Túlio escreveu:Senhores. algumas considerações:
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Em que pese a agressividade algo exagerada, bem como repetidos momentos de incompreensão/aparente antipatia entre os debatedores (a gente VENCE debate quando aprende/ensina, apenas assim), há muitas infos interessantes neste, bem como pontos dos quais eu teria sérias dúvidas.
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Lá trás foi postulado que qualquer aeronave de combate que a EMBRAER fizesse sob licença sairia mais barato e seria melhor que o AMX. Bueno, lembro que o projeto AX foi lançado - ao menos oficialmente - no final dos anos 70 (lembro de, ainda guri, acompanhar a chatíssima 'Voz do Brasil', diariamente às 19:00hs, apenas à espera de alguma notícia a respeito, e de vez em quando vinha) e pergunto (caixa alta proposital, apenas para destacar a questão, sem intenção de gritar com ninguém):
QUEM NOS LICENCIARIA UM AVIÃO DE COMBATE QUE FOSSE MELHOR QUE O AMX?
Vejamos: os EUA? Quá! Se com o peso internacional que tem a Democracia chamada Brasil (combinada com a decadência deles) HOJE as restrições são imensas, que tale um governo militar nos anos 70? Nos deixariam fazer quantos Skyhawks quiséssemos, só para 'desestabilizar o equilíbrio militar do backyard'? Necas! E mesmo que o fizessem, faríamos o quê? A fuselagem (parte dela, eu diria) e alguns parafusos e rebites, no máximo. E na hora de fabricar quantos quiséssemos? 'Ah não, vamos vender turbinas para no máximo cinqüenta aviões para não desequilibrar muito as kôzaz...' Lembrem dos anos OITENTA, precisávamos substituir os Sidewinder 'bravo', queríamos 'lima', levamos P4 ('bravo garibado') e olhe lá...
Ah, e a França? Bueno, hoje estão nessa de santinhos mas sempre foram - e isso no mínimo - tão restritivos quanto os EUA. Como (e por quê) foi que os Israelenses começaram a fazer cópias dos Mirage propelidas por J79? O Governo Francês liberou geral? Qualews, os irmãos Dassault (aka Bloch, Judeus) poderiam responder melhor a esta questão, citando uma certa filial na Suíça, que também usava Mirage III...
Inglaterra: Harrier/Tornado? Na época? NEM DE PRATELEIRA!!! (Talvez se já tivéssemos descoberto os campos e possuindo a tecnologia de extração no Pré-Sal aí sim, afinal, os Sauditas levaram e levam o que querem, claro que OTS...).
Suécia? Nem nos consideravam dignos de receber seus aviões de combate, quanto mais desenvolver um em conjunto, afinal, éramos uma DITADURA MILITAR e eles estavam podres de ricos (lembro de uma notícia dos anos 80, T&D ou S&D, sempre confundo, quando teria havido uma sondagem pela MB, se não me engano, para comprar mísseis Penguin Noruegueses, estes ficaram muito surpresos, o Brasil sequer figurava em sua lista de
possíveis clientes)...
Sobrou alguém? Claro, os RUSSOS, mais precisamente, a URSS! Tranqüilo, nos venderiam o tipo e quantidade que quiséssemos (downgraded, claro), mesmo sendo para DIREITISTAS, que belo cutuco nos EUA, não? Mas FAZER? Sei lá, talvez MiG-21/Su-22 e mesmo assim acho brabo...
Ah, mas e o Jaguar? Anglo/Francês, negociar ToT com UM já é brabo, ainda mais com DOIS, useiros e vezeiros de fazer restrições tecnológicas, e no auge das sanções que sofre uma ditadura. Alguém acredita MESMO que algo assim poderia acontecer, a gente fazendo SEPECAT Jaguar? E em quê ele seria tão melhor assim que o AMX? Tecnologia dos anos sessenta, asinhas pequenas, específicas para penetração a baixa altura mas péssimas para 'puxar G' em dogfight (nossa realidade, à época), então sobra o quê? Capacidade supersônica apenas...
E agora, sobrou ainda alguém? Claro, a China, que desenvolvia seu Fantam, um MiG-19 com entradas de ar laterais, tecnologia dos anos cinqüenta, o 'pé-de-boi' dos 'pés-de-boi', baita ganho tecnológico...
Senhores, restou apenas a Itália, que NUNCA desenvolveu sozinha um CAÇA SUPERSÔNICO, patenteando tecnologias que poderia transferir, apenas 'garibava' aqueles F-104 lá deles mas que tinha grande expertise em aviões leves de treinamento e ataque, como o Xavante e G91, com tecnologia própria. Nos passaram o Xavante, conhecíamos os métodos de negociar com eles, onde liberavam, onde restringiam, tudo. Eles precisavam de um avião parecido com o nosso AX e não de um CAÇA, daí...
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Parece estar havendo uma confusão entre EMBRAER estatal e EMBRAER privada: um empresa do governo precisa apenas satisfazer os desejos dele, não importa se com lucro ou prejuízo; um empresa privada precisa satisfazer aos acionistas, e aí TEM QUE DAR LUCRO! Lembro que o governo militar chegava a parecer COMUNA de tão estatista que era, mal engatinhávamos (se é que o fazíamos) em conceitos como controle de qualidade, eficiência gerencial, controle de custos & quetales...
Então, o AMX nasceu sob um conceito de 'encomenda do governo', para capacitar a EMBRAER a futuramente desenvolver jatos modernos e NÃO para dar lucros com exportações - se bem que isto também estivesse no escopo, afinal, éramos grandes exportadores de material bélico 'pé-de-boi' e a supradita aeronave era uma espécie de 'pé-de-boi' de luxo...
Daí veio a privatização com o programa em pleno andamento, ao mesmo tempo em que o governo, com os eternos problemas de caixa (curiosamente sempre envolvendo a Defesa em primeiro lugar), reduzia as encomendas (originalmente 79 com possibilidades de ir a 98) para cerca de meia centena, e agora não se tratava mais de fazer o que o governo quer e fim, tratava-se sim de mostrar resultados aos acionistas. Bueno, pegou-se o que se havia aprendido com o AMX (asas com flaps de hipersustentação, por exemplo), juntou-se a uma fuselagem alongada e mexida de Brasília EMB-120 e se chegou ao ERJ-145, o que trouxe de volta o sorriso aos rostos dos acionistas, e daí se foi em diante, ERJ-170/190 e futuramente (não adianta negar, é o próximo passo lógico, eu diria que algo prejudicado pela Grande Crise) um concorrente para os 737, além do KC-390...
Cansei, depois vem mais...
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