A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
É mais olhar o lado comercial tem seus prós e contras. Ganhando de um lado e perdendo de outro.
Os mercados desses países devem ser muito bem estudado para ver se é ou não lucrativo e viável para o Brasil em abri-los. Mais não vou entrar em detalhes sobre isso, que não faz parte do tópico. Além de não saber se o governo já fez estudos aprofundados sobre esse tema. O que provavelmente deve ter feito.
Mais gostei das colocações que colocou, porém há tantas outras nações para se abrir mercado, tem que ser justamente essas nações problemáticas, já não basta nossos vizinhos e os investimentos mau feitos na África.
Os mercados desses países devem ser muito bem estudado para ver se é ou não lucrativo e viável para o Brasil em abri-los. Mais não vou entrar em detalhes sobre isso, que não faz parte do tópico. Além de não saber se o governo já fez estudos aprofundados sobre esse tema. O que provavelmente deve ter feito.
Mais gostei das colocações que colocou, porém há tantas outras nações para se abrir mercado, tem que ser justamente essas nações problemáticas, já não basta nossos vizinhos e os investimentos mau feitos na África.
“melhor seria viver sozinho, mas isso não é possível: precisamos do poder de todos para proteger o de cada um e dos outros” (Francis Wolff)
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Sem desviar, vou colocar só porque você falou e eu estou com isso fresco na mente (tem no vídeo do briefing que coloquei alguns posts atrás tb (16:30 em diante)): nas relações com o Irã nosso comércio é superavitário em mais de 1.1 bilhão de dólares. Nós vendemos cerca de 1.148 bilhão e compramos só 14 milhões!! Isso que em 2007 era de 2 bilhões... caiu e agora estamos tentando revitalizar.
Somos os oitavo fornecedor deles, na frente da Índia! Eita negócio das arábias! Hehehehe
Somos os oitavo fornecedor deles, na frente da Índia! Eita negócio das arábias! Hehehehe
- Marino
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Globo:
O Globo:
'O presidente Lula foi mal assessorado'
Brasileiro preterido para cargo de diretor da Unesco diz que egípcio escolhido pelo governo 'é uma quase piada'
Leila Suwwan
Preterido pelo governo brasileiro na corrida pelo cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o brasileiro Márcio Barbosa, atual diretor-adjunto da entidade, não poupa críticas ao Itamaraty e diz que o presidente Lula foi "mal assessorado". Barbosa revela sua mágoa com a situação e não descarta uma candidatura avulsa, com apoio estrangeiro. Segundo ele, o candidato apoiado pelo Brasil, o egípcio Farouk Hosni, é uma "quase piada".
Como o senhor vê a evolução do quadro da sucessão? Pensa em entrar na corrida apoiado por outros países?
MÁRCIO BARBOSA: Ainda tenho dificuldade de lidar com essas questões. Por ser brasileiro, ter feito carreira no Brasil e ter dirigido um importante órgão do governo federal (o Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), imaginar hoje simplesmente ser apoiado por outro país... Fico com a sensação de que tudo o que fiz na vida não contou. Essa frustração, obviamente, está calcada no fato de ter sido preterido (pelo governo brasileiro). Mas também está calcada nos argumentos quem vêm sendo utilizados. O ministro Celso Amorim disse no Congresso que a (minha vitória na) eleição não era líquida e certa. Ora, que eleição com voto secreto é líquida e certa? Claro que não era líquida e certa, é da democracia.
E o candidato egípcio, Farouk Hosni, apoiado pelo Brasil, tem vitória líquida e certa?
BARBOSA: Se eu tivesse que apostar, diria que ele (o candidato egípcio) não ganha mesmo. Isso sim é líquido e certo: ele não ganha. Eu só tenho que concluir que isso foi feito sem base, com pouca profundidade. Dizer que o candidato egípcio tem amplo apoio dos árabes e da união africana, não é verdade. Isso me angustia. Se me disserem que o Brasil tem acordo com o Egito, entendo. Mas (dizer que vota) no Egito porque o Egito tem isso ou aquilo? Não é verdade.
O ministro Celso Amorim disse que é preciso abrir mão de disputar algumas eleições para ganhar outras. Citou a candidatura do Rio às Olimpíadas.
BARBOSA: Todo mundo adoraria ver o Rio como sede das Olimpíadas. Mas sempre achei que era o comitê olímpico e os medalhões do esporte internacional que, baseados num dossiê, apostavam numa candidatura. Nunca achei que isso era esforço da chancelaria.
A barganha diplomática foi um pretexto?
BARBOSA: Insisto nessa questão do apoio árabe. Disseram que não há sinais de defecções no grupo árabe, mas eles têm dois candidatos, um egípcio e um algeriano. Disseram que a união africana vai apoiar, mas há dois candidatos africanos, um da Tanzânia e um do Benin. Então, os argumentos utilizados para orientar o presidente Lula não estavam corretos. O presidente foi mal assessorado.
Em que mais o presidente foi mal assessorado?
BARBOSA: Já coloquei os pontos principais. Mas dizer que o candidato egípcio vai promover a aliança das civilizações... isso é quase piada. Não é para consultar a página dele, o site dele. Consulte os outros sites. Ele realmente não pode representar uma contribuição para as civilizações. Um pouquinho de curiosidade verificaria isso.
O senhor se refere às posições antissemitas atribuídas a ele?
BARBOSA: A isso e a outras coisas. Não quero ficar atacando, não o conheço. Mas, certamente, esse candidato não é o melhor para promover a aliança das civilizações. E o Brasil tem responsabilidade porque vai organizar a reunião da Unesco.
Há espaço para recuo do governo brasileiro?
BARBOSA: Não. Torço muito para isso acontecer, mas entendo a dificuldade do presidente.
Sentiu-se abandonado?
BARBOSA: Eu senti a ausência. Durante toda a caminhada, tivemos muito contato com os ministérios da Educação, da Ciência e Tecnologia, da Justiça, da Defesa, do Desenvolvimento Social. Sempre ouvi deles as maiores considerações sobre a importância de uma candidatura brasileira. Eles agora não falam mais? Entendo que, depois que o governo se posiciona, fica difícil um ministro falar. Mas, antes da decisão, talvez eles pudessem ter dado informações ao presidente. Bato na tecla que o presidente tomou essa decisão sem ser devidamente informado.
O candidato egípcio tem causado muita polêmica.
BARBOSA: Passado o momento de perplexidade, o que está acontecendo em Paris é uma forte articulação para tentar uma alternativa. Hoje, percebendo o quadro dos candidatos já apresentados, vão trabalhar para impedir que isso aconteça.
Há alguma possibilidade de o senhor ser candidato, apoiado por outros países?
BARBOSA: Não sei, tenho que analisar com muito cuidado. Acho que uma decisão dessas exigiria que eu conversasse com o presidente Lula. Não quero atacar a decisão dele, o presidente do meu país. Só lamento, porque acho que ele foi mal informado. Mas isso não quer dizer que vá aceitar de maneira irresponsável o convite de qualquer país simplesmente para confrontar. Não é por aí. Se evoluir para uma situação sem saída, esperarei para falar com o presidente. Não quero ser tachado como alguém que quer abandonar a sua cidadania.
O Globo:
'O presidente Lula foi mal assessorado'
Brasileiro preterido para cargo de diretor da Unesco diz que egípcio escolhido pelo governo 'é uma quase piada'
Leila Suwwan
Preterido pelo governo brasileiro na corrida pelo cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o brasileiro Márcio Barbosa, atual diretor-adjunto da entidade, não poupa críticas ao Itamaraty e diz que o presidente Lula foi "mal assessorado". Barbosa revela sua mágoa com a situação e não descarta uma candidatura avulsa, com apoio estrangeiro. Segundo ele, o candidato apoiado pelo Brasil, o egípcio Farouk Hosni, é uma "quase piada".
Como o senhor vê a evolução do quadro da sucessão? Pensa em entrar na corrida apoiado por outros países?
MÁRCIO BARBOSA: Ainda tenho dificuldade de lidar com essas questões. Por ser brasileiro, ter feito carreira no Brasil e ter dirigido um importante órgão do governo federal (o Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), imaginar hoje simplesmente ser apoiado por outro país... Fico com a sensação de que tudo o que fiz na vida não contou. Essa frustração, obviamente, está calcada no fato de ter sido preterido (pelo governo brasileiro). Mas também está calcada nos argumentos quem vêm sendo utilizados. O ministro Celso Amorim disse no Congresso que a (minha vitória na) eleição não era líquida e certa. Ora, que eleição com voto secreto é líquida e certa? Claro que não era líquida e certa, é da democracia.
E o candidato egípcio, Farouk Hosni, apoiado pelo Brasil, tem vitória líquida e certa?
BARBOSA: Se eu tivesse que apostar, diria que ele (o candidato egípcio) não ganha mesmo. Isso sim é líquido e certo: ele não ganha. Eu só tenho que concluir que isso foi feito sem base, com pouca profundidade. Dizer que o candidato egípcio tem amplo apoio dos árabes e da união africana, não é verdade. Isso me angustia. Se me disserem que o Brasil tem acordo com o Egito, entendo. Mas (dizer que vota) no Egito porque o Egito tem isso ou aquilo? Não é verdade.
O ministro Celso Amorim disse que é preciso abrir mão de disputar algumas eleições para ganhar outras. Citou a candidatura do Rio às Olimpíadas.
BARBOSA: Todo mundo adoraria ver o Rio como sede das Olimpíadas. Mas sempre achei que era o comitê olímpico e os medalhões do esporte internacional que, baseados num dossiê, apostavam numa candidatura. Nunca achei que isso era esforço da chancelaria.
A barganha diplomática foi um pretexto?
BARBOSA: Insisto nessa questão do apoio árabe. Disseram que não há sinais de defecções no grupo árabe, mas eles têm dois candidatos, um egípcio e um algeriano. Disseram que a união africana vai apoiar, mas há dois candidatos africanos, um da Tanzânia e um do Benin. Então, os argumentos utilizados para orientar o presidente Lula não estavam corretos. O presidente foi mal assessorado.
Em que mais o presidente foi mal assessorado?
BARBOSA: Já coloquei os pontos principais. Mas dizer que o candidato egípcio vai promover a aliança das civilizações... isso é quase piada. Não é para consultar a página dele, o site dele. Consulte os outros sites. Ele realmente não pode representar uma contribuição para as civilizações. Um pouquinho de curiosidade verificaria isso.
O senhor se refere às posições antissemitas atribuídas a ele?
BARBOSA: A isso e a outras coisas. Não quero ficar atacando, não o conheço. Mas, certamente, esse candidato não é o melhor para promover a aliança das civilizações. E o Brasil tem responsabilidade porque vai organizar a reunião da Unesco.
Há espaço para recuo do governo brasileiro?
BARBOSA: Não. Torço muito para isso acontecer, mas entendo a dificuldade do presidente.
Sentiu-se abandonado?
BARBOSA: Eu senti a ausência. Durante toda a caminhada, tivemos muito contato com os ministérios da Educação, da Ciência e Tecnologia, da Justiça, da Defesa, do Desenvolvimento Social. Sempre ouvi deles as maiores considerações sobre a importância de uma candidatura brasileira. Eles agora não falam mais? Entendo que, depois que o governo se posiciona, fica difícil um ministro falar. Mas, antes da decisão, talvez eles pudessem ter dado informações ao presidente. Bato na tecla que o presidente tomou essa decisão sem ser devidamente informado.
O candidato egípcio tem causado muita polêmica.
BARBOSA: Passado o momento de perplexidade, o que está acontecendo em Paris é uma forte articulação para tentar uma alternativa. Hoje, percebendo o quadro dos candidatos já apresentados, vão trabalhar para impedir que isso aconteça.
Há alguma possibilidade de o senhor ser candidato, apoiado por outros países?
BARBOSA: Não sei, tenho que analisar com muito cuidado. Acho que uma decisão dessas exigiria que eu conversasse com o presidente Lula. Não quero atacar a decisão dele, o presidente do meu país. Só lamento, porque acho que ele foi mal informado. Mas isso não quer dizer que vá aceitar de maneira irresponsável o convite de qualquer país simplesmente para confrontar. Não é por aí. Se evoluir para uma situação sem saída, esperarei para falar com o presidente. Não quero ser tachado como alguém que quer abandonar a sua cidadania.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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- Marino
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Nacionalismo de esquerda regional explora ''imperialismo'' do Brasil
Nações vizinhas reagem de forma ambígua à consolidação da imagem do País como potência
Lourival Sant’Anna, ASSUNÇÃO
Na entrevista coletiva em que afirmou ter um filho com o presidente Fernando Lugo, no dia 22, a professora Damiana Morán denunciou interesses de outros países no escândalo de paternidades do ex-bispo. Alertou que era preciso tomar cuidado para não desviar a atenção de temas importantes, como o da "soberania energética" - como Lugo chama a exigência de revisão do Tratado de Itaipu. A imprensa paraguaia concluiu que Damiana, militante do movimento político de Lugo, via um dedo do Brasil no escândalo.
O episódio indica o grau de sensibilidade dos paraguaios à presença do Brasil em seu país. Mas não é só no Paraguai que isso se dá. A elevação do perfil político do Brasil no mundo é até bem vista. Mas sua atuação econômica na região tem aguçado nos vizinhos a rejeição ao "imperialismo brasileiro" - termo cunhado em 2007 pelo jornal paraguaio ABC Color.
O curioso é que se trata, predominantemente, de um choque de nacionalismos de esquerda. De um lado, o presidente Lula converteu a busca desse protagonismo brasileiro numa de suas ocupações principais. De outro, são seus colegas de esquerda que reagem a ele: Evo Morales, na Bolívia, Rafael Correa, no Equador, e Lugo, no Paraguai, de modo mais estridente; Hugo Chávez, na Venezuela, e Cristina Kirchner, na Argentina, de forma pontual.
"As pessoas no Paraguai gostam do Lula. É um dos políticos de maior credibilidade", diz Francisco Capli, diretor do First Análises e Estudos, de Assunção, que fez pesquisas de opinião sobre o tema. "Mas a imagem do Brasil não é boa. Está muito ligada a Itaipu, e a percepção majoritária é de tratamento injusto do Paraguai." Capli cita como outras fontes de tensão os 300 mil brasiguaios - fazendeiros brasileiros em frequentes conflitos com sem-terra paraguaios - e o aperto da Receita Federal ao contrabando de Ciudad del Este.
"A imagem do presidente Lula como líder emergente regional que se contrapõe à hegemonia americana serve para compensar esses pontos negativos", analisa o sociólogo Alejandro Vial, consultor de organismos multilaterais em Assunção. "Lula mostra-se sensível às demandas do Paraguai. É uma liderança que não se impõe pela força militar, ao contrário da tradição, o que causa uma percepção muito boa."
No livro A Percepção do Brasil no Contexto Internacional, editado em 2007 pela Fundação Konrad Adenauer, três especialistas observam que só a China e a Rússia têm mais fronteiras que o Brasil. Mesmo assim, desde o fim do século 19 (depois da Guerra do Paraguai), o Brasil, "apesar de seu tamanho e inegável poder militar", vive em paz com seus vizinhos. "Isso tem sido possível graças a uma sofisticada política externa, fundada na mediação construtiva." Trata-se da variante brasileira do "soft power" (poder brando).
Entretanto, ele pode ter-se tornado brando demais. "O Brasil só tem saído perdendo", critica Clodoaldo Bueno, professor de política externa da Universidade Estadual Paulista, em Assis. "A Argentina impõe barreiras comerciais e o Brasil acha que está tudo bem, aceita sem contrapartidas."
Igualmente, Bueno diz que "Lula precisa ser mais firme" com a Bolívia, que empurrou goela abaixo do Brasil aumento de 285% no preço do gás, nacionalizou duas refinarias que a Petrobrás tinha comprado a pedido do governo boliviano e reviu contratos de exploração de petróleo. "É a Bolívia que depende do mercado brasileiro, e o Brasil negocia como se ele é que dependesse do gás boliviano", diz o especialista. "O governo brasileiro é obrigado a defender seus cidadãos", acrescenta, referindo-se à detenção de funcionários da construtora Odebrecht na Bolívia. "Se a Bolívia se irritar conosco, não acontece nada. Vai invadir o Brasil?"
"As relações estão muito mais tranquilas, porque o governo sabe que o Brasil não depende do gás da Bolívia, e é clara a nossa dependência do mercado brasileiro", confirma o cientista político Carlos Toranzo, da Fundação Friedrich Ebert, em La Paz. "A Bolívia vê o Brasil como irmão mais velho. Quando a crise econômica se agravar, o governo boliviano terá de ser cauteloso em relação ao Brasil." Quanto a Lula, é visto como alguém que apoia Evo em todas as eleições, diz Toranzo.
DIVIDENDOS
Atacar o Brasil rende dividendos políticos. As investidas do presidente Rafael Correa contra a Petrobrás e a construtora Odebrecht coincidiram com sua campanha para a reeleição em abril, observa a socióloga Berta García, da Pontifícia Universidade Católica do Equador. Passada a eleição, Correa voltou a elogiar a liderança regional exercida por Lula. "Correa elegeu-se prometendo combater a corrupção e rever todos os contratos. Ele sabe que o povo gosta disso", diz a socióloga.
As relações do Brasil com a Venezuela têm sido "muito mais positivas" do que com outros países governados por esquerdistas, nota Carlos Romero, cientista político venezuelano. Isso porque são muito vantajosas para o Brasil, que tem superávit de dois terços no comércio bilateral, e porque empresas brasileiras não têm posições tão dominantes na Venezuela. Já a oposição acha que Lula tem sido "muito pouco sensível a suas lutas" contra o que considera "autoritarismo" de Chávez.
No futuro próximo, no entanto, Romero prevê conflitos entre Chávez e Lula, com a radicalização do venezuelano e sua opção pela Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), em detrimento da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), postulada pelo Brasil. Em contraposição ao Conselho de Segurança Regional, da Unasul, Chávez está criando um órgão equivalente na Alba. "Chávez não está muito convencido de estar sob o guarda-chuva de Lula", diz Romero.
Clodoaldo Bueno recorda que o Barão do Rio Branco, precursor da política externa brasileira, mantinha "retórica elevada com todos os países da América Latina e evitava conflitos, mas repelia qualquer tentativa de ingerência nos nossos assuntos". Para Bueno, Lula rompeu essa tradição. "Ele precisa ter mais cautela, ser mais reservado e pragmático. Não pode influenciar as eleições na Venezuela", diz, referindo-se ao apoio explícito a Chávez em 2006, dias antes de ele tentar a reeleição. "O presidente não pode ficar prisioneiro do próprio discurso. Assim, quando tem de falar mais firme, sente-se mais à vontade."
Nações vizinhas reagem de forma ambígua à consolidação da imagem do País como potência
Lourival Sant’Anna, ASSUNÇÃO
Na entrevista coletiva em que afirmou ter um filho com o presidente Fernando Lugo, no dia 22, a professora Damiana Morán denunciou interesses de outros países no escândalo de paternidades do ex-bispo. Alertou que era preciso tomar cuidado para não desviar a atenção de temas importantes, como o da "soberania energética" - como Lugo chama a exigência de revisão do Tratado de Itaipu. A imprensa paraguaia concluiu que Damiana, militante do movimento político de Lugo, via um dedo do Brasil no escândalo.
O episódio indica o grau de sensibilidade dos paraguaios à presença do Brasil em seu país. Mas não é só no Paraguai que isso se dá. A elevação do perfil político do Brasil no mundo é até bem vista. Mas sua atuação econômica na região tem aguçado nos vizinhos a rejeição ao "imperialismo brasileiro" - termo cunhado em 2007 pelo jornal paraguaio ABC Color.
O curioso é que se trata, predominantemente, de um choque de nacionalismos de esquerda. De um lado, o presidente Lula converteu a busca desse protagonismo brasileiro numa de suas ocupações principais. De outro, são seus colegas de esquerda que reagem a ele: Evo Morales, na Bolívia, Rafael Correa, no Equador, e Lugo, no Paraguai, de modo mais estridente; Hugo Chávez, na Venezuela, e Cristina Kirchner, na Argentina, de forma pontual.
"As pessoas no Paraguai gostam do Lula. É um dos políticos de maior credibilidade", diz Francisco Capli, diretor do First Análises e Estudos, de Assunção, que fez pesquisas de opinião sobre o tema. "Mas a imagem do Brasil não é boa. Está muito ligada a Itaipu, e a percepção majoritária é de tratamento injusto do Paraguai." Capli cita como outras fontes de tensão os 300 mil brasiguaios - fazendeiros brasileiros em frequentes conflitos com sem-terra paraguaios - e o aperto da Receita Federal ao contrabando de Ciudad del Este.
"A imagem do presidente Lula como líder emergente regional que se contrapõe à hegemonia americana serve para compensar esses pontos negativos", analisa o sociólogo Alejandro Vial, consultor de organismos multilaterais em Assunção. "Lula mostra-se sensível às demandas do Paraguai. É uma liderança que não se impõe pela força militar, ao contrário da tradição, o que causa uma percepção muito boa."
No livro A Percepção do Brasil no Contexto Internacional, editado em 2007 pela Fundação Konrad Adenauer, três especialistas observam que só a China e a Rússia têm mais fronteiras que o Brasil. Mesmo assim, desde o fim do século 19 (depois da Guerra do Paraguai), o Brasil, "apesar de seu tamanho e inegável poder militar", vive em paz com seus vizinhos. "Isso tem sido possível graças a uma sofisticada política externa, fundada na mediação construtiva." Trata-se da variante brasileira do "soft power" (poder brando).
Entretanto, ele pode ter-se tornado brando demais. "O Brasil só tem saído perdendo", critica Clodoaldo Bueno, professor de política externa da Universidade Estadual Paulista, em Assis. "A Argentina impõe barreiras comerciais e o Brasil acha que está tudo bem, aceita sem contrapartidas."
Igualmente, Bueno diz que "Lula precisa ser mais firme" com a Bolívia, que empurrou goela abaixo do Brasil aumento de 285% no preço do gás, nacionalizou duas refinarias que a Petrobrás tinha comprado a pedido do governo boliviano e reviu contratos de exploração de petróleo. "É a Bolívia que depende do mercado brasileiro, e o Brasil negocia como se ele é que dependesse do gás boliviano", diz o especialista. "O governo brasileiro é obrigado a defender seus cidadãos", acrescenta, referindo-se à detenção de funcionários da construtora Odebrecht na Bolívia. "Se a Bolívia se irritar conosco, não acontece nada. Vai invadir o Brasil?"
"As relações estão muito mais tranquilas, porque o governo sabe que o Brasil não depende do gás da Bolívia, e é clara a nossa dependência do mercado brasileiro", confirma o cientista político Carlos Toranzo, da Fundação Friedrich Ebert, em La Paz. "A Bolívia vê o Brasil como irmão mais velho. Quando a crise econômica se agravar, o governo boliviano terá de ser cauteloso em relação ao Brasil." Quanto a Lula, é visto como alguém que apoia Evo em todas as eleições, diz Toranzo.
DIVIDENDOS
Atacar o Brasil rende dividendos políticos. As investidas do presidente Rafael Correa contra a Petrobrás e a construtora Odebrecht coincidiram com sua campanha para a reeleição em abril, observa a socióloga Berta García, da Pontifícia Universidade Católica do Equador. Passada a eleição, Correa voltou a elogiar a liderança regional exercida por Lula. "Correa elegeu-se prometendo combater a corrupção e rever todos os contratos. Ele sabe que o povo gosta disso", diz a socióloga.
As relações do Brasil com a Venezuela têm sido "muito mais positivas" do que com outros países governados por esquerdistas, nota Carlos Romero, cientista político venezuelano. Isso porque são muito vantajosas para o Brasil, que tem superávit de dois terços no comércio bilateral, e porque empresas brasileiras não têm posições tão dominantes na Venezuela. Já a oposição acha que Lula tem sido "muito pouco sensível a suas lutas" contra o que considera "autoritarismo" de Chávez.
No futuro próximo, no entanto, Romero prevê conflitos entre Chávez e Lula, com a radicalização do venezuelano e sua opção pela Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), em detrimento da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), postulada pelo Brasil. Em contraposição ao Conselho de Segurança Regional, da Unasul, Chávez está criando um órgão equivalente na Alba. "Chávez não está muito convencido de estar sob o guarda-chuva de Lula", diz Romero.
Clodoaldo Bueno recorda que o Barão do Rio Branco, precursor da política externa brasileira, mantinha "retórica elevada com todos os países da América Latina e evitava conflitos, mas repelia qualquer tentativa de ingerência nos nossos assuntos". Para Bueno, Lula rompeu essa tradição. "Ele precisa ter mais cautela, ser mais reservado e pragmático. Não pode influenciar as eleições na Venezuela", diz, referindo-se ao apoio explícito a Chávez em 2006, dias antes de ele tentar a reeleição. "O presidente não pode ficar prisioneiro do próprio discurso. Assim, quando tem de falar mais firme, sente-se mais à vontade."
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Ora, ora, faremos nós, então,o seguinte:
Tragamos de volta o Celso Lafer e seus asseclas. Os mesmos que tiravam os sapatos para entrar nos EUA...
Tragamos de volta o Celso Lafer e seus asseclas. Os mesmos que tiravam os sapatos para entrar nos EUA...
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Amorim: apoio a candidato egípcio é coerente
Ministro diz que, apesar de brasileiros disputarem indicação à UNESCO, governo federal fez a melhor opção
Deborah Berlinck
RIAD, Arábia Saudita. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que o governo foi coerente ao defender a candidatura do egípcio Farouk Hosny para diretor-geral da UNESCO, órgão da ONU para educação, ciência e cultura, deixando de apoiar os brasileiros Márcio Barbosa, diretor-adjunto da organização, e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
- Gente, temos que ter coerência na nossa política externa. Pode não agradar a certas pessoas. Mas vamos continuar agindo assim, com coerência - disse o ministro. - É uma decisão política, de Estado, em função de uma política de aproximação com o mundo árabe. O grupo árabe nunca teve (candidato), diferentemente do grupo das Américas, do grupo da Europa, até do grupo da África.
Coerência, para Amorim, é o interesse geopolítico do Brasil. Barbosa disse que a candidatura egípcia era uma "piada".
- São dois candidatos do Brasil, um se calou - disse Amorim, referindo-se a Cristovam.
Amorim disse que o Brasil, ao apoiar o egípcio, não fez cálculos sobre se isso aumentaria as chances de a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, obter uma vaga no órgão de solução de controvérsias da Organização Mundial de Comércio. Muito menos, de que aumentariam as chances do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016.
- Imagina se candidatura do Márcio Barbosa vai ameaçar Olimpíada! O que eu disse foi outra coisa: disse que, em matéria de candidaturas, estamos concentrados nas Olimpíadas do Rio, e em Ellen Gracie. Espero que ganhe. Agora, dizer: perdeu e não ganhou outra? Isso são coisas da vida, gente.
Lula encerrou ontem sua viagem à Arábia Saudita esperando, no futuro, um apoio do país à candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Havia a expectativa de que o tema fosse abordado nas conversas de Lula com o rei Abdullah. Mas, segundo Amorim, isso não ocorreu.
Também nada se falou sobre direitos humanos na Arábia Saudita, onde pessoas são decapitadas em praça pública e mulheres são consideradas inferiores ao homem. Lula disse que o foro adequado para isso é a ONU.
- Não sou o governante do mundo, sou apenas o presidente do Brasil. E vim à Arábia Saudita com interesse bem definido, de estabelecer uma relação mais forte entre a Arábia Saudita e o Brasil. Saio daqui satisfeito
Ministro diz que, apesar de brasileiros disputarem indicação à UNESCO, governo federal fez a melhor opção
Deborah Berlinck
RIAD, Arábia Saudita. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que o governo foi coerente ao defender a candidatura do egípcio Farouk Hosny para diretor-geral da UNESCO, órgão da ONU para educação, ciência e cultura, deixando de apoiar os brasileiros Márcio Barbosa, diretor-adjunto da organização, e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
- Gente, temos que ter coerência na nossa política externa. Pode não agradar a certas pessoas. Mas vamos continuar agindo assim, com coerência - disse o ministro. - É uma decisão política, de Estado, em função de uma política de aproximação com o mundo árabe. O grupo árabe nunca teve (candidato), diferentemente do grupo das Américas, do grupo da Europa, até do grupo da África.
Coerência, para Amorim, é o interesse geopolítico do Brasil. Barbosa disse que a candidatura egípcia era uma "piada".
- São dois candidatos do Brasil, um se calou - disse Amorim, referindo-se a Cristovam.
Amorim disse que o Brasil, ao apoiar o egípcio, não fez cálculos sobre se isso aumentaria as chances de a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, obter uma vaga no órgão de solução de controvérsias da Organização Mundial de Comércio. Muito menos, de que aumentariam as chances do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016.
- Imagina se candidatura do Márcio Barbosa vai ameaçar Olimpíada! O que eu disse foi outra coisa: disse que, em matéria de candidaturas, estamos concentrados nas Olimpíadas do Rio, e em Ellen Gracie. Espero que ganhe. Agora, dizer: perdeu e não ganhou outra? Isso são coisas da vida, gente.
Lula encerrou ontem sua viagem à Arábia Saudita esperando, no futuro, um apoio do país à candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Havia a expectativa de que o tema fosse abordado nas conversas de Lula com o rei Abdullah. Mas, segundo Amorim, isso não ocorreu.
Também nada se falou sobre direitos humanos na Arábia Saudita, onde pessoas são decapitadas em praça pública e mulheres são consideradas inferiores ao homem. Lula disse que o foro adequado para isso é a ONU.
- Não sou o governante do mundo, sou apenas o presidente do Brasil. E vim à Arábia Saudita com interesse bem definido, de estabelecer uma relação mais forte entre a Arábia Saudita e o Brasil. Saio daqui satisfeito
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Não, bota alguem que tenha culhões, que use cueca e não calcinha cor de rosa.HIGGINS escreveu:Ora, ora, faremos nós, então,o seguinte:
Tragamos de volta o Celso Lafer e seus asseclas. Os mesmos que tiravam os sapatos para entrar nos EUA...
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
A escolha errada do Brasil
O chanceler Celso Amorim confirmou domingo, na Arábia Saudita, que o Brasil continuará a apoiar a candidatura do ex-ministro egípcio da Cultura Farouk Hosny, à direção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mesmo que o brasileiro Márcio Barbosa, atual diretor-geral adjunto da entidade, se lance candidato por outro país, o que pensa fazer, como afirmou na semana passada a este jornal. A alegação do titular do Itamaraty para preterir Barbosa, depois de ter negado apoio ao senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, que também aspirava ao cargo, é que "agora é a vez dos árabes". O Brasil, segundo disse Amorim em recente audiência no Congresso, fez a "opção geopolítica" de se aproximar dos países árabes e africanos que "apoiam a candidatura egípcia".
Na realidade, nem os árabes e africanos estão fechados com Hosny, como quer fazer crer o ministro, nem, muito menos, a sua vitória está assegurada no pleito marcado para outubro. Isso ainda não é o principal. Embora seja incomum, um governo pode preferir um estrangeiro para um alto posto em um organismo multilateral se a candidatura nacional tiver escasso respaldo, se a preferência trouxer ganhos estratégicos palpáveis para o país e se o estrangeiro for um nome respeitado no cenário internacional. Nada disso é verdadeiro no presente caso. Na Unesco, em primeiro lugar, o trabalho do engenheiro Márcio Barbosa, que já dirigiu o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é amplamente reconhecido, sobretudo por suas ações em favor da diversidade cultural - uma dimensão da atividade desse organismo das Nações Unidas, cara à grande maioria dos seus Estados-membros.
Segundo, ainda que o apoio árabe-africano ao egípcio tivesse uma parcela da solidez e da amplitude que Amorim lhe atribui, os eventuais ganhos para o Brasil seriam insignificantes, quando não eclipsados pelos prejuízos decorrentes da sua decisão. Pois, e esse é o terceiro ponto negativo da adesão brasileira a Hosny, a sua reputação, como se diz, o precede no palco global. Ele fez por merecê-la ao declarar certa vez, ao falar ao Parlamento de seu país, que mandaria queimar em praça pública os livros em hebraico que encontrasse nas bibliotecas egípcias. Para Amorim, foram "pouco felizes" as palavras de Hosny. "Tenho certeza de que ele pautará a sua gestão à frente da Unesco por um diálogo de civilizações", devaneia o chanceler. É simplesmente escandalosa a incompatibilidade entre o personagem e o cargo que ambiciona numa agência multilateral voltada para a aproximação cultural entre os povos.
Na sexta-feira, pouco antes de seguir viagem para a Arábia Saudita, China e Turquia, o presidente Lula considerou "pouco patriótica" a criação da CPI da Petrobrás. Será o quê, então, o Brasil se identificar aos olhos do mundo com uma figura que prega a queima de livros? A pergunta se justificaria ainda que um brasileiro não fosse um candidato natural à sucessão em um órgão com a visibilidade da Unesco. Trata-se, como observou o ex-chanceler Celso Lafer, em artigo publicado no Estado de sábado, de "um erro diplomático, pois compromete a consistência das posições brasileiras em prol do multilateralismo". Mas o fato é que o governo Lula faz qualquer negócio por sua ideia fixa na frente externa - conseguir um lugar permanente em um reformado Conselho de Segurança da ONU. Em busca dessa quimera, o Itamaraty se desdobra em mesuras diante dos mais impalatáveis interlocutores. É uma contraproducente perda de tempo.
Em Riad, Lula disse que a ampliação desse colegiado dos sócios originais do clube atômico só depende de Washington. "Basta os Estados Unidos dizerem que querem", fantasiou. Para ele, a França e o Reino Unido, outros membros permanentes do organismo, apoiam a reforma. Lula confunde desejos e realidades. Paris e Londres fazem expressão corporal em favor da mudança, mas - assim como a Rússia e a China - não têm a mais remota intenção de ver reduzido o seu poder político no centro de decisões por excelência das Nações Unidas, compartilhando-o com outros governos. Se assim não fosse, não se falaria ritualisticamente do assunto há duas décadas. Só o presidente e o seu chanceler parecem não enxergar essa obviedade.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 3141,0.php
O chanceler Celso Amorim confirmou domingo, na Arábia Saudita, que o Brasil continuará a apoiar a candidatura do ex-ministro egípcio da Cultura Farouk Hosny, à direção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mesmo que o brasileiro Márcio Barbosa, atual diretor-geral adjunto da entidade, se lance candidato por outro país, o que pensa fazer, como afirmou na semana passada a este jornal. A alegação do titular do Itamaraty para preterir Barbosa, depois de ter negado apoio ao senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, que também aspirava ao cargo, é que "agora é a vez dos árabes". O Brasil, segundo disse Amorim em recente audiência no Congresso, fez a "opção geopolítica" de se aproximar dos países árabes e africanos que "apoiam a candidatura egípcia".
Na realidade, nem os árabes e africanos estão fechados com Hosny, como quer fazer crer o ministro, nem, muito menos, a sua vitória está assegurada no pleito marcado para outubro. Isso ainda não é o principal. Embora seja incomum, um governo pode preferir um estrangeiro para um alto posto em um organismo multilateral se a candidatura nacional tiver escasso respaldo, se a preferência trouxer ganhos estratégicos palpáveis para o país e se o estrangeiro for um nome respeitado no cenário internacional. Nada disso é verdadeiro no presente caso. Na Unesco, em primeiro lugar, o trabalho do engenheiro Márcio Barbosa, que já dirigiu o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é amplamente reconhecido, sobretudo por suas ações em favor da diversidade cultural - uma dimensão da atividade desse organismo das Nações Unidas, cara à grande maioria dos seus Estados-membros.
Segundo, ainda que o apoio árabe-africano ao egípcio tivesse uma parcela da solidez e da amplitude que Amorim lhe atribui, os eventuais ganhos para o Brasil seriam insignificantes, quando não eclipsados pelos prejuízos decorrentes da sua decisão. Pois, e esse é o terceiro ponto negativo da adesão brasileira a Hosny, a sua reputação, como se diz, o precede no palco global. Ele fez por merecê-la ao declarar certa vez, ao falar ao Parlamento de seu país, que mandaria queimar em praça pública os livros em hebraico que encontrasse nas bibliotecas egípcias. Para Amorim, foram "pouco felizes" as palavras de Hosny. "Tenho certeza de que ele pautará a sua gestão à frente da Unesco por um diálogo de civilizações", devaneia o chanceler. É simplesmente escandalosa a incompatibilidade entre o personagem e o cargo que ambiciona numa agência multilateral voltada para a aproximação cultural entre os povos.
Na sexta-feira, pouco antes de seguir viagem para a Arábia Saudita, China e Turquia, o presidente Lula considerou "pouco patriótica" a criação da CPI da Petrobrás. Será o quê, então, o Brasil se identificar aos olhos do mundo com uma figura que prega a queima de livros? A pergunta se justificaria ainda que um brasileiro não fosse um candidato natural à sucessão em um órgão com a visibilidade da Unesco. Trata-se, como observou o ex-chanceler Celso Lafer, em artigo publicado no Estado de sábado, de "um erro diplomático, pois compromete a consistência das posições brasileiras em prol do multilateralismo". Mas o fato é que o governo Lula faz qualquer negócio por sua ideia fixa na frente externa - conseguir um lugar permanente em um reformado Conselho de Segurança da ONU. Em busca dessa quimera, o Itamaraty se desdobra em mesuras diante dos mais impalatáveis interlocutores. É uma contraproducente perda de tempo.
Em Riad, Lula disse que a ampliação desse colegiado dos sócios originais do clube atômico só depende de Washington. "Basta os Estados Unidos dizerem que querem", fantasiou. Para ele, a França e o Reino Unido, outros membros permanentes do organismo, apoiam a reforma. Lula confunde desejos e realidades. Paris e Londres fazem expressão corporal em favor da mudança, mas - assim como a Rússia e a China - não têm a mais remota intenção de ver reduzido o seu poder político no centro de decisões por excelência das Nações Unidas, compartilhando-o com outros governos. Se assim não fosse, não se falaria ritualisticamente do assunto há duas décadas. Só o presidente e o seu chanceler parecem não enxergar essa obviedade.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 3141,0.php
- Marino
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Defesanet:
Movimiento 2D / Democracia y Libertad
Preguntas al Canciller de la República Federativa de Brasil
<-- Original
Nota Defesa@Net - O Movimiento 2D / Democracia y Libertad é formado por um Grupo de intelectuais de primeira grandeza e políticos da Venezuela. É chamado "2 D" em referência à vitória no plebiscito de 2 Dezembro de 2007 (proposição de reforma constitucional por Hugo Chávez)
¿Puede ingresar a Mercosur un gobierno que elimina la propiedad privada y estatiza la economía?
Si Mercosur es el mejor ejemplo de reconocimiento de los sectores privados y de las organizaciones de trabajadores, de la plena libertad sindical, ¿garantizaría el ingreso de Venezuela que en nuestro país regirán esos mismos principios?
En los países de Mercosur se respeta la libertad de expresión. En Venezuela se persigue y se condena a muerte a los medios de comunicación. Nadie puede ser indiferente ante esta dramática situación.
*******
Con respeto y consideración, porque reconocemos en él a uno de los ministros de Relaciones Exteriores más influyentes del hemisferio, factor relevante en la consolidación de la democracia pluralista y del gran desarrollo económico de Brasil, hemos juzgado pertinente elevar hasta el canciller Celso Amorim, algunas consideraciones vinculadas con el ingreso de Venezuela al Mercado Común del Sur. Dado que el canciller ha abogado por la ratificación de parte del Senado de Brasil de la adhesión de Venezuela, estas reflexiones tienen plena justificación y pertinencia..
Conviene dejar claramente asentado, como expresión de principios, que nada nos complacería tanto a los venezolanos como pertenecer a un organismo integrado por países democráticos como Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay, y que procura el desarrollo económico y la equidad social. No obstante, vemos con gran preocupación, cómo las políticas del Gobierno venezolano se alejan del espíritu y de la letra del Tratado de Asunción de 1991.
Otra cuestión debemos puntualizar: no nos mueve la pretensión de estorbar el proceso de adhesión venezolana. Sin embargo, juzgamos necesario que las condiciones económicas y políticas de nuestro país sean compatibles con los principios del Tratado y de sus protocolos, y que los negociadores no pasen por alto la realidad que vive Venezuela.
Veamos. El 4 de julio del año 2006, la República Bolivariana de Venezuela suscribió su adhesión al Tratado de Asunción y a sus protocolos. La ratificación de los órganos legislativos fue aprobada por los Congresos de Argentina y Uruguay. Tres años después están pendientes las de Paraguay y Brasil. Durante este periodo, los cambios políticos y económicos en Venezuela han estado signados por el radicalismo. Esto no puede pasar inadvertido. El Estado ha monopolizado la economía, y sus tendencias se acentúan con los días, hasta el extremo de que el sector privado está sentenciado a la desaparición. Baste anotar que el otorgamiento de divisas es potestad exclusiva y personal del jefe del Estado, y que la propiedad de los medios de producción tiende a desaparecer.
Una lectura del Tratado de Asunción permite pensar que el tipo de sociedad que allí se consagra no es la que se ha establecido en Venezuela. Como está consagrado, el Mercado Común implica “la coordinación de políticas macroeconómicas y sectoriales entre los Estados Partes: de comercio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetaria, cambiaria y de capitales, de servicios, aduanera, de transportes y comunicaciones y otras que se acuerden, a fin de asegurar condiciones adecuadas de competencia entre los Estados Partes. El compromiso de los Estados Partes de armonizar sus legislaciones en las áreas pertinentes, para lograr el fortalecimiento del proceso de integración”.
¿Cómo pueden ser compatibles estos objetivos de desarrollo con una economía rígidamente estatizada? ¿Cómo puede haber integración sin producción? ¿Cómo puede haber desarrollo en un país sometido a las regulaciones más arbitrarias, donde innumerables industrias han sido obligadas a mudarse a otros países porque les fue imposible operar en Venezuela? ¿Cómo puede hablarse de “la libre circulación de bienes, servicios y factores productivos entre los países”, tal se asienta en el Tratado de Asunción, si todo depende del Presidente de la República?
Es necesario que el canciller Celso Amorim se detenga en la confrontación de un documento sustancial como la Declaración Socio-Laboral de Mercosur con lo que sucede en Venezuela con las organizaciones sindicales. Es una declaración que testimonia el avance de las democracias de los Estados Parte. Allí se reconocen y se exaltan los derechos de los trabajadores y los instrumentos internacionales que los han ido consolidando, desde la Declaración Universal de los Derechos Humanos y las declaraciones de la OIT hasta la Convención Americana de Derechos Humanos sobre Derechos Económicos, Sociales y Culturales. Allí se garantiza la más absoluta libertad sindical, sin discriminaciones de ningún género. Todo lo que en Venezuela se vulnera. Vale la pena que sea difundida. Con entusiasmo, los trabajadores venezolanos respaldarían el ingreso a Mercosur.
Si de alguno de los instrumentos de Mercosur está alejada Venezuela es de esta Declaración Socio-Laboral. No hay libertad sindical en Venezuela. Las organizaciones de los trabajadores están sometidas a la persecución y al asedio gubernamental. 445 líderes sindicales han sido asesinados en los últimos diez años. Los informes de la OIT deben ser consultados.
Estas consideraciones pueden juzgarse preliminares para abordar el Protocolo de Ushuaia o Protocolo democrático de Mercosur. El artículo 1º del instrumento reza de esta manera: “La plena vigencia de las instituciones democráticas es condición esencial para el desarrollo de los procesos de integración entre los Estados Partes del presente Protocolo”.
Pregunta final: ¿Tienen plena vigencia las instituciones democráticas en Venezuela? ¿Son independientes los poderes del Estado en Venezuela? ¿Puede ser democrático un Gobierno que persigue a los medios de comunicación y coarta sistemáticamente la libertad de expresión?
Si el ingreso de Venezuela a Mercosur significa el retorno de Venezuela al Estado de Derecho, a la vigencia de la Constitución, a la compatibilidad con el Tratado de Asunción y con sus protocolos, incluida la Declaración Socio-Laboral, respaldaremos las gestiones del canciller Celso Amorím ante el Senado de la República Federativa de Brasil.
¡Mercosur sólo fue posible porque cayeron las dictaduras militares de Brasil, Argentina, Uruguay y Paraguay!
Movimiento 2D / Democracia y Libertad
Caracas, mayo 17, 2009
Movimiento 2D / Democracia y Libertad
Preguntas al Canciller de la República Federativa de Brasil
<-- Original
Nota Defesa@Net - O Movimiento 2D / Democracia y Libertad é formado por um Grupo de intelectuais de primeira grandeza e políticos da Venezuela. É chamado "2 D" em referência à vitória no plebiscito de 2 Dezembro de 2007 (proposição de reforma constitucional por Hugo Chávez)
¿Puede ingresar a Mercosur un gobierno que elimina la propiedad privada y estatiza la economía?
Si Mercosur es el mejor ejemplo de reconocimiento de los sectores privados y de las organizaciones de trabajadores, de la plena libertad sindical, ¿garantizaría el ingreso de Venezuela que en nuestro país regirán esos mismos principios?
En los países de Mercosur se respeta la libertad de expresión. En Venezuela se persigue y se condena a muerte a los medios de comunicación. Nadie puede ser indiferente ante esta dramática situación.
*******
Con respeto y consideración, porque reconocemos en él a uno de los ministros de Relaciones Exteriores más influyentes del hemisferio, factor relevante en la consolidación de la democracia pluralista y del gran desarrollo económico de Brasil, hemos juzgado pertinente elevar hasta el canciller Celso Amorim, algunas consideraciones vinculadas con el ingreso de Venezuela al Mercado Común del Sur. Dado que el canciller ha abogado por la ratificación de parte del Senado de Brasil de la adhesión de Venezuela, estas reflexiones tienen plena justificación y pertinencia..
Conviene dejar claramente asentado, como expresión de principios, que nada nos complacería tanto a los venezolanos como pertenecer a un organismo integrado por países democráticos como Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay, y que procura el desarrollo económico y la equidad social. No obstante, vemos con gran preocupación, cómo las políticas del Gobierno venezolano se alejan del espíritu y de la letra del Tratado de Asunción de 1991.
Otra cuestión debemos puntualizar: no nos mueve la pretensión de estorbar el proceso de adhesión venezolana. Sin embargo, juzgamos necesario que las condiciones económicas y políticas de nuestro país sean compatibles con los principios del Tratado y de sus protocolos, y que los negociadores no pasen por alto la realidad que vive Venezuela.
Veamos. El 4 de julio del año 2006, la República Bolivariana de Venezuela suscribió su adhesión al Tratado de Asunción y a sus protocolos. La ratificación de los órganos legislativos fue aprobada por los Congresos de Argentina y Uruguay. Tres años después están pendientes las de Paraguay y Brasil. Durante este periodo, los cambios políticos y económicos en Venezuela han estado signados por el radicalismo. Esto no puede pasar inadvertido. El Estado ha monopolizado la economía, y sus tendencias se acentúan con los días, hasta el extremo de que el sector privado está sentenciado a la desaparición. Baste anotar que el otorgamiento de divisas es potestad exclusiva y personal del jefe del Estado, y que la propiedad de los medios de producción tiende a desaparecer.
Una lectura del Tratado de Asunción permite pensar que el tipo de sociedad que allí se consagra no es la que se ha establecido en Venezuela. Como está consagrado, el Mercado Común implica “la coordinación de políticas macroeconómicas y sectoriales entre los Estados Partes: de comercio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetaria, cambiaria y de capitales, de servicios, aduanera, de transportes y comunicaciones y otras que se acuerden, a fin de asegurar condiciones adecuadas de competencia entre los Estados Partes. El compromiso de los Estados Partes de armonizar sus legislaciones en las áreas pertinentes, para lograr el fortalecimiento del proceso de integración”.
¿Cómo pueden ser compatibles estos objetivos de desarrollo con una economía rígidamente estatizada? ¿Cómo puede haber integración sin producción? ¿Cómo puede haber desarrollo en un país sometido a las regulaciones más arbitrarias, donde innumerables industrias han sido obligadas a mudarse a otros países porque les fue imposible operar en Venezuela? ¿Cómo puede hablarse de “la libre circulación de bienes, servicios y factores productivos entre los países”, tal se asienta en el Tratado de Asunción, si todo depende del Presidente de la República?
Es necesario que el canciller Celso Amorim se detenga en la confrontación de un documento sustancial como la Declaración Socio-Laboral de Mercosur con lo que sucede en Venezuela con las organizaciones sindicales. Es una declaración que testimonia el avance de las democracias de los Estados Parte. Allí se reconocen y se exaltan los derechos de los trabajadores y los instrumentos internacionales que los han ido consolidando, desde la Declaración Universal de los Derechos Humanos y las declaraciones de la OIT hasta la Convención Americana de Derechos Humanos sobre Derechos Económicos, Sociales y Culturales. Allí se garantiza la más absoluta libertad sindical, sin discriminaciones de ningún género. Todo lo que en Venezuela se vulnera. Vale la pena que sea difundida. Con entusiasmo, los trabajadores venezolanos respaldarían el ingreso a Mercosur.
Si de alguno de los instrumentos de Mercosur está alejada Venezuela es de esta Declaración Socio-Laboral. No hay libertad sindical en Venezuela. Las organizaciones de los trabajadores están sometidas a la persecución y al asedio gubernamental. 445 líderes sindicales han sido asesinados en los últimos diez años. Los informes de la OIT deben ser consultados.
Estas consideraciones pueden juzgarse preliminares para abordar el Protocolo de Ushuaia o Protocolo democrático de Mercosur. El artículo 1º del instrumento reza de esta manera: “La plena vigencia de las instituciones democráticas es condición esencial para el desarrollo de los procesos de integración entre los Estados Partes del presente Protocolo”.
Pregunta final: ¿Tienen plena vigencia las instituciones democráticas en Venezuela? ¿Son independientes los poderes del Estado en Venezuela? ¿Puede ser democrático un Gobierno que persigue a los medios de comunicación y coarta sistemáticamente la libertad de expresión?
Si el ingreso de Venezuela a Mercosur significa el retorno de Venezuela al Estado de Derecho, a la vigencia de la Constitución, a la compatibilidad con el Tratado de Asunción y con sus protocolos, incluida la Declaración Socio-Laboral, respaldaremos las gestiones del canciller Celso Amorím ante el Senado de la República Federativa de Brasil.
¡Mercosur sólo fue posible porque cayeron las dictaduras militares de Brasil, Argentina, Uruguay y Paraguay!
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Caracas, mayo 17, 2009
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Marino escreveu:Não, bota alguem que tenha culhões, que use cueca e não calcinha cor de rosa.HIGGINS escreveu:Ora, ora, faremos nós, então,o seguinte:
Tragamos de volta o Celso Lafer e seus asseclas. Os mesmos que tiravam os sapatos para entrar nos EUA...
Ha, ha!
Bem se vê, Marino, que não conheces o Itamaraty.
Um ser com: "culhões, cuecas e calças", não existe naquele lugar...
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
FSP:
EDITORIAL
Mais uma do Itamaraty
É obscura e desastrada a decisão do governo brasileiro de apoiar a candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosny, à direção geral da Unesco. As dúvidas que cercam o episódio não se restringem ao fato de um brasileiro, Márcio Barbosa, ter surgido como potencial candidato ao cargo, ele que há oito anos ocupa a função de adjunto de Koitchiro Matsuura, atual diretor daquela organização da ONU, voltada para a ciência, a cultura e a educação.
Há vozes de peso favoráveis a Barbosa, embora o Ministério das Relações Exteriores possa julgar que as credenciais do brasileiro e seu alcance político não bastem para justificar uma candidatura. Com base em tal convicção, o Itamaraty poderia escolher um caminho mais apropriado para os interesses do país.
O problema é que nada na candidatura de Hosny preenche esse requisito. Trata-se de personagem polêmico, acusado de antissemitismo. Em entrevista à Folha, relativizou suas declarações sobre queimar livros em hebraico -mas é forte a rejeição a seu nome na comunidade judaica, o que o faz um postulante por demais controvertido.
Nos últimos tempos, o governo brasileiro tem assumido posições injustificáveis. Recusou-se a condenar o odioso regime sudanês e foi pusilânime na hora de repudiar o lastimável discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na recente Conferência contra o Racismo das Nações Unidas.
Uma hipótese para o apoio a Hosny seria obter votos para a indicação do chanceler Celso Amorim à Agência Internacional de Energia Atômica -ideia que para alguns analistas já teria perdido ímpeto. Diante de tanta incongruência, é preciso que as autoridades esclareçam, enfim, por que o Brasil deve endossar essa confusa candidatura egípcia.
EDITORIAL
Mais uma do Itamaraty
É obscura e desastrada a decisão do governo brasileiro de apoiar a candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosny, à direção geral da Unesco. As dúvidas que cercam o episódio não se restringem ao fato de um brasileiro, Márcio Barbosa, ter surgido como potencial candidato ao cargo, ele que há oito anos ocupa a função de adjunto de Koitchiro Matsuura, atual diretor daquela organização da ONU, voltada para a ciência, a cultura e a educação.
Há vozes de peso favoráveis a Barbosa, embora o Ministério das Relações Exteriores possa julgar que as credenciais do brasileiro e seu alcance político não bastem para justificar uma candidatura. Com base em tal convicção, o Itamaraty poderia escolher um caminho mais apropriado para os interesses do país.
O problema é que nada na candidatura de Hosny preenche esse requisito. Trata-se de personagem polêmico, acusado de antissemitismo. Em entrevista à Folha, relativizou suas declarações sobre queimar livros em hebraico -mas é forte a rejeição a seu nome na comunidade judaica, o que o faz um postulante por demais controvertido.
Nos últimos tempos, o governo brasileiro tem assumido posições injustificáveis. Recusou-se a condenar o odioso regime sudanês e foi pusilânime na hora de repudiar o lastimável discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na recente Conferência contra o Racismo das Nações Unidas.
Uma hipótese para o apoio a Hosny seria obter votos para a indicação do chanceler Celso Amorim à Agência Internacional de Energia Atômica -ideia que para alguns analistas já teria perdido ímpeto. Diante de tanta incongruência, é preciso que as autoridades esclareçam, enfim, por que o Brasil deve endossar essa confusa candidatura egípcia.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
SENADO PEDE QUE O GOVERNO REVEJA APOIO A EGÍPCIO - Comissão de Relações Exteriores aprova requerimento solicitando que Amorim considere candidatura de brasileiros.
Blog do Noblat - O Globo - 22.05.09
O Senado manifestou ontem sua posição contrária ao apoio do governo brasileiro à candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosni, ao cargo de diretor-geral da Unesco. A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou ontem requerimento de seu presidente, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), solicitando que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reveja a posição do Brasil, que fez sua opção em detrimento das candidaturas de dois brasileiros: o atual diretor-geral adjunto da Unesco, Márcio Barbosa, e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
- O secretário-geral ou diretor-geral não exerce apenas responsabilidades administrativas. Desempenha funções diplomáticas, inclusive de representação simbólica de sua instituição. Dentro do sistema da ONU, a Unesco assume papel especial. A partir desses critérios, eu peço aqui no plenário desta Casa que o governo do Brasil, por meio do Ministério das Relações Exteriores, reveja o apoio prometido ao senhor Hosni Farouk e o patrocínio da Liga Árabe - reiterou Azeredo em pronunciamento.
Para o senador mineiro, o governo brasileiro não deveria apoiar um nome sob suspeição e posições controversas.
Três dos maiores intelectuais da Europa apelaram em artigo publicado ontem, no jornal Le Monde, em Paris, à comunidade internacional para que interfira nas eleições da Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e evite a vitória de Farouk Hosny. O ministro da Cultura egípcio é acusado de antissemita pelo filósofo Bernard-Henri Lévy, pelo escritor e prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel e pelo cineasta Claude Lanzmann. A candidatura de Hosny recebeu a adesão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nega apoio ao brasileiro Márcio Barbosa, atual número 2 da instituição.
Blog do Noblat - O Globo - 22.05.09
O Senado manifestou ontem sua posição contrária ao apoio do governo brasileiro à candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosni, ao cargo de diretor-geral da Unesco. A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou ontem requerimento de seu presidente, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), solicitando que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reveja a posição do Brasil, que fez sua opção em detrimento das candidaturas de dois brasileiros: o atual diretor-geral adjunto da Unesco, Márcio Barbosa, e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
- O secretário-geral ou diretor-geral não exerce apenas responsabilidades administrativas. Desempenha funções diplomáticas, inclusive de representação simbólica de sua instituição. Dentro do sistema da ONU, a Unesco assume papel especial. A partir desses critérios, eu peço aqui no plenário desta Casa que o governo do Brasil, por meio do Ministério das Relações Exteriores, reveja o apoio prometido ao senhor Hosni Farouk e o patrocínio da Liga Árabe - reiterou Azeredo em pronunciamento.
Para o senador mineiro, o governo brasileiro não deveria apoiar um nome sob suspeição e posições controversas.
Três dos maiores intelectuais da Europa apelaram em artigo publicado ontem, no jornal Le Monde, em Paris, à comunidade internacional para que interfira nas eleições da Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e evite a vitória de Farouk Hosny. O ministro da Cultura egípcio é acusado de antissemita pelo filósofo Bernard-Henri Lévy, pelo escritor e prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel e pelo cineasta Claude Lanzmann. A candidatura de Hosny recebeu a adesão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nega apoio ao brasileiro Márcio Barbosa, atual número 2 da instituição.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Intelectuais europeus pedem ação contra Hosny na UNESCO
Chamado de antissemita, ministro da Cultura egípcio é apoiado pelo Brasil
Andrei Netto, PARIS
Três dos maiores intelectuais da Europa apelaram em artigo publicado ontem, no jornal Le Monde, em Paris, à comunidade internacional para que interfira nas eleições da Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e evite a vitória de Farouk Hosny. O ministro da Cultura egípcio é acusado de antissemita pelo filósofo Bernard-Henri Lévy, pelo escritor e prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel e pelo cineasta Claude Lanzmann. A candidatura de Hosny recebeu a adesão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nega apoio ao brasileiro Márcio Barbosa, atual número 2 da instituição.
O artigo foi intitulado "Unesco: a vergonha de um naufrágio anunciado". O texto tem início com um histórico de sucessivas declarações de caráter preconceituoso feitas por Hosny contra o povo judeu nos últimos 15 anos. Frases como "Israel nunca contribuiu à civilização em nenhuma época, porque nunca fez nada além de se apropriar dos bens dos outros" e "a cultura israelense é uma cultura inumana; é uma cultura agressiva, racista, pretensiosa, que se baseia em um princípio simples: roubar o que não lhes pertence" foram pinçadas pelos três intelectuais - todos de origem judia - entre as manifestações do ministro da Cultura egípcio.
MOBILIZAÇÃO
Com o texto, Lévy, Wiesel e Lanzmann pedem mobilização da comunidade internacional. "Farouk Hosny (...) será o próximo diretor-geral da Unesco se nada for feito antes de 30 de maio, data do encerramento das candidaturas, para impedir sua marcha irresistível em direção a um dos postos de responsabilidade cultural mais importantes do planeta", dizem.
"É evidente: Farouk Hosny não é digno deste papel; Farouk Hosny é o contrário de um homem pacifista, de diálogo e de cultura; Farouk Hosny é um homem perigoso, um incendiário de corações e mentes", prosseguem. "Resta pouco tempo para evitar que se cometa o erro maior da ascensão de Farouk Hosny a este posto eminente."
Lévy, Wiesel e Lanzman pedem ainda ao governo do Egito que retire a candidatura e evite uma provocação "tão odiosa, tão incompreensível" que levaria à destruição da Unesco.
As eleições para a direção geral da organização acontecerão em outubro, mas o prazo para inscrições de chapas se encerra na próxima sexta-feira. Há outros três candidatos à vaga, hoje ocupada pelo japonês Koichiro Matsuura: a lituana Ina Marcuilionyté, a búlgara Irina Bokava e o argelino Mohamed Bedjaoui. Nenhum dos três, contudo, reuniu apoio dos países mais influentes da organização - Estados Unidos, França e Japão - até o momento.
O Brasil é protagonista da campanha mesmo sem candidato. Diretor-geral adjunto nos últimos oito anos, o engenheiro brasileiro Márcio Barbosa tem grande trânsito na organização, mas não recebeu o apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, que formalizou o apoio a Hosny.
"Imaginava que essa polêmica fosse ganhar a preocupação internacional, como ganhou. Lamento a situação e continuo acreditando na possibilidade de mudança de posição do Brasil", disse Barbosa ao Estado. Mesmo sem o apoio de Brasília, sua eventual candidatura segue cogitada nos bastidores da Unesco. É forte a articulação para que ele aceite ser candidato representando outro país. "Não queria considerar essa hipótese porque é desagradável. Só tomaria esta atitude se tiver segurança de que o presidente Lula não voltaria atrás", afirmou Barbosa.
Chamado de antissemita, ministro da Cultura egípcio é apoiado pelo Brasil
Andrei Netto, PARIS
Três dos maiores intelectuais da Europa apelaram em artigo publicado ontem, no jornal Le Monde, em Paris, à comunidade internacional para que interfira nas eleições da Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e evite a vitória de Farouk Hosny. O ministro da Cultura egípcio é acusado de antissemita pelo filósofo Bernard-Henri Lévy, pelo escritor e prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel e pelo cineasta Claude Lanzmann. A candidatura de Hosny recebeu a adesão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nega apoio ao brasileiro Márcio Barbosa, atual número 2 da instituição.
O artigo foi intitulado "Unesco: a vergonha de um naufrágio anunciado". O texto tem início com um histórico de sucessivas declarações de caráter preconceituoso feitas por Hosny contra o povo judeu nos últimos 15 anos. Frases como "Israel nunca contribuiu à civilização em nenhuma época, porque nunca fez nada além de se apropriar dos bens dos outros" e "a cultura israelense é uma cultura inumana; é uma cultura agressiva, racista, pretensiosa, que se baseia em um princípio simples: roubar o que não lhes pertence" foram pinçadas pelos três intelectuais - todos de origem judia - entre as manifestações do ministro da Cultura egípcio.
MOBILIZAÇÃO
Com o texto, Lévy, Wiesel e Lanzmann pedem mobilização da comunidade internacional. "Farouk Hosny (...) será o próximo diretor-geral da Unesco se nada for feito antes de 30 de maio, data do encerramento das candidaturas, para impedir sua marcha irresistível em direção a um dos postos de responsabilidade cultural mais importantes do planeta", dizem.
"É evidente: Farouk Hosny não é digno deste papel; Farouk Hosny é o contrário de um homem pacifista, de diálogo e de cultura; Farouk Hosny é um homem perigoso, um incendiário de corações e mentes", prosseguem. "Resta pouco tempo para evitar que se cometa o erro maior da ascensão de Farouk Hosny a este posto eminente."
Lévy, Wiesel e Lanzman pedem ainda ao governo do Egito que retire a candidatura e evite uma provocação "tão odiosa, tão incompreensível" que levaria à destruição da Unesco.
As eleições para a direção geral da organização acontecerão em outubro, mas o prazo para inscrições de chapas se encerra na próxima sexta-feira. Há outros três candidatos à vaga, hoje ocupada pelo japonês Koichiro Matsuura: a lituana Ina Marcuilionyté, a búlgara Irina Bokava e o argelino Mohamed Bedjaoui. Nenhum dos três, contudo, reuniu apoio dos países mais influentes da organização - Estados Unidos, França e Japão - até o momento.
O Brasil é protagonista da campanha mesmo sem candidato. Diretor-geral adjunto nos últimos oito anos, o engenheiro brasileiro Márcio Barbosa tem grande trânsito na organização, mas não recebeu o apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, que formalizou o apoio a Hosny.
"Imaginava que essa polêmica fosse ganhar a preocupação internacional, como ganhou. Lamento a situação e continuo acreditando na possibilidade de mudança de posição do Brasil", disse Barbosa ao Estado. Mesmo sem o apoio de Brasília, sua eventual candidatura segue cogitada nos bastidores da Unesco. É forte a articulação para que ele aceite ser candidato representando outro país. "Não queria considerar essa hipótese porque é desagradável. Só tomaria esta atitude se tiver segurança de que o presidente Lula não voltaria atrás", afirmou Barbosa.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Não consigo entender o Brasil apoiando um Egipicio, quando existe um Brasileiro, até que cotado na questão, agora, de resto, o Brasil apoiando esse cara não me parece surpresa alguma, é bem tipico do governo que temos.
Vamo la moderação, continuamos confiando na sua imparcialidade.
- rodrigo
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Esse tipo de atitude só surpreende quem não conhece essa turma.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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