ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Leandro, vc sabe as implicações do Brasil possuir um programa espacial completo.
Além disso, aconteceria a perda, por outras potências, de um naco grande de recursos que viriam para o Brasil.
As ONG que defendem na justiça os quilombolas, muitas delas são financiadas do exterior...
Paro por aqui.
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"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
REUNIÃO CANCELADA
Foi cancelado ontem pela Casa Civil, meia hora antes de seu início, o encontro entre a ministra Dilma Rousseff e vários ministérios para definir os próximos passos do projeto de lançamentos de foguetes do consórcio Brasil-Ucrânia em Alcântara. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar da discussão - em um dia ainda não definido, na primeira metade de junho. No encontro, o diretor brasileiro do consórcio Alcantara Cyclone System, Roberto Amaral, apresentará os planos de trabalho da empresa, que pretende lançar pelo menos seis foguetes em 2011.
Foi cancelado ontem pela Casa Civil, meia hora antes de seu início, o encontro entre a ministra Dilma Rousseff e vários ministérios para definir os próximos passos do projeto de lançamentos de foguetes do consórcio Brasil-Ucrânia em Alcântara. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar da discussão - em um dia ainda não definido, na primeira metade de junho. No encontro, o diretor brasileiro do consórcio Alcantara Cyclone System, Roberto Amaral, apresentará os planos de trabalho da empresa, que pretende lançar pelo menos seis foguetes em 2011.
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Pois é amigo Marino, veja que cenário engraçado é montado com seus dois últimos posts.
O Brasil não pode enfrentar as pressões internacionais contra o desenvolvimento de seu próprio programa espacial, advindas do fato dele contrariar os interesses das potências estrangeiras. Mas pode viabilizar o lançamento de foguetes ucranianos fora do guarda-chuva das empresas americanas, o que em princípio contraria exatamente os mesmos interesses? A Ucrânia com certeza não faz parte do grupo de países que chamamos de potências espaciais, só tem uma fábrica de foguetes herdada da era soviética que estão tentando manter com dificuldade, e estamos dando uma grande ajuda fornecendo um bom local de decolagem e centenas de milhões de dólares em investimento na infra-estrutura que permita os lançamentos. Podemos enfrentar o mundo (e gastar dinheiro) em defesa dos interesses dos outros, mas não dos nossos próprios?
Sinceramente não acredito que o problema seja por aí. É claro que se alguém (do nosso governo, da imprensa, etc...) for perguntar em off a alguma autoridade das potências espaciais se eles gostariam que tivéssemos um programa espacial a resposta seria um sonoro não, mas duvido muito que exista alguma forma ativa de pressão contra isso. No máximo eles não vendem (ou vendem e não entregam) tecnologia que possamos aproveitar nos nossos foguetes, mas isto não impediu a India, a Coréia do Norte, o Irã, etc..., porque deveria nos impedir?
Na minha opinião o que acontece é que a sociedade e o governo brasileiros simplesmente não compreendem nem o programa espacial em si nem os benefícios tecnológicos, econômicos e geopolíticos que podem advir dele, e percebem a tecnologia espacial como algo por demais teórico, avançado e inatingível para nosso país. Por isso as constantes reclamações com relação à falta de transferência de tecnologia e a ânsia por parcerias internacionais para "viabilizar" o programa. Esta visão está muito errada, a tecnologia de construção de foguetes foi plenamente dominada na década de 60 do século passado e a base tecnológica do Brasil hoje já está muito acima deste nível. Um país que desenvolve reatores nucleares para submarinos não precisa temer a complexidade da tecnologia espacial. Mas devido a circunstâncias históricas o programa espacial brasileiro sempre teve um aspecto demasiadamente acadêmico, e isto impediu que as pessoas diretamente responsáveis por ele desmistificassem esta falsa impressão. O resultado é que acontecem estes absurdos que temos visto, desde as os atrasos de anos causados pelas falhas nas tentativas de lançamento do VLS até quilombolas tomando o terreno do que poderia ser uma das mais importantes bases espaciais do mundo.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
O Brasil não pode enfrentar as pressões internacionais contra o desenvolvimento de seu próprio programa espacial, advindas do fato dele contrariar os interesses das potências estrangeiras. Mas pode viabilizar o lançamento de foguetes ucranianos fora do guarda-chuva das empresas americanas, o que em princípio contraria exatamente os mesmos interesses? A Ucrânia com certeza não faz parte do grupo de países que chamamos de potências espaciais, só tem uma fábrica de foguetes herdada da era soviética que estão tentando manter com dificuldade, e estamos dando uma grande ajuda fornecendo um bom local de decolagem e centenas de milhões de dólares em investimento na infra-estrutura que permita os lançamentos. Podemos enfrentar o mundo (e gastar dinheiro) em defesa dos interesses dos outros, mas não dos nossos próprios?
Sinceramente não acredito que o problema seja por aí. É claro que se alguém (do nosso governo, da imprensa, etc...) for perguntar em off a alguma autoridade das potências espaciais se eles gostariam que tivéssemos um programa espacial a resposta seria um sonoro não, mas duvido muito que exista alguma forma ativa de pressão contra isso. No máximo eles não vendem (ou vendem e não entregam) tecnologia que possamos aproveitar nos nossos foguetes, mas isto não impediu a India, a Coréia do Norte, o Irã, etc..., porque deveria nos impedir?
Na minha opinião o que acontece é que a sociedade e o governo brasileiros simplesmente não compreendem nem o programa espacial em si nem os benefícios tecnológicos, econômicos e geopolíticos que podem advir dele, e percebem a tecnologia espacial como algo por demais teórico, avançado e inatingível para nosso país. Por isso as constantes reclamações com relação à falta de transferência de tecnologia e a ânsia por parcerias internacionais para "viabilizar" o programa. Esta visão está muito errada, a tecnologia de construção de foguetes foi plenamente dominada na década de 60 do século passado e a base tecnológica do Brasil hoje já está muito acima deste nível. Um país que desenvolve reatores nucleares para submarinos não precisa temer a complexidade da tecnologia espacial. Mas devido a circunstâncias históricas o programa espacial brasileiro sempre teve um aspecto demasiadamente acadêmico, e isto impediu que as pessoas diretamente responsáveis por ele desmistificassem esta falsa impressão. O resultado é que acontecem estes absurdos que temos visto, desde as os atrasos de anos causados pelas falhas nas tentativas de lançamento do VLS até quilombolas tomando o terreno do que poderia ser uma das mais importantes bases espaciais do mundo.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Editado pela última vez por LeandroGCard em Qui Jun 11, 2009 8:59 am, em um total de 1 vez.
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
basta uma política governamental e recursos que as coisas andam
Nem petista, nem tucano, sou nacionalista!
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Acho que infelizmente não é tão simples. É claro que com mais dinheiro as coisas andariam mais depressa, mas para onde? Para o beco sem saída do VLS? Eu acredito sinceramente que com o dinheiro já gasto teria sido possível conseguir resultados melhores há muito mais tempo, se houvesse uma direção definida para o programa e objetivos claros a alcançar.joaozinho escreveu:basta uma política governamental e recursos que as coisas andam
Com relação à política governamental, qual seria ela? Quem do governo poderia definir uma sequência adequada e viável de atividades espaciais para a AEB, se não se sabe sequer onde o país deseja chegar neste campo? Queremos dominar a tecnologia de mísseis de grande porte? Queremos mostrar a eventuais parceiros tecnológicos e comerciais que nossa competência aeroespacial não se restringe à montagem de aviões pela Embraer? Queremos lançar pequenos satélites de pesquisa? Queremos ter a auto-suficiência no lançamento de qualquer tipo de satélite ou carga espacial que desejarmos? Queremos disputar o mercado comercial de lançamentos espaciais? Queremos mostrar ao mundo que somos uma potência tecnológica lançando homens ao espaço, quem sabe levar astronautas à ISS ou até lançar nossa própria estação espacial? Para quê queremos um programa espacial afinal?
Hoje o programa ainda persegue o mesmo objetivo de 30 anos atrás, mostrar que dominamos a tecnologia de motores de combustível sólido de médio porte lançando o maior foguete que se pode construir com eles. E depois melhorar um pouco este foguete substituindo seus estágios superiores por um estágio de combustível líquido. Como o foguete resultante será capaz de lançar apenas cargas limitadas (menos de 1 ton) e terá um grande nível de complexidade (e consequentemente alta possibilidade de falha), ele não só não permitirá que nosso país lance satélites realmente aplicativos (os CERBS-1/2 por exemplo pesam 1450 Kg, e o CERBS-3/4 pesam 2000 Kg) como muito dificilmente terá aplicação comercial.
A solução "genial" do governo para o problema foi montar uma parceria com os ucranianos, onde simplesmente compraremos o foguete pronto, para lançamento à partir da base de Alcântara. Não vejo muita diferença entre isso e comprar logo o lançamento de uma empresa como a Arianespace, exceto os custos a mais de se construir a base de lançamento e os riscos maiores da falta de experiência que eles já tem. Alguns dirão, "Ah, mas estaremos aprendendo a lançar foguetes de grande porte!". Só que a diferença entre saber desenvolver e construir foguetes ou apenas lançá-los é a mesma que entre saber construir um carro ou apenas dirigir. Se o carro não é seu, talvez seja melhor chamar logo um táxi.
Leandro G. Card
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Segunda-feira, 1 de junho de 2009
Principal > Últimas Notícias > Ensaios Funcional do Atuadores de Separação do 1º e 2º Estágios do VLS – 1ª fase
01/06/2009
Ensaios Funcional do Atuadores de Separação do 1º e 2º Estágios do VLS – 1ª fase
Os ensaios para qualificação do Sistema de Separação do 1º e 2º estágios do VLS foram especificados e divididos para ocorrer em 3 Fases distintas. A 1ª Fase de Ensaios foi encerrada nesta data de 27/05/2009 (veja foto), com o Ensaio Funcional dos Atuadores do Sistema.
Nessa 1ª Fase foram realizados outros ensaios não destrutivos (sem corte pirotécnico) dos atuadores, colocando-os em condições de variação de pressão e/ou massa e temperatura, para que pudesse ser observada a influência dessas variáveis no desempenho dos mesmos, por meio dos seguintes ensaios:
- estudo da carga oca (COL) de corte dos atuadores (realizado na pirotecnia);
- ensaio de estanqueidade dos atuadores;
- ensaio de vibração dos atuadores, e
- estudo da variação de pressão dos atuadores mediante variação de temperatura.
Para esse Ensaio Funcional dos Atuadores foram solicitados 160 testes, mas com e realização de extras esse total foi elevado para mais de 300.
Equipe AIE participante:
Coordenador - Tecnol. Fernando Aguiar
- Téc. Dimas Donizete
- Téc..Diego
- Téc..André Leite
Fonte: IAE
abraços]
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Assim será o nosso motor de propelente líquido L75, cópia (xerox mesmo) do RD-0109 russo.
Estive lendo algumas teses do ITA, e eles realmente têm tudo sobre este motor, tudo mesmo. Como o projeto é da década de 50, os russos não devem ter achado nenhum problema em forncer dados técnicos de todos os tipos sobre o motor.
Em alguns casos, foram copiados os injetores para testes a frio, obtendo bons resultados.
De tudo o que eu pude ver até agora, parece que o IAE tem um motor RD-0109 em suas dependências e tem testado a frio separadamente alguns de seus componentes, como injetores, ignitores e a própria turbina em bancadas especiais para coleta de dados.
O motor RD-0109 foi usado nos foguetes Vostok, da família dos mísseis R-7.
abraços]
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Pois é, o que me deixa curioso é porque não copiamos logo também o RD107/108, que é da mesma época, e ficamos com motores para fazer praticamente qualquer lançador que quisermos? Mesmo que os russos não liberem de graça duvido que cobrassem muito por isso, afinal é um motor velho mesmo (mas não obsoleto, principalmente se for para uso em foguetes não "human rated").Brasileiro escreveu:
Assim será o nosso motor de propelente líquido L75, cópia (xerox mesmo) do RD-0109 russo.
Estive lendo algumas teses do ITA, e eles realmente têm tudo sobre este motor, tudo mesmo. Como o projeto é da década de 50, os russos não devem ter achado nenhum problema em forncer dados técnicos de todos os tipos sobre o motor.
Em alguns casos, foram copiados os injetores para testes a frio, obtendo bons resultados.
De tudo o que eu pude ver até agora, parece que o IAE tem um motor RD-0109 em suas dependências e tem testado a frio separadamente alguns de seus componentes, como injetores, ignitores e a própria turbina em bancadas especiais para coleta de dados.
O motor RD-0109 foi usado nos foguetes Vostok, da família dos mísseis R-7.
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Não vale dizer que é falta de verba, pois para montar a infra-estrutura para lançar foguetes ucranianos não está faltando dinheiro.
Leandro G. Card
Editado pela última vez por LeandroGCard em Qui Jun 11, 2009 9:06 am, em um total de 1 vez.
Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Pra começar, já tá bom d+, mesmo que seja cópia... fazer o que?!? Depois que dominarmos este, os outros virão mais fáceis.
Agora me cabe aqui reconhecer que os Russos tranferem mesmo este tipo de tecnologia. Eu pensava que não. Bem que o Leandro cansou de falar! Cabeça dura a minha. Mas também um motor dos anos 50... Mas, enfim, espero que andem rápido com esse projeto e não fiquem "estudando" o RD até 2074.
>>> Brasileiro, deixa eu te perguntar: eles tem tudo, mas tudo mesmo? Desenhos dos componentes, os parâmetros dos testes, tudo mesmo???
[]'s a todos.
Agora me cabe aqui reconhecer que os Russos tranferem mesmo este tipo de tecnologia. Eu pensava que não. Bem que o Leandro cansou de falar! Cabeça dura a minha. Mas também um motor dos anos 50... Mas, enfim, espero que andem rápido com esse projeto e não fiquem "estudando" o RD até 2074.
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Para nós é até uma vantagem que o projeto seja tão antigo, significa que ele não usa materiais e técnicas de fabricação ultra-sofisticadas que não possamos encontrar até mais avançadas em nosso país.DELTA22 escreveu:Mas também um motor dos anos 50...
Para dar uma idéia, os motores RD 107/108/109 foram utilizados nos foguetes Vostok (da família do Lançador-A), que tinha capacidade de lançar quase 5 ton LEO. Não é difícil imaginar um foguete com os mesmos motores e estrutura mais moderna e mais leve levando entre 5 e 6 ton LEO ou seja, da mesma categoria do Cyclone-4, mas usando combustíveis muito mais baratos, seguros e menos poluentes. E construído no Brasil, não na Ucrânia.
Leandro G. Card
Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
É verdade Leandro! Não tinha pensado por este lado. Isso ajudaria a acelerar os processos...LeandroGCard escreveu:Para nós é até uma vantagem que o projeto seja tão antigo, significa que ele não usa materiais e técnicas de fabricação ultra-sofisticadas que não possamos encontrar até mais avançadas em nosso país.DELTA22 escreveu:Mas também um motor dos anos 50...
Para dar uma idéia, os motores RD 107/108/109 foram utilizados nos foguetes Vostok (da família do Lançador-A), que tinha capacidade de lançar quase 5 ton LEO. Não é difícil imaginar um foguete com os mesmos motores e estrutura mais moderna e mais leve levando entre 5 e 6 ton LEO ou seja, da mesma categoria do Cyclone-4, mas usando combustíveis muito mais baratos, seguros e menos poluentes. E construído no Brasil, não na Ucrânia.
Leandro G. Card
Mas Leandro, como seria possível fazer um upgrade neste motor? Algo nem tão "grandioso", digamos assim, mas apenas empregandos tecnicas hoje disponíveis nas nossas indústrias e centros de pesquisa? Obviamente que dos anos 50 para cá muita coisa evoluiu, seria possivel empregar tecnicas recentes para (re)construir um projeto "terceira idade" [[ ]] como esse ou necessitaria um estudo mais detalhado? Antecipadamente agradeço a resposta.
[]'s.
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
As técnicas de construção de componentes mecânicos das décadas de 50 e 60 eram bastante limitadas se comparadas com o que está disponível hoje, e não permitiam muitas "firulas" na confecção das peças. Assim, não acredito que houvessem muitas dificuldades em reproduzir qualquer componente específico dos motores-foguete da época. Na verdade, na maioria dos casos as peças feitas com os processos padrão de hoje (usinagem CNC, estampagem em presas hidráulicas ou hidroconformação, corte a laser ou com jato de água, microfusão, ligas metálicas mais elaboradas, etc...) teriam uma resistência e uma qualidade superiores às originais daquela época.DELTA22 escreveu:Mas Leandro, como seria possível fazer um upgrade neste motor? Algo nem tão "grandioso", digamos assim, mas apenas empregandos tecnicas hoje disponíveis nas nossas indústrias e centros de pesquisa? Obviamente que dos anos 50 para cá muita coisa evoluiu, seria possivel empregar tecnicas recentes para (re)construir um projeto "terceira idade" [[ ]] como esse ou necessitaria um estudo mais detalhado? Antecipadamente agradeço a resposta.
[]'s.
Isto contudo não quer dizer que nacionalizar os motores seria algo imediato, porque como qualquer produto industrial eles foram projetados para o parque industrial disponível para os engenheiros na Rússia naquele momento, e em muitos casos teria que ser pesquisado um processo atual que apresentasse um resultado equivalente ao do processo empregado à época, e que hoje talvez nem exista mais por ser considerado completamente obsoleto.
Outro problema é determinar a forma exata de operação de cada componente e a suas interações com as demais peças, o que afeta as tolerâncias de fabricação. Uma mudança dos materiais originais (que em muitos casos nem devem existir mais) por outros atuais que em geral são até superiores em resistência, pode fazer com que as faixas de tolerância de fabricação necessárias para o perfeito funcionamento dos sistemas também mudem, e aí mesmo a posse dos desenhos completos de cada componente não eliminaria a necessidade de pesquisas e testes extensivos para comprovar o funcionamento dos componentes nacionalizados.
Mas se países como China, Índia, Irã e até a Coréia do Norte conseguiram fazer as adaptações dos motores russos para as suas próprias capacidades industriais e desenvolver foguetes funcionais à partir deles (em muitos casos já décadas atrás), não consigo imaginar motivos para que não pudéssemos fazer o mesmo sem grandes dificuldades usando o parque industrial do Brasil de hoje, que é por exemplo capaz de produzir automóveis e aviões de qualidade bem superior aos que estes países no momento produzem.
No caso de motores de combustível sólido a coisa muda um pouco de figura pois seus componentes mais críticos (o estojo, o próprio grão propelente, e a tubeira/tubeiras) não podem ter o tamanho reduzido, e é possível que nosso parque não possua a capacidade de produzir peças com as especificações necessárias no porte que seria preciso. Mas nos foguetes de combustível líquido os componentes mais críticos são pequenos (e nos foguetes multicâmara russos como o RD 107 e 108 mais ainda), então este problema não existiria.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Editado pela última vez por LeandroGCard em Qui Jun 11, 2009 9:10 am, em um total de 1 vez.
Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Leandro, muitissimo obrigado pelos esclarecimentos.
Como sempre mais um post brilhante!
Grande abraço.
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
Sim Delta, eles têm tudo sobre esse motor. Desenho em corte de cada pecinha. Pressão e velocidade do gás estimada em cada válvula, em cada injetor.>>> Brasileiro, deixa eu te perguntar: eles tem tudo, mas tudo mesmo? Desenhos dos componentes, os parâmetros dos testes, tudo mesmo???
Bem como os dados da turbina como todas as dimensões, materiais, rotação, pressão, tudo.
Inclusive têm também dados sobre um banco de testes para este motor (também da década de 50), tendo sito feito estudos também sobre o mesmo.
Eu acreito que muita coisa pode mudar no nosso motor. É claro que as especificações deverão ser as mesmas. Mas os processos de fabricação tem de ser os atuais, deverá passar por padrões de qualidade atuais, fabricado em máquinas atuais, etc.
Parece que têm também coisas sobre o RD-0110, que é quase a mesma coisa, só que multiplicado por 4. Coisa de cerca de 300 kN no vácuo.Pois é, o que me deixa curioso é porque não copiamos logo também o RD107/108, que é da mesma época, e ficamos com motores para fazer praticamente qualquer lançador que quisermos?
Mas o tipo de propulsão (ciclo não sei do que lá) é outro, porém as peças são quase todas as mesmas do 0109.
abraços]
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News
REVISTA ISTO É DINHEIRO
0 fogueteiro do Planalto
O ex-ministro Roberto Amaral selou uma parceria com os ucranianos para lançar foguetes e quer fazer parte do PAC
GUSTAVO GANTOIS
"Fizemos três lançamentos em 30 anos, que não deram certo. É hora de superar o passado"
Roberto Amaral, ex-ministro da ciência e tecnologia
A réplica do foguete Cyclone 4 é uma espécie de mestre de cerimônias do escritório da Alcântara Cyclone Space, em Brasília. Imponente, a peça pesa cerca de 50 quilos e prima pelos detalhes. No entanto, para o desprazer do diretorgeral brasileiro da empresa binacional, Roberto Amaral, não passa disso. "Fomos superados pelas Coreias, pelo Irã, pelo Japão", enumera o ex-ministro da Ciência e Tecnologia. "Em 30 anos de programa espacial, fizemos apenas três lançamentos.
E que não deram certo." Ciente dos problemas que emperram a parceria com a Ucrânia, Amaral reuniu-se com a ministra Dilma Rousseff e pediu a inclusão do projeto de lançamento do Cyclone no PAC. "A única forma que vemos para que tenha andamento um projeto essencial para o Brasil é incluí-lo nesse programa." Amaral tem números para sustentar o que diz.
No momento, o projeto precisa de US$ 237,5 milhões - a contrapartida ucraniana é no mesmo valor. Mas, em comparação ao retorno que o Cyclone pode dar ao Brasil, o custo é ínfimo. Estima-se, hoje, que o mercado mundial de foguetes movimente US$ 48 bilhões ao ano e o Brasil poderia alcançar 10% disso. A grande dificuldade da Alcântara Cyclone Space é a letargia burocrática.
Desde que o projeto teve início, em 1997, lá se vão 12 anos de atraso por problemas da alçada de órgãos governamentais. Até mesmo um conflito com quilombolas já constou da pauta de empecilhos. "Os ucranianos estão assustadíssimos com esse atraso", diz Amaral. "Outro dia eles estiveram aqui e explicamos que havia um problema com o Incra. Para eles é inconcebível o governo travar o próprio governo." Pelas contas iniciais da empresa, que foi formalmente criada em 2003, a infraestrutura teria de estar pronta no início do ano que vem para que o lançamento do foguete de qualificação fosse feito no segundo semestre.
Ainda por essa planilha, o primeiro lançamento comercial seria realizado em 2011, quando o porto que receberá os componentes vindos da Ucrânia ficaria pronto. Aí reside outro problema. Sem a interferência do governo, o projeto para o porto está na estaca zero. Para se ter uma ideia, as peças desembarcarão no porto de Itaqui, em São Luís, e de lá percorrerão 51 quilômetros pela MA-106, que será recuperada pela Alcântara Cyclone Space ao custo de R$ 30 milhões. Mesmo sem uma base construída, Brasil e Ucrânia já negociam contratos com empresas que querem lançar satélites. O de qualificação ficará a cargo de uma universidade japonesa.
A canadense Iridium já manifestou interesse em usar a base de Alcântara (MA), assim como um projeto ítalo-argentino batizado SSGAT. Esse, por sinal, é o mercado de maior rentabilidade. Utilizado por empresas de telecomunicações, esses satélites tiveram uma queda no número de lançamentos de cinco anos para cá. Estima-se, contudo, que este mercado voltará a crescer até o a metade da próxima década, quando Alcântara deveria estar funcionando a pleno vapor - isso, claro, se o governo deslanchar a empreitada.
E nisso o projeto brasileiro não se compara a nenhum outro em andamento. "A localização de Alcântara permite que nossos foguetes sejam lançados a um custo 30% menor que o dos concorrentes", explica Carlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira. "É um negócio extremamente compensador. " Em um mercado em que os principais players são Estados Unidos, União Europeia e Rússia, destacar-se por custos menores sempre é uma vantagem. Cabe ao governo acordar.
http://www.fab.mil.br/portal/capa/index ... a_notimpol
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O ex-ministro Roberto Amaral selou uma parceria com os ucranianos para lançar foguetes e quer fazer parte do PAC
GUSTAVO GANTOIS
"Fizemos três lançamentos em 30 anos, que não deram certo. É hora de superar o passado"
Roberto Amaral, ex-ministro da ciência e tecnologia
A réplica do foguete Cyclone 4 é uma espécie de mestre de cerimônias do escritório da Alcântara Cyclone Space, em Brasília. Imponente, a peça pesa cerca de 50 quilos e prima pelos detalhes. No entanto, para o desprazer do diretorgeral brasileiro da empresa binacional, Roberto Amaral, não passa disso. "Fomos superados pelas Coreias, pelo Irã, pelo Japão", enumera o ex-ministro da Ciência e Tecnologia. "Em 30 anos de programa espacial, fizemos apenas três lançamentos.
E que não deram certo." Ciente dos problemas que emperram a parceria com a Ucrânia, Amaral reuniu-se com a ministra Dilma Rousseff e pediu a inclusão do projeto de lançamento do Cyclone no PAC. "A única forma que vemos para que tenha andamento um projeto essencial para o Brasil é incluí-lo nesse programa." Amaral tem números para sustentar o que diz.
No momento, o projeto precisa de US$ 237,5 milhões - a contrapartida ucraniana é no mesmo valor. Mas, em comparação ao retorno que o Cyclone pode dar ao Brasil, o custo é ínfimo. Estima-se, hoje, que o mercado mundial de foguetes movimente US$ 48 bilhões ao ano e o Brasil poderia alcançar 10% disso. A grande dificuldade da Alcântara Cyclone Space é a letargia burocrática.
Desde que o projeto teve início, em 1997, lá se vão 12 anos de atraso por problemas da alçada de órgãos governamentais. Até mesmo um conflito com quilombolas já constou da pauta de empecilhos. "Os ucranianos estão assustadíssimos com esse atraso", diz Amaral. "Outro dia eles estiveram aqui e explicamos que havia um problema com o Incra. Para eles é inconcebível o governo travar o próprio governo." Pelas contas iniciais da empresa, que foi formalmente criada em 2003, a infraestrutura teria de estar pronta no início do ano que vem para que o lançamento do foguete de qualificação fosse feito no segundo semestre.
Ainda por essa planilha, o primeiro lançamento comercial seria realizado em 2011, quando o porto que receberá os componentes vindos da Ucrânia ficaria pronto. Aí reside outro problema. Sem a interferência do governo, o projeto para o porto está na estaca zero. Para se ter uma ideia, as peças desembarcarão no porto de Itaqui, em São Luís, e de lá percorrerão 51 quilômetros pela MA-106, que será recuperada pela Alcântara Cyclone Space ao custo de R$ 30 milhões. Mesmo sem uma base construída, Brasil e Ucrânia já negociam contratos com empresas que querem lançar satélites. O de qualificação ficará a cargo de uma universidade japonesa.
A canadense Iridium já manifestou interesse em usar a base de Alcântara (MA), assim como um projeto ítalo-argentino batizado SSGAT. Esse, por sinal, é o mercado de maior rentabilidade. Utilizado por empresas de telecomunicações, esses satélites tiveram uma queda no número de lançamentos de cinco anos para cá. Estima-se, contudo, que este mercado voltará a crescer até o a metade da próxima década, quando Alcântara deveria estar funcionando a pleno vapor - isso, claro, se o governo deslanchar a empreitada.
E nisso o projeto brasileiro não se compara a nenhum outro em andamento. "A localização de Alcântara permite que nossos foguetes sejam lançados a um custo 30% menor que o dos concorrentes", explica Carlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira. "É um negócio extremamente compensador. " Em um mercado em que os principais players são Estados Unidos, União Europeia e Rússia, destacar-se por custos menores sempre é uma vantagem. Cabe ao governo acordar.
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