Memórias de Guerra: 1961-1974

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Rui Elias Maltez
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#16 Mensagem por Rui Elias Maltez » Ter Jun 12, 2007 11:03 am

Não acha que eles (vítimas ou heróis não vem ao caso) merecem o respeito de ser lembrados?


Claro que sim, Lancero:

Para que os saudosistas do antigamente, e os que viviam no bem-bom lá nas esplanadas de Lourenço Marques e de Luanda, na ilha, a beberem cucas e a comerem camarões se calem de vez, e reflictam o quanto um regime decadente e cego fez a grande parte de uma juventude portuguesa que se perdeu, uma parte nas matas de áfrica e outra que emigrou para fora em busca de melhores condições de vida.

Tudo em nome de um a fantasia delilante, como a de uma nação "pluri-continental".




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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#17 Mensagem por Rui Elias Maltez » Ter Nov 11, 2008 1:12 pm

UM RELATO NA PRIMEIRA PESSOA:


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Partida para Moçambique

Foi em 1968, 31 de Janeiro, 4ª feira, 12h15
Soaram os três toques a anunciar a partida do N/T "Vera Cruz" para terras de Moçambique ...

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Milhares de pessoas acenavam com lenços multicolores num último adeus àqueles que viam partir sem terem a certeza de um dia os poderem novamente abraçar ...

Eu acenava também para pessoas amigas que foram assistir á minha partida e que residiam em Lisboa.

Recordava ao mesmo tempo todos os rostos familiares: o rosto muito triste da mina Mãe, o rosto do meu Pai no qual eram visíveis as rugas no rosto motivadas, creio eu, pelo domínio que fazia para se manter sereno; recordava o rosto de todos os manos tranquilos mas um pouco tensos e recordava o rosto da minha noiva, o seu olhar, húmido e triste e a última carícia que me ofereceu!...

Tudo eu recordava com uma enorme nostalgia enquanto o barco seguia, muito devagar, tornando ainda mais penosa a separação dos que ficavam acenando ...O barco seguia e, com ele, eu era arrancado dum lar onde sempre vivi rodeado de amor e carinho.

Dentro do barco iniciamos nova vida adaptada ao ambiente de mobilizaçaõ para uma comissão militar em terras de África! Era uma nova etapa que se iniciava na minha vida e a qual me iria marcar para sempre ...

Foi em 1968, 31 de Janeiro, 4ª feira, 12h15

Soaram os três toques a anunciar a partida do N/T "Vera Cruz" para terras de Moçambique ...

Milhares de pessoas acenavam com lenços multicolores num último adeus àqueles que viam partir sem terem a certeza de um dia os poderem novamente abraçar ...

Eu acenava também para pessoas amigas que foram assistir á minha partida e que residiam em Lisboa. Recordava ao mesmo tempo todos os rostos familiares: o rosto muito triste da mina Mãe, o rosto do meu Pai no qual eram visíveis as rugas no rosto motivadas, creio eu, pelo domínio que fazia para se manter sereno; recordava o rosto de todos os manos tranquilos mas um pouco tensos e recordava o rosto da minha noiva, o seu olhar, húmido e triste e a última carícia que me ofereceu!...

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Tudo eu recordava com uma enorme nostalgia enquanto o barco seguia, muito devagar, tornando ainda mais penosa a separação dos que ficavam acenando ...O barco seguia e, com ele, eu era arrancado dum lar onde sempre vivi rodeado de amor e carinho.

Dentro do barco iniciamos nova vida adaptada ao ambiente de mobilizaçaõ para uma comissão militar em terras de África! Era uma nova etapa que se iniciava na minha vida e a qual me iria marcar para sempre ...

Foi em 1968, 31 de Janeiro, 4ª feira, 12h15

Soaram os três toques a anunciar a partida do N/T "Vera Cruz" para terras de Moçambique ...

Milhares de pessoas acenavam com lenços multicolores num último adeus àqueles que viam partir sem terem a certeza de um dia os poderem novamente abraçar ...

Eu acenava também para pessoas amigas que foram assistir á minha partida e que residiam em Lisboa.

Recordava ao mesmo tempo todos os rostos familiares: o rosto muito triste da mina Mãe, o rosto do meu Pai no qual eram visíveis as rugas no rosto motivadas, creio eu, pelo domínio que fazia para se manter sereno; recordava o rosto de todos os manos tranquilos mas um pouco tensos e recordava o rosto da minha noiva, o seu olhar, húmido e triste e a última carícia que me ofereceu!...

Tudo eu recordava com uma enorme nostalgia enquanto o barco seguia, muito devagar, tornando ainda mais penosa a separação dos que ficavam acenando ...O barco seguia e, com ele, eu era arrancado dum lar onde sempre vivi rodeado de amor e carinho.

Dentro do barco iniciamos nova vida adaptada ao ambiente de mobilizaçaõ para uma comissão militar em terras de África! Era uma nova etapa que se iniciava na minha vida e a qual me iria marcar para sempre ...

9 de Fevereiro, sexta-feira, 8 horas

Chegamos a Luanda.

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Estava quente e durante o dia ainda aqueceu mais. Era a primeira terra de África que os meus olhos contemplavam! Visitei pessoas amigas da família da minha noiva e fiz entrega de alguns presentes.
Gostei muito desta cidade de Luanda e notei que havia muitos brancos em serviço de apoio em cafés e restaurantes e por tudo quanto era lugar de trabalho! Só mais tarde compreenderia a razão por que havia menos nativos negros e mais brancos a ocupar os mais diversos lugares de trabalho.

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Retomamos a viagem cerca das 23 horas do mesmo dia.

Os dias seguiam-se com melancolia e, de quando em vez, assolava-me uma grande saudade dos meus entes queridos. Outras vezes era a incerteza quanto ao futuro que mais me angustiava ...

16 de Fevereiro, sexta-feira, 7 horas

Chegada a Lourenço Marques, capital de Moçambique.

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Cerca das 9 horas realizou-se o desfile de todos os militares que acabavam de chegar para prestar serviço nesta Província de Moçambique. Eram cerca de 2 500 homens!

Nesta cidade mantivemo-nos dois dias que aproveitei para visitar um agente do meu Gerente - da (Fábrica de Passamanarias de Morais & Marques) - e ainda dar alguns passeios.

Eram cerca de 23 horas quando partimos desta maravilhosa cidade que muito me impressionou! Partimos rumo a Norte para desembarcar as companhias ou pelotões nos seus lugares préviamente destinados.

20 de Fevereiro, terça-feira, 8 horas

Chegamos a Nacala, uma pequena vila e pouco povoada. Foi apenas uma paragem para desembarque de alguns militares. Partimos desta vila no mesmo dia, pelas 21 horas.

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21 de Fevereiro, quarta-feira, 8 horas

Chegamos á cidade de Porto Amélia. Aqui vi locais maravilhosos no terraço de um restaurante num plano superior e do qual se podia contemplar a praia e a bela baía ...

Partimos desta cidade cerca das 20 horas do mesmo dia. Também aqui a paragem foi só para o desembarque de alguns militares.

22 de Fevereiro, quinta-feira, 13 horas
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Chegada a Mocímboa da Praia, vila do Norte de Moçambique. Aqui desembarcaram várias unidades que iriam iniciar a luta pela integridade do nosso terriotório. Eram cerca de 11h30 quando recebi um telegrama no qual os meus queridos Pais me informavam que todos se encontravam bem. e assim iam passando os dias: Mar, sempre mar ...

26 de Fevereiro, segunda-feira, 9 horas

Chegada á Beira, cidade onde desembarcamos para seguirmos o destino respectivo: Vila-Pery, uma vila que distava cerca de 200 Km.

Eram 18h30 quando partimos.

27 de Fevereiro, terça-feira, 3 horas

Chegada a VILA-PERY! O cansaço era muito e logo após cerca de 1 hora já dormia espedrando o dia seguinte para começar o meu trabalho na zona onde me colocaram para fazer a "guerra" ...

03 de Março, domingo

Foi este o meu primero domingo em Vila Pery.

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É uma vila relativamente pequena mas muito intetressante e bastante povoada. O clima é fresco fazendo mesmo pouca diferença do habitual no Continente. Tem um cinema, dois restaurantes, dois cafés e bastantes casas de comércio com algum nível.

A cerca de 5 Km desta vila há a Soalpo, uma espécie de Bairro onde residem todos os empregados da Fábrica de Fiação e Tecidos Textáfrica. è um local onde existe uma capela como ponto de reunião. Na vila há uma Igreja moderna e acolhedora.

Não me desagradou o ambiente durante os primeiros dias se bem que me impressionasse o facto das ruas ficarem solitárias mal se aproximava a noite. Notei que o Sol nascia cerca das 05h30 e se punha cerca das 15h45.

Enfim, como primeira impressão, acho que é um bom lugar para passar dois anos de comissão(?) ...

31 de Março, domingo

E assim se passou o primeiro mês em Vila Pery. Agora estou mais ambientado e não há dúvida que me sinto bem nesta vila.

Travei conhecimento com algumas pessoas que residiam no Porto e com eles passei momentos agradáveis.

Sempre penso em ti, Dadinha, recordando ainda com intensidade quase doentia todos os belos momentos que passámos. Todas as noites olho a tua foto que mantenho na mesinha de cabeceira e sorrio incutindo-te ânimo e fé.

21 de Abril, domingo

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Imagem de Vila Pery em 1934

É este o primeiro aniversário que passo no Ultramar. Senti uma enorme triteza ao recordar todos os entes queridos que tão afasrados estão de mim.

Recorde-te, Dadinha, com muita intensidade. vieram á minha mente todos os teus carinhos e a tua terna doçura. Enfim, tive de dominar-me e orar também pela felicidade do meu mano Serafim que neste dia casaria com a Gina. Fiquei bastante sensibilizado por terem escolhido o dia do meu aniversário para o seu matrimónio. Que Deus os abençõe!

30 de Abril, terça-feira

Mais um mês que passou desde que embarquei em Lisboa. Agora já faço parte de um movimento de jovens: PAU (Paz, Amor e União) na Soalpo. Cedo conquistei amigos e raparigas amigas. Com eles passo momentos agradáveis e que muito me ajudam a mitigar a dor causada pela força da ausência ...

11 de Maio, sábado

Faleceu hoje, cerca das 21 horas, um soldado do meu Pelotão, VICTOR MANUEL CAETANO MARTINS, vítima de acidente.

Há algumas semanas que o Alferes e o Sargento foram para a Beira ficando eu e outro Furriel, Agostinho Tavares Bento, a comandar o Pelotão. Fui eu que, horas antes, assinei a respectiva autorização para que o desditoso soldado se deslocasse até uma vila próxima. Mal sabia eu que lhe tinha assinado a sua sentença de morte. Era um óptimo soldado e eu apreciava-o muito. Foi um rude golpe para mim a sua morte. Foi sepultado a 13 deste mesmo mês de Maio.

Foi esta a primeira baixa no meu Pelotão 2016.

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31 de Maio, sexta-feira

Completo hoje quatro meses de comissão. Continuo a criar um ambiente cada vez mais agradável. O trabalho no Pelotão não é intenso e assim a minha situação é relativamente priveligiada.

07 de Junho, sexta-feira

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Foi neste dia que, cerca das três horas da manhã, parti com oito homens, todos armados, em busca de três guerrilheiros que se tinham refugiado a cerca de 20 Km da vila. Era cerca das 5 horas da manhã quando iniciamos as buscas, já em terreno explorado anteriormente. Cerca de 1/2 hora depois, quando pretendíamos alcançar uma palhota, afim de aí descansarmos, ouvimos tiros que passaram a escassos centímetros da minha cabeça e da do Alferes e do 1º cabo que compúnhamos um trio de choque avançado.

Começamos a avançar com muiti cuidado e cedo verificamos que os tiros eram dirigidos a um Furriel que se tinha adiantado e que pretendia descansar na palhota que havia sido escolhida para tal fim. Quando cheguei á palhota esse furriel nã se encontrava lá pelo que deduzimos que os turras tinham fugido.

Esse erro quase me ia custado a vida, pois dentro da palhota um turra preparava-se para atirar uma granada para fora e só o olhar atento do 1º cabo nos salvou a vida ...Depois verificamos que na palhota se encontravam dois turras mortos.

Eram dez horas do mesmo dia quando regressamos ao Quartel. Foi este o meu primeiro momento de grande perigo aqui em Moçambique ...

30 de Junho, domingo

Mais um mês que passou. O frio agora é intenso, fazendo-me recordar o Inverno no Porto.

A tua imagem não me larga, Dadinha! Ontem, sábado, fizeste 24 anos e eu como eu gostaria de estar junto de ti. pensei em ti constantemente e intimamente fiz planos para que logo que te abrace novamente, jamais me hei-de separar de ti. Tem coragem, Dadinha! O amor que dizes sentir por mim será a tua melhor arma contra o desalento ...

30 de Julho, Terça-feira

Durante todo este mês de Julho quase cheguei a esquecer-me que andava na vida militar. Desloquei-me a lugares maravilhosos onde a paisagem agreste e bela me deixava especado. Convidaram-me para diversos aniversários onde me diverti com rapazes e raparigas, todos bons amigos, que em mim confiavam ...

Mas tu vivias sempre no meu pensamento, Dadinha! A penas tentava libertar-me de mim próprio, pois de tanto meditar receava adoecer.

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Á noite dava passeios solitários comtemplando o céu com milhares de estrelas e tentando descobrir a nossa estrela. Tens olhado para ela muitas vezes, Dadinha? Nunca te esqueças de o fazer, pois é a única coisa que podemos olhar ao mesmo tempo.

Era assim que eu vivia até que ...

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Recebi a ordem do Comando Geral para ser transferido para a cidade de Tete, a cerca de 400Km desta vila. Foi um golpe inesperado mas cedo me apercebi que só me restava cumprir ... E assim parti neste dia, cerca das nove horas, com sete homens com destino ao PIntª 2021, em Tete. Já a cerca de 150Km de Vila Pery começamos a sentir os efeitos de um calor insuportável! E foi talvez devido a isso que o condutor da viatura que seguia na cauda da coluna fechou os olhos e a viatura entrou no capim e capotou!

Foi uma visão horrível para mim! Faltavam 130Km para chegarmos a Tete.

Tinha dado boleia a um africano negro e isso representava para mim um grave problema, pois ele encontrava-se gravemente ferido e eu teria de responder pelo facto de transgredir a lei militar que proíbe que qualquer civil seja integrado em colunas militares ()

Os feridos - milagrosamente só houve feridos ligeiros - foram socorridos numa povoação próxima a cerca de 30Km onde comuniquei a ocorrência para Vila Pery. Os ferido foram logo transportados para Tete e eu fiquei a aguardar notícias de Vila Pery.

Cheguei a Tete cerca das 20h do dia 1 de Agosto de 1968.

Assim fiquei eu com um auto por acidente de viação que por vezes chegam a levar mais de um ano a resolver ...

01 de Agosto, quinta-feira-20h

Foi nesta data que cheguei á cidade de Tete. Aqui me encontro na cidade fantasma como lhe chamam. Logo de início fiquei mal impressionado mas talvez isso se devesse ao estado de espírito em que me encontrava. Veremos quando estiver mais tranquilo...

15 de Agosto, sexta-feira

E assim passaram os meus primeiros 15 dias em Tete. durante todo este tempo passeei pela cidade e na realidade tudo é triste e vazio. As ruas estão esburacadas, por todo o lado faz pó e o clima é terrível. Durante este mês já suportei temperaturas de 40 graus Cent. á sombra! É uma cidade com poucos Europeus sendo na quase totalidade mestiços e monhés e, claro africanos.

Neste dia regressei a Vila Pery em gozo de 30 dias de licença. Em parte também me quero afastar desta cidade fantasma ...

15 de Setembro, domingo
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Eis-me de regresso a Tete. Passei umas férias deliciosas, visitando locais nunca por mim imaginados e tomamdo parte em passeios com alguns amigos. Enfim, tudo o que é bom tende a acabar e assim me vou mentalizando que agora a minha guerra é em Tete.

23 de Setembro, segunda-feira

É hoje o dia de mais um aniversário da minha Mãezinha. Oh! como me recordo dela! Só a grande força de vontade que possuo me tem permitido continuar em frente. mas tranquiliza-te, Mãezinha! Saberei ser sempre digno da vossa confiança e do vosso amor.
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26 de Outubro, sábado

Eis que me desloquei novamente a Vila Pery para depois me deslocar á Beira onde ia consultar o médico de afim de arrancar um dente.

Já na Beira, soube que o médico já não dava consultas e novamente regressei a Tete com terríveis dores de dentes. Passados alguns dias passou aqui um médico e então o dente foi arrancado e já não mais senti dor ...

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Enfim, foram mais três dias de libertação desta cidade que tanto me tem afectado ...

30 de Novembro, sábado

Mais um mês que passou. O calor tem sido terrível. Chega a tornar-se insuportável esta temperatura! Por vezes nem as geleiras conseguem arrefecer completamente as bebidas. Muito ainda terei de suportar. Veremos até onde aguentarei ...

A verdade é que tu, Dadinha, me dás ânimo na luta que vou travando com tudo o que me rodeia. É em ti que eu penso e a luta torna-se mais suportável ...

24 de Dezembro, terça-feira

Noite de Natal! Noite de profundas saudades! Mais do que nunca as minhas recordações foram cheias de nostalgia! E vós mues queridos Pais? E tu, querida Dadinha? Sentem tristeza, eu sei. Mas nesta noite, mais do que nunca eu estiou convosco espiritualmente ...

A minha ceia foi em Vila Pery aonde me desloquei em missão de serviço. Junto com alguns camaradas passamos esta noite quase silenciosos, cada qual afundado nas suas recordações.

A passagem de ano foi agradável e deixou-me gratas recordações. Desloquei-me a Gondola (20Km de Vila Pery) e aí assistimos a uma agradável festa de passagem de ano. Todas as famílias levavam a ceia e então, quando chegou a mei-noite foi o delírio! Eu estava junto a uma família que me estimava e também colaborei na alegria geral. É esta uma das recordações mais gratas que até agora guardo do Ultramar ...

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01 de Janeiro, 1969, terça-feira

E assim entramos num novo ano! Mais um ano que começa e oxalá traga com ele algo novo e sempre mais agradável ...

31 de Janeiro, sexta-feira

Após ter terminado a missão de serviço que me trouxe a Vila Pery, por altura da quadra de Natal, regressei no dia 3 de Janeiro a Tete.

E assim, novamente em Tete, comemoramos hoje o nosso 1º ano de comissão em terras do Ultramar!

Para vós Paizinhos e para ti, Dadinha, enviei uma mensagem.

Foi um dia de festa da nossa "guerra". Todos vibramos de contentamento ... porque já (ainda) passou 1 ano.

18 de Fevereiro, terça-feira

Chegou o Carnaval! Também neste dia me diverti um pouco, tentando afastar da minha mente recordações amargas. Ainda neste mês o calor continua insuportável. A temperatura ronda os 50ºC á sombra!!!

08 de Março, sábado

Este foi um dos muitos dias em que eu tive de sair para o interior á frente de uma coluna com trinta viaturas de mantimentos. Eram viagens longas, cheias de perigos e acidentes graves principalmente junto ao rio onde tinhamos de descarregar as viaturas para atravessar com elas vazias e depois atravessar com a carga e na outra margen voltar a carregar as viaturas. Era tudo muito demorado e cheio de manobras de ocultar ou desviar géneros ou atirá-los par o chão dizendo que caíram... enfim, eram viagens que chegavam a demorar um m~es para faxer 150Km ...

Numa dessas viagens cheguei a ter um acidente que por pouco não me deixou em estado muito grave; felizmente foram apenas arranhões ...

Também soube que noutra direcção, ao atravessrem o rio morreram mais de cem militares quando o batelão virou por carga mal acondicionada ... Foi doloroso quando a notícia chegou até nós ... Que descansem am Paz!

16 de Abril, 1969

UM HOMEM TRISTE


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Foi no dia 2 de Abril ... um dia límpido, com uma brisa suave, com o suave perfume das flores ... Era domingo, o primeiro do mês de Abril de 1969! Domingo de Ramos! Deitado na cama eu olhava o teto e pela minha mente passavam imagens, muitas imagens ... que não chegavam a formar algo de concreto! Sentia-me triste, muito triste, impotente e quase desesperado. Tinha recebido um carta e mantiha-a nas mãos com receio de a voltar a ler ...Meu Deus! Seria possível que alguém que ame possa ser tão cruel? Seria posível que aquelas palavras fossem escritas e sentidas por Ela? Voltei mesmo a pegar na carta e voltei a ler aquela frase: "...estou a perder a minha juventude, os melhores tempos da minha juventude, para nada ..." Para nada?

Mas será para nada que se espera pelo ser amado? Será para nada que se ama e se é amado? Será para nada que dia após dia sofro uma tortura constante? Será para nada que penso e faço planos para um futuro cheio de amor? Será para nada que penso num lar com filhos e uma esposa e mão extremosa? Será para nada?

Mexo-me na cama, dorido física e moralmente! As dores físicas anda as suporto mas a dor moral ...

Sinto-me só, atraiçoado! Apenas os meus Pais confiam em mim e não dizem "para nada". Peguei numa foto e olhei-a: era Ela! Tão bonita! Olhar límpido, sincero ... Srá possível que um rosto tão belo possa dizer palavras tão cruéis?

Sinto dores mais fortes! Então recordo-me dos momentos difíceis que passamos! Como gostaria de ter os seus carinhos agora ...Sim, os seus carinhos! E então uma lágrima desceu dos meus olhos e caíu na carta: seria um sinal?

E assim adormeci ...

No outro dia as dores tinham passado um pouco. Escrevi-lhe uma carta. Uma carta em que deixei transparecer o desgosto que me tinha dado e a terrível desilusão que gerara no meu espírito!

Talvez tenha sido um pouco duro mas não havia outra solução.


Passaram 15 dias desde então! Quinze dias! ainda não tive resposta. Que teria pensado Ela? Teria adoptado as sugestões que lhe propus? Não creio. Talvez tenha ficado surpreendida e agastada. Talvez se tenha arrependido! Talvez até já tenha escrito ... Bem, que Deus e ela me perdõem se agi mal!

Agora esperarei. Sim. Só me resta esperar, esperar. E só Deus sabe com que ansiedade eu espero ...

17 de Abril, 1969

Hoje recebi outra carta da minha madrinha. Sempre carinhosa e compreensiva, já notou que se passa algo comigo. Não há dúvida que me sentiria melhor se desabafasse com ela, mas não me sinto com ávontade para o fazer. Sofrerei sózinho a minha angústia.

18 de Abril, 1969

Mais um dia vazio ... O meu pensamento continua livre, acabrunhado em tristes divagações. Continua a pensar em ti e no motivo por que não me escreves!

19 de Abril, 1969

Aproxima-se o dia do meu aniversário. Talvez receba uma carta tua, talvez tenhas meditado e chegado á conclusão que devias escrever. Esperarei ...

Os dias aqui em Tete vão passando quase sem dar por isso; ás vezes até sinto gosto ao ser enviado para reabastecimento de Unidades militares que se encontram distantes ... Assim não tenho tempo para pensar noutras coisas ...

20 de Abril, 1969

Como pensava hoje recebi corresondência tua. Nã obstante, não era uma resposta á minha carta. Era apenas um postal alusivo ao meu aniversário. Porque fizeste isto, Dadinha? O teu coração será de gelo?

21 de Abril, 1969

Completo hoje 24 anos. As recordações torturam-me durante todo o dia. tentei distrair-me tirando algumas fotos, mas só o consegui em parte. Porque me abandonaste, dadinha?

22 de Abril, 1969

Hoje recebi uma fita gravada com vozes dos meus familiares. Comovi-me profundamente ao saber que já sou tio. Tu não falaste. Porquê? Talvez andasses demasiado perocupada com o que te rodeava. Que triteza eu senti quando a mensagem terminou e não ouvi a tua voz! Enfim, maios um golpe ...

23 de Abril, 1969

Continuo á espera de algo que não surge, continuo sem alegria, frio e distante ...

Ás vezes é o trabalho que me distrai e me faz esquecer, por momentos, os meus tristes pensamentos. Enfim, os dias vão passando e cada vez sinto menos esperanças em receber carta tua ...

24 de Abril, 1969

Adormeci tarde. Só pensava em ti! Olhei mais uma vez a tua foto e quis sorrir mas saíu um esgar ...

Tu já não me amas. Esqueces-te que sofro como nunca e que o sofrimento me está a endurecer o coração. Já esqueceste tudo isto e talvez se esteja a fazer demasiado tarde para a recuperação.

Não sabes o que é a vida militar nem os sacrifícios a que ela nos obriga. Desconheces tudo isti apenas porque não o vives nem viverás nunca. Vives saturada com a rotina do dia a dia esquecendo que aqui tudo é mais doloroso e terrível.

Abandonaste-me! O teu amor deixou de ser uma entrega ao ser amado para ser apenas uma entrega a ti própria e ao teu egoísmo.

Começo a duvidar do teu carinho e da tua afeição, pois agora é que eu necessitava de tudo isso e tudo me é negado ...Não vês que me estás a arrastar para um abismo sem fim? Não sentes que a pouco e pouco me vais perdendo para sempre?

Será que te verei algum dia? Ter-te-ei novamente nos meus braços? Oh, Deus faz com que não seja verdade o que estou a pensar!

25 de Abril, 1969

Enviei hoje uma fita gravada para os meus Paizinhos e manos. também te dirijo a palavra mas não como tu desejarias. Fi-lo com amargura e desespero. Mostre-te dois caminhos divergentes que a tua conduta pode originar. Oxalá tu tenhas compreendido!

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26 de Abril, 1969

Mais um dia escuro e triste. Um dia mais que vivi a pensar e a divagar no mesmo assunto ...Não sei até quando terei de viver asim nesta dolorosa apatia ...

27 de Abril, 1969

Mais um domingo! Onde estarás? Que recordações tiveste nas diversas horas deste dia? Para mim foi mais um domingo...sem ti!

28 de Abril, 1969

Continuo sem receber carta tua. Esqueceste-me completamente. Já nada significo para ti. Os dias vão passando e cada vez me absorvo mais no dia a dia da guerra para não ter de pensar em mais nada...

29 de Abril, 1969

Faz hoje um mês que recebi a tal carta que me escreveste e que gerou toda esta trapalhada...

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À noite passeei muito junto ao rio. Sentia-me só, terrívelmente só e triste. Deitei-me cedo, pois queria adormecer e parar de pensar ...

30 de Abril, 1969

Mais um mês que termina. Agora ficam a faltar 9 meses para terminar a comissão. Quando tudo começava a aparecer risonho é que tu me lanças nas trevas ...

No dia 29 de Junho de 1969 escrevi-lhe um postal de aniversário.

E foi na resposta que tudo se esclareceu ...Finalmente!!!!!!!

Os dias passaram vertiginosamente e eis que chega o dia 02MAR70, dia para regressar a Lisboa! Tudo parecia um sonho! Quando menos pensava, eis que chegava a Lisboa e logo depois ao Porto e a casa....
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Lista dos valorosos homens que faziam parte do PINTª 2016 e que viveram em Moçambique nesta época de 31Jan68 a 28Fev70:

-António Manuel Antunes Jorge-Condutor

-João Manuel Abreu Cardoso-Condutor

-Miguel Jorge Rodrigues Sequeira-Caixeiro

-Eugénio Simões Grade-Caixeiro

-Francisco Almeida Quina-Comb. e Lubrif.

-Martinho Rosa Mendes-Aux. Cozinheiro

-António Faustino Neto-Escriturário

-Carlos Manuel Lopes Belo-Caixeiro

-Joaquim Maria Lopes-Caixeiro

-Belmiro Martins Pereira Mendes-Caixeiro (Transf. Beira em JUN68)

-Víctor Manuel Caetano Martins-Condutor (Faleceu em 110568_Acid)

-Joaquim de Jesus Leite Costa-Comb. e Lubrif.

-Álvaro Neves Loureiro-Caixeiro

-Filipe António de Azevedo-Caixeiro

-José Fernando Cunha e Sousa-Condutor

-Mário Mendes de Ascencão Salvado-Caixeiro

-António Augusto Umbelino dos Santos-Coz.(Transf.Namp. em 0568)

-Manuel Ferreira Teixeirinha-Servente(Transf. Beira em JUN68)

-Fernando Guilherme Pedras de Freitas-Fur. Milº

-Agostinho Tavares Bento-Fur. Milº

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Honras fúnebres aos três militares paraquedistas mortos em combate na então Guiné Portuguesa em 1973, e cujos corpos foram resgatados em 2008.
______________

http://fpedras.blogs.sapo.pt/




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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#18 Mensagem por soultrain » Sáb Fev 07, 2009 11:04 am

Lançado esta quarta-feira, 4 de Fevereiro, dia em que se assinalou a passagem de 48 anos do início do conflito em Angola, o site Guerra Colonial quer dar a conhecer melhor este momento da história contemporânea portuguesa, algo que na opinião dos seus promotores não tem sido feito adequadamente.

O novo espaço online resulta da parceria entre a Associação 25 de Abril e a RTP e recorre a textos, complementados com dados estatísticos e pequenas animações criadas especificamente para ilustrarem aqueles conteúdos.

Destaque para as fotos e documentários sobre os protagonistas políticos e militares do conflito, cedidos pelos arquivos do canal de televisão.

O projecto tem como público-alvo os antigos combatentes e os estudantes e professores, que poderão recorrer ao site para se informarem melhor sobre este momento da história de Portugal.

http://www.guerracolonial.org/





"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento" :!:


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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#19 Mensagem por Clermont » Sáb Abr 25, 2009 1:17 pm

"ANDEI ATRÁS DE CHE GUEVARA EM ANGOLA" - A Minha Guerra: Amílcar Pires - Angola 1965-1967.

Correio da Manhã - 19 de abril de 2009.

Saí dos Pupilos do Exército e fui para França tirar o curso de rádio de helicópteros Alouette III. Depois, fui mobilizado para Angola e colocado na Base Aérea 9, em Luanda, integrado na Esquadra 94. Depressa esqueci algumas teorias, pois no mato a realidade era bem diferente e sujeita a muitas condicionantes. Nas evacuações, éramos nós – os mecânicos, no meu caso de rádio –, que saíamos com a maca para recolher os feridos e os mortos. Era uma tarefa dolorosa.

Foram vários os Alouettes furados por projécteis inimigos mas, por sorte ou perícia dos pilotos, nenhum foi abatido. Alguns caíram por avaria e outros porque queríamos socorrer as nossas tropas em sítios inacessíveis, muitos na mata angolana. Só de uma vez morreram seis camaradas, um dos quais me pediu, à última da hora, para ir no meu lugar.

Durante as missões, todos os tripulantes se uniam nas adversidades, inventávamos e com espírito de humor, mas com responsabilidade, dizíamos: 'Isto está preso por arames, mas voa!' Foram vários os casos em que os rotores das caudas partiram e as aeronaves caíram no chão como pedras. Uma vez, numa operação de resgate de vítimas, o helicóptero teve uma grave avaria e valeu-nos a perícia do piloto que conseguiu desligá-lo no ar. Acabamos por cair desamparados na mata. Felizmente, ninguém morreu.

No primeiro ano de comissão (1965/66), os militares mortos no Ultramar não tinham direito a transladação para a Metrópole e nós não os podíamos transportar. Infringindo as normas, arranjávamos maneira de os resgatar, mais que não fosse para lhes fazermos um funeral digno. Colocávamos os cadáveres nas aeronaves e depois dizíamos que os homens tinham morrido a bordo.

Como fazia parte da tripulação de helicópteros, vi a guerra do Ultramar do ar. Só descia à terra para resgatar os feridos e os mortos, uma missão talvez mais complicada do que combater com as forças inimigas no meio do mato. Tínhamos de contar os mortos e só pela minha mão passaram mais de 60. Foi terrível e hoje ainda acordo a meio da noite a sonhar com esses momentos trágicos. A maior parte dos corpos de homens caídos em combate foi levada para Nambuangongo, cujo cemitério depressa ficou lotado. Em 1966, restabelecendo a mais elementar justiça, o Estado passou a assegurar o seu transporte de regresso à Pátria.

A nossa principal actividade desenvolveu-se na zona dos Dembos. À medida que as operações militares decorriam, saíamos ao nascer do dia de Luanda e só no ar é que recebíamos instruções sobre o nosso destino. Ficávamos nos acampamentos do Exército, em melhores ou piores condições, mas todos juntos: oficiais, sargentos e cabos especialistas. Éramos quem levava os militares, sobretudo os pára-quedistas, para os teatros de operações. Para os colocar no mato, cada Alouette transportava cinco tropas, além do piloto e de um mecânico.

No interior do helicóptero assisti às cenas de desespero daqueles que tinham de saltar para a selva, alguns deles para a morte. Muitas das vezes eram empurrados porque não tinham coragem para se atirar. Alguns partiram pernas ao chegar ao chão, porque a vegetação era alta e o helicóptero não podia baixar mais. Quibala Norte, Bela Vista, Santa Eulália, Quibaxe, Quicabo, Piri, Zala Úcua e a mítica Nambuangongo foram as zonas que mais nos serviram de base.

No terceiro trimestre de 1965 falou-se que Ernesto Che Guevara estava a combater na fronteira do Congo com Angola. Para nos certificarmos da veracidade da informação fomos para São Salvador do Congo. Participámos em várias operações na zona, por exemplo em Cuimba e Serra da Canda, mas nunca obtivemos qualquer confirmação. O mítico guerrilheiro refere no seu livro ‘Congo’ que estava lá nessa altura, mas a combater ao lado dos oponentes a Mobutu.

No terceiro semestre de 1966, com a ida da facção Chipenda para o Leste, a guerra agravou-se na zona. Disseram-nos que íamos para lá por oito dias, mas só fomos substituídos ao fim de 45. Estabelecemo-nos no recém-formado aeródromo-base no Cazombo e daqui partíamos para onde fosse necessário. Andámos pelos ‘cus de Judas’ – magistralmente descritos por António Lobo Antunes – estivemos em Lumbala e noutras terras perto da fronteira da Zâmbia. Nessa zona, os Fuzileiros e os Comandos foram os nossos principais companheiros. Levávamos os feridos para o Luso. A Esquadra 94 foi constituída em 1963 e continuou operacional até deixarmos Angola. Quem por lá passou jamais a esquecerá.

DO HELICÓPETRO PARA A RÁDIO

Quando regressou, Amílcar Pires ficou mais seis meses na Força Aérea e depois foi para a Emissora Nacional como técnico de rádio. Casou com uma mulher que conheceu em África. Tem uma filha, de 36 anos, médica, e teve um rapaz, que faleceu com 19 anos (1987), atropelado por um camião em Alcácer do Sal. Estudava Medicina. Enquanto trabalhava na rádio tirou o curso de Direito, mas exerceu pouco. Entretanto, ingressou na Função Pública, foi chefe aduaneiro do Aeroporto de Lisboa e reformou-se, em 1999, como director da Alfândega do Funchal.




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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#20 Mensagem por P44 » Sáb Abr 25, 2009 2:18 pm

o MPLA bem tentou cativar o Che, mas não teve sucesso




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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#21 Mensagem por Túlio » Sáb Abr 25, 2009 2:29 pm

Tá, mas e aí: o 'gaijo' agarrou de novo a tale de Dadinha (ai ai ai, que apelido, num prenuncia nada de bueno mesmo...) ou ficou no 'ora veja'?.......




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#22 Mensagem por WalterGaudério » Sáb Abr 25, 2009 2:52 pm

P44 escreveu:o MPLA bem tentou cativar o Che, mas não teve sucesso
Sorte do MPLA...

E azar de vcs portugueses. Seria muito interessante que vcs o tivessem "pêgo".




Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.


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Os Inteligentes COPIAM
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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#23 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 28, 2009 10:01 am

Não apanhamos o tipo mas apanhamos um Capitão Cubano na Guiné. Já foi alguma coisa...




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#24 Mensagem por eligioep » Ter Abr 28, 2009 10:24 am

Bem interessante este tópico, Cabeça de Martelo.... Bem oportuna a sua criação. Abraços!




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#25 Mensagem por Túlio » Sex Mai 01, 2009 10:39 pm

Rui Elias Maltez escreveu: (...)e os que viviam no bem-bom lá nas esplanadas de Lourenço Marques e de Luanda, na ilha, a beberem cucas e a comerem camarões

Como assim, beber cucas? Cuca aqui no RS é COMESTÍVEL, uma espécie de pão doce recheado com frutas cristalizadas e uvas passas...




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Re: Memórias de Guerra: 1961-1974

#26 Mensagem por P44 » Sáb Mai 02, 2009 7:35 am

"CUCA" era o nome de uma cerveja Angolana

http://santa-nostalgia.blogspot.com/200 ... -cuca.html




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Re: Re:

#27 Mensagem por eligioep » Seg Mai 04, 2009 12:24 pm

Túlio escreveu:..... beber cucas? Cuca aqui no RS é COMESTÍVEL, ...
:shock: :oops:
ha,ha,ha :lol: :lol: :lol:




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