Cuba, cubanos e o Embargo americano
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Cuba, cubanos e o Embargo americano
COMUNIZANDO COM FIDEL.
Por Fred Reed – 20 de dezembro de 2007 (originalmente em The American Conservative).
No malecón de Havana, a muralha marítima segue paralela à linha costeira, as ondas rolam e atingem o imprevisto obstáculo, mandando intensas explosões de brilhante spray branco, bem longe no ar, ocasionalmente molhando um pedestre desavisado. Através da auto-estrada que segue o malecón está um restaurante barato ao ar livre, o DiMar. Uma brisa constante do mar se despeja pelas mesas. Um tolerável coquetel de camarão, coberto de maionese, custa uns poucos mangos. Umas duas noites antes eu bebi uma cerva lá, vendo Cuba passar. Não era o que eu esperava.
Ao contrário de muitos turistas gringos, eu estava legalizado, tendo obtido uma licença do Departamento do Tesouro. Sem uma licença, viajar para Cuba é ilegal sob o Ato de Comércio Com o Inimigo de 1917. Por quê Cuba era minha inimiga não estava claro para mim. Nem para os cubanos.
Eu tinha, inadvertidamente negligenciado em contar para as autoridades que era jornalista – odeio quando isso acontece – portanto não estava em posição de fazer perguntas instigantes aos funcionários. Mas eu também não queria conversa mole de funcionário público. Eu queria andar por aí, pegar táxis e descer a costa, apenas olhar as coisas. E eu o fiz.
Eu fiquei satisfeito de encontrar a parte velha de Havana tanto charmosa quanto razoavelmente bem-conservada, especialmente em volta do convento de São Francisco. Esse último, naturalmente, agora é um museu, pois como Deus sabe, não devemos ter religiões, mas ele está em boa forma e inspira um ar de opressiva solenidade. Eu tentei imaginar a quietude nos tempos anteriores à motocicleta. As estreitas vias em volta estavam fechadas para carros, tornando agradável caminhar entre as lojas.
O país é pobre e desgastado e é, em si mesmo, um museu. Sentar no DiMar é como visitar os Anos 50. O embargo americano torna difícil conseguir carros novos, portanto muitos cubanos ainda dirigem carros de 1959, o ano da revolução, e de antes. Alguns exibem pinturas exuberantes e outros não. Foi notável observar as corridas da minha adolescência passar, planejando-as mentalmente como alguém faria em 1964 – Mercedes 54, Cadillac 57, Chevrolet 56 e por aí vai. Em volta de mim, outros compradores, cubanos de baixa-renda em todos as tonalidades não-brancas, riam e conversavam.
Eles são um povo alegre e hospitaleiro. Na minha chegada eles falavam um espanhol truncado, difícil de compreender – ”Como etáh uteh? Ma o menoh.” – mas eles fizerm um esforço nacional intenso para melhorar sua clareza e no meu quarto dia, já eram compreensíveis.
Cuba não se encaixa na sua sórdida imagem. Ela é, certamente uma ditadura, mesmo assim a presença policial é muito menor do aquela em Washington, e os tiras que eu vi não tinham interesse em mim. Ela não é arregimentada. Havana não se sente – digamos, oprimida – como Moscou se sentia durante os dias da União Soviética. A China de Mao ela não é.
A ilha, certamente não é perigosa para ninguém. Alguém falou que os únicos comunistas restando no mundo estavam em Cuba, Coréia do Norte e na faculdade de Harvard. Eu não sei se os professores de Harvard anseiam pela hegemonia mundial sem-Deus, embora a idéia não seja implausível, mas é absurdo colocar a Coréia do Norte e Cuba na mesma categoria. Pyongyang tem, ou quer, armas nucleares, e tem tanto um enorme exército visando a Coréia do Sul, e um hábito de testar mísseis balísticos de longo alcance. Cuba tem forças armadas pequenas e ninguém contra quem usá-las; de um ponto de vista americano, as forças armadas cubanas são tão apavorantes quanto o Luciano Huck com uma pistola d’agua. Cuba não tem arma nuclear alguma e nenhum sinal de querer ter. Ela não é um estado fora-da-lei. Ela é uma ilha deteriorada de pessoas agradáveis que precisam de mais dinheiro.
Cuba é cara. Comparar os preços das coisas é difícil – deliberadamente talvez, alguém poderia suspeitar – devido um peculiar jogo que o governo faz com as moedas. Cuba tem duas, a moeda nacional, que um visitante quase nunca vê, e o CUC que parece existir para turistas empobrecidos. Um visitante tem de converter seu dinheiro para CUCs. Se você troca dólares, o governo passa a mão em vinte porcento do topo e, então troca o restante a $1,08 por CUC. Se você troca pesos mexicanos, o que eu fiz, o índice é de 13,3 pelos por CUC quando o dólar era trocado por cerca de 11 pesos. Visitantes tem de comprar coisas por CUCs, que o vendedor, então tem de trocar pela moeda nacional a um índice de... Por aí se vê. Ninguém parece certo sobre o quanto cada coisa realmente custa.
A ilha podia usar algum investimento. Embora eu tenha encontrado vizinhanças com casas modernas de boa aparência, ditas pelo motorista de táxi pertencerem aos funcionários do governo e empregados de firmas estrangeiras, o resto da cidade precisa de pintura, reparos, e novas calçadas. Incontáveis casas, outrora elegantes com pórticos de colunas e janelas altas estão, agora descoloridas e desabando.
Por quê os comunistas imaginam a si mesmos como revolucionários é um mistério. Onde quer que eles tomem o poder num país, ele chega a um beco sem saída e senta vendo os outros países passarem. Eu não acho que o comunismo gere pobreza; antes ele a encontra e a preserva. Ele, certamente fez isso aqui. Cuba parece firmemente ancorada em 1959. Quanto disso vêm do embargo – “El Bloqueo” como o chamam os cubanos – e quanto do comunismo, eu não sei. Ninguém sabe. Isso é conveniente para Castro, já que ele pode jogar a culpa de qualquer coisa sobre os Estados Unidos. E o faz.
Curiosamente, o insubstituível apoio de Fidel está em Washington. Ao longo das auto-estradas, através do malecón de Havana, em pequenas vilas de aparência mediterrânea descendo a costa qualquer um vê cartazes do tipo, “Quarenta e três horas do bloqueio poderiam pagar por uma nova escola.” Ou por tantas locomotivas, ou completar as auto-estradas nacionais, ou isto ou aquilo. Como se chega esses números, eu não sei, mas isso não importa. De certo modo, os cartazes não são propaganda mas, simplesmente chamam a atenção para um fato: o embargo prejudica pessoas, que desejam empregos, dólares dos turistas e bens de consumo. Elas estão perfeitamente cientes do por quê não tem isso: o embargo americano. Isso pode ou não ser totalmente verdadeiro, mas tem uma verossimilhança convincente. Isso faz Fidel parecer bom. Ele está resistindo aos bastardos que nos estão tentando estrangular.
O quão resolutamente comunista é o povo cubano? Isso é apenas uma impressão, mas eu diria, “Muito pouco, se tanto (“Not at all, if that much.).” Abstrações terminando em “ismo” são hobbies para pessoas que tem tempo para elas. Todo mundo com quem falei queria mais dinheiro – um emprego melhor, comida melhor, roupas melhores, uma oportunidade para levar a esposa para jantar fora. Depois dessas coisas, mais liberdade.
Como um exemplo do uso do embargo por Castro para se manter no poder, considere a Internet. As pessoas com as quais falei já tinham ouvido falar dela, é claro, mas tinham pouca idéia do que se tratava e nenhum acesso a ela. Ela pode ser encontrada em hotéis e, aparentemente nas áreas turísticas, embora eu não tenha visto um só cybercafé do tipo que é encontrado a cada vinte metros em todos os países de terceiro-mundo que eu conheço. Por quê nenhuma Internet? Os cubanos, universalmente dizem que o embargo dos EUA impede Cuba de ter acesso. Isso me atingiu como uma improbabilidade. E era.
Na ZDNet, um respeitável website lidando com assuntos eletrônicos, eu mais tarde encontrei um relato de uma conferência da ONU em Atenas, na qual o funcionário cubano foi perguntado sobre qual a porcentagem de cubanos tendo acesso à net. Ele se esquivou, freneticamente da questão. ZDNet cita Bill Woodcock, um engenheiro de redes e diretor de pesquisas da Packet Clearing House, como se segue:
“Zero porcento dos cubanos estão conectados à Internet. O governo cubano opera uma companhia telefônica oficial, que mantém um Web cache. Os cubanos que desejarem utilizar a Internet navegam pelo Web cache governamental (browse the government Web cache). Eles não tem acesso irrestrito à Internet: (http://news.zdnet.com/2100-9588_22-6131854.html)
E se o tivessem, o governo iria ter um bocado a se explicar.
Também da ZDNet: “Um relatório publicado no mês passado pelos Repórteres Sem Fronteira diz, “é proibido comprar qualquer equipamento de computador sem expressa permissão das autoridades,” e spyware “instalado em todos os cafés da Internt, automaticamente detectam conteúdo banido.” A lei dos Estados Unidos isenta equipamento e serviços de telecomunicações do embargo comercial.”
O governo cubano está mentindo, quem teria pensado numa coisa dessas, mas pode culpar o embargo pela falta de acesso. Washington, com efeito ajuda Castro em manter a censura.
Cuba tem o que são chamados “cocotáxis”. Esses são coisas esféricas de plástico amarelo como parte de uma casca de coco presa a uma motocicleta, fornecendo transporte para dois. Tendo contratado um cocotaxi por um dia, eu fiquei conhecendo o motorista razoavelmente bem, ao ponto de ser convidado para sua casa para uns comes-e-bebes. Sua esposa tinha acabado de ter uma filha e ele não cabia em si de orgulho de ambas. Seu entendimento de economia era de que as coisas eram ruins, tinham sido piores mas estavam, lentamente ficando melhores. Ainda assim, ele disse, os impostos eram altos e ele tinha de comprar gasolina em CUCs, o que a fazia mais dispendiosa. Coisas como computadores estavam fora do alcance, e ele e sua esposa não podiam se permitir restaurantes. Tinha ele muitos passageiros gringos, perguntei. Não, não muitos. Ele queria que mais viessem. Ele estava cansado de ser pobre.
Eu não estou certo do por quê seria do interesse nacional dos Estados Unidos fazer um taxista e sua família viverem na base do peixe com arroz. Eu não me sinto, notavelmente mais seguro ao ouvir sobre isso.
Um embargo faz sentido quando ele faz sentido, mas não faz sentido quando não faz sentido. Cuba não é mais a ponta-de-lança da União Soviética; na verdade, de acordo com muitos observadores, nem existe mais uma União Soviética. Nós parecemos estar procedendo por pura vingança contra Castro. Fidel, um repreensível ditador freelance, acabou com Batista, nosso repreensível ditador. Nós queremos ficar quites.
Mas Castro não é Cuba. O CIA Fact Book diz que Cuba tem 11.394.043 cidadãos. Um deles é Castro, e 11.394.042 não são. Muitos americanos dizem que Castro é mau e, portanto temos de embargá-lo. Uma pessoa, com certeza, o embargo não prejudica que é Castro. Alguém acha que ele anda comendo menos por causa dele?
Ah, mas há os emigrados cubanos em Miami. Tanto da política externa americana parece determinada pela política interna, por uma certa truculência infantil, e pela ignorância de como agem as pessoas. O embargo não conseguiu nada de qualquer utilidade durante 50 anos. Claramente a coisa a ser feita é mantê-lo por outros cinqüenta. Os “cubanos” em Miami exigem isso.
Nós estamos sujeitados a uma considerável desinformação no que concerne a ilha. Os emigrados cubanos no sul da Flórida pintam Cuba como um buraco do inferno. Ela não é. Eu tenho vistos buracos do inferno. Mesmo antes de vir para Cuba, eu tinha desenvolvido uma visão sombria dos pseudo-cubanos de Miami. Só por uma coisa, eu tinha ido a Miami e simplesmente não gostei deles. Eles são arrogantes, e rudes com os anglos se não, realmente hostis. Eu me vi querendo perguntar, “Mas que país vocês pensam que esse é, afinal de contas?” mas a resposta era óbvia.
E mais, ao apoiarem o embargo eles estão cientes de que estão infligindo graves sofrimentos sobre onze milhões de seus supostos compatriotas porque estão danados com Fidel. Isso é desprezível. Eles querem que os EUA vão atrás, para eles, de suas posses que Castro confiscou ao chegar ao poder. Dada a corrupção e criminalidade correndo soltas sob Batista, seria interessante perguntar como eles conseguiram suas propriedades. Para tentar consegui-las de volta eles estão perfeitamente prontos para condenar a população da ilha a outros cinqüenta anos vivendo de peixe e arroz. Mas que patriotas.
Eu digo “pseudo-cubanos” e “supostos compatriotas cubanos”. É bom observar que 1959 foi há 48 anos atrás. A grande maioria desses alegados cubanos nasceu aqui, nunca esteve em Cuba e não iriam viver lá se pudessem. Eles são gringos, americanos. Eles são, também um importante bloco eleitoral num estado crucial para a presidência. Como tão freqüentemente na política externa, o jogo político interno atropela o interesse nacional e o pensamento coerente.
Vivendo como eu vivo no México, talvez eu tenha um ângulo melhor de visão sobre questões latino-americanas do que os isolados ideológicos em Washington. Para o mundo abaixo de Laredo, Cuba é um heróico pequeno país sendo atormentado pelos Estados Unidos mas sem ceder. Eu não estou certo se essa não é a opinião do mundo inteiro, exceto pela América. Lembrem-se de que muito da Latinidade acredita que os problemas econômicos da América do Sul provém da exploração americana. Não provém. Considerável fé é exigida para se acreditar que a Bolívia se transformaria no Japão se apenas os Estados Unidos parassem de oprimí-la. Mas crenças, não fatos determinam o comportamento.
Os argumentos americanos contra a ilha não carregam muito peso numa região que vê as coisas através de olhos latino-americanos. Por exemplo, pelos padrões regionais Cuba não é terrivelmente pobre. Ela não sofre a carnificina da Guatemala e El Salvador. Por cinqüenta anos ela tem sido politicamente estável. Dada a experiência dos latino-americanos com ditadura, corrupção e violência, o governo de Cuba não parece ruim.
Os americanos, talvez devido a Guerra Fria, tendem a pensar que comunismo é comunismo, tudo farinha do mesmo saco. Não tanto assim. No índice superior do horrível você tem Stalin, Pol Pot e Mao, genuínos loucos de entusiasmos genocidas. A dinastia da Coréia do Norte corre em segundo.
Castro não é nem louco e nem genocida. Um ditador, sim. Um tedioso saco-de-vento, sim. Repressor da dissidência, sim – mas disposição para reprimir a dissenção não significa que haja uma grande quantidade de dissidência para reprimir. Tanto quanto diz respeito aos cubanos (eu quero dizer cubanos de verdade, a espécie que vive em Cuba, não a variedade fajuta em Miami), o problema não é Castro. É a hostilidade de Washington. Castro podia terminar o embargo se rendendo, isso é certo. Washington podia terminar com ele, terminando-o, e provavelmente terminando com Castro ao mesmo tempo.
Enquanto eu estava na ilha, a ONU votou 184 contra 4 para recomendar que os Estados Unidos findassem o embargo. Nessa votação a América teve o apoio das seguintes grandes potências: Israel, Ilhas Palau e Ilhas Marshall. Vários cubanos, espontaneamente me falaram da votação, sorrindo triunfantemente. Intrigado, eu resolvi falar sobre a votação com as pessoas com quem encontrava. Todas sabiam dela – a televisão governamental se assegurou disso – e sorriam amplamente sobre o que elas viam como uma vitória de Cuba sobre Bush.
Se esta ilha é instável, ansiando por Fider morrer para que ela possa se revoltar e virar um apêndice dos Estados Unidos, eu sou Sofia Loren.
Eu passei várias horas caminhando através das favelas de Havana. Estas são extensas e feias. Semelhante a muito da cidade, elas parecem ter sido construídas cinqüenta anos atrás e nunca terem sofrido manutenção. Ruas comerciais tem os pilares usuais, com freqüência em cores pastel agora cobertas com fuligem, o reboco caindo em placas. Nas ruas laterias, bueiros ficam abertos. Algumas vezes água, provavelmente esgoto, corre pelo pavimento. Eu não vi nada sugerindo fome, nenhuma desnutrição africana, mas essas pessoas, claramente tem pouco. Repetidas vezes, eu vislumbrei pelas portas e vi escadarias obscenamente desgastadas subindo mergulhando na escuridão. Pessoas cansadas espiavam das janelas.
Locais similares existem nos subúrbios de Detroit e em Washington DC, onde edifícios abandonados são comuns, onde projetos habitacionais inteiros tiveram suas janelas tijoladas para impedir que se tornassem galerias de picadas para gente com agulhas. As favelas da América são demarcadas por raça, mas em Cuba não são. Eu não encontrei hostilidade alguma. Em quatro horas eu não ganhei nem um olhar mal-encarado. Em Detroit eu teria durado cinco minutos. Mas essas pessoas não vão conseguir nada, vivendo, procriando e morrendo com nada para mostrar. É uma coisa podre fazer isso com eles sem uma razão muito boa. E não há razão alguma. Isso não nos livra de Fidel.
As armadilhas do socialismo panfletário estão por toda parte em Cuba. Cartazes nos muros dizem “Venceremos” e “Patria o Muere” e outras coisas excitantes. A adolescência é dura de morrer em toda parte. Um pôster mostra imagens de Bush, Hitler e alguém que talvez queira indicar Cheney (parecia, mas não podia ser John Lennon) com anotações aritméticas: Bush mais qualquer coisa igual a Hitler. O rosto de Che Guevara aparece interminavelmente, o Cristo comunista, olha de cima para baixo, contemplando bravamente um paraíso socialista que não se encaixa na camiseta. Eu vi prateleiras oferecendo treze diferentes fotos de Che. Se ele tivesse cicatrizes graves de acne e orelhas gozadas, não teria importância alguma para o socialismo, mas ele dá uma boa camiseta.
A imprensa é, sem dúvida controlada. A seção política de uma livraria que eu vi, consistia de talvez uma dúzia de livros sobre (ai-ai) Che, o resto sendo não muito melhor. Confusamente, havia um par de livros sobre administração de negócios. A televisão é carregada de afirmações de patriotismo socialista. Em particular há canais sobre a China, que Cuba parece considerar como comunista (quando foi a última vez que você ouviu falar de uma economia comunista crescendo a dez porcento, ou tanto?) e da Venezuela. Hugo Chavez, claramente e considerado como um grande homem.
Próximo ao fim da aventura eu voltei para o DiMar para comunizar com o vento e as ondas explodindo e ponderar sobre o que eu tinha visto. Os cubanos fazem uma boa cerveja (Bucanero). Eu tenho de reconhecer, e enquanto maionese com camarão possa não ser aconselhável, ela funcionou.
Eu queria separar o que eu sabia sobre Cuba daquilo que eu suspeitava, para, desta forma, evitar a armadilha da especialização instantânea. Algumas coisas eu não sabia. Um buraco do inferno? Não. Ameaça para qualquer um? Não. Perigo para a estabilidade internacional? Não. Precisando ser embargada? Não. Ditadura? Sim. Aderente da Carta de Direitos? Não.
O quão mau era Fidel? Realmente, não sei. Admiradores e detratores são amplamente ideológicos. Comparado com Thomas Jefferson ele não parece bom (embora eu não ache que Castro tenha escravos). Comparado com outros ditadores que os Estados Unidos tem instalado ou apoiado – Somoza, Trujillo, o Xá, Pinochet, Saddam Hussein e por aí vai – fica parelho.
Mas, não obstante o quão repugnante Castro possa ser, a questão prática é se o embargo é do interesse da América. Se os Estados Unidos ainda são fortes o bastante que não importe o que o mundo pensa, então o embargo, embora desnecessário, não importa (exceto em termos morais, o que não conta). Mas enquanto o país trava guerras contra o mundo muçulmano, tenta conter a China (isso vai funcionar), empurra a Rússia para os braços da China, e tenta intimidar a América do Sul, tudo isso de uma vez só, talvez fosse melhor aperfeiçoar as relações da América com este hemisfério. Um modo eficiente para difundir o comunismo é transformar os comunistas em heróis. O mundo inteiro – bem, exceto Israel, as Ilhas Marshall e as Ilhas Palau – está contra o Estados Unidos nisso. É assim tão importante manter Miami feliz?
Por Fred Reed – 20 de dezembro de 2007 (originalmente em The American Conservative).
No malecón de Havana, a muralha marítima segue paralela à linha costeira, as ondas rolam e atingem o imprevisto obstáculo, mandando intensas explosões de brilhante spray branco, bem longe no ar, ocasionalmente molhando um pedestre desavisado. Através da auto-estrada que segue o malecón está um restaurante barato ao ar livre, o DiMar. Uma brisa constante do mar se despeja pelas mesas. Um tolerável coquetel de camarão, coberto de maionese, custa uns poucos mangos. Umas duas noites antes eu bebi uma cerva lá, vendo Cuba passar. Não era o que eu esperava.
Ao contrário de muitos turistas gringos, eu estava legalizado, tendo obtido uma licença do Departamento do Tesouro. Sem uma licença, viajar para Cuba é ilegal sob o Ato de Comércio Com o Inimigo de 1917. Por quê Cuba era minha inimiga não estava claro para mim. Nem para os cubanos.
Eu tinha, inadvertidamente negligenciado em contar para as autoridades que era jornalista – odeio quando isso acontece – portanto não estava em posição de fazer perguntas instigantes aos funcionários. Mas eu também não queria conversa mole de funcionário público. Eu queria andar por aí, pegar táxis e descer a costa, apenas olhar as coisas. E eu o fiz.
Eu fiquei satisfeito de encontrar a parte velha de Havana tanto charmosa quanto razoavelmente bem-conservada, especialmente em volta do convento de São Francisco. Esse último, naturalmente, agora é um museu, pois como Deus sabe, não devemos ter religiões, mas ele está em boa forma e inspira um ar de opressiva solenidade. Eu tentei imaginar a quietude nos tempos anteriores à motocicleta. As estreitas vias em volta estavam fechadas para carros, tornando agradável caminhar entre as lojas.
O país é pobre e desgastado e é, em si mesmo, um museu. Sentar no DiMar é como visitar os Anos 50. O embargo americano torna difícil conseguir carros novos, portanto muitos cubanos ainda dirigem carros de 1959, o ano da revolução, e de antes. Alguns exibem pinturas exuberantes e outros não. Foi notável observar as corridas da minha adolescência passar, planejando-as mentalmente como alguém faria em 1964 – Mercedes 54, Cadillac 57, Chevrolet 56 e por aí vai. Em volta de mim, outros compradores, cubanos de baixa-renda em todos as tonalidades não-brancas, riam e conversavam.
Eles são um povo alegre e hospitaleiro. Na minha chegada eles falavam um espanhol truncado, difícil de compreender – ”Como etáh uteh? Ma o menoh.” – mas eles fizerm um esforço nacional intenso para melhorar sua clareza e no meu quarto dia, já eram compreensíveis.
Cuba não se encaixa na sua sórdida imagem. Ela é, certamente uma ditadura, mesmo assim a presença policial é muito menor do aquela em Washington, e os tiras que eu vi não tinham interesse em mim. Ela não é arregimentada. Havana não se sente – digamos, oprimida – como Moscou se sentia durante os dias da União Soviética. A China de Mao ela não é.
A ilha, certamente não é perigosa para ninguém. Alguém falou que os únicos comunistas restando no mundo estavam em Cuba, Coréia do Norte e na faculdade de Harvard. Eu não sei se os professores de Harvard anseiam pela hegemonia mundial sem-Deus, embora a idéia não seja implausível, mas é absurdo colocar a Coréia do Norte e Cuba na mesma categoria. Pyongyang tem, ou quer, armas nucleares, e tem tanto um enorme exército visando a Coréia do Sul, e um hábito de testar mísseis balísticos de longo alcance. Cuba tem forças armadas pequenas e ninguém contra quem usá-las; de um ponto de vista americano, as forças armadas cubanas são tão apavorantes quanto o Luciano Huck com uma pistola d’agua. Cuba não tem arma nuclear alguma e nenhum sinal de querer ter. Ela não é um estado fora-da-lei. Ela é uma ilha deteriorada de pessoas agradáveis que precisam de mais dinheiro.
Cuba é cara. Comparar os preços das coisas é difícil – deliberadamente talvez, alguém poderia suspeitar – devido um peculiar jogo que o governo faz com as moedas. Cuba tem duas, a moeda nacional, que um visitante quase nunca vê, e o CUC que parece existir para turistas empobrecidos. Um visitante tem de converter seu dinheiro para CUCs. Se você troca dólares, o governo passa a mão em vinte porcento do topo e, então troca o restante a $1,08 por CUC. Se você troca pesos mexicanos, o que eu fiz, o índice é de 13,3 pelos por CUC quando o dólar era trocado por cerca de 11 pesos. Visitantes tem de comprar coisas por CUCs, que o vendedor, então tem de trocar pela moeda nacional a um índice de... Por aí se vê. Ninguém parece certo sobre o quanto cada coisa realmente custa.
A ilha podia usar algum investimento. Embora eu tenha encontrado vizinhanças com casas modernas de boa aparência, ditas pelo motorista de táxi pertencerem aos funcionários do governo e empregados de firmas estrangeiras, o resto da cidade precisa de pintura, reparos, e novas calçadas. Incontáveis casas, outrora elegantes com pórticos de colunas e janelas altas estão, agora descoloridas e desabando.
Por quê os comunistas imaginam a si mesmos como revolucionários é um mistério. Onde quer que eles tomem o poder num país, ele chega a um beco sem saída e senta vendo os outros países passarem. Eu não acho que o comunismo gere pobreza; antes ele a encontra e a preserva. Ele, certamente fez isso aqui. Cuba parece firmemente ancorada em 1959. Quanto disso vêm do embargo – “El Bloqueo” como o chamam os cubanos – e quanto do comunismo, eu não sei. Ninguém sabe. Isso é conveniente para Castro, já que ele pode jogar a culpa de qualquer coisa sobre os Estados Unidos. E o faz.
Curiosamente, o insubstituível apoio de Fidel está em Washington. Ao longo das auto-estradas, através do malecón de Havana, em pequenas vilas de aparência mediterrânea descendo a costa qualquer um vê cartazes do tipo, “Quarenta e três horas do bloqueio poderiam pagar por uma nova escola.” Ou por tantas locomotivas, ou completar as auto-estradas nacionais, ou isto ou aquilo. Como se chega esses números, eu não sei, mas isso não importa. De certo modo, os cartazes não são propaganda mas, simplesmente chamam a atenção para um fato: o embargo prejudica pessoas, que desejam empregos, dólares dos turistas e bens de consumo. Elas estão perfeitamente cientes do por quê não tem isso: o embargo americano. Isso pode ou não ser totalmente verdadeiro, mas tem uma verossimilhança convincente. Isso faz Fidel parecer bom. Ele está resistindo aos bastardos que nos estão tentando estrangular.
O quão resolutamente comunista é o povo cubano? Isso é apenas uma impressão, mas eu diria, “Muito pouco, se tanto (“Not at all, if that much.).” Abstrações terminando em “ismo” são hobbies para pessoas que tem tempo para elas. Todo mundo com quem falei queria mais dinheiro – um emprego melhor, comida melhor, roupas melhores, uma oportunidade para levar a esposa para jantar fora. Depois dessas coisas, mais liberdade.
Como um exemplo do uso do embargo por Castro para se manter no poder, considere a Internet. As pessoas com as quais falei já tinham ouvido falar dela, é claro, mas tinham pouca idéia do que se tratava e nenhum acesso a ela. Ela pode ser encontrada em hotéis e, aparentemente nas áreas turísticas, embora eu não tenha visto um só cybercafé do tipo que é encontrado a cada vinte metros em todos os países de terceiro-mundo que eu conheço. Por quê nenhuma Internet? Os cubanos, universalmente dizem que o embargo dos EUA impede Cuba de ter acesso. Isso me atingiu como uma improbabilidade. E era.
Na ZDNet, um respeitável website lidando com assuntos eletrônicos, eu mais tarde encontrei um relato de uma conferência da ONU em Atenas, na qual o funcionário cubano foi perguntado sobre qual a porcentagem de cubanos tendo acesso à net. Ele se esquivou, freneticamente da questão. ZDNet cita Bill Woodcock, um engenheiro de redes e diretor de pesquisas da Packet Clearing House, como se segue:
“Zero porcento dos cubanos estão conectados à Internet. O governo cubano opera uma companhia telefônica oficial, que mantém um Web cache. Os cubanos que desejarem utilizar a Internet navegam pelo Web cache governamental (browse the government Web cache). Eles não tem acesso irrestrito à Internet: (http://news.zdnet.com/2100-9588_22-6131854.html)
E se o tivessem, o governo iria ter um bocado a se explicar.
Também da ZDNet: “Um relatório publicado no mês passado pelos Repórteres Sem Fronteira diz, “é proibido comprar qualquer equipamento de computador sem expressa permissão das autoridades,” e spyware “instalado em todos os cafés da Internt, automaticamente detectam conteúdo banido.” A lei dos Estados Unidos isenta equipamento e serviços de telecomunicações do embargo comercial.”
O governo cubano está mentindo, quem teria pensado numa coisa dessas, mas pode culpar o embargo pela falta de acesso. Washington, com efeito ajuda Castro em manter a censura.
Cuba tem o que são chamados “cocotáxis”. Esses são coisas esféricas de plástico amarelo como parte de uma casca de coco presa a uma motocicleta, fornecendo transporte para dois. Tendo contratado um cocotaxi por um dia, eu fiquei conhecendo o motorista razoavelmente bem, ao ponto de ser convidado para sua casa para uns comes-e-bebes. Sua esposa tinha acabado de ter uma filha e ele não cabia em si de orgulho de ambas. Seu entendimento de economia era de que as coisas eram ruins, tinham sido piores mas estavam, lentamente ficando melhores. Ainda assim, ele disse, os impostos eram altos e ele tinha de comprar gasolina em CUCs, o que a fazia mais dispendiosa. Coisas como computadores estavam fora do alcance, e ele e sua esposa não podiam se permitir restaurantes. Tinha ele muitos passageiros gringos, perguntei. Não, não muitos. Ele queria que mais viessem. Ele estava cansado de ser pobre.
Eu não estou certo do por quê seria do interesse nacional dos Estados Unidos fazer um taxista e sua família viverem na base do peixe com arroz. Eu não me sinto, notavelmente mais seguro ao ouvir sobre isso.
Um embargo faz sentido quando ele faz sentido, mas não faz sentido quando não faz sentido. Cuba não é mais a ponta-de-lança da União Soviética; na verdade, de acordo com muitos observadores, nem existe mais uma União Soviética. Nós parecemos estar procedendo por pura vingança contra Castro. Fidel, um repreensível ditador freelance, acabou com Batista, nosso repreensível ditador. Nós queremos ficar quites.
Mas Castro não é Cuba. O CIA Fact Book diz que Cuba tem 11.394.043 cidadãos. Um deles é Castro, e 11.394.042 não são. Muitos americanos dizem que Castro é mau e, portanto temos de embargá-lo. Uma pessoa, com certeza, o embargo não prejudica que é Castro. Alguém acha que ele anda comendo menos por causa dele?
Ah, mas há os emigrados cubanos em Miami. Tanto da política externa americana parece determinada pela política interna, por uma certa truculência infantil, e pela ignorância de como agem as pessoas. O embargo não conseguiu nada de qualquer utilidade durante 50 anos. Claramente a coisa a ser feita é mantê-lo por outros cinqüenta. Os “cubanos” em Miami exigem isso.
Nós estamos sujeitados a uma considerável desinformação no que concerne a ilha. Os emigrados cubanos no sul da Flórida pintam Cuba como um buraco do inferno. Ela não é. Eu tenho vistos buracos do inferno. Mesmo antes de vir para Cuba, eu tinha desenvolvido uma visão sombria dos pseudo-cubanos de Miami. Só por uma coisa, eu tinha ido a Miami e simplesmente não gostei deles. Eles são arrogantes, e rudes com os anglos se não, realmente hostis. Eu me vi querendo perguntar, “Mas que país vocês pensam que esse é, afinal de contas?” mas a resposta era óbvia.
E mais, ao apoiarem o embargo eles estão cientes de que estão infligindo graves sofrimentos sobre onze milhões de seus supostos compatriotas porque estão danados com Fidel. Isso é desprezível. Eles querem que os EUA vão atrás, para eles, de suas posses que Castro confiscou ao chegar ao poder. Dada a corrupção e criminalidade correndo soltas sob Batista, seria interessante perguntar como eles conseguiram suas propriedades. Para tentar consegui-las de volta eles estão perfeitamente prontos para condenar a população da ilha a outros cinqüenta anos vivendo de peixe e arroz. Mas que patriotas.
Eu digo “pseudo-cubanos” e “supostos compatriotas cubanos”. É bom observar que 1959 foi há 48 anos atrás. A grande maioria desses alegados cubanos nasceu aqui, nunca esteve em Cuba e não iriam viver lá se pudessem. Eles são gringos, americanos. Eles são, também um importante bloco eleitoral num estado crucial para a presidência. Como tão freqüentemente na política externa, o jogo político interno atropela o interesse nacional e o pensamento coerente.
Vivendo como eu vivo no México, talvez eu tenha um ângulo melhor de visão sobre questões latino-americanas do que os isolados ideológicos em Washington. Para o mundo abaixo de Laredo, Cuba é um heróico pequeno país sendo atormentado pelos Estados Unidos mas sem ceder. Eu não estou certo se essa não é a opinião do mundo inteiro, exceto pela América. Lembrem-se de que muito da Latinidade acredita que os problemas econômicos da América do Sul provém da exploração americana. Não provém. Considerável fé é exigida para se acreditar que a Bolívia se transformaria no Japão se apenas os Estados Unidos parassem de oprimí-la. Mas crenças, não fatos determinam o comportamento.
Os argumentos americanos contra a ilha não carregam muito peso numa região que vê as coisas através de olhos latino-americanos. Por exemplo, pelos padrões regionais Cuba não é terrivelmente pobre. Ela não sofre a carnificina da Guatemala e El Salvador. Por cinqüenta anos ela tem sido politicamente estável. Dada a experiência dos latino-americanos com ditadura, corrupção e violência, o governo de Cuba não parece ruim.
Os americanos, talvez devido a Guerra Fria, tendem a pensar que comunismo é comunismo, tudo farinha do mesmo saco. Não tanto assim. No índice superior do horrível você tem Stalin, Pol Pot e Mao, genuínos loucos de entusiasmos genocidas. A dinastia da Coréia do Norte corre em segundo.
Castro não é nem louco e nem genocida. Um ditador, sim. Um tedioso saco-de-vento, sim. Repressor da dissidência, sim – mas disposição para reprimir a dissenção não significa que haja uma grande quantidade de dissidência para reprimir. Tanto quanto diz respeito aos cubanos (eu quero dizer cubanos de verdade, a espécie que vive em Cuba, não a variedade fajuta em Miami), o problema não é Castro. É a hostilidade de Washington. Castro podia terminar o embargo se rendendo, isso é certo. Washington podia terminar com ele, terminando-o, e provavelmente terminando com Castro ao mesmo tempo.
Enquanto eu estava na ilha, a ONU votou 184 contra 4 para recomendar que os Estados Unidos findassem o embargo. Nessa votação a América teve o apoio das seguintes grandes potências: Israel, Ilhas Palau e Ilhas Marshall. Vários cubanos, espontaneamente me falaram da votação, sorrindo triunfantemente. Intrigado, eu resolvi falar sobre a votação com as pessoas com quem encontrava. Todas sabiam dela – a televisão governamental se assegurou disso – e sorriam amplamente sobre o que elas viam como uma vitória de Cuba sobre Bush.
Se esta ilha é instável, ansiando por Fider morrer para que ela possa se revoltar e virar um apêndice dos Estados Unidos, eu sou Sofia Loren.
Eu passei várias horas caminhando através das favelas de Havana. Estas são extensas e feias. Semelhante a muito da cidade, elas parecem ter sido construídas cinqüenta anos atrás e nunca terem sofrido manutenção. Ruas comerciais tem os pilares usuais, com freqüência em cores pastel agora cobertas com fuligem, o reboco caindo em placas. Nas ruas laterias, bueiros ficam abertos. Algumas vezes água, provavelmente esgoto, corre pelo pavimento. Eu não vi nada sugerindo fome, nenhuma desnutrição africana, mas essas pessoas, claramente tem pouco. Repetidas vezes, eu vislumbrei pelas portas e vi escadarias obscenamente desgastadas subindo mergulhando na escuridão. Pessoas cansadas espiavam das janelas.
Locais similares existem nos subúrbios de Detroit e em Washington DC, onde edifícios abandonados são comuns, onde projetos habitacionais inteiros tiveram suas janelas tijoladas para impedir que se tornassem galerias de picadas para gente com agulhas. As favelas da América são demarcadas por raça, mas em Cuba não são. Eu não encontrei hostilidade alguma. Em quatro horas eu não ganhei nem um olhar mal-encarado. Em Detroit eu teria durado cinco minutos. Mas essas pessoas não vão conseguir nada, vivendo, procriando e morrendo com nada para mostrar. É uma coisa podre fazer isso com eles sem uma razão muito boa. E não há razão alguma. Isso não nos livra de Fidel.
As armadilhas do socialismo panfletário estão por toda parte em Cuba. Cartazes nos muros dizem “Venceremos” e “Patria o Muere” e outras coisas excitantes. A adolescência é dura de morrer em toda parte. Um pôster mostra imagens de Bush, Hitler e alguém que talvez queira indicar Cheney (parecia, mas não podia ser John Lennon) com anotações aritméticas: Bush mais qualquer coisa igual a Hitler. O rosto de Che Guevara aparece interminavelmente, o Cristo comunista, olha de cima para baixo, contemplando bravamente um paraíso socialista que não se encaixa na camiseta. Eu vi prateleiras oferecendo treze diferentes fotos de Che. Se ele tivesse cicatrizes graves de acne e orelhas gozadas, não teria importância alguma para o socialismo, mas ele dá uma boa camiseta.
A imprensa é, sem dúvida controlada. A seção política de uma livraria que eu vi, consistia de talvez uma dúzia de livros sobre (ai-ai) Che, o resto sendo não muito melhor. Confusamente, havia um par de livros sobre administração de negócios. A televisão é carregada de afirmações de patriotismo socialista. Em particular há canais sobre a China, que Cuba parece considerar como comunista (quando foi a última vez que você ouviu falar de uma economia comunista crescendo a dez porcento, ou tanto?) e da Venezuela. Hugo Chavez, claramente e considerado como um grande homem.
Próximo ao fim da aventura eu voltei para o DiMar para comunizar com o vento e as ondas explodindo e ponderar sobre o que eu tinha visto. Os cubanos fazem uma boa cerveja (Bucanero). Eu tenho de reconhecer, e enquanto maionese com camarão possa não ser aconselhável, ela funcionou.
Eu queria separar o que eu sabia sobre Cuba daquilo que eu suspeitava, para, desta forma, evitar a armadilha da especialização instantânea. Algumas coisas eu não sabia. Um buraco do inferno? Não. Ameaça para qualquer um? Não. Perigo para a estabilidade internacional? Não. Precisando ser embargada? Não. Ditadura? Sim. Aderente da Carta de Direitos? Não.
O quão mau era Fidel? Realmente, não sei. Admiradores e detratores são amplamente ideológicos. Comparado com Thomas Jefferson ele não parece bom (embora eu não ache que Castro tenha escravos). Comparado com outros ditadores que os Estados Unidos tem instalado ou apoiado – Somoza, Trujillo, o Xá, Pinochet, Saddam Hussein e por aí vai – fica parelho.
Mas, não obstante o quão repugnante Castro possa ser, a questão prática é se o embargo é do interesse da América. Se os Estados Unidos ainda são fortes o bastante que não importe o que o mundo pensa, então o embargo, embora desnecessário, não importa (exceto em termos morais, o que não conta). Mas enquanto o país trava guerras contra o mundo muçulmano, tenta conter a China (isso vai funcionar), empurra a Rússia para os braços da China, e tenta intimidar a América do Sul, tudo isso de uma vez só, talvez fosse melhor aperfeiçoar as relações da América com este hemisfério. Um modo eficiente para difundir o comunismo é transformar os comunistas em heróis. O mundo inteiro – bem, exceto Israel, as Ilhas Marshall e as Ilhas Palau – está contra o Estados Unidos nisso. É assim tão importante manter Miami feliz?
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Clermont escreveu:Também da ZDNet: “Um relatório publicado no mês passado pelos Repórteres Sem Fronteira diz, “é proibido comprar qualquer equipamento de computador sem expressa permissão das autoridades,” e spyware “instalado em todos os cafés da Internt, automaticamente detectam conteúdo banido.” A lei dos Estados Unidos isenta equipamento e serviços de telecomunicações do embargo comercial.”
O governo cubano está mentindo, quem teria pensado numa coisa dessas, mas pode culpar o embargo pela falta de acesso. Washington, com efeito ajuda Castro em manter a censura.
Primeiro, tem (mais) alguem mentindo ai, nesses dias na importação de um software tive que assinar um termo em que me comprometia a não repassar para Cuba, Coreia ou Iran, ao menos para as emrpesas de informática americana, existe uma lei que impede que produtos e serviços sejam exportados para esses países.
Segundo, ótimo texto, mostra que a a censura ocorre nos dois sentidos, um fato interessante que ocorreu ano passado, no dia 10 de dezembro (dia internacional dos direitos humanos) houve um protesto em Cuba dos cidadãos, inicialmente pacífico, mas depois de algumas horas se tornou violento com a intervenção da polícia cubana, tanto o protesto como a posterior violência foram notíciadas pela TV cubana, não vi qualquer menção ao protesto em TVs brasileiras e americanas, apesar dessas TVs noticiarem protestos em países muçulmanos, quem tiver curiosidade de saber como fiquei sabendo disso... Foi através de um blog cubano...
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O embargo americano é um grande benefício à ditadura cubana. Mas também não entendo qual seria o benefício se o embargo acabasse, já que sob um sistema econômico comunista, não haveria permissão de investimento americano sem participação do partido comunista cubano, impensável aos capitalistas americanos. A importação de bens também não mudaria nada, porque a população não tem condições de comprar nada. E qualquer atitude americana de criticar as condições seria tratada como golpe. Além do fato de que Cuba pode negociar com o resto do mundo, o que sempre é omitido pela turma do chapeuzinho vermelho, e por exempo, é um dos lugares do mundo com um dos maiores investimentos hoteleiros atuais (com a devida participação estatal).
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Mas o embargo é de ordem militar também.
Todo mundo sabe isso é óbvio que a primeira coisa que a turma do Fidel vai fazer se o embargo cair é comprar uns Scud-C e Taepodong pra ficar fazendo chantagem contra os EUA.
Tática igual da Coréia do Norte.
Todo mundo sabe isso é óbvio que a primeira coisa que a turma do Fidel vai fazer se o embargo cair é comprar uns Scud-C e Taepodong pra ficar fazendo chantagem contra os EUA.
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"I would rather have a German division in front of me than a French
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rodrigo escreveu:O embargo americano é um grande benefício à ditadura cubana. Mas também não entendo qual seria o benefício se o embargo acabasse, já que sob um sistema econômico comunista, não haveria permissão de investimento americano sem participação do partido comunista cubano, impensável aos capitalistas americanos. A importação de bens também não mudaria nada, porque a população não tem condições de comprar nada. E qualquer atitude americana de criticar as condições seria tratada como golpe. Além do fato de que Cuba pode negociar com o resto do mundo, o que sempre é omitido pela turma do chapeuzinho vermelho, e por exempo, é um dos lugares do mundo com um dos maiores investimentos hoteleiros atuais (com a devida participação estatal).
Então por quê manter esse ridículo embargo? A razão para NÃO manter (uma delas, ao menos) está no texto: "O mundo inteiro – bem, exceto Israel, as Ilhas Marshall e as Ilhas Palau – está contra o Estados Unidos nisso."
E acrescento: E EM MUITAS OUTRAS KÔZAZ TAMBÉM!!!
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
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Túlio escreveu:rodrigo escreveu:O embargo americano é um grande benefício à ditadura cubana. Mas também não entendo qual seria o benefício se o embargo acabasse, já que sob um sistema econômico comunista, não haveria permissão de investimento americano sem participação do partido comunista cubano, impensável aos capitalistas americanos. A importação de bens também não mudaria nada, porque a população não tem condições de comprar nada. E qualquer atitude americana de criticar as condições seria tratada como golpe. Além do fato de que Cuba pode negociar com o resto do mundo, o que sempre é omitido pela turma do chapeuzinho vermelho, e por exempo, é um dos lugares do mundo com um dos maiores investimentos hoteleiros atuais (com a devida participação estatal).
Então por quê manter esse ridículo embargo? A razão para NÃO manter (uma delas, ao menos) está no texto: "O mundo inteiro – bem, exceto Israel, as Ilhas Marshall e as Ilhas Palau – está contra o Estados Unidos nisso."
E acrescento: E EM MUITAS OUTRAS KÔZAZ TAMBÉM!!!
Ah grande Comuna, estás a aprender bem as lições dos bremeilhus...
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P44 escreveu:Qualquer dia não podes sair de casa, és atacado por algum homem das cavernas
...que será devidamente empacotado para presente e enviado ao Instituto Médico Legal para a devida perícia post-mortem...
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Para quem tiver interesse sobre o embargo econômico cubano, procurem sobre a lei de Ajuste Cubano, a lei Torricelli e a Helms-Burton.
O embargo não é, como muita gente (a juventude alienada e senhores leitores da Veja)) pensa necessariamente cercar Cuba de forma literal. Tem formas mais sutis. Por exemplo, o impedimento à importação de aço que leve níquel cubano. Ora, quando o níquel é o segundo produto pra exportação de Cuba, perdendo apenas para o açúcar...
Não, nada de formas sutis
O embargo não é, como muita gente (a juventude alienada e senhores leitores da Veja)) pensa necessariamente cercar Cuba de forma literal. Tem formas mais sutis. Por exemplo, o impedimento à importação de aço que leve níquel cubano. Ora, quando o níquel é o segundo produto pra exportação de Cuba, perdendo apenas para o açúcar...
Não, nada de formas sutis
"...delegações de trabalhadores e camponeses vinham a Moscou de todos os cantos de nosso país empobrecido, exausto, arruinado, e batiam à porta do camarada Sverdlov..."
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
BEM-VINDO SENHOR PRESIDENTE.
Por Eric Margolis – 20 de janeiro de 2009.
A posse, amanhã, do presidente-eleito Barack Obama tem mais o clima de uma segunda vinda do que a investidura de um novo presidente. Naturalmente, a administração Bush, a mais catastrófica na memória, é um incentivo fácil.
Barack Hussein (o nome do meio que alguns não ousam pronunciar) Obama traz uma abundância de esperança, onde a administração Bush trouxe criação de medo, guerras, o flerte com o fascismo, e a ruína financeira.
Cerca de 80 porcento dos americanos, numa pesquisa recente, são, fortemente, positivos sobre Obama. Mas, uma vez que o “desejado” Obama assuma o cargo, a realidade vai se instalar e a euforia, rapidamente, se dissipará, enquanto o jovem presidente confronta problemas verdadeiramente gigantescos e os poderes de Washington que vão afirmar sua influência e prendê-lo com mil cordas.
Mesmo assim, como a maioria das pessoas, estou eufórico para ver o fim da administração Bush e saudar o novo presidente, um homem de dignidade, inteligência e força. Amanhã será um dia majestoso para todos os americanos de cor. Como americano (e canadense) estou tremendamente orgulhoso. Já fazia um longo tempo desde que me sentia tão bem a respeito de meu país.
Portanto, todos os melhores votos para nosso novo presidente. Eu gostaria, também, de sugerir que um de seus primeiros atos deveria ser o fechamento imediato da vergonhosa Ilha do Diabo de Guantanamo, Cuba, e ordenar que esta base, uma embaraçante relíquia do imperialismo americano do século XIX, fosse devolvida, o quanto antes, para Cuba. Seu próximo passo deveria ser, solicitar ao Congresso para pôr um fim ao hipócrita e idiota embargo de 50 anos de Cuba.
Estou acabando de voltar de Cuba, e aqui vão minhas observações sobre os 50º aniversário do domínio comunista.
HAVANA – O 50º aniversário da revolução de Fidel Castro foi muito modesto, um acontecimento de pouca importância, totalmente fora de contato com as normalmente escandalosas fiestas da ilha. Fidel permanece gravemente enfermo. Ele tem estado fora da vista nos últimos dois anos, embora publique comentários na imprensa de seu isolamento.
Economicamente golpeada, Cuba está pendendo por um fio de cabelo. A vida é sombria e dura nesta maravilhosa, porém empobrecida ilha. A alimentação é racionada e escassa, o transporte público errático, e os apagões comuns. Muitas pessoas, vivendo em decrépitos edifícios de apartamentos, precisam carregar baldes d’água, muitos lances de escada acima.
No início dos anos 1950 (uma era, agora, aparentemente tão remota quanto o Egito Antigo), meus pais costumavam trazer-me para Havana, todo inverno, e, freqüentemente, nos juntávamos a Ernest Hemingway e sua amante Pilar, para Daiquiris em seu fabuloso “Floridita Bar”. Ele era um homem grande, vivaz, com uma barba branca e uma risada trovejante. Eu fiquei afeiçoado, imediatamente, pelo famoso escritor, ele era muito gentil comigo, contando-me histórias sobre a guerra civil espanhola e pesca de alto-mar. Ainda tenho um de seus livros, autografado, “Para Eric, de seu amigo Ernest Hemingway, Havana, 1951.”
Oito anos mais tarde, um advogado comunista chamado Fidel Castro Ruiz desembarcou com 81 homens para começar uma guerra de guerrilhas contra a ditadura Batista, apoiada pelos americanos. Cuba era, então uma virtual colônia americana: americanos possuíam 60 porcento das terras agrícolas e indústrias. Mas, ao contrário da história comunista, a ilha não era um antro de gangsters, garotas de programa e oligarcas. Ela era a ilha mais próspera e mais desenvolvida das Índias Ocidentais, com uma classe média bem-desenvolvida e uma padrão de vida que estava próximo ao topo da América Latina.
Em 1º de janeiro de 1959, os guerrilheiros de Castro chegaram em Havana e proclamaram uma república revolucionária. Pela primeira vez na sua longa história (Havana é 50 a 70 anos mais velha do que a cidade de Nova York), Cuba era, genuinamente, independente do domínio espanhol e do controle americano.
Uma vez que Castro estava no poder, seu camarada de armas, Ernesto “Che” Guevara, hoje, um ícone romântico da revolução para os desinformados e infantis, ordenou a execução de mais de 600 “bourgeois”. Então, Che foi para o Congo para criar a revolução, mas encontrou o canibalismo, no lugar do esperado proletariado proto-marxista e foi, rapidamente, chutado para fora do caótico país pela CIA.
Sem se deter, Che rumou para a Bolívia, onde foi morto, liderando uma farsesca e inepta revolução marxista. Os miseráveis camponeses deste país rejeitaram Che e o entregaram. O famoso agente da CIA, Felix Rodriguez, acabou com Che. Mas, como este, justamente, observou, “os revolucionários nunca morrem.” Sua memória foi viver como imagem pop em camisetas e boinas, ao redor do globo.
Apesar dos fiascos de Che, numa era quando os Estados Unidos atormentavam e exploravam a América Latina, tratando seu povo com desprezo, a revolução de Castro foi um triunfo. Sua resistência a 50 anos de esforços americanos para derrubá-lo ou assassiná-lo, e a um embargo quase letal, foi épica. Lembrem-se que esta era uma época quando a maioria dos latino-americanos eram governados por oligarcas civis ou ditadores militares, apoiados pelos EUA.
As tentativas americanas para derrubar Castro, quase levaram a uma guerra nuclear com a URSS, em 1962. Os soviéticos enviaram mísseis com ogivas nucleares para Cuba, para frustrarem uma planejada invasão americana. Os EUA impuseram um bloqueio naval contra Cuba, e emassaram forças para uma invasão. A guerra nuclear esteve bem próxima. Eu era estudante na Universidade Georgetown em Washington, na época, e relembro, vividamente, o quão assustados estávamos todos.
No fim, Moscou ganhou a confrontação, embora os americanos fossem levados a acreditar, pela propaganda da Casa Branca, sua mídia e Hollywood, que o presidente John Kennedy foi o vitorioso. Moscou retirou seus mísseis em troca de os EUA concordarem em nunca invadirem Cuba e tirarem seus mísseis da Itália e da Turquia. Castro foi salvo por Moscou.
Em anos recentes, veteranos do KGB da crise dos mísseis cubanos, tem afirmado que Castro implorou a Nikita Khruschev que disparasse armas nucleares contra o continente americano. Moscou recusou-se.
O custo de manter a independência e a dignidade de Cuba foi a pobreza, ditadura e a transformação em satélite soviético, até que a URSS entrou em colapso, em 1991. Hoje, apenas a Venezuela, rica em petróleo e os turistas canadenses mantém a maltratada Cuba com a cabeça fora d’água.
Havana, uma vez chamada “a mais charmosa cidade da terra”, é um museu dos anos 1950: decadente, melancólica, sombria e depressiva.
Cuba tem um dos melhores sistemas médico e educacional da América Latina, e a mais elevada alfabetização. Mas a vida em Cuba é punitiva: carências de alimento e energia, infindáveis filas, pobreza opressiva e constante supervisão por polícias secretas e informantes do Partido Comunista – em resumo, stalinismo tropical.
Castro culpa o embargo americano por esta miséria. Os EUA culpam a fracassada economia stalinista de Castro por esta bagunça. De fato, ambos são responsáveis. Cuba tem sofrido cinqüenta anos do tipo de impiedosa punição coletiva que Gaza tem experimentado, apenas, em câmera lenta.
Os Estados Unidos mantém este esmagador boicote sob o risível pretexto de que Havana é comunista e possui 200 prisioneiros políticos. Mesmo assim, os EUA, alegremente, negociam com a China Comunista e o Vietnam, e, eles mesmos, mantém 36 mil prisioneiros políticos iraquianos, para não mencionar Guantanamo. Israel, aliado da América, mantém 10 mil prisioneiros políticos palestinos.
Já não é sem tempo para a maior ilha das Índias Ocidentais ser recebida de volta no hemisfério e receber tratamento civilizado. Uma pesquisa recente mostrou que, até mesmo, 55 porcento dos cubanos de Miami, certa vez, fanaticamente anti-Castro, agora, apóiam o fim do embargo americano.
Numa interessante observação colateral, Fidel Castro costumava prevenir os negros e mulatos cubanos, que são cerca de 60 porcento da população, que os Estados Unidos eram uma nação, profundamente racista que odiava negros. A eleição de Barack Obama explodiu este argumento. Os cubanos estão tão ansiosos por Obama como todo mundo.
A influência chinesa está se dirigindo para Cuba, e a Rússia está retomando sua presença estratégica, ao rearmar as obsoletas forças militares de Cuba. Portanto, os Estados Unidos tem pouco tempo a perder.
Primeiro Fidel, e agora Raul Castro, tem se mostrado felizes em manter os Estados Unidos à distância, provocando crises ocasionais. Um fim para a hostilidade americano-cubana traria dois milhões de turistas americanos. O decrépito sistema de controle comunista não resistiria a esta invasão. Nem a espartana infra-estrutura turística.
A mocidade cubana está ansiosa pela espécie de revolução anti-comunista que varreu a Europa Oriental. Portanto, o Partido, que se recusa a implementar reformas de estilo chinês, pode manter Cuba congelada no tempo.
Como escrevi de Havana, oito anos atrás, não haverá maiores mudanças, até que Fidel Castro, a quem praticamente todos os cubanos consideram como o amado “papa” de sua nação, finalmente morra.
A era do imperialismo ianque na América Latina passou. Cuba levantou o estandarte da revolta, e pagou o preço. Agora, é tempo para Cuba voltar a se juntar a comunidade das nações democráticas latino-americanas, como membro de importância. A América, espero, agora terá aprendido a tratar Cuba com dignidade, respeito e equilíbrio econômico.
Por Eric Margolis – 20 de janeiro de 2009.
A posse, amanhã, do presidente-eleito Barack Obama tem mais o clima de uma segunda vinda do que a investidura de um novo presidente. Naturalmente, a administração Bush, a mais catastrófica na memória, é um incentivo fácil.
Barack Hussein (o nome do meio que alguns não ousam pronunciar) Obama traz uma abundância de esperança, onde a administração Bush trouxe criação de medo, guerras, o flerte com o fascismo, e a ruína financeira.
Cerca de 80 porcento dos americanos, numa pesquisa recente, são, fortemente, positivos sobre Obama. Mas, uma vez que o “desejado” Obama assuma o cargo, a realidade vai se instalar e a euforia, rapidamente, se dissipará, enquanto o jovem presidente confronta problemas verdadeiramente gigantescos e os poderes de Washington que vão afirmar sua influência e prendê-lo com mil cordas.
Mesmo assim, como a maioria das pessoas, estou eufórico para ver o fim da administração Bush e saudar o novo presidente, um homem de dignidade, inteligência e força. Amanhã será um dia majestoso para todos os americanos de cor. Como americano (e canadense) estou tremendamente orgulhoso. Já fazia um longo tempo desde que me sentia tão bem a respeito de meu país.
Portanto, todos os melhores votos para nosso novo presidente. Eu gostaria, também, de sugerir que um de seus primeiros atos deveria ser o fechamento imediato da vergonhosa Ilha do Diabo de Guantanamo, Cuba, e ordenar que esta base, uma embaraçante relíquia do imperialismo americano do século XIX, fosse devolvida, o quanto antes, para Cuba. Seu próximo passo deveria ser, solicitar ao Congresso para pôr um fim ao hipócrita e idiota embargo de 50 anos de Cuba.
Estou acabando de voltar de Cuba, e aqui vão minhas observações sobre os 50º aniversário do domínio comunista.
HAVANA – O 50º aniversário da revolução de Fidel Castro foi muito modesto, um acontecimento de pouca importância, totalmente fora de contato com as normalmente escandalosas fiestas da ilha. Fidel permanece gravemente enfermo. Ele tem estado fora da vista nos últimos dois anos, embora publique comentários na imprensa de seu isolamento.
Economicamente golpeada, Cuba está pendendo por um fio de cabelo. A vida é sombria e dura nesta maravilhosa, porém empobrecida ilha. A alimentação é racionada e escassa, o transporte público errático, e os apagões comuns. Muitas pessoas, vivendo em decrépitos edifícios de apartamentos, precisam carregar baldes d’água, muitos lances de escada acima.
No início dos anos 1950 (uma era, agora, aparentemente tão remota quanto o Egito Antigo), meus pais costumavam trazer-me para Havana, todo inverno, e, freqüentemente, nos juntávamos a Ernest Hemingway e sua amante Pilar, para Daiquiris em seu fabuloso “Floridita Bar”. Ele era um homem grande, vivaz, com uma barba branca e uma risada trovejante. Eu fiquei afeiçoado, imediatamente, pelo famoso escritor, ele era muito gentil comigo, contando-me histórias sobre a guerra civil espanhola e pesca de alto-mar. Ainda tenho um de seus livros, autografado, “Para Eric, de seu amigo Ernest Hemingway, Havana, 1951.”
Oito anos mais tarde, um advogado comunista chamado Fidel Castro Ruiz desembarcou com 81 homens para começar uma guerra de guerrilhas contra a ditadura Batista, apoiada pelos americanos. Cuba era, então uma virtual colônia americana: americanos possuíam 60 porcento das terras agrícolas e indústrias. Mas, ao contrário da história comunista, a ilha não era um antro de gangsters, garotas de programa e oligarcas. Ela era a ilha mais próspera e mais desenvolvida das Índias Ocidentais, com uma classe média bem-desenvolvida e uma padrão de vida que estava próximo ao topo da América Latina.
Em 1º de janeiro de 1959, os guerrilheiros de Castro chegaram em Havana e proclamaram uma república revolucionária. Pela primeira vez na sua longa história (Havana é 50 a 70 anos mais velha do que a cidade de Nova York), Cuba era, genuinamente, independente do domínio espanhol e do controle americano.
Uma vez que Castro estava no poder, seu camarada de armas, Ernesto “Che” Guevara, hoje, um ícone romântico da revolução para os desinformados e infantis, ordenou a execução de mais de 600 “bourgeois”. Então, Che foi para o Congo para criar a revolução, mas encontrou o canibalismo, no lugar do esperado proletariado proto-marxista e foi, rapidamente, chutado para fora do caótico país pela CIA.
Sem se deter, Che rumou para a Bolívia, onde foi morto, liderando uma farsesca e inepta revolução marxista. Os miseráveis camponeses deste país rejeitaram Che e o entregaram. O famoso agente da CIA, Felix Rodriguez, acabou com Che. Mas, como este, justamente, observou, “os revolucionários nunca morrem.” Sua memória foi viver como imagem pop em camisetas e boinas, ao redor do globo.
Apesar dos fiascos de Che, numa era quando os Estados Unidos atormentavam e exploravam a América Latina, tratando seu povo com desprezo, a revolução de Castro foi um triunfo. Sua resistência a 50 anos de esforços americanos para derrubá-lo ou assassiná-lo, e a um embargo quase letal, foi épica. Lembrem-se que esta era uma época quando a maioria dos latino-americanos eram governados por oligarcas civis ou ditadores militares, apoiados pelos EUA.
As tentativas americanas para derrubar Castro, quase levaram a uma guerra nuclear com a URSS, em 1962. Os soviéticos enviaram mísseis com ogivas nucleares para Cuba, para frustrarem uma planejada invasão americana. Os EUA impuseram um bloqueio naval contra Cuba, e emassaram forças para uma invasão. A guerra nuclear esteve bem próxima. Eu era estudante na Universidade Georgetown em Washington, na época, e relembro, vividamente, o quão assustados estávamos todos.
No fim, Moscou ganhou a confrontação, embora os americanos fossem levados a acreditar, pela propaganda da Casa Branca, sua mídia e Hollywood, que o presidente John Kennedy foi o vitorioso. Moscou retirou seus mísseis em troca de os EUA concordarem em nunca invadirem Cuba e tirarem seus mísseis da Itália e da Turquia. Castro foi salvo por Moscou.
Em anos recentes, veteranos do KGB da crise dos mísseis cubanos, tem afirmado que Castro implorou a Nikita Khruschev que disparasse armas nucleares contra o continente americano. Moscou recusou-se.
O custo de manter a independência e a dignidade de Cuba foi a pobreza, ditadura e a transformação em satélite soviético, até que a URSS entrou em colapso, em 1991. Hoje, apenas a Venezuela, rica em petróleo e os turistas canadenses mantém a maltratada Cuba com a cabeça fora d’água.
Havana, uma vez chamada “a mais charmosa cidade da terra”, é um museu dos anos 1950: decadente, melancólica, sombria e depressiva.
Cuba tem um dos melhores sistemas médico e educacional da América Latina, e a mais elevada alfabetização. Mas a vida em Cuba é punitiva: carências de alimento e energia, infindáveis filas, pobreza opressiva e constante supervisão por polícias secretas e informantes do Partido Comunista – em resumo, stalinismo tropical.
Castro culpa o embargo americano por esta miséria. Os EUA culpam a fracassada economia stalinista de Castro por esta bagunça. De fato, ambos são responsáveis. Cuba tem sofrido cinqüenta anos do tipo de impiedosa punição coletiva que Gaza tem experimentado, apenas, em câmera lenta.
Os Estados Unidos mantém este esmagador boicote sob o risível pretexto de que Havana é comunista e possui 200 prisioneiros políticos. Mesmo assim, os EUA, alegremente, negociam com a China Comunista e o Vietnam, e, eles mesmos, mantém 36 mil prisioneiros políticos iraquianos, para não mencionar Guantanamo. Israel, aliado da América, mantém 10 mil prisioneiros políticos palestinos.
Já não é sem tempo para a maior ilha das Índias Ocidentais ser recebida de volta no hemisfério e receber tratamento civilizado. Uma pesquisa recente mostrou que, até mesmo, 55 porcento dos cubanos de Miami, certa vez, fanaticamente anti-Castro, agora, apóiam o fim do embargo americano.
Numa interessante observação colateral, Fidel Castro costumava prevenir os negros e mulatos cubanos, que são cerca de 60 porcento da população, que os Estados Unidos eram uma nação, profundamente racista que odiava negros. A eleição de Barack Obama explodiu este argumento. Os cubanos estão tão ansiosos por Obama como todo mundo.
A influência chinesa está se dirigindo para Cuba, e a Rússia está retomando sua presença estratégica, ao rearmar as obsoletas forças militares de Cuba. Portanto, os Estados Unidos tem pouco tempo a perder.
Primeiro Fidel, e agora Raul Castro, tem se mostrado felizes em manter os Estados Unidos à distância, provocando crises ocasionais. Um fim para a hostilidade americano-cubana traria dois milhões de turistas americanos. O decrépito sistema de controle comunista não resistiria a esta invasão. Nem a espartana infra-estrutura turística.
A mocidade cubana está ansiosa pela espécie de revolução anti-comunista que varreu a Europa Oriental. Portanto, o Partido, que se recusa a implementar reformas de estilo chinês, pode manter Cuba congelada no tempo.
Como escrevi de Havana, oito anos atrás, não haverá maiores mudanças, até que Fidel Castro, a quem praticamente todos os cubanos consideram como o amado “papa” de sua nação, finalmente morra.
A era do imperialismo ianque na América Latina passou. Cuba levantou o estandarte da revolta, e pagou o preço. Agora, é tempo para Cuba voltar a se juntar a comunidade das nações democráticas latino-americanas, como membro de importância. A América, espero, agora terá aprendido a tratar Cuba com dignidade, respeito e equilíbrio econômico.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
O primeiro ato do Obama foi suspender os julgamentos de Guantanamo. Torço para que ele acabe com Guantanamo e com o embargo a CUba. Mas não sei não, hein. Na minha opinião Cuba vai ser a carta na manga do Obama. Toda vez que começar uma tempestade ele faz algo por ali. Mas não sei se é o caso esperar uma mudança radical em Cuba.Clermont escreveu:
Portanto, todos os melhores votos para nosso novo presidente. Eu gostaria, também, de sugerir que um de seus primeiros atos deveria ser o fechamento imediato da vergonhosa Ilha do Diabo de Guantanamo, Cuba, e ordenar que esta base, uma embaraçante relíquia do imperialismo americano do século XIX, fosse devolvida, o quanto antes, para Cuba. Seu próximo passo deveria ser, solicitar ao Congresso para pôr um fim ao hipócrita e idiota embargo de 50 anos de Cuba.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Cuba considera discurso de posse de Obama 'muito interessante'
Há 15 horas
HAVANA (AFP) — O chefe do Parlamento de Cuba, Ricardo Alarcón, qualificou nesta terça-feira de "muito interessante" o discurso de posse do novo presidente Barack Obama, mas disse não acreditar numa mudança radical da política americana.
"Foi muito interessante. Ele é um grande orador", declarou a jornalistas Alarcon, personalidade influente do regime cubano, durante uma conferência na Universidade de Havana na presença da presidente argentina, Cristina Kirchner.
Questionado sobre a possibilidade de que Obama responda às enormes expectativas criadas nos Estados Unidos e no mundo por sua chegada à Casa Branca após a saída de George W. Bush, Alarcon declarou: "Isso é para mim um grande ponto de interrogação".
A reação de Alarcon foi a primeira de um dirigente cubano à posse de Obama, que se mostrou favorável à flexibilização do embargo comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos à ilha comunista desde 1962.
Há 15 horas
HAVANA (AFP) — O chefe do Parlamento de Cuba, Ricardo Alarcón, qualificou nesta terça-feira de "muito interessante" o discurso de posse do novo presidente Barack Obama, mas disse não acreditar numa mudança radical da política americana.
"Foi muito interessante. Ele é um grande orador", declarou a jornalistas Alarcon, personalidade influente do regime cubano, durante uma conferência na Universidade de Havana na presença da presidente argentina, Cristina Kirchner.
Questionado sobre a possibilidade de que Obama responda às enormes expectativas criadas nos Estados Unidos e no mundo por sua chegada à Casa Branca após a saída de George W. Bush, Alarcon declarou: "Isso é para mim um grande ponto de interrogação".
A reação de Alarcon foi a primeira de um dirigente cubano à posse de Obama, que se mostrou favorável à flexibilização do embargo comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos à ilha comunista desde 1962.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
O problema dessa história toda (Eua vs Cuba, Iran e cia ltda) é que um não vive sem o outro. Quando um dos lados estende a mão o outro quer o pé também.P44 escreveu:Cuba considera discurso de posse de Obama 'muito interessante'
Há 15 horas
HAVANA (AFP) — O chefe do Parlamento de Cuba, Ricardo Alarcón, qualificou nesta terça-feira de "muito interessante" o discurso de posse do novo presidente Barack Obama, mas disse não acreditar numa mudança radical da política americana.
"Foi muito interessante. Ele é um grande orador", declarou a jornalistas Alarcon, personalidade influente do regime cubano, durante uma conferência na Universidade de Havana na presença da presidente argentina, Cristina Kirchner.
Questionado sobre a possibilidade de que Obama responda às enormes expectativas criadas nos Estados Unidos e no mundo por sua chegada à Casa Branca após a saída de George W. Bush, Alarcon declarou: "Isso é para mim um grande ponto de interrogação".
A reação de Alarcon foi a primeira de um dirigente cubano à posse de Obama, que se mostrou favorável à flexibilização do embargo comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos à ilha comunista desde 1962.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
E está aí o grande problema. Ninguém move um milímetro porque está convencido(não sem razão) que a resposta do outro lado será pedir mais.SGT GUERRA escreveu:O problema dessa história toda (Eua vs Cuba, Iran e cia ltda) é que um não vive sem o outro. Quando um dos lados estende a mão o outro quer o pé também.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Raúl Castro inicia visita inesperada a Angola
Plantão | Publicada em 04/02/2009 às 14h15m
Reuters/Brasil Online
HAVANA (Reuters) - O presidente de Cuba, Raúl Castro, dará início, nesta quarta-feira, a uma visita inesperada a Angola, ex-aliada de seu país durante a Guerra Fria e segunda maior produtora de petróleo da África Subsaariana, informou a imprensa oficial.
A visita acontece depois de uma viagem de Raúl à Rússia, que durou oito dias. A Rússia também é uma antiga aliada e ofereceu mais de 350 milhões de dólares em créditos e ajuda a Cuba.
"As relações históricas de amizade e cooperação entre Angola e Cuba, baseadas na luta comum contra o colonialismo e o apartheid, avançam hoje em todos os campos", disse o jornal Granma, do partido comunista cubano.
Durante 13 anos, Cuba apoiou militarmente o Movimento Popular pela Libertação da Angola (MPLA), de orientação marxista, a partir da independência do país africano, em 1975.
Mais de 300 mil soldados cubanos combateram na guerra civil angolana e contra a África do Sul, em uma das principais frentes da Guerra Fria.
Nos últimos anos, Cuba e Angola revitalizaram as suas relações, com vários projetos de colaboração.
Raúl Castro será recebido em Luanda pelo presidente do país, José Eduardo dos Santos.
Castro, 77, substituiu, há quase um ano, o irmão Fidel no poder. Desde então, ele diversificou as alianças estratégicas de Cuba, centradas na Venezuela, e forjou relações com potências como o Brasil e a Rússia.
Esta é a segunda viagem internacional de Raúl como chefe de Estado.
(Por Nelson Acosta)
Plantão | Publicada em 04/02/2009 às 14h15m
Reuters/Brasil Online
HAVANA (Reuters) - O presidente de Cuba, Raúl Castro, dará início, nesta quarta-feira, a uma visita inesperada a Angola, ex-aliada de seu país durante a Guerra Fria e segunda maior produtora de petróleo da África Subsaariana, informou a imprensa oficial.
A visita acontece depois de uma viagem de Raúl à Rússia, que durou oito dias. A Rússia também é uma antiga aliada e ofereceu mais de 350 milhões de dólares em créditos e ajuda a Cuba.
"As relações históricas de amizade e cooperação entre Angola e Cuba, baseadas na luta comum contra o colonialismo e o apartheid, avançam hoje em todos os campos", disse o jornal Granma, do partido comunista cubano.
Durante 13 anos, Cuba apoiou militarmente o Movimento Popular pela Libertação da Angola (MPLA), de orientação marxista, a partir da independência do país africano, em 1975.
Mais de 300 mil soldados cubanos combateram na guerra civil angolana e contra a África do Sul, em uma das principais frentes da Guerra Fria.
Nos últimos anos, Cuba e Angola revitalizaram as suas relações, com vários projetos de colaboração.
Raúl Castro será recebido em Luanda pelo presidente do país, José Eduardo dos Santos.
Castro, 77, substituiu, há quase um ano, o irmão Fidel no poder. Desde então, ele diversificou as alianças estratégicas de Cuba, centradas na Venezuela, e forjou relações com potências como o Brasil e a Rússia.
Esta é a segunda viagem internacional de Raúl como chefe de Estado.
(Por Nelson Acosta)
Triste sina ter nascido português
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Ou seja: o principal produto de exportação de Cuba ainda é a...P44 escreveu: Castro, 77, substituiu, há quase um ano, o irmão Fidel no poder. Desde então, ele diversificou as alianças estratégicas de Cuba, centradas na Venezuela, e forjou relações com potências como o Brasil e a Rússia.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!