasil provocou uma rusga com os EUA, um potencial atrito com o governo de Álvaro Uribe e alinhou o País aos interesses do "eixo bolivariano". O Palácio do Planalto advertiu o general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, que a presença de militares americanos na Colômbia é um "resquício da Guerra Fria" e traz ameaças ao aprofundamento da relação Brasil-EUA. Anteontem, diante da imprensa, o Itamaraty pôs em dúvida todas as explicações trazidas pelo presidente Uribe, e pediu "garantias" de que os militares americanos não cruzarão as fronteiras da Colômbia.
Um colaborador direto de Lula disse ao Estado que o Brasil não quer mais a repetição de surpresas, como a reativação da 4ª Frota da Marinha americana, que ocorreu no ano passado sem consulta prévia aos países do Caribe e do Atlântico Sul, e o exercício conjunto entre as Armadas da Venezuela e da Rússia, também em 2008.
Para o Itamaraty, que havia aceitado as explicações enviadas por Caracas sobre os exercícios navais de Rússia e Venezuela, a anuência prévia da Unasul é imprescindível para ações militares que tragam forças estrangeiras à região. Caso contrário, alimentam a reciprocidade e a desestabilização da América do Sul.
"Não podemos deixar que a presença estrangeira aumente na região. Qualquer ameaça provoca reação. O Brasil tratou o assunto de forma profissional ao cobrar os Estados Unidos e a Colômbia", defendeu o assessor de Lula.
ÁREA MILITAR
Esse consenso, entretanto, não alcança a área militar.
Generais do alto comando das Forças Armadas ouvidos pelo Estado concordam que a presença de militares americanos na América do Sul pode estimular conflitos indesejáveis entre países vizinhos e a atual polêmica teria sido evitada se Washington e Bogotá tivessem informado exaustivamente os países sul-americanos.
No entanto, eles acreditam que a reação do Brasil e dos países bolivarianos assumiu um tom "histérico" porque nas bases não há nenhuma "ameaça militar". Eles argumentam que se os Estados Unidos quiserem invadir qualquer território soberano o fariam sem criar pretextos nem escaramuças, como evidenciaram no passado recente.
Em relação à América do Sul, a preocupação maior desses oficiais está nos discursos e nas atitudes beligerantes de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e no fato de o governo Lula ter adotado dois pesos e duas medidas para lidar com o atual impasse.
"O governo coloca a faca no pescoço de Uribe, no caso das bases, e não cobra de Chávez e de Rafael Correa (presidente equatoriano) explicações sobre a cooperação de seus governos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)", afirmou um general.
Reposta brasileira à crise provoca atritos com EUA e Colômbia
Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro
Luiz Inácio Lula da Silva quer manter a polêmica sobre a presença americana nas bases militares da Colômbia como instrumento de retórica para reforçar a importância política da União das Nações Sul-americanas (Unasul). O governo decidiu também, segundo um assessor de Lula, transformar o caso em exemplo da "intolerância" do Brasil para com o envio e permanência de forças estrangeiras na América do Sul.
A exigência de "garantias" de que militares dos EUA não avançarão pelos territórios vizinhos da Colômbia é, de um lado, uma forma de protesto contra a a interferência de uma potência na área sobre a qual o Brasil tem pretensão hegemônica e, de outro, a expressão do temor de que a adoção de acordos desse tipo à revelia da Unasul acabem por banalizar o órgão recém-instituído.
A posição do Brasil provocou uma rusga com os EUA, um potencial atrito com o governo de Álvaro Uribe e alinhou o País aos interesses do "eixo bolivariano". O Palácio do Planalto advertiu o general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, que a presença de militares americanos na Colômbia é um "resquício da Guerra Fria" e traz ameaças ao aprofundamento da relação Brasil-EUA. Anteontem, diante da imprensa, o Itamaraty pôs em dúvida todas as explicações trazidas pelo presidente Uribe, e pediu "garantias" de que os militares americanos não cruzarão as fronteiras da Colômbia.
Um colaborador direto de Lula disse ao Estado que o Brasil não quer mais a repetição de surpresas, como a reativação da 4ª Frota da Marinha americana, que ocorreu no ano passado sem consulta prévia aos países do Caribe e do Atlântico Sul, e o exercício conjunto entre as Armadas da Venezuela e da Rússia, também em 2008.
Para o Itamaraty, que havia aceitado as explicações enviadas por Caracas sobre os exercícios navais de Rússia e Venezuela, a anuência prévia da Unasul é imprescindível para ações militares que tragam forças estrangeiras à região. Caso contrário, alimentam a reciprocidade e a desestabilização da América do Sul.
"Não podemos deixar que a presença estrangeira aumente na região. Qualquer ameaça provoca reação. O Brasil tratou o assunto de forma profissional ao cobrar os Estados Unidos e a Colômbia", defendeu o assessor de Lula.
ÁREA MILITAR
Esse consenso, entretanto, não alcança a área militar.
Generais do alto comando das Forças Armadas ouvidos pelo Estado concordam que a presença de militares americanos na América do Sul pode estimular conflitos indesejáveis entre países vizinhos e a atual polêmica teria sido evitada se Washington e Bogotá tivessem informado exaustivamente os países sul-americanos.
No entanto, eles acreditam que a reação do Brasil e dos países bolivarianos assumiu um tom "histérico" porque nas bases não há nenhuma "ameaça militar". Eles argumentam que se os Estados Unidos quiserem invadir qualquer território soberano o fariam sem criar pretextos nem escaramuças, como evidenciaram no passado recente.
Em relação à América do Sul, a preocupação maior desses oficiais está nos discursos e nas atitudes beligerantes de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e no fato de o governo Lula ter adotado dois pesos e duas medidas para lidar com o atual impasse.
"O governo coloca a faca no pescoço de Uribe, no caso das bases, e não cobra de Chávez e de Rafael Correa (presidente equatoriano) explicações sobre a cooperação de seus governos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)", afirmou um general.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Militares brasileiros não veem risco com acordo
Segundo especialista, transporte de longo alcance por aviões dos EUA na região é “hipótese acadêmica”
Roberto Godoy
A presença de forças dos Estados Unidos na Colômbia, reforçada pela utilização de sete novas bases, é uma preocupação diplomática, mas "não tira o sono dos militares brasileiros, que há 25 anos desenvolvem programas de reforço da presença e do poder de fogo na Amazônia", segundo a analista de assuntos estratégicos Mari Garcia, do Instituto Elcano, de Madri.
O fato de haver a previsão de envio de aviões americanos de transporte de longo alcance para operar a partir da base colombiana de Palanquero, no centro-leste do país - o que, em tese, colocaria-os voando sobre o Planalto Central -, "é hipótese acadêmica", sustenta Garcia, lembrando que "os caças Su-30 da Venezuela de Hugo Chávez também podem cobrir 3 mil quilômetros e nunca foram citados como ameaça".
O Brasil cuida bem da vigilância sobre o grande arco da fronteira oeste, noroeste e norte. No ar, funciona a rede eletrônica do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), operado pelo Comando da Aeronáutica.
Em terra, o Comando Militar da Amazônia mantém em regime permanente de pronta resposta cerca de 3 mil homens, mais blindados anfíbios, lanchas armadas e helicópteros artilhados. A Brigada de Infantaria de Selva (BIS), com sede em Manaus, é considerada uma das tropas mais especializadas do mundo - soldados americanos recebem regulamente instrução de combate no cenário de florestas tropicais dos centros de treinamento da BIS.
O contingente total do Comando do Exército na área supera 25 mil combatentes. É pouco, para uma área de 5,5 milhões de quilômetros quadrados, equivalente ao território ocidental da Europa. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, até 2014 serão instalados na linha de fronteiras internacionais, ao menos 30 novos Pelotões Especiais de Fronteira (PEF).
O Comando da Marinha está expandindo sua capacidade e presença nos grandes rios da região. Uma base vai ser instalada na foz do Rio Amazonas. O plano de reação rápida envolve pelo menos de 1.100 militares, lanchas e navios-patrulha, eventualmente apoiados por helicópteros.
A aviação militar mantém no ar, todo os dias, desde 2002, um sofisticado aparato de vigilância: a partir da Base Aérea de Anápolis, a 140 quilômetros de Brasília, jatos R-99 Bravo do Esquadrão Guardião realizam sua missão cotidiana de coleta de dados estratégicos.
As informações são transferidas em tempo real para os centros terrestres. O Guardião funciona com oito aviões . Cada um custou cerca de US$ 80 milhões. Cinco deles são do tipo R-99 Alfa, de alerta antecipado e comando aerotransportado. Levam uma grande antena Erieye, comprada na Suécia. O equipamento pesa quase uma tonelada e tem alcance no limite entre 360 e 400 quilômetros. Com ele a Força Aérea Brasileira (FAB) pode multiplicar o poder de sua frota por meio de coordenação e integração e da capacidade de localizar alvos mesmo quando o deslocamento das aeronaves adversárias acontece em baixa altitude.
O segundo time Guardião, guarnecido com três unidades da versão R-99 Bravo, é o que serve diretamente aos interesses da defesa e à vigilância da Amazônia. A rigor, é um avião espião, destinado a missões de inteligência. O principal componente embarcado é o radar de abertura sintética, que permite uma varredura de área feita de forma a não revelar a presença do R-99B. A partir do ponto de decolagem, a aeronave terá duas horas de coleta de dados sobre 57 mil km².
Segundo especialista, transporte de longo alcance por aviões dos EUA na região é “hipótese acadêmica”
Roberto Godoy
A presença de forças dos Estados Unidos na Colômbia, reforçada pela utilização de sete novas bases, é uma preocupação diplomática, mas "não tira o sono dos militares brasileiros, que há 25 anos desenvolvem programas de reforço da presença e do poder de fogo na Amazônia", segundo a analista de assuntos estratégicos Mari Garcia, do Instituto Elcano, de Madri.
O fato de haver a previsão de envio de aviões americanos de transporte de longo alcance para operar a partir da base colombiana de Palanquero, no centro-leste do país - o que, em tese, colocaria-os voando sobre o Planalto Central -, "é hipótese acadêmica", sustenta Garcia, lembrando que "os caças Su-30 da Venezuela de Hugo Chávez também podem cobrir 3 mil quilômetros e nunca foram citados como ameaça".
O Brasil cuida bem da vigilância sobre o grande arco da fronteira oeste, noroeste e norte. No ar, funciona a rede eletrônica do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), operado pelo Comando da Aeronáutica.
Em terra, o Comando Militar da Amazônia mantém em regime permanente de pronta resposta cerca de 3 mil homens, mais blindados anfíbios, lanchas armadas e helicópteros artilhados. A Brigada de Infantaria de Selva (BIS), com sede em Manaus, é considerada uma das tropas mais especializadas do mundo - soldados americanos recebem regulamente instrução de combate no cenário de florestas tropicais dos centros de treinamento da BIS.
O contingente total do Comando do Exército na área supera 25 mil combatentes. É pouco, para uma área de 5,5 milhões de quilômetros quadrados, equivalente ao território ocidental da Europa. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, até 2014 serão instalados na linha de fronteiras internacionais, ao menos 30 novos Pelotões Especiais de Fronteira (PEF).
O Comando da Marinha está expandindo sua capacidade e presença nos grandes rios da região. Uma base vai ser instalada na foz do Rio Amazonas. O plano de reação rápida envolve pelo menos de 1.100 militares, lanchas e navios-patrulha, eventualmente apoiados por helicópteros.
A aviação militar mantém no ar, todo os dias, desde 2002, um sofisticado aparato de vigilância: a partir da Base Aérea de Anápolis, a 140 quilômetros de Brasília, jatos R-99 Bravo do Esquadrão Guardião realizam sua missão cotidiana de coleta de dados estratégicos.
As informações são transferidas em tempo real para os centros terrestres. O Guardião funciona com oito aviões . Cada um custou cerca de US$ 80 milhões. Cinco deles são do tipo R-99 Alfa, de alerta antecipado e comando aerotransportado. Levam uma grande antena Erieye, comprada na Suécia. O equipamento pesa quase uma tonelada e tem alcance no limite entre 360 e 400 quilômetros. Com ele a Força Aérea Brasileira (FAB) pode multiplicar o poder de sua frota por meio de coordenação e integração e da capacidade de localizar alvos mesmo quando o deslocamento das aeronaves adversárias acontece em baixa altitude.
O segundo time Guardião, guarnecido com três unidades da versão R-99 Bravo, é o que serve diretamente aos interesses da defesa e à vigilância da Amazônia. A rigor, é um avião espião, destinado a missões de inteligência. O principal componente embarcado é o radar de abertura sintética, que permite uma varredura de área feita de forma a não revelar a presença do R-99B. A partir do ponto de decolagem, a aeronave terá duas horas de coleta de dados sobre 57 mil km².
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
¿Bye bye Consejo Sudamericano de Defensa?
Juan Gabriel Tokatlian
Página 12
Todo indica que Estados Unidos podrá utilizar varias bases militares en Colombia. El acuerdo, a sellarse próximamente, se ha presentado en Bogotá como continuación y complemento de la lucha contra el narcotráfico y el terrorismo, y en Washington como sustitución de la base de Manta, en Ecuador –que EE.UU. debe abandonar este año–, y como localizaciones para llevar a cabo “operaciones contingentes, logística y entrenamiento”, de acuerdo al lenguaje del Pentágono.
Visto desde la situación concreta de Colombia, no existe ningún interés nacional en juego en este tema: los avances del Estado frente a los distintos actores armados han sido relevantes; los vecinos ideológicamente más antagónicos no han usado ni amenazan usar la fuerza contra el país; los vecinos más comprensibles con la situación interna no agreden a Colombia ni insinúan hacerlo; las naciones de Sudamérica no han mostrado conductas oportunistas –avanzar sus propios objetivos en desmedro de los nacionales– contra Bogotá ni antes ni ahora; y el hemisferio en su conjunto está procurando dejar atrás la dinámica costosa y agresiva de la Guerra Fría.
Sin embargo, el nuevo compromiso bilateral puede analizarse y evaluarse desde otras perspectivas. Una de ellas es desde la óptica de Estados Unidos y desde el prisma de la geopolítica global y regional. En ese sentido, hay un conjunto de presupuestos básicos que no se han alterado con la llegada al gobierno del presidente Barack Obama.
- En las últimas dos décadas –y en particular, después del 11-S– se ha producido un desbalance notable entre el componente militar y el componente diplomático en la política exterior de Estados Unidos. La militarización de la estrategia internacional de Washington ha implicado un desproporcionado gasto en defensa –en relación con cualquier potencial adversario individual o hipotética coalición de desafiantes, y en comparación a lo destinado a la diplomacia convencional–, una desmesurada y peligrosa preponderancia burocrática en el proceso de toma de decisiones, y una ascendente autonomía frente a los civiles en la política pública del país.
- En ese contexto, desde mediados de los noventa el Comando Sur se ha ido transformando en el etnarca militar de Estados Unidos para el Caribe y América latina. Estacionado en la Florida, el Comando Sur tiende a comportarse como el principal interlocutor de los gobiernos del área y el articulador cardinal de la política exterior y de defensa estadounidense para la región. El perfil proconsular del Comando Sur se observa y comprueba mediante el análisis empírico del vasto conjunto de iniciativas, acciones, desembolsos, ejercicios, datos y manifestaciones que diseña y ejecuta en torno de las relaciones continentales. El restablecimiento de la IV Flota es apenas uno de los últimos indicadores de una ambiciosa expansión militar en la región que no contó con ningún cuestionamiento del Departamento de Estado ni de la Casa Blanca.
- En ese sentido, el uso de varias instalaciones militares en Colombia le facilita al Comando Sur lograr parte de su proyecto proconsular: ir facilitando –naturalizando– la aceptación en el área de un potencial Estado gendarme en el centro de América del Sur. El mensaje principal es para Brasil y no para Venezuela. Más allá de las coincidencias políticas y de negocios entre Brasilia y Washington, Estados Unidos buscará restringir al máximo la capacidad de Brasil en el terreno militar y buscará acrecentar su propia proyección de poder en la Amazonia.
Ahora bien, con una simple maniobra diplomática Estados Unidos demostró que el recientemente creado Consejo Sudamericano de Defensa (CSD) de inspiración brasileña es, hasta ahora, un tigre de papel. América del Sur, una región donde no existen amenazas letales a la seguridad estadounidense, no hay países que proliferen nuclearmente, no se divisan terroristas transnacionales de alcance global que operen contra intereses de Washington, es una de las más pacíficas del mundo, tiene regímenes democráticos en todos los países y posee, conjuntamente, un bajo nivel de antiamericanismo, no podrá discutir por qué Estados Unidos necesita usar bases militares de Colombia. Ni Bogotá acepta debatir el tema –y de allí el despliegue de diplomacia presidencial bilateral de estos días del presidente Alvaro Uribe– ni Washington necesita explicar su política a la región. En todo caso, el consejero de Seguridad Nacional de Estados Unidos, el general retirado James Jones (foto), ya visitó Brasilia y le informó al gobierno del presidente Lula la decisión de su gobierno.
En la medida en que América del Sur siga creando instituciones que no pueden abordar los temas centrales de la región, resultará evidente su nivel de fragmentación y su incapacidad de asumir los desafíos principales del área. Caracas y aun Brasilia pueden vivir con ello; para Argentina es funesto. Dado que Buenos Aires no es un interlocutor clave (ya sea por amistad u oposición) de Washington, carece de una visión estratégica desde hace años, ha perdido influencia en Sudamérica y no aporta a una mejor institucionalización regional. La situación del país es todavía más delicada: el fallido nacimiento del CSD es muy costoso para Argentina.
* Profesor de Relaciones Internacionales de la Universidad Di Tella y miembro del Club Político Argentino.
Juan Gabriel Tokatlian
Página 12
Todo indica que Estados Unidos podrá utilizar varias bases militares en Colombia. El acuerdo, a sellarse próximamente, se ha presentado en Bogotá como continuación y complemento de la lucha contra el narcotráfico y el terrorismo, y en Washington como sustitución de la base de Manta, en Ecuador –que EE.UU. debe abandonar este año–, y como localizaciones para llevar a cabo “operaciones contingentes, logística y entrenamiento”, de acuerdo al lenguaje del Pentágono.
Visto desde la situación concreta de Colombia, no existe ningún interés nacional en juego en este tema: los avances del Estado frente a los distintos actores armados han sido relevantes; los vecinos ideológicamente más antagónicos no han usado ni amenazan usar la fuerza contra el país; los vecinos más comprensibles con la situación interna no agreden a Colombia ni insinúan hacerlo; las naciones de Sudamérica no han mostrado conductas oportunistas –avanzar sus propios objetivos en desmedro de los nacionales– contra Bogotá ni antes ni ahora; y el hemisferio en su conjunto está procurando dejar atrás la dinámica costosa y agresiva de la Guerra Fría.
Sin embargo, el nuevo compromiso bilateral puede analizarse y evaluarse desde otras perspectivas. Una de ellas es desde la óptica de Estados Unidos y desde el prisma de la geopolítica global y regional. En ese sentido, hay un conjunto de presupuestos básicos que no se han alterado con la llegada al gobierno del presidente Barack Obama.
- En las últimas dos décadas –y en particular, después del 11-S– se ha producido un desbalance notable entre el componente militar y el componente diplomático en la política exterior de Estados Unidos. La militarización de la estrategia internacional de Washington ha implicado un desproporcionado gasto en defensa –en relación con cualquier potencial adversario individual o hipotética coalición de desafiantes, y en comparación a lo destinado a la diplomacia convencional–, una desmesurada y peligrosa preponderancia burocrática en el proceso de toma de decisiones, y una ascendente autonomía frente a los civiles en la política pública del país.
- En ese contexto, desde mediados de los noventa el Comando Sur se ha ido transformando en el etnarca militar de Estados Unidos para el Caribe y América latina. Estacionado en la Florida, el Comando Sur tiende a comportarse como el principal interlocutor de los gobiernos del área y el articulador cardinal de la política exterior y de defensa estadounidense para la región. El perfil proconsular del Comando Sur se observa y comprueba mediante el análisis empírico del vasto conjunto de iniciativas, acciones, desembolsos, ejercicios, datos y manifestaciones que diseña y ejecuta en torno de las relaciones continentales. El restablecimiento de la IV Flota es apenas uno de los últimos indicadores de una ambiciosa expansión militar en la región que no contó con ningún cuestionamiento del Departamento de Estado ni de la Casa Blanca.
- En ese sentido, el uso de varias instalaciones militares en Colombia le facilita al Comando Sur lograr parte de su proyecto proconsular: ir facilitando –naturalizando– la aceptación en el área de un potencial Estado gendarme en el centro de América del Sur. El mensaje principal es para Brasil y no para Venezuela. Más allá de las coincidencias políticas y de negocios entre Brasilia y Washington, Estados Unidos buscará restringir al máximo la capacidad de Brasil en el terreno militar y buscará acrecentar su propia proyección de poder en la Amazonia.
Ahora bien, con una simple maniobra diplomática Estados Unidos demostró que el recientemente creado Consejo Sudamericano de Defensa (CSD) de inspiración brasileña es, hasta ahora, un tigre de papel. América del Sur, una región donde no existen amenazas letales a la seguridad estadounidense, no hay países que proliferen nuclearmente, no se divisan terroristas transnacionales de alcance global que operen contra intereses de Washington, es una de las más pacíficas del mundo, tiene regímenes democráticos en todos los países y posee, conjuntamente, un bajo nivel de antiamericanismo, no podrá discutir por qué Estados Unidos necesita usar bases militares de Colombia. Ni Bogotá acepta debatir el tema –y de allí el despliegue de diplomacia presidencial bilateral de estos días del presidente Alvaro Uribe– ni Washington necesita explicar su política a la región. En todo caso, el consejero de Seguridad Nacional de Estados Unidos, el general retirado James Jones (foto), ya visitó Brasilia y le informó al gobierno del presidente Lula la decisión de su gobierno.
En la medida en que América del Sur siga creando instituciones que no pueden abordar los temas centrales de la región, resultará evidente su nivel de fragmentación y su incapacidad de asumir los desafíos principales del área. Caracas y aun Brasilia pueden vivir con ello; para Argentina es funesto. Dado que Buenos Aires no es un interlocutor clave (ya sea por amistad u oposición) de Washington, carece de una visión estratégica desde hace años, ha perdido influencia en Sudamérica y no aporta a una mejor institucionalización regional. La situación del país es todavía más delicada: el fallido nacimiento del CSD es muy costoso para Argentina.
* Profesor de Relaciones Internacionales de la Universidad Di Tella y miembro del Club Político Argentino.
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Brasil promove diálogo entre Chávez e EUA
Contatos, sob discussão, visam desarmar tensão criada pelo incremento do uso de bases na Colômbia por americanos
Governo Lula deu início a intermediação junto ao líder venezuelano e a Jim Jones, assessor da Casa Branca que esteve em Brasília há 4 dias
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O governo brasileiro está servindo de intermediário para um contato direto entre o presidente venezuelano Hugo Chávez e autoridades americanas, na tentativa de desarmar a crise surgida em decorrência do novo acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos para o uso de bases colombianas por militares americanos.
O acordo levou Chávez a congelar as relações com a Colômbia pela quinta vez em seus dez anos de governo. O Brasil entrou como bombeiro, durante a visita que Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez a Chávez na última segunda-feira.
Marco Aurélio encontrou Chávez "muito incomodado" com a situação. Na verdade, deu a impressão de estar menos incomodado com as bases e mais com o que considera retórica agressiva contra a Venezuela por parte de autoridades colombianas e americanas.
Foi a brecha para que Marco Aurélio sugerisse um contato direto com Washington. Chávez resmungou, resmungou, disse que ele não tomaria a iniciativa, mas que, se o Brasil tomasse, ele aceitaria.
Marco Aurélio transmitiu a proposta a Jim Jones, o assessor de Segurança Nacional do presidente Barack Obama, com quem o brasileiro tem mantido contatos frequentes e bastante francos.
Jones limitou-se a dizer que achava "muito interessante" a proposta, mas deixou claro que precisava, antes de aceitá-la, conversar com seus superiores hierárquicos na Casa Branca e no Departamento de Estado.
Queixas
As conversas de Jim Jones com autoridades brasileiras (além de Marco Aurélio, ele esteve também com os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, e Nelson Jobim, da Defesa) serviram para que os brasileiros se queixassem, em primeiro lugar, da maneira como fora conduzida a informação sobre o novo acordo com a Colômbia.
Mas serviram também para expor um ponto de vista que foi muito pouco explorado no noticiário após os encontros: a grande preocupação do Brasil é com a Amazônia, "uma questão delicada para o Brasil, ainda mais ante as frequentes conversas sobre a internacionalização da floresta", como disse Marco Aurélio Garcia.
A Amazônia se estende também pelo território colombiano e, portanto, fica diretamente ao alcance das bases que militares americanos utilizarão.
Numa evidência adicional de quanto o Brasil busca preservar o bom relacionamento com os Estados Unidos, especialmente agora com Obama na Presidência, Marco Aurélio fez questão de dizer que não dá para pensar apenas em termos dos atuais governos, em Washington e Bogotá, mas dos futuros, que poderiam ter planos mais agressivos.
Jones aceitou que houvera um falha de comunicação. Ainda assim, defendeu o acordo com toda a firmeza.
No dia seguinte (a última quinta-feira), foi a vez de ouvir de Álvaro Uribe, o presidente colombiano, o mesmo ressentimento, em relação tanto a Chávez como ao equatoriano Rafael Correa, que Chávez transmitira dias antes ao enviado especial de Lula.
Resposta do lado brasileiro: "Não estamos aqui como advogados de Correa ou de Chávez, mas você precisa entender que foi criada, para o Brasil, uma situação muito ruim".
Como já foi informado, Uribe não atendeu ao apelo de Lula para comparecer à reunião da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), marcada para amanhã em Quito.
O governo brasileiro entendeu. "É complicado comparecer a uma reunião na capital de um país com o qual a Colômbia não mantém relações diplomáticas", diz Marco Aurélio.
O Equador rompeu relações com a Colômbia depois que foi bombardeada em território equatoriano uma base das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Consequência da recusa de Uribe: a reunião da Unasul ficou bastante esvaziada, pelo menos se vingar o sentimento do governo brasileiro, eterno bombeiro em todas as questões regionais. Serviria apenas para a transmissão formal da presidência de turno do Chile para o Equador.
Como fica, então, a crise das bases? No que depender do governo brasileiro, é esperar baixar a poeira para depois retomar iniciativas bilaterais e/ou multilaterais em busca de acordos. A primeira conversa bilateral com um dos atores da crise, o venezuelano Chávez, só se dará no fim do mês (no próximo dia 28, exatamente), o que indica que há um excesso de poeira no ar e, por extensão, se necessita um certo tempo para que ela assente.
Contatos, sob discussão, visam desarmar tensão criada pelo incremento do uso de bases na Colômbia por americanos
Governo Lula deu início a intermediação junto ao líder venezuelano e a Jim Jones, assessor da Casa Branca que esteve em Brasília há 4 dias
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O governo brasileiro está servindo de intermediário para um contato direto entre o presidente venezuelano Hugo Chávez e autoridades americanas, na tentativa de desarmar a crise surgida em decorrência do novo acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos para o uso de bases colombianas por militares americanos.
O acordo levou Chávez a congelar as relações com a Colômbia pela quinta vez em seus dez anos de governo. O Brasil entrou como bombeiro, durante a visita que Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez a Chávez na última segunda-feira.
Marco Aurélio encontrou Chávez "muito incomodado" com a situação. Na verdade, deu a impressão de estar menos incomodado com as bases e mais com o que considera retórica agressiva contra a Venezuela por parte de autoridades colombianas e americanas.
Foi a brecha para que Marco Aurélio sugerisse um contato direto com Washington. Chávez resmungou, resmungou, disse que ele não tomaria a iniciativa, mas que, se o Brasil tomasse, ele aceitaria.
Marco Aurélio transmitiu a proposta a Jim Jones, o assessor de Segurança Nacional do presidente Barack Obama, com quem o brasileiro tem mantido contatos frequentes e bastante francos.
Jones limitou-se a dizer que achava "muito interessante" a proposta, mas deixou claro que precisava, antes de aceitá-la, conversar com seus superiores hierárquicos na Casa Branca e no Departamento de Estado.
Queixas
As conversas de Jim Jones com autoridades brasileiras (além de Marco Aurélio, ele esteve também com os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, e Nelson Jobim, da Defesa) serviram para que os brasileiros se queixassem, em primeiro lugar, da maneira como fora conduzida a informação sobre o novo acordo com a Colômbia.
Mas serviram também para expor um ponto de vista que foi muito pouco explorado no noticiário após os encontros: a grande preocupação do Brasil é com a Amazônia, "uma questão delicada para o Brasil, ainda mais ante as frequentes conversas sobre a internacionalização da floresta", como disse Marco Aurélio Garcia.
A Amazônia se estende também pelo território colombiano e, portanto, fica diretamente ao alcance das bases que militares americanos utilizarão.
Numa evidência adicional de quanto o Brasil busca preservar o bom relacionamento com os Estados Unidos, especialmente agora com Obama na Presidência, Marco Aurélio fez questão de dizer que não dá para pensar apenas em termos dos atuais governos, em Washington e Bogotá, mas dos futuros, que poderiam ter planos mais agressivos.
Jones aceitou que houvera um falha de comunicação. Ainda assim, defendeu o acordo com toda a firmeza.
No dia seguinte (a última quinta-feira), foi a vez de ouvir de Álvaro Uribe, o presidente colombiano, o mesmo ressentimento, em relação tanto a Chávez como ao equatoriano Rafael Correa, que Chávez transmitira dias antes ao enviado especial de Lula.
Resposta do lado brasileiro: "Não estamos aqui como advogados de Correa ou de Chávez, mas você precisa entender que foi criada, para o Brasil, uma situação muito ruim".
Como já foi informado, Uribe não atendeu ao apelo de Lula para comparecer à reunião da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), marcada para amanhã em Quito.
O governo brasileiro entendeu. "É complicado comparecer a uma reunião na capital de um país com o qual a Colômbia não mantém relações diplomáticas", diz Marco Aurélio.
O Equador rompeu relações com a Colômbia depois que foi bombardeada em território equatoriano uma base das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Consequência da recusa de Uribe: a reunião da Unasul ficou bastante esvaziada, pelo menos se vingar o sentimento do governo brasileiro, eterno bombeiro em todas as questões regionais. Serviria apenas para a transmissão formal da presidência de turno do Chile para o Equador.
Como fica, então, a crise das bases? No que depender do governo brasileiro, é esperar baixar a poeira para depois retomar iniciativas bilaterais e/ou multilaterais em busca de acordos. A primeira conversa bilateral com um dos atores da crise, o venezuelano Chávez, só se dará no fim do mês (no próximo dia 28, exatamente), o que indica que há um excesso de poeira no ar e, por extensão, se necessita um certo tempo para que ela assente.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
ANÁLISE
Com presença na Colômbia, EUA visam rotas do petróleo
Aumento da presença militar no país aliado segue roteiro gestado há pelo menos cinco anos, ainda sob Bush; estratégia altera cenário de segurança na Amazônia
LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O projeto de instalar e ampliar as instalações militares dos EUA no território da Colômbia foi elaborado durante o governo do presidente George W. Bush, diante da perspectiva de fechamento da Forward Operating Location (FOL), isto é, da base militar instalada em Manta, no Equador, previsto para 2009.
Desde que o presidente Rafael Correa anunciou que não renovaria o acordo com os EUA, o Comando Sul das Forças Armadas americanas passou a excogitar a transferência da FOL, instalada em Manta, para a base aérea de Palanquero, em Puerto Salgar, cerca de 190 km ao norte de Bogotá.
Essa base aérea pode albergar mais de 2.000 homens e possui uma série de radares, além de cassinos, restaurantes, supermercados, hospital e teatro. E a pista do aeroporto, a mais longa da Colômbia, tem 3.500 metros de longitude, 600 metros maior que a de Manta, e permite a partida simultânea de até três aviões.
Os EUA terão assim um ponto de apoio, no centro da Colômbia, ainda melhor que o de Manta, com o Forward Operating Location, com a instalação de três bases militares nas localidades de Malambo, na costa do Caribe, Palanquero, próxima a Bogotá, e de Apiay, na Amazônia, na região fronteiriça com o Brasil e conhecida como Cabeça de Cachorro.
Novo componente
Em 2004, com a Iniciativa Andina Antidrogas, Bush já havia expandido o Plano Colômbia como um dos aspectos da estratégia dos EUA para assegurar sua presença militar na América do Sul e, em particular, na Amazônia. E o Congresso americano aprovou a duplicação do número de soldados estacionados na Colômbia, que subiu de 400 para 800; o de mercenários (ex-militares) empregados pelas companhias militares, mediante as quais o Pentágono terceiriza as funções militares, aumentou de 400 para 600.
Esses militares e mercenários americanos adestram e apoiam os cerca de 17 mil soldados que executaram o Plano Patriota, ampla ofensiva de contrainsurgência nas selvas no sul da Colômbia. Com razão, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, em sua obra "Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes", apontou "a crescente presença de assessores militares americanos e a venda de equipamentos sofisticados às Forças Armadas colombianas, pretensamente para apoiar os programas de erradicação das drogas, mas que podem ser, fácil e eventualmente, utilizados no combate às Farc e ao ELN", como um componente relativamente novo na questão de segurança da Amazônia.
Embora o governo dos EUA apresente o combate ao narcotráfico e ao terrorismo para justificar a concessão anual de US$ 700 milhões à Colômbia, a maior parte como assistência militar, um dos seus principais objetivos é proteger os oleodutos, sobretudo o de Caño Limón, já explodido cerca de 79 vezes, a fim de assegurar os suprimentos futuros de petróleo e inspirar confiança aos investidores estrangeiros.
É nessa região, a do oleoduto de Caño Limón, operado pela Occidental Petroleum e pela Royal Dutch/Shell, em Arauca, onde se concentra a maior parte dos assessores militares dos EUA e ocorrem as maiores violações de direitos humanos.
Militarização
Em 2009, a ajuda militar concedida à Colômbia, desde 2004, deve alcançar os US$ 3,3 bilhões. E assim, com os recursos dos EUA, o Exército da Colômbia se tornou o maior e o mais bem equipado, relativamente, da América do Sul. Com população de 44 milhões de habitantes, a Colômbia possui um contingente militar de cerca de 208,6 mil efetivos, enquanto o Brasil, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados e mais de 190 milhões de habitantes, tem um contingente de somente 287.870, e a Argentina, com 40 milhões de habitantes e um território de 2,7 milhões de quilômetros quadrados, tem um efetivo de apenas 71.655.
A Colômbia, com um PIB de US$ 320,4 bilhões (2007 est.), de acordo com a paridade do poder de compra, destina 3,8% aos gastos militares, enquanto o Brasil, cujo PIB é de US$ 1,838 trilhões (2007 est.), gasta apenas 1,5%, e a Argentina, com um PIB de US$ 523,7 bilhões (2007 est.), gasta apenas 1,1%.
Em 2005, o Congresso estipulou para a região uma ajuda econômica de US$ 9,2 milhões e cerca de US$ 859,6 milhões para assistência militar. Entretanto, desde o lançamento do Plano Colômbia, no ano 2000, o Exército colombiano recebeu US$ 4,35 bilhões para combater as guerrilhas, e os soldados e policiais cometeram crescente número de assassinatos e abusos de direitos humanos -durante um período de cinco anos, que terminou em junho de 2006, o número de execuções extrajudiciais aumentou em mais de 50% em relação ao período anterior.
LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA é cientista político, professor titular (aposentado) da Universidade de Brasília e autor de várias obras, entre as quais "Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque)".
Com presença na Colômbia, EUA visam rotas do petróleo
Aumento da presença militar no país aliado segue roteiro gestado há pelo menos cinco anos, ainda sob Bush; estratégia altera cenário de segurança na Amazônia
LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O projeto de instalar e ampliar as instalações militares dos EUA no território da Colômbia foi elaborado durante o governo do presidente George W. Bush, diante da perspectiva de fechamento da Forward Operating Location (FOL), isto é, da base militar instalada em Manta, no Equador, previsto para 2009.
Desde que o presidente Rafael Correa anunciou que não renovaria o acordo com os EUA, o Comando Sul das Forças Armadas americanas passou a excogitar a transferência da FOL, instalada em Manta, para a base aérea de Palanquero, em Puerto Salgar, cerca de 190 km ao norte de Bogotá.
Essa base aérea pode albergar mais de 2.000 homens e possui uma série de radares, além de cassinos, restaurantes, supermercados, hospital e teatro. E a pista do aeroporto, a mais longa da Colômbia, tem 3.500 metros de longitude, 600 metros maior que a de Manta, e permite a partida simultânea de até três aviões.
Os EUA terão assim um ponto de apoio, no centro da Colômbia, ainda melhor que o de Manta, com o Forward Operating Location, com a instalação de três bases militares nas localidades de Malambo, na costa do Caribe, Palanquero, próxima a Bogotá, e de Apiay, na Amazônia, na região fronteiriça com o Brasil e conhecida como Cabeça de Cachorro.
Novo componente
Em 2004, com a Iniciativa Andina Antidrogas, Bush já havia expandido o Plano Colômbia como um dos aspectos da estratégia dos EUA para assegurar sua presença militar na América do Sul e, em particular, na Amazônia. E o Congresso americano aprovou a duplicação do número de soldados estacionados na Colômbia, que subiu de 400 para 800; o de mercenários (ex-militares) empregados pelas companhias militares, mediante as quais o Pentágono terceiriza as funções militares, aumentou de 400 para 600.
Esses militares e mercenários americanos adestram e apoiam os cerca de 17 mil soldados que executaram o Plano Patriota, ampla ofensiva de contrainsurgência nas selvas no sul da Colômbia. Com razão, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, em sua obra "Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes", apontou "a crescente presença de assessores militares americanos e a venda de equipamentos sofisticados às Forças Armadas colombianas, pretensamente para apoiar os programas de erradicação das drogas, mas que podem ser, fácil e eventualmente, utilizados no combate às Farc e ao ELN", como um componente relativamente novo na questão de segurança da Amazônia.
Embora o governo dos EUA apresente o combate ao narcotráfico e ao terrorismo para justificar a concessão anual de US$ 700 milhões à Colômbia, a maior parte como assistência militar, um dos seus principais objetivos é proteger os oleodutos, sobretudo o de Caño Limón, já explodido cerca de 79 vezes, a fim de assegurar os suprimentos futuros de petróleo e inspirar confiança aos investidores estrangeiros.
É nessa região, a do oleoduto de Caño Limón, operado pela Occidental Petroleum e pela Royal Dutch/Shell, em Arauca, onde se concentra a maior parte dos assessores militares dos EUA e ocorrem as maiores violações de direitos humanos.
Militarização
Em 2009, a ajuda militar concedida à Colômbia, desde 2004, deve alcançar os US$ 3,3 bilhões. E assim, com os recursos dos EUA, o Exército da Colômbia se tornou o maior e o mais bem equipado, relativamente, da América do Sul. Com população de 44 milhões de habitantes, a Colômbia possui um contingente militar de cerca de 208,6 mil efetivos, enquanto o Brasil, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados e mais de 190 milhões de habitantes, tem um contingente de somente 287.870, e a Argentina, com 40 milhões de habitantes e um território de 2,7 milhões de quilômetros quadrados, tem um efetivo de apenas 71.655.
A Colômbia, com um PIB de US$ 320,4 bilhões (2007 est.), de acordo com a paridade do poder de compra, destina 3,8% aos gastos militares, enquanto o Brasil, cujo PIB é de US$ 1,838 trilhões (2007 est.), gasta apenas 1,5%, e a Argentina, com um PIB de US$ 523,7 bilhões (2007 est.), gasta apenas 1,1%.
Em 2005, o Congresso estipulou para a região uma ajuda econômica de US$ 9,2 milhões e cerca de US$ 859,6 milhões para assistência militar. Entretanto, desde o lançamento do Plano Colômbia, no ano 2000, o Exército colombiano recebeu US$ 4,35 bilhões para combater as guerrilhas, e os soldados e policiais cometeram crescente número de assassinatos e abusos de direitos humanos -durante um período de cinco anos, que terminou em junho de 2006, o número de execuções extrajudiciais aumentou em mais de 50% em relação ao período anterior.
LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA é cientista político, professor titular (aposentado) da Universidade de Brasília e autor de várias obras, entre as quais "Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque)".
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
Pois é, como será que ficam agora o acordo Brasil-Colômbia de compartilhamento do espaço aéreo de até 50kms, para o combate ao narcotráfico e à guerrilha, bem como a participação Colombiana no KC-390???????
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Re: Estados Unidos busca nuevas bases en la región
'Foi um grande erro de relações públicas dos EUA'
BRUCE MIROFF
Bruce Miroff é um dos mais respeitados cientistas políticos dos EUA. Foi presidente do Grupo de Pesquisas Presidenciais da Associação Americana de Ciência Política, e acompanha com atenção o governo dos EUA. Para ele, os Estados Unidos cometeram um grande erro de relações públicas no caso das bases colombianas. Visitando o Brasil, amanhã fará uma palestra na sede da Firjan sobre o governo Obama.
Renato Galeno
O principal tema da campanha de Obama foi mudança. Já é possível dizer que a política externa dos EUA está mudando?
BRUCE MIROFF: Obama chegou ao poder tendo como pano de fundo a política externa de Bush, que foi mal recebida em todo o mundo, e também nos EUA, após a guerra no Iraque se descontrolar. Entrou prometendo uma nova atitude, com maior ênfase em diplomacia, uma menor disposição de usar a força militar, e prometendo conversar com qualquer país, mesmo que percebido como adversário dos EUA. O comportamento de Obama na Cúpula das Américas chamou a atenção. Apertou a mão de Chávez, disse que chegava ali para escutar - não para ditar - o que a América Latina tinha a dizer. E os EUA condenaram o golpe em Honduras. Há uma sensação de mudança. Ainda que eu saiba que aqui no Brasil há grande expectativa e preocupação com este acordo das bases colombianas.
Qual a importância, para os EUA, das operações militares contra drogas na Colômbia?
MIROFF: Não quero soar como um defensor do governo americano. Acho que é compreensível que os latino-americanos, olhando para a história de intervenções militares do passado, fiquem preocupados. Mas acho que não há um grande afastamento da atual política americana, e não é algo que deveria alarmar os países latino-americanos. Como disse o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, James Jones, é uma continuação da guerra contra as drogas. Como um acadêmico, não vejo uma razão pela qual os EUA deveriam ter algum interesse maior em ter militares interferindo na América Latina. Não faz sentido para mim.
O próprio general James Jones disse que foi um erro os EUA não terem discutido a questão antes do acordo. O senhor concorda?
MIROFF: Totalmente. Acho que não houve a intenção de mudar uma política americana, pois teria sido um desvio chocante da retórica de Obama de boa vontade e cooperação. Governos por vezes fazem esse tipo de mancada. Fazem negociações secretas, neste caso militares, e não pensam como a opinião pública vai reagir. Foi um grande erro de relações públicas da parte dos EUA. Mas não acho que seja uma ação militarmente ameaçadora que deveria alarmar os governos da América Latina.
BRUCE MIROFF
Bruce Miroff é um dos mais respeitados cientistas políticos dos EUA. Foi presidente do Grupo de Pesquisas Presidenciais da Associação Americana de Ciência Política, e acompanha com atenção o governo dos EUA. Para ele, os Estados Unidos cometeram um grande erro de relações públicas no caso das bases colombianas. Visitando o Brasil, amanhã fará uma palestra na sede da Firjan sobre o governo Obama.
Renato Galeno
O principal tema da campanha de Obama foi mudança. Já é possível dizer que a política externa dos EUA está mudando?
BRUCE MIROFF: Obama chegou ao poder tendo como pano de fundo a política externa de Bush, que foi mal recebida em todo o mundo, e também nos EUA, após a guerra no Iraque se descontrolar. Entrou prometendo uma nova atitude, com maior ênfase em diplomacia, uma menor disposição de usar a força militar, e prometendo conversar com qualquer país, mesmo que percebido como adversário dos EUA. O comportamento de Obama na Cúpula das Américas chamou a atenção. Apertou a mão de Chávez, disse que chegava ali para escutar - não para ditar - o que a América Latina tinha a dizer. E os EUA condenaram o golpe em Honduras. Há uma sensação de mudança. Ainda que eu saiba que aqui no Brasil há grande expectativa e preocupação com este acordo das bases colombianas.
Qual a importância, para os EUA, das operações militares contra drogas na Colômbia?
MIROFF: Não quero soar como um defensor do governo americano. Acho que é compreensível que os latino-americanos, olhando para a história de intervenções militares do passado, fiquem preocupados. Mas acho que não há um grande afastamento da atual política americana, e não é algo que deveria alarmar os países latino-americanos. Como disse o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, James Jones, é uma continuação da guerra contra as drogas. Como um acadêmico, não vejo uma razão pela qual os EUA deveriam ter algum interesse maior em ter militares interferindo na América Latina. Não faz sentido para mim.
O próprio general James Jones disse que foi um erro os EUA não terem discutido a questão antes do acordo. O senhor concorda?
MIROFF: Totalmente. Acho que não houve a intenção de mudar uma política americana, pois teria sido um desvio chocante da retórica de Obama de boa vontade e cooperação. Governos por vezes fazem esse tipo de mancada. Fazem negociações secretas, neste caso militares, e não pensam como a opinião pública vai reagir. Foi um grande erro de relações públicas da parte dos EUA. Mas não acho que seja uma ação militarmente ameaçadora que deveria alarmar os governos da América Latina.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco