Um submarino com AIP é inimaginavelmente mais silencioso que um submarino convencional.
Poderiamos andar a brincar com as palavras indefinidamente.
Um submarino como o U-212 já andou mais de 15 dias submerso e durante esse período navegou do norte da Alemanha ao sul da Espanha. Essa viagem foi feita sem recurso à utilização de motores a Diesel, sem chegar à profundidade de Snorkel.
Nenhum submarino convencional poderia ter feito isso, se uma marinha minimamente equipada estivesse à escuta.
O resto como se costuma dizer são «Sound Bytes».
Um submarino nuclear de ataque francês da classe Rubis tem um deslocamento de 2.600 toneladas e uma tripulação de 70 homens. Um U-214 como os que Portugal adquiriu tem um deslocamento máximo ligeiramente superior a 2000 toneladas e uma tripulação de 32.
O problema principal, é a velocidade e o espaço que durante os 45 dias que o navio pode andar numa missão poderá percorrer.
Por isso o Submarino Nuclear de Ataque é uma arma ofensiva. Os franceses destinam-se a atacar os russos, os russos destinam-se a atacar os americanos, os chineses destinam-se a atacar os americanos os britânicos destinam-se a atacar os russos, os americanos destinam-se a atacar chineses e russos.
Nenhum país tem submarinos nucleares de ataque sem ter um objectivo claro e definido.
Toda e qualquer arma comprada por um país tem forçosamente que ter um objectivo, um alvo, um cenário em que a sua utilidade seja clara e onde possa ser utilizada com vantagem.
leandroGcard escreveu:Pt, o Brasil fica longe às pampas de tudo
Então para que serve um submarino cuja principal função é atingir um potêncial inimigo a milhares de km de distância ?
É preciso ver que eu não estou nem contra nem a favor de coisa nenhuma.
Apenas afirmo que no caso brasileiro, o programa do submarino nuclear não tem qualquer utilidade militar.
É uma forma de afirmação política, como disseram alguns políticos em Brasilia.
Os mesmos que acham que o Brasil deve ter armas atómicas para poder rebentar com os americanos.
Esta é a realidade da América do Sul. Os EUA geraram energias negativas e provavelmente os americanos são responsáveis por ela. Mas o contribuinte vai acabar pagando por uma arma que será inútil e que só é justificada com o enfrentamento à potência dominante, sabendo-se que nunca será capaz de a enfrentar.
Nós morreremos todos antes que os Estados Unidos deixem de ser a super-potência naval do planeta.
Não vai ser um, dois ou três submarinos que o Brasil tenha que garantirão o que quer que seja perante os Estados Unidos.
Esse tipo de atitude chama-se de «bravata».
E claro, quando e o contribuinte a pagar, não há problema nenhum...
Há um problema de custo/benefício nesse programa de submarino nuclear como já tenho dito algumas vezes.
Todos os países que têm submarinos nucleares de ataque desenvolveram uma industria que tinha como função principal sustentar uma força maior ou menor de submarinos de mísseis balísticos.
Todos os países com submarinos nucleares de ataque têm submarinos de mísseis balísticos que são o seu dissuasor final. Aí sim, eles são um dissuasor.
Desde há quase meio século que nenhum país gastou dinheiro para construir submarinos nucleares sem ser para também manter mísseis nucleares debaixo de água.
A única excepção é a India, que vai comprar dois submarinos à Russia.
Há coisas que fazem sentido do ponto de vista militar, outras que não fazem. Quando o gasto é gigantesco e o beneficio é tão pequeno que ninguém consegue inventar um cenário onde a arma possa ser utilizada com vantagem, então a arma é inutil.
E é o que acontece com o programa do submarino nuclear brasileiro.
É uma arma politica. Justifica um gasto gigantesco que acabará atrasando outros programas mesmo dentro da marinha, que esses sim são importantes para garantir as segurança da região do oceano próxima da costa brasileira.
E isto já aconteceu. A História está-se a repetir.
No inicio do século XX, a compra dos dois couraçados Minas Geraes e São Paulo, condenaram a marinha do Brasil a décadas de seca, em que praticamente só tinha esse dois navios, junto com cruzadores pré-históricos.
Quando começou a II Guerra Mundial, foram os Estados Unidos que acabaram por garantir a protecção da costa brasileira. Os dois couraçados não serviram nunca para nada.
Mas provavelmente é culpa minha por dar demasiada importância à História.
Cumprimentos
Nota: Infelizmente não é possível responder a toda a gente ponto por ponto. As conversas ficam impossíveis de gerir. Por isso a solução é escrever uma ideia geral que pode complementar e explicar o raciocinio.
De outra forma as discussões tornam-se impossíveis.