Irã tem como se defender de Israel?
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
Os botecos tb Iranianos são uma porcaria, nem servem chope.
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
Me interesso muito por arte, cinema, quadrinhos e várias outras coisas. Me lembra um documentário francês sobre animação. Um diretor de animação francês buscava baratear suas produções, pois na França e EUA, embora altamente especializada, tem custos muito altos de produção.
Ao longo dos anos ele começou a produzir no Japão, porém esse logo começou a encarecer, logo depois foi a China, que apesar de ser a China começou a encarecer também.
Surgiu a oportunidade da Coréia do Norte começar a produzir, esse então diretor foi até lá dirigir as centenas de animadores. Ele ficou tão chocado, mas tão chocado com a péssima qualidade do primeiro trabalho realizado que disse que não seria possível entregar aquela animação. Um funcionário norte-coreano disse que não haveria problema em refazer todo processo. E lá foram eles refazendo os desenhos (vale lembrar que para cada segundo animado são 24 desenhos, ou seja, se você fizer uma hora de filme são 86.400 desenhos). Refizeram não uma vez, mas 3 vezes para ser minimamente aceito.
O problema é o seguinte: os animadores não era profissionais, algumas pessoas com algum tato para desenho eram convocadas a participar, caso seus desenhos fossem ruins depois de 12 horas de trabalho eles deveriam refazer pelo resto da noite. E ai de quem não entregasse.
O diretor francês descreveu todo o horror desse sistema semi-escravo e o medo de acabar sendo sequestrado e ficar por aquelas bandas. O pior é que ele via o que acontecia e não podia falar nada, tinha que achar normal e elogiar a "eficiência" norte-coreana.
Ao longo dos anos ele começou a produzir no Japão, porém esse logo começou a encarecer, logo depois foi a China, que apesar de ser a China começou a encarecer também.
Surgiu a oportunidade da Coréia do Norte começar a produzir, esse então diretor foi até lá dirigir as centenas de animadores. Ele ficou tão chocado, mas tão chocado com a péssima qualidade do primeiro trabalho realizado que disse que não seria possível entregar aquela animação. Um funcionário norte-coreano disse que não haveria problema em refazer todo processo. E lá foram eles refazendo os desenhos (vale lembrar que para cada segundo animado são 24 desenhos, ou seja, se você fizer uma hora de filme são 86.400 desenhos). Refizeram não uma vez, mas 3 vezes para ser minimamente aceito.
O problema é o seguinte: os animadores não era profissionais, algumas pessoas com algum tato para desenho eram convocadas a participar, caso seus desenhos fossem ruins depois de 12 horas de trabalho eles deveriam refazer pelo resto da noite. E ai de quem não entregasse.
O diretor francês descreveu todo o horror desse sistema semi-escravo e o medo de acabar sendo sequestrado e ficar por aquelas bandas. O pior é que ele via o que acontecia e não podia falar nada, tinha que achar normal e elogiar a "eficiência" norte-coreana.
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
Não duvido da história. No entanto, o cinema iraniano não tem absolutamente nada a ver com o norte-coreano, tanto em termos de liberdade de produção quanto a qualidade. Quem gosta de cinema artístico, ou seja, produções não absolutamente comerciais, poderá ter gratas surpresas, assim como há excelentes filmes israelenses...
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
CINEMA
Paradoxos do cinema iraniano
Nas últimas duas décadas, o cinema iraniano virou importante produto de exportação. A revolução islâmica mudou sua face, mas não prejudicou sua ascenção no exterior. Até onde esse sucesso estaria ligado às próprias dificuldades do país?
Javier Martin, Nader Takmil Homayon
Um cinema original, que tem seus códigos, suas referências, sua estética, seus autores e que se tornou o espaço de expressão essencial da sociedade civil
Outrora, quando se falava do Irã logo pensávamos em petróleo, caviar, tapetes e Savak 1. Agora, o cinema representa o “produto” de exportação do qual o país mais se orgulha. Em menos de 20 anos, ele se impôs em todos os festivais internacionais. Um cinema original, que tem seus códigos, suas referências, sua estética, seus autores e que se tornou o espaço de expressão essencial da sociedade civil. Ele é apreciado pelo público ocidental certamente por causa da imagem que se apresenta quase como um documentário de um país que mal se conhece. Embora seja um pardoxo, o cinema iraniano conheceu seu verdadeiro sucesso depois da revolução islâmica de fevereiro de 1979.
Desde seu nascimento, esse cinema mantém laços estranhos com o poder. Tudo começa em 1900, por ocasião da viagem à Europa de Mozaffar ed-in Shah, quinto soberano da dinastia Qadjar, que compra uma câmera. Seu fotógrafo oficial, Mirza Ebrahim Khan Akass Bashi filma uma exposição de flores em Ostende, no dia 18 de agosto de 1900. Assim, nasce a primeira obra filmada por um Iraniano. Mas por muito tempo o cinema será apenas um brinquedo nas mãos do Xá.
Um possível instrumento para a moral
Embora as primeiras salas de projeção tenham sido abertas desde 1904, só terão uma certa importância em Teerã e no interior do país nos anos 20. Em 1928, até uma sala de cinema exclusivamente reservada ao público feminino foi aberta. Uma experiência audaciosa que resultaria num fracasso em termos econômicos.
Os religiosos, desde essa época conscientes do poder das imagens, ficam divididos entre temer ou se deixar atrair. Há uma forte tendência para proibir: os filmes vindos do Ocidente podem vincular valores contraditórios com os do Islã e da cultura iraniana. Porém, em vez de se opor a esta invenção sedutora decidem estimular seu desenvolvimento “à maneira iraniana”, para que ela possa estar disponível para a pedagogia do ensino da moral e da identidade nacional para uma população, na sua maioria, analfabeta.
A primeira censura
Em 1933, diretores iranianos rodam na Índia “A mulher da tribo Lor”, o primeiro filme falado e, também, o primeiro filme censurado pelas autoridades
O cinema começa, pouco a pouco, a se legitimar nessa sociedade tradicionalista. Mas, será preciso esperar 1932 para que seja realizado o primeiro longa-metragem: “Hadji Agha, ator de cinema”, do diretor Ovanes Ohanian - único filme mudo conservado até hoje. Nele o diretor denuncia, de uma forma paródica e inconscientemente premonitória, a hostilidade que o cinema iria sofrer no país.
No ano seguinte, Ardeshir Irani e Abdol Hossein Sepanta rodam na Índia “A mulher da tribo Lor”, o primeiro filme falado e, também, o primeiro filme censurado. As autoridades impôem ao realizador um filme um fim de propaganda absurdo: um vidente anuncia que um dia uma estrela – Xá Reza – vai tirar o país do caos e do banditismo e a ele devolver a glória do passado. Apesar do prometido sucesso desse filme, na ausência de capital privado, as iniciativas pessoais são raras e a produção cinematrográfica acaba parando entre 1938 e 1948. O mercado passa então a ser dominado pelas realizações americanas, indianas, egípcias ...
A explosão dos anos 50
Com apenas 13 filmes até 1950, a produção iraniana acaba se desenvolvendo graças aos filmes do tipo “chanchada”: filmes de divertimento inspirados nos filmes indianos e nos egípcios, freqüentemente de péssima qualidade, mas que têm o mérito de atrair o capital privado necessário à criação e ao desenvolvimento de uma verdadeira indústria cinematrográfica. “O Tesouro de Gharon” de Siamak Yassami( 1965) consegue um enorme sucesso.
Os filmes tipo “chanchada”, de péssima qualidade, acabaram atraindo, nos anos 60, o capital privado necessário ao desenvolvimento de uma indústria cinematográfica
Estimulado por essa produção comercial, o cinema popular conhece então um formidável sucesso: 300 salas de cinema em todo o país em 1963, 33 milhões de ingressos vendidos só em Teerã! Na maioria dessas comédias e policiais pode-se ver traços da sociedade iraniana, como certos conflitos entre ricos e pobres, entre a tradição e a modernidade. Os filmes “djahel” (seriado), gênero tipicamente iraniano, tornam-se muito populares, como “ O Ladrão generoso” , de Madjid Mohseni (1958): eles têm, como heróis, ladrões de bom coração e através deles são abordados temas como a pobreza e a injustiça social. São males dos quais sofre uma grande parte da população naquele momento em busca de uma figura protetora.
A contestação do “cinema diferente”
Graças a cineastas como Farokh Gaffary, assistente de Henri Langlois, critíco da Revista Positif e fundador da Cinemateca do Irã, em 1958 – seu filme “Sul da cidade” (1958) foi proibido durante 5 anos! - ou Ebrahim Golestan, diretor do notável “O ladrilho e o espelho” (1965), produtor de “A Casa é negra” (1962), realizado por sua companheira Forough Farrokhzad, o “cinema do autor” se viabiliza.
O compromisso político que, a partir de 1969, marca profundamente o cinema iraniano estará sempre presente até a revolução de 1979. “A Vaca” de Daniush Mehrjui e “Gueyssar” de Massoud Kimiai são dois filmes símbolos desse período. Entre a “Nouvelle Vague” francesa, o “Neo-realismo” italiano e o fatalismo xiita, toda uma geração de realizadores – Kiarostami (O Passageiro), Beyzaí (O aguaceiro), Naderi (Adeus amigo), Kimiavi(Os mongóis), Shahid Saless (Um simples acontecimento) – usam sua câmera para denunciar a miséria da população. Rapidamente, o movimento passa a ser chamado de “Cinemay-e motofavet” (cinema diferente). Nessa época, os cineastas ainda conseguem se exprimir, embora com dificuldades, passando pelo crivo da censura. As contestações, às vezes contundentes, são dirigidas com muita delicadeza, ampliando os níveis de interpretação, jogando continuamente com a realidade e com a ficção. Amir Naderi, em “A Harmônica” (1973) denuncia, de forma sutil, tanto a exploração dos camponeses pelos proprietários de terras, como a do país pelo Xá. Behrouz Vossoughi, a grande estrela do cinema, em “Reza, o motociclista” faz o papel de um louco fugido de um hospital psiquiátrico, fazendo-se passar por um intelectual parecido com ele. Eles colocam assim em evidência o mal estar e a incapacidade da sociedade para funcionar num país onde o modernismo parece nascer das cinzas do passado.
Cinema “islamicamente correto”
A partir de 1969, o compromisso político marca profundamente o cinema iraniano – a geração do “cinema diferente” usa a câmera para denunciar a miséria da população
Mas quando as estátuas do Xá são derrubadas em 1979, os Bancos (símbolos do imperialismo econômico e do tráfico financeiro) são apredejados, os cafés destruídos, os cinemas queimados...
O fato de a revolução islâmica atacar o cinema, parece, à primeira vista, uma coisa natural: afinal, é nas salas escuras de cinema que se pode ver mulheres nuas. Tudo nos leva a crer que seria o fim do cinema. Entretanto, no dia seguinte do triunfo de 11 de fevereiro de 1979, o Aiatolá Khomeini faz uma declaração surpreendente: não tomará nenhuma posição contra o cinema e, pelo contrário, vai dar-lhe estímulo ...ao traçar as linhas estéticas e ideológicas de um cinema “islamicamente correto”.
Em alguns meses, o novo regime impõe toda uma série de regras não escritas: o espectador não pode jamais achar simpático um criminoso ou alguém que tenha pecado; o tráfico de drogas não pode nunca aparecer; o casamento e a família devem ser respeitados; o adultério não deve ser evocado; os gestos sugestivos são proibidos; homens e mulheres não podem se tocar (mesmo entre marido e mulher); os temas “vulgares” ou “desagradáveis” devem ser evitados; a blasfêmia é estritamente proibida; os religiosos não podem ser mostrados como personagens cômicos ou desonestos... As restrições não se limitavam apenas ao roteiro, mas valiam também para a organização das filmagens. Era preciso, por exemplo, ter maquiadores dos dois sexos para se ter certeza de que não haveria contato ilícito.
Apoio dos cineastas à revolução
No dia seguinte à revolução, Khomeini faz uma declaração surpreendente: não tomará nenhuma posição contra o cinema – ao contrário, vai dar-lhe estímulo
O poder, muito ocupado com os problemas econômicos, institucionais e políticos nunca estabeleceu verdadeiramente princípios ou códigos. São os próprios cineastas (jovens idealistas revolucionários, como alguns realizadores oportunistas da época do Xá) que começaram a fazer filmes denunciando o antigo regime e enaltecendo os valores da revolução.
Os títulos de seus filmes falam por si : “Quando o povo se revolta”, “Os arrozais sangrentos”, “Os revoltados”, “O Grito do moudjahid”, “O soldado do Islã”, “A chuva de sangue”.... A guerra contra o Iraque, que fez um milhão de mortos e 200 mil feridos entre os iranianos, muda evidentemente o clima: os heróis tornam-se combatentes, glorificados como “Bashu, o pequeno estrangeiro” (1988) de Bahram Beyzai, ou desencantados como em “Feridas de um casamento” (1989), realizado por Mohsen Makhmalbaf, nessa época grande defensor dos valores islâmicos. Esses filmes ainda inéditos na França são muito populares no Irã.
Proibidos no Irã, liberados para exportação
O sucesso além da fronteira chega com “O Corredor” (1985). Premiado em todos os Festivas Internacionais, o filme de Amir Nadent correu o mundo. Em dois anos, uns 20 filmes seguem o mesmo caminho. Paradoxo comum: os filmes não oferecem sempre uma imagem idílica do país, mas o Estado apóia a sua distribuição, esperando fazer brilhar outra vez o brasão da República Islâmica. A contradição chega a tal ponto que certos filmes são proibidos no Irã mas têm autorização para serem enviados ao exterior. São realizados entre 60 a 70 filmes a cada ano. Em 1997, o cinema iraniano atinge seu mais alto nível e recebe a Palma de Ouro em Cannes por “O gosto da cereja”.
Levados por essa onda, alguns jovens cineastas conhecem uma ascensão fulgurante. Entre eles, Bahman Ghobadi que com seu primeiro longa-metragem “Tempo de embebedar cavalos”, ganha o prêmio da Câmara de Ouro (em 2000) e Samira Makhmalbaf, que com apenas 18 anos realiza “A Maçã”(1998).
Benefícios da moda
Os filmes não oferecem uma imagem idílica do país, mas o Estado apóia a sua distribuição – alguns são proibidos no Irã mas têm autorização para serem exportados
Mas esse sucesso não é unívoco e repousa, em parte, sobre bases pouco seguras. Ele se deve tanto à qualidade das obras quanto ao efeito da moda da qual se beneficia o cinema iraniano e ao contexto político e geoestratégico do Oriente Médio. Se Ghobadi agradou tanto ao público europeu, é também porque ele é curdo. Se “O Quadro negro” foi premiado, é também porque foi filmado no Curdistão e pela bela e jovem iraniana Samira Makhmalbaf.
Tem-se portanto o direito de perguntar se esse sucesso não está diretamente associado à situação do país. No dia em que o Irã estiver em boa situação, a crítica e o público ocidental terão a mesma opinião?
(Trad.: Celeste Marcondes)
1 - Polícia Política do regime do Xá do Irã.
Paradoxos do cinema iraniano
Nas últimas duas décadas, o cinema iraniano virou importante produto de exportação. A revolução islâmica mudou sua face, mas não prejudicou sua ascenção no exterior. Até onde esse sucesso estaria ligado às próprias dificuldades do país?
Javier Martin, Nader Takmil Homayon
Um cinema original, que tem seus códigos, suas referências, sua estética, seus autores e que se tornou o espaço de expressão essencial da sociedade civil
Outrora, quando se falava do Irã logo pensávamos em petróleo, caviar, tapetes e Savak 1. Agora, o cinema representa o “produto” de exportação do qual o país mais se orgulha. Em menos de 20 anos, ele se impôs em todos os festivais internacionais. Um cinema original, que tem seus códigos, suas referências, sua estética, seus autores e que se tornou o espaço de expressão essencial da sociedade civil. Ele é apreciado pelo público ocidental certamente por causa da imagem que se apresenta quase como um documentário de um país que mal se conhece. Embora seja um pardoxo, o cinema iraniano conheceu seu verdadeiro sucesso depois da revolução islâmica de fevereiro de 1979.
Desde seu nascimento, esse cinema mantém laços estranhos com o poder. Tudo começa em 1900, por ocasião da viagem à Europa de Mozaffar ed-in Shah, quinto soberano da dinastia Qadjar, que compra uma câmera. Seu fotógrafo oficial, Mirza Ebrahim Khan Akass Bashi filma uma exposição de flores em Ostende, no dia 18 de agosto de 1900. Assim, nasce a primeira obra filmada por um Iraniano. Mas por muito tempo o cinema será apenas um brinquedo nas mãos do Xá.
Um possível instrumento para a moral
Embora as primeiras salas de projeção tenham sido abertas desde 1904, só terão uma certa importância em Teerã e no interior do país nos anos 20. Em 1928, até uma sala de cinema exclusivamente reservada ao público feminino foi aberta. Uma experiência audaciosa que resultaria num fracasso em termos econômicos.
Os religiosos, desde essa época conscientes do poder das imagens, ficam divididos entre temer ou se deixar atrair. Há uma forte tendência para proibir: os filmes vindos do Ocidente podem vincular valores contraditórios com os do Islã e da cultura iraniana. Porém, em vez de se opor a esta invenção sedutora decidem estimular seu desenvolvimento “à maneira iraniana”, para que ela possa estar disponível para a pedagogia do ensino da moral e da identidade nacional para uma população, na sua maioria, analfabeta.
A primeira censura
Em 1933, diretores iranianos rodam na Índia “A mulher da tribo Lor”, o primeiro filme falado e, também, o primeiro filme censurado pelas autoridades
O cinema começa, pouco a pouco, a se legitimar nessa sociedade tradicionalista. Mas, será preciso esperar 1932 para que seja realizado o primeiro longa-metragem: “Hadji Agha, ator de cinema”, do diretor Ovanes Ohanian - único filme mudo conservado até hoje. Nele o diretor denuncia, de uma forma paródica e inconscientemente premonitória, a hostilidade que o cinema iria sofrer no país.
No ano seguinte, Ardeshir Irani e Abdol Hossein Sepanta rodam na Índia “A mulher da tribo Lor”, o primeiro filme falado e, também, o primeiro filme censurado. As autoridades impôem ao realizador um filme um fim de propaganda absurdo: um vidente anuncia que um dia uma estrela – Xá Reza – vai tirar o país do caos e do banditismo e a ele devolver a glória do passado. Apesar do prometido sucesso desse filme, na ausência de capital privado, as iniciativas pessoais são raras e a produção cinematrográfica acaba parando entre 1938 e 1948. O mercado passa então a ser dominado pelas realizações americanas, indianas, egípcias ...
A explosão dos anos 50
Com apenas 13 filmes até 1950, a produção iraniana acaba se desenvolvendo graças aos filmes do tipo “chanchada”: filmes de divertimento inspirados nos filmes indianos e nos egípcios, freqüentemente de péssima qualidade, mas que têm o mérito de atrair o capital privado necessário à criação e ao desenvolvimento de uma verdadeira indústria cinematrográfica. “O Tesouro de Gharon” de Siamak Yassami( 1965) consegue um enorme sucesso.
Os filmes tipo “chanchada”, de péssima qualidade, acabaram atraindo, nos anos 60, o capital privado necessário ao desenvolvimento de uma indústria cinematográfica
Estimulado por essa produção comercial, o cinema popular conhece então um formidável sucesso: 300 salas de cinema em todo o país em 1963, 33 milhões de ingressos vendidos só em Teerã! Na maioria dessas comédias e policiais pode-se ver traços da sociedade iraniana, como certos conflitos entre ricos e pobres, entre a tradição e a modernidade. Os filmes “djahel” (seriado), gênero tipicamente iraniano, tornam-se muito populares, como “ O Ladrão generoso” , de Madjid Mohseni (1958): eles têm, como heróis, ladrões de bom coração e através deles são abordados temas como a pobreza e a injustiça social. São males dos quais sofre uma grande parte da população naquele momento em busca de uma figura protetora.
A contestação do “cinema diferente”
Graças a cineastas como Farokh Gaffary, assistente de Henri Langlois, critíco da Revista Positif e fundador da Cinemateca do Irã, em 1958 – seu filme “Sul da cidade” (1958) foi proibido durante 5 anos! - ou Ebrahim Golestan, diretor do notável “O ladrilho e o espelho” (1965), produtor de “A Casa é negra” (1962), realizado por sua companheira Forough Farrokhzad, o “cinema do autor” se viabiliza.
O compromisso político que, a partir de 1969, marca profundamente o cinema iraniano estará sempre presente até a revolução de 1979. “A Vaca” de Daniush Mehrjui e “Gueyssar” de Massoud Kimiai são dois filmes símbolos desse período. Entre a “Nouvelle Vague” francesa, o “Neo-realismo” italiano e o fatalismo xiita, toda uma geração de realizadores – Kiarostami (O Passageiro), Beyzaí (O aguaceiro), Naderi (Adeus amigo), Kimiavi(Os mongóis), Shahid Saless (Um simples acontecimento) – usam sua câmera para denunciar a miséria da população. Rapidamente, o movimento passa a ser chamado de “Cinemay-e motofavet” (cinema diferente). Nessa época, os cineastas ainda conseguem se exprimir, embora com dificuldades, passando pelo crivo da censura. As contestações, às vezes contundentes, são dirigidas com muita delicadeza, ampliando os níveis de interpretação, jogando continuamente com a realidade e com a ficção. Amir Naderi, em “A Harmônica” (1973) denuncia, de forma sutil, tanto a exploração dos camponeses pelos proprietários de terras, como a do país pelo Xá. Behrouz Vossoughi, a grande estrela do cinema, em “Reza, o motociclista” faz o papel de um louco fugido de um hospital psiquiátrico, fazendo-se passar por um intelectual parecido com ele. Eles colocam assim em evidência o mal estar e a incapacidade da sociedade para funcionar num país onde o modernismo parece nascer das cinzas do passado.
Cinema “islamicamente correto”
A partir de 1969, o compromisso político marca profundamente o cinema iraniano – a geração do “cinema diferente” usa a câmera para denunciar a miséria da população
Mas quando as estátuas do Xá são derrubadas em 1979, os Bancos (símbolos do imperialismo econômico e do tráfico financeiro) são apredejados, os cafés destruídos, os cinemas queimados...
O fato de a revolução islâmica atacar o cinema, parece, à primeira vista, uma coisa natural: afinal, é nas salas escuras de cinema que se pode ver mulheres nuas. Tudo nos leva a crer que seria o fim do cinema. Entretanto, no dia seguinte do triunfo de 11 de fevereiro de 1979, o Aiatolá Khomeini faz uma declaração surpreendente: não tomará nenhuma posição contra o cinema e, pelo contrário, vai dar-lhe estímulo ...ao traçar as linhas estéticas e ideológicas de um cinema “islamicamente correto”.
Em alguns meses, o novo regime impõe toda uma série de regras não escritas: o espectador não pode jamais achar simpático um criminoso ou alguém que tenha pecado; o tráfico de drogas não pode nunca aparecer; o casamento e a família devem ser respeitados; o adultério não deve ser evocado; os gestos sugestivos são proibidos; homens e mulheres não podem se tocar (mesmo entre marido e mulher); os temas “vulgares” ou “desagradáveis” devem ser evitados; a blasfêmia é estritamente proibida; os religiosos não podem ser mostrados como personagens cômicos ou desonestos... As restrições não se limitavam apenas ao roteiro, mas valiam também para a organização das filmagens. Era preciso, por exemplo, ter maquiadores dos dois sexos para se ter certeza de que não haveria contato ilícito.
Apoio dos cineastas à revolução
No dia seguinte à revolução, Khomeini faz uma declaração surpreendente: não tomará nenhuma posição contra o cinema – ao contrário, vai dar-lhe estímulo
O poder, muito ocupado com os problemas econômicos, institucionais e políticos nunca estabeleceu verdadeiramente princípios ou códigos. São os próprios cineastas (jovens idealistas revolucionários, como alguns realizadores oportunistas da época do Xá) que começaram a fazer filmes denunciando o antigo regime e enaltecendo os valores da revolução.
Os títulos de seus filmes falam por si : “Quando o povo se revolta”, “Os arrozais sangrentos”, “Os revoltados”, “O Grito do moudjahid”, “O soldado do Islã”, “A chuva de sangue”.... A guerra contra o Iraque, que fez um milhão de mortos e 200 mil feridos entre os iranianos, muda evidentemente o clima: os heróis tornam-se combatentes, glorificados como “Bashu, o pequeno estrangeiro” (1988) de Bahram Beyzai, ou desencantados como em “Feridas de um casamento” (1989), realizado por Mohsen Makhmalbaf, nessa época grande defensor dos valores islâmicos. Esses filmes ainda inéditos na França são muito populares no Irã.
Proibidos no Irã, liberados para exportação
O sucesso além da fronteira chega com “O Corredor” (1985). Premiado em todos os Festivas Internacionais, o filme de Amir Nadent correu o mundo. Em dois anos, uns 20 filmes seguem o mesmo caminho. Paradoxo comum: os filmes não oferecem sempre uma imagem idílica do país, mas o Estado apóia a sua distribuição, esperando fazer brilhar outra vez o brasão da República Islâmica. A contradição chega a tal ponto que certos filmes são proibidos no Irã mas têm autorização para serem enviados ao exterior. São realizados entre 60 a 70 filmes a cada ano. Em 1997, o cinema iraniano atinge seu mais alto nível e recebe a Palma de Ouro em Cannes por “O gosto da cereja”.
Levados por essa onda, alguns jovens cineastas conhecem uma ascensão fulgurante. Entre eles, Bahman Ghobadi que com seu primeiro longa-metragem “Tempo de embebedar cavalos”, ganha o prêmio da Câmara de Ouro (em 2000) e Samira Makhmalbaf, que com apenas 18 anos realiza “A Maçã”(1998).
Benefícios da moda
Os filmes não oferecem uma imagem idílica do país, mas o Estado apóia a sua distribuição – alguns são proibidos no Irã mas têm autorização para serem exportados
Mas esse sucesso não é unívoco e repousa, em parte, sobre bases pouco seguras. Ele se deve tanto à qualidade das obras quanto ao efeito da moda da qual se beneficia o cinema iraniano e ao contexto político e geoestratégico do Oriente Médio. Se Ghobadi agradou tanto ao público europeu, é também porque ele é curdo. Se “O Quadro negro” foi premiado, é também porque foi filmado no Curdistão e pela bela e jovem iraniana Samira Makhmalbaf.
Tem-se portanto o direito de perguntar se esse sucesso não está diretamente associado à situação do país. No dia em que o Irã estiver em boa situação, a crítica e o público ocidental terão a mesma opinião?
(Trad.: Celeste Marcondes)
1 - Polícia Política do regime do Xá do Irã.
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
Mesmo artisticamente, é pura empulhação, mas se é sua opinião vou respeitar. E eu num comparei o cinema iraniano ao norte coreano, só coloquei uma curiosidade. Confesso que era assunto para off-topic.Nukualofa77 escreveu:Não duvido da história. No entanto, o cinema iraniano não tem absolutamente nada a ver com o norte-coreano, tanto em termos de liberdade de produção quanto a qualidade. Quem gosta de cinema artístico, ou seja, produções não absolutamente comerciais, poderá ter gratas surpresas, assim como há excelentes filmes israelenses...
Re: Irã tem como se defender de Israel?
11/06/2009 - 04h39
Kerry reconhece direito do Irã de enriquecer urânio
Londres, 11 jun (EFE).- O presidente do comitê de Relações Exteriores do Senado americano, John Kerry, reconheceu o direito do Irã ao enriquecimento de urânio, embora apenas dentro de um programa nuclear civil.
Em entrevista ao jornal "Financial Times", Kerry, que foi candidato democrata à Casa Branca em 2004, qualifica de "ridícula" a exigência do ex-presidente George W. Bush de impedir Teerã de desenvolver esse processo.
"Todo isso não passava de diplomacia empolada, de energia desperdiçada. A única que (Bush) conseguiu foi endurecer as posturas", afirma o democrata, que acrescenta que os iranianos "têm direito à energia nuclear pacífica e ao enriquecimento com esse fim".
Segundo o jornal, esses comentários de Kerry acontecem em meio ao crescente nervosismo israelense sobre a posição do Governo Barack Obama em relação ao Irã.
Os Estados Unidos advertiu recentemente o Governo israelense contra a possível tentação de atacar as instalações nucleares do Irã, medida que, na opinião de Washington, seria contraproducente.
Uma resolução de março de 2006 do Conselho de Segurança da ONU que exigia que o Irã suspendesse o programa de enriquecimento de urânio.
No entanto, Teerã acelerou seu programa nuclear e produziu 1,3 tonelada de hexafluoreto de urânio enriquecido, mais que suficiente, uma vez processado, para fabricar uma bomba nuclear.
Segundo Kerry, com o fracasso das tentativas de Bush de obrigar Teerã a aceitar "as linhas" fixadas por Washington no tema nuclear, Obama tem de conseguir o apoio da comunidade internacional para uma reivindicação que tenha possibilidades de prosperar.
O democrata assinala que é preciso pelo menos exigir do Irã mais informação sobre a natureza exata de seu programa nuclear, que alguns no Ocidente temem que tenha como único objetivo transformar o país em uma potência nuclear, como já é Israel.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 41564.jhtm
Kerry reconhece direito do Irã de enriquecer urânio
Londres, 11 jun (EFE).- O presidente do comitê de Relações Exteriores do Senado americano, John Kerry, reconheceu o direito do Irã ao enriquecimento de urânio, embora apenas dentro de um programa nuclear civil.
Em entrevista ao jornal "Financial Times", Kerry, que foi candidato democrata à Casa Branca em 2004, qualifica de "ridícula" a exigência do ex-presidente George W. Bush de impedir Teerã de desenvolver esse processo.
"Todo isso não passava de diplomacia empolada, de energia desperdiçada. A única que (Bush) conseguiu foi endurecer as posturas", afirma o democrata, que acrescenta que os iranianos "têm direito à energia nuclear pacífica e ao enriquecimento com esse fim".
Segundo o jornal, esses comentários de Kerry acontecem em meio ao crescente nervosismo israelense sobre a posição do Governo Barack Obama em relação ao Irã.
Os Estados Unidos advertiu recentemente o Governo israelense contra a possível tentação de atacar as instalações nucleares do Irã, medida que, na opinião de Washington, seria contraproducente.
Uma resolução de março de 2006 do Conselho de Segurança da ONU que exigia que o Irã suspendesse o programa de enriquecimento de urânio.
No entanto, Teerã acelerou seu programa nuclear e produziu 1,3 tonelada de hexafluoreto de urânio enriquecido, mais que suficiente, uma vez processado, para fabricar uma bomba nuclear.
Segundo Kerry, com o fracasso das tentativas de Bush de obrigar Teerã a aceitar "as linhas" fixadas por Washington no tema nuclear, Obama tem de conseguir o apoio da comunidade internacional para uma reivindicação que tenha possibilidades de prosperar.
O democrata assinala que é preciso pelo menos exigir do Irã mais informação sobre a natureza exata de seu programa nuclear, que alguns no Ocidente temem que tenha como único objetivo transformar o país em uma potência nuclear, como já é Israel.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 41564.jhtm
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
[quote="soultrain"]CINEMA
Paradoxos do cinema iraniano
Nas últimas duas décadas, o cinema iraniano virou importante produto de exportação. A revolução islâmica mudou sua face, mas não prejudicou sua ascenção no exterior. Até onde esse sucesso estaria ligado às próprias dificuldades do país?
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Soultrain: Pertinentes esclarecimentos Ainda há vida além da superfície...
Paradoxos do cinema iraniano
Nas últimas duas décadas, o cinema iraniano virou importante produto de exportação. A revolução islâmica mudou sua face, mas não prejudicou sua ascenção no exterior. Até onde esse sucesso estaria ligado às próprias dificuldades do país?
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Soultrain: Pertinentes esclarecimentos Ainda há vida além da superfície...
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
Bom, boa sorte. Eu num posso assistir filme iraniano do lado de um revólver porque eu estouro minha cabeça. A questão é que não há profundidade... sabe? É o tipo de palhaçada exótica que uma corja intecletualóide fala que é bom e vira verdade. Pode existir vida quando existe arte, e não mentira.Nukualofa77 escreveu:soultrain escreveu:CINEMA
Paradoxos do cinema iraniano
Nas últimas duas décadas, o cinema iraniano virou importante produto de exportação. A revolução islâmica mudou sua face, mas não prejudicou sua ascenção no exterior. Até onde esse sucesso estaria ligado às próprias dificuldades do país?
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Soultrain: Pertinentes esclarecimentos Ainda há vida além da superfície...
Soultrain, qualquer um pode ter um artigo no wikipedia.
Existe um mar de boas coisas, embora exista um oceano de coisas ruins, e dentro desse mar de coisas boas deve ter lá o espacinho iraniano de cinema (embora nunca tenha vista tanta chatice). Só que porque eu vou perder meu tempo vendo aquilo se o resto do mundo me oferece coisas melhores?
Em relação a animação, irã nem ta no mapa da animação. A única coisa mais ou menos boa que saiu sobre o Irã foi Persépolis, que na verdade é produção francesa. Aliás eu recomendo para todo mundo.
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
Mental Ray não estou entendendo suas colocações em relação ao cinema iraniano... Por acaso tu já assistiu algum? se sim, cite. O q seriam as "coisas melhores oferecidas pelo resto do mundo"? Aliás, qual tua relação com o cinema? passatempo? diversão? arte? Eu sou um amador em conhecimentos cinematográfico, embora já tenha assistido alguns filmes suecos, chineses, israelenses, iranianos e até bósnios e achei excelentes pelo simples fato de haver um comprometimento com a arte de se fazer cinema e não simplesmente se fazer uma mercadoria para ser posta a venda... Qualquer link de cinéfilos terá em seu índice filmes escandinávios, do Oriente Médio e asiáticos, por exemplo... São pessoas q amam a arte cinematográfica e têm lastro para criticar filmes pelo simples fato de q os assistem, várias vezes inclusive... Corja intecletualóide? Essa alcunha só serve para quem têm menos conhecimento de causa e discernimento q o crítico...
Ao menos q tu tenha assistido a um portfólio do cinema iraniano e o possa comparar com outras produções independentes, ou seja, não industriais, aí tu terá embasamento para pegar todo um movimento artístico e cultural e colocá-lo no lugar comum da medíocridade das produções q só visam mercantilizar os bens culturais... Sendo assim, me parece q suas críticas são absolutamente políticas...
Ao menos q tu tenha assistido a um portfólio do cinema iraniano e o possa comparar com outras produções independentes, ou seja, não industriais, aí tu terá embasamento para pegar todo um movimento artístico e cultural e colocá-lo no lugar comum da medíocridade das produções q só visam mercantilizar os bens culturais... Sendo assim, me parece q suas críticas são absolutamente políticas...
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
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Irã terá plano nuclear com qualquer presidente, diz analista
Independentemente de quem vencer as eleições iranianas marcadas da próxima sexta-feira, a controversa nação do Oriente Médio deve dar prosseguimento ao seu programa nuclear como uma forma de garantir a soberania nacional. O que pode mudar é o caráter do projeto. Caso o opositor Mir Hossein Mousavi supere o atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, o governo do Irã fará forças para deixar claro para o Ocidente que a polêmica iniciativa é pacífica.
"Certamente Mousavi vai abrir as portas do país para observadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), deixando todo o processo mais claro para a comunidade global", analisa Daniel Santiago Chaves, historiador do Núcleo de Estudos do Tempo Presente, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ). Para o especialista, também é clara uma intensificação da tensão nuclear caso Ahmadinejad continue à frente do país.
"Se Ahmadinejad vencer vai ser duro de aturar. Se não houver fortes sanções da ONU e dos Estados Unidos à Coréia do Norte agora, o atual presidente do Irã vai sentir cada vez mais capaz de continuar sua política externa agressiva", afirma. "Além disso, se o Irã conseguir uma bomba nuclear, por mais que o território de Israel não seja atacado, Arábia Saudita, Turquia e Egito certamente se sentirão ameaçados".
Para conseguir um mandato de mais quatro anos, o conservador Ahmadinejad conta com o apoio dos aitolás e aposta em medidas que contaram com amplo apoio popular nos últimos anos, como empréstimo sem juros, doações em dinheiro e subsídios para produtos de primeira necessidade. Chaves também chama a atenção para a incapacidade da oposição em formar um projeto de país como mais um ponto positivo para a situação.
"Mousavi é um voto negativo. Quem está votando no Mousavi, vota nele porque não quer votar no Ahmadinejad", afirma. Apesar da aparente falta de propostas claras, segundo Chaves, o principal nome da oposição se agarra em duas questões para obter votos. A primeira é melhorar a economia do país - nos últimos quatro anos, a inflação passou de 10% para 25%, e o desemprego chegou aos 12%, segundo informações da agência AFP.
A segunda, diz o especialista, é tirar o Irã do isolamento internacional causada pela política externa de Ahmadinejad. Para alcançar isso, Mousavi conta com uma juventude muito atuante politicamente e sedenta por mais liberdades individuais, por um modelo de sociedade mais parecido com o ocidental. "Além disso, há um lobby internacional contra o atual presidente e a favor das candidaturas de oposição", lembra Chaves.
Democracia consolidada
As últimas pesquisas divulgadas pela BBC e pela agência chinesa Xinhua dão vantagem a Mousavi, com índices que variam de 34% a 38% nas principais cidades do país, e entre 43% e 47% em Teerã, a capital. Nas zonas rurais, no entanto, Ahmadinejad levaria vantagem, o que deixa a disputa apertada. Em um possível segundo turno, Mousavi deve ganhar o apoio dos outros candidatos.
Esse quadro, apesar da desconfiança do Ocidente, representa a situação eleitoral de uma democracia consolidada, segundo Daniel Chaves. "É interessante observar que o sistema liberal dos Estados Unidos não é a única perspectiva de um modelo democrático. O Irã tem uma democracia consolidada, com comícios multipartidários, debates na TV e uma sociedade civil complexa, capaz de dar legitimidade ao processo eleitoral".
Irã terá plano nuclear com qualquer presidente, diz analista
Independentemente de quem vencer as eleições iranianas marcadas da próxima sexta-feira, a controversa nação do Oriente Médio deve dar prosseguimento ao seu programa nuclear como uma forma de garantir a soberania nacional. O que pode mudar é o caráter do projeto. Caso o opositor Mir Hossein Mousavi supere o atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, o governo do Irã fará forças para deixar claro para o Ocidente que a polêmica iniciativa é pacífica.
"Certamente Mousavi vai abrir as portas do país para observadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), deixando todo o processo mais claro para a comunidade global", analisa Daniel Santiago Chaves, historiador do Núcleo de Estudos do Tempo Presente, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ). Para o especialista, também é clara uma intensificação da tensão nuclear caso Ahmadinejad continue à frente do país.
"Se Ahmadinejad vencer vai ser duro de aturar. Se não houver fortes sanções da ONU e dos Estados Unidos à Coréia do Norte agora, o atual presidente do Irã vai sentir cada vez mais capaz de continuar sua política externa agressiva", afirma. "Além disso, se o Irã conseguir uma bomba nuclear, por mais que o território de Israel não seja atacado, Arábia Saudita, Turquia e Egito certamente se sentirão ameaçados".
Para conseguir um mandato de mais quatro anos, o conservador Ahmadinejad conta com o apoio dos aitolás e aposta em medidas que contaram com amplo apoio popular nos últimos anos, como empréstimo sem juros, doações em dinheiro e subsídios para produtos de primeira necessidade. Chaves também chama a atenção para a incapacidade da oposição em formar um projeto de país como mais um ponto positivo para a situação.
"Mousavi é um voto negativo. Quem está votando no Mousavi, vota nele porque não quer votar no Ahmadinejad", afirma. Apesar da aparente falta de propostas claras, segundo Chaves, o principal nome da oposição se agarra em duas questões para obter votos. A primeira é melhorar a economia do país - nos últimos quatro anos, a inflação passou de 10% para 25%, e o desemprego chegou aos 12%, segundo informações da agência AFP.
A segunda, diz o especialista, é tirar o Irã do isolamento internacional causada pela política externa de Ahmadinejad. Para alcançar isso, Mousavi conta com uma juventude muito atuante politicamente e sedenta por mais liberdades individuais, por um modelo de sociedade mais parecido com o ocidental. "Além disso, há um lobby internacional contra o atual presidente e a favor das candidaturas de oposição", lembra Chaves.
Democracia consolidada
As últimas pesquisas divulgadas pela BBC e pela agência chinesa Xinhua dão vantagem a Mousavi, com índices que variam de 34% a 38% nas principais cidades do país, e entre 43% e 47% em Teerã, a capital. Nas zonas rurais, no entanto, Ahmadinejad levaria vantagem, o que deixa a disputa apertada. Em um possível segundo turno, Mousavi deve ganhar o apoio dos outros candidatos.
Esse quadro, apesar da desconfiança do Ocidente, representa a situação eleitoral de uma democracia consolidada, segundo Daniel Chaves. "É interessante observar que o sistema liberal dos Estados Unidos não é a única perspectiva de um modelo democrático. O Irã tem uma democracia consolidada, com comícios multipartidários, debates na TV e uma sociedade civil complexa, capaz de dar legitimidade ao processo eleitoral".
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
Uma das coisas em comum entre Israel e Irã, e que parece ser uma unanimidade, é o fato destes países terem as mais belas mulheres da região do OM!
Aliás, me impressionou uma reportagem anos atrás (acho que do Fantástico) em Teerã mostrando os belos rostos das iranianas!
abraços!
Aliás, me impressionou uma reportagem anos atrás (acho que do Fantástico) em Teerã mostrando os belos rostos das iranianas!
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
É normal...elas fazem imensas operações plásticas! A sério, não estou a brincar!
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
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EUA: Coréia do Norte e Irã desenvolvem mísseis em conjunto
O Irã e a Coréia do Norte estão trabalhando juntos no desenvolvimento de mísseis balísticos e já conseguiram um progresso significativo no programa, disse um comandante da agência de defesa do Pentágono nesta quinta-feira.
"Há de fato um esforço internacional entre os dois países para desenvolver a tecnologia de mísseis balísticos", disse o tenente-general do Exército Patrick O''Reilly, em um fórum no Capitólio.
O Irã e a Coréia do Norte estão em litígio com boa parte da comunidade internacional por causa dos programas nucleares desenvolvidos pelos dois países - os norte-coreanos chegaram a testar uma bomba atômica. Ambos demonstraram ter capacidade para lançar mísseis com mais de um estágio, passo importante para sistemas mais avançados.
Eles compartilham informações sobre aviação e propulsão, entre outras coisas, disse O''Reilly. "Temos visto isso há anos, e continua", afirmou, sobre a cooperação entre a Coréia do Norte e o Irã, cujos mísseis Shahab têm sido amplamente relacionados a projetos norte-coreanos.
A capacidade dos dois países de disparar mísseis com um segundo estágio representa um "passo significativo" para ambos, acrescentou o militar. Questionado sobre qual país estaria mais à frente no desenvolvimento de mísseis, ele disse que há uma "corrida de cavalos" sem um líder claro.
Outros especialistas afirmam que o Irã já demonstrou ter mais conhecimentos, com o teste de um foguete com alcance provado de cerca de 1,9 mil km ¿suficiente para chegar a Israel, bases norte-americanas no Golfo ou ao sul da Europa.
O Centro Nacional de Inteligência Aeroespacial da Aeronáutica norte-americana calcula que o Irã, com a ajuda de agentes externos, pode conseguir montar em seis anos um míssil capaz de atingir os Estados Unidos.
, O relatório do órgão, tornado público pela Federação de Cientistas americanos, afirma que a Coréia do Norte continua a trabalhar no Taepodong 2, que "poderia atingir os Estados Unidos com matéria nuclear", transformado-se em um míssil intercontinental.
O governo Obama pediu ao Congresso 7,8 bilhões de dólares para a Agência de Defesa contra Mísseis no ano fiscal de 2010, 1,2 bilhão de dólares a menos do que em 2009. O Congresso estuda acrescentar mais recursos
EUA: Coréia do Norte e Irã desenvolvem mísseis em conjunto
O Irã e a Coréia do Norte estão trabalhando juntos no desenvolvimento de mísseis balísticos e já conseguiram um progresso significativo no programa, disse um comandante da agência de defesa do Pentágono nesta quinta-feira.
"Há de fato um esforço internacional entre os dois países para desenvolver a tecnologia de mísseis balísticos", disse o tenente-general do Exército Patrick O''Reilly, em um fórum no Capitólio.
O Irã e a Coréia do Norte estão em litígio com boa parte da comunidade internacional por causa dos programas nucleares desenvolvidos pelos dois países - os norte-coreanos chegaram a testar uma bomba atômica. Ambos demonstraram ter capacidade para lançar mísseis com mais de um estágio, passo importante para sistemas mais avançados.
Eles compartilham informações sobre aviação e propulsão, entre outras coisas, disse O''Reilly. "Temos visto isso há anos, e continua", afirmou, sobre a cooperação entre a Coréia do Norte e o Irã, cujos mísseis Shahab têm sido amplamente relacionados a projetos norte-coreanos.
A capacidade dos dois países de disparar mísseis com um segundo estágio representa um "passo significativo" para ambos, acrescentou o militar. Questionado sobre qual país estaria mais à frente no desenvolvimento de mísseis, ele disse que há uma "corrida de cavalos" sem um líder claro.
Outros especialistas afirmam que o Irã já demonstrou ter mais conhecimentos, com o teste de um foguete com alcance provado de cerca de 1,9 mil km ¿suficiente para chegar a Israel, bases norte-americanas no Golfo ou ao sul da Europa.
O Centro Nacional de Inteligência Aeroespacial da Aeronáutica norte-americana calcula que o Irã, com a ajuda de agentes externos, pode conseguir montar em seis anos um míssil capaz de atingir os Estados Unidos.
, O relatório do órgão, tornado público pela Federação de Cientistas americanos, afirma que a Coréia do Norte continua a trabalhar no Taepodong 2, que "poderia atingir os Estados Unidos com matéria nuclear", transformado-se em um míssil intercontinental.
O governo Obama pediu ao Congresso 7,8 bilhões de dólares para a Agência de Defesa contra Mísseis no ano fiscal de 2010, 1,2 bilhão de dólares a menos do que em 2009. O Congresso estuda acrescentar mais recursos
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Re: Irã tem como se defender de Israel?
a mim o que me tem impressionado é a participação maciça na campanha eleitoral iraniana , milhares e milhares de pessoas nas ruas e em comicios...para um regime "ditatorial", tomara muitas "democracias ocidentais" ter um nivel de participação popular em eleições como eles!
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora ... 543267.xmlAlta participação de mulheres e jovens marcam eleições no Irã
Mais de 46 milhões de eleitores escolhem o próximo presidente do país
A participação elevada, principalmente de jovens e mulheres, e a ausência de incidentes graves foram os destaques das eleições que acontecem nesta sexta-feira no Irã, onde mais de 46 milhões de eleitores escolhem o próximo presidente do país.
Desde a abertura dos colégios eleitorais, às 8h (0h30min de Brasília), as longas filas, as aglomerações às portas das mesquitas e das escolas onde é possível votar são as imagens que marcam o dia no Irã, onde reina um ambiente festivo.
Por volta do meio-dia (local), cerca de cinco milhões de eleitores já tinham votado, conforme anunciou à imprensa oficial o ministro do Interior, Sadek Mahsuli, que acrescentou que as autoridades esperam uma participação recorde em eleições do Irã.
Os iranianos decidem hoje se reelegem o atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, ou se preferem que seja substituído por um dos três candidatos da oposição: o independente pró-reformista Mir Hussein Moussavi, o clérigo aberturista Mehdi Karroubi e o conservador Mohsen Rezaei. As previsões indicam que a disputa mesmo se dará entre Ahmadinejad e Moussavi, que foi primeiro-ministro do Irã entre 1981 e 1988.
Na entrada dos colégios do norte de Teerã, a maioria dos eleitores dizia que seu voto seria em Moussavi, que conseguiu despertar uma nova esperança entre os jovens e principalmente entre as mulheres, que hoje compareceram às urnas em massa. No sul, a região mais pobre da capital, a maioria dos votantes se inclinava por Ahmadinejad, mas também havia um grande número de partidários dos candidatos reformistas e do conservador Rezaei. Ahmadinejad recebe mais apoio nas zonas rurais, enquanto Moussavi é mais popular nos núcleos urbanos e nas regiões onde vivem as minorias do país, como os curdos ou os armênios.
Segundo o Ministério do Interior, os colégios deverão fechar às 18h (10h30min de Brasília), mas tudo indica que o prazo se estenderá por várias horas, com o limite fixado em meia-noite (local). Os resultados finais, que devem ser validados pelo poderoso Conselho de Guardiães, serão anunciados 24 horas depois do fechamento dos colégios.
EFE
Triste sina ter nascido português