NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Vinicius Pimenta
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#391 Mensagem por Vinicius Pimenta » Ter Out 21, 2008 9:23 pm

Excelente!!!!

[009]




Vinicius Pimenta

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talharim
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#392 Mensagem por talharim » Qua Out 22, 2008 12:16 pm

+ 4


CENTRO TECNOLÓGICO DA MARINHA
EM SÃO PAULO
AVISO DE LICITAÇÃO
CONCORRÊNCIA Nº 55/2008
Objeto: Projeto, fabricação, fornecimento de 4 diesel geradores de
emergência, classe nuclear, 1.250 Kva, 400 V, completos com quadro
de forças e comando, painel de sincronismo e equipamentos dos
serviços auxiliares.
Total de Itens Licitados: 00001 . Edital:
22/10/2008 de 08h30 às 11h30 e de 13h às 16h30 . ENDEREÇO: Av.
Professor Lineu Prestes, 2468 Cidade Universitária - SAO PAULO -
SP . Entrega das Propostas: 21/11/2008 às 10h00 . Endereço: Av.
Professor Lineu Prestes, 2468 Cidade Universitária - SAO PAULO -
SP . Informações Gerais: O edital poderá ser baixado através do sítio
http://www.comprasnet.gov.br ou retirado na Av. Professor Lineu Prestes,
2468, mediante a apresentação de um CD-Rom virgem, para que o
edital seja copiado.
CF (EN) ANDRE LUIS FERREIRA MARQUES
Presidente da Comissão de Licitação
(SIDEC - 21/10/2008) 742000-00001-2008NE000066


---------------------------------------------------------------------


É o suficiente para construir 2 SSNs.




"I would rather have a German division in front of me than a French

one behind me."

General George S. Patton.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#393 Mensagem por WalterGaudério » Qua Out 22, 2008 1:14 pm

talharim escreveu:+ 4


CENTRO TECNOLÓGICO DA MARINHA
EM SÃO PAULO
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CONCORRÊNCIA Nº 55/2008
Objeto: Projeto, fabricação, fornecimento de 4 diesel geradores de
emergência, classe nuclear, 1.250 Kva, 400 V, completos com quadro
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2468, mediante a apresentação de um CD-Rom virgem, para que o
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---------------------------------------------------------------------


É o suficiente para construir 2 SSNs.

Talha esse material aí (que era aliás exatamente o que eu "mexia" qdo. na ativa) é destinado ao sistema de transmissão de força do RENAP-11 dentro do LABGEN que está sendo construído .

Mais um passo importante.

sds

Walter




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#394 Mensagem por lobo_guara » Qua Out 22, 2008 1:16 pm

Marino escreveu:
lobo_guara escreveu:Há um mistério que não consigo desvendar nessa história do Sub-nuclear, pois em passado recente o alto-comando da MB chegou ao ponto de negar a existência de um projeto voltado a construir um SNA, na época havia sido realizada a opção da compra de um IKL 214 junto a Alemanha e a contratação da modernização dos outros 5 IKL-209, chegando-se a avenatar a opção pela MB de apostar todas as fichas nos submarinos convencionais (opção defendida por um grupo de almirante ligados ao comando da época!). Pouco tempo passou, vieram à tona revelações colocando em dúvida a eficiência dos IKL214 gregos, (soma-se a isso o fato do custo anúnciado para a aquisição de apenas um submarino e modernização de outros cinco chegava a uma cifra bastante elevada, superior ao que era previsto para o projeto FX1 por exemplo). E bem, derrepente tudo mudou, houve a mudança de comando e como num passse de mágica ressurgiu o projeto do SNA (que supostamente não existia?!?!?) e o contrato com os alemães foi para as cucuias! Parece que eles (alemães) chagaram mesmo a iniciar a implnatação de uma siderurgica no RJ a título de off-set (não tenho maiores informações de como ficou esse processo). Com essa mudança vieram os franceses e ganharam de uma só vez o contrato de quatro (ao invés de um dos alemães) subs convencionais mais a participação no nuclear! E os americanos ficaram responsáveis pelos pacotes de modernizações nos IKL 209 por um preço inifinitamente inferior ao que era cogitado anteriormente no contrato com os alemães....
Posso estar enganado, mas esses fragmentos de informçaões que tivemos acesso nesse período nos permitem ao menos duas considerações:
A primeira (mais importante) é a seguinte: quanto está assegurado o projeto do submarino nuclear brasileiro? Não há a possibilidade de novamente o comando da MB mudar de idéia em função da alternância dos grupos existentes no âmbito da instituição?
a segunda (meos importante mas mais intrigante) se o negócio com os alemães era tão ruim por que foi assinado? Será que houve algum indício de corrupção nessa transação? Por que o camando da época defendeu tanto o projeto do IKL 214?
E uma terceira: frente a essa aparente inssegurança da MB estamos preparados para avançar na direção do Sub-nuclear?
Será que os colegas da MB podem esclarecer melhor essa recente embrulhada???
Caro amigo, estas dúvidas já foram sanadas em vários posts, em diferentes tópicos.
Vamos ver:
1) O pensamento da MB foi, é, e será um só. O que ocorreu foi a MB dizendo claramente ao governo: ou tornam o programa nuclear um programa de Estado, ou a MB, que não suporta mais bancá-lo com seu próprio orçamento, vai fechá-lo, com todas as consequências para o país. O governo sabia que era verdade, o quanto o programa trouxe para o Brasil, tinha intenção de expandir as usinas nucleares e precisava garantir o fornecimento de urânio enriquecido, sabia que na situação internacional que ora vivemos, ou já tínhamos capacidade, ou não teríamos mais. E o governo assumiu o programa.
Não há possibilidade de mudança de pensamento. Na verdade, ele nunca mudou.
2) Nada foi assinado com os alemães.
Havia a intenção da MB em continuar com a linha alemã, que era a solução mais natural a seguir. Mas dando a "peleja" ganha, os alemães partiram para obter o maior lucro possível, entre outras coisas.
As imposições foram muitas:
- não formariam mais engenheiros brasileiros, pois estariam formando futuros competidores;
- não aceitaram as mudanças de projeto pretendidas pelos engenheiros brasileiros;
- não aceitavam a compra direta de sobressalentes nas fábricas, criando uma subsidiária, a MARLOG, que cobrava de 30 a 80% mais caro pelos sobressalentes;
- o mais importante: não tinham tecnologia de sub nuclear.
A siderúrgica, que colocavam como off-set, já era parte do planejamento estratégico da Thyssen, tanto que sua construção prosseguiu.
Quanto ao 1 sub alemão, por 4 subs franceses, tire sua conclusão, e acrescente na lista acima.
3) ou seja: não há, nem nunca houve, insegurança por parte da MB. Simplesmente ela soube dar o recado para o governo, e soube preservar os interesses nacionais na negociação internacional que vai dotá-la de um meio imprescindível.
Quem viver, verá.
Muitissimo obrigado pelo esclrecimento Marino, preciso como sempre. Agora esses alemães hein...? se deram muito mal..., acho que eles pensavam em aproveitar-se do nosso espírito lusitano, esqueceram-se porém que entre as tradições que herdamos da terrinha, além da tradição naval, foi a esperteza para comerciar.




Deve, pois, um príncipe não ter outro objetivo nem outro pensamento, nem tomar qualquer outra coisa por fazer, senão a guerra e a sua organização e disciplina, pois que é essa a única arte que compete a quem comanda. (Machiavelli)
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#395 Mensagem por WalterGaudério » Qua Out 22, 2008 1:25 pm

lobo_guara escreveu:
Marino escreveu: Caro amigo, estas dúvidas já foram sanadas em vários posts, em diferentes tópicos.
Vamos ver:
1) O pensamento da MB foi, é, e será um só. O que ocorreu foi a MB dizendo claramente ao governo: ou tornam o programa nuclear um programa de Estado, ou a MB, que não suporta mais bancá-lo com seu próprio orçamento, vai fechá-lo, com todas as consequências para o país. O governo sabia que era verdade, o quanto o programa trouxe para o Brasil, tinha intenção de expandir as usinas nucleares e precisava garantir o fornecimento de urânio enriquecido, sabia que na situação internacional que ora vivemos, ou já tínhamos capacidade, ou não teríamos mais. E o governo assumiu o programa.
Não há possibilidade de mudança de pensamento. Na verdade, ele nunca mudou.
2) Nada foi assinado com os alemães.
Havia a intenção da MB em continuar com a linha alemã, que era a solução mais natural a seguir. Mas dando a "peleja" ganha, os alemães partiram para obter o maior lucro possível, entre outras coisas.
As imposições foram muitas:
- não formariam mais engenheiros brasileiros, pois estariam formando futuros competidores;
- não aceitaram as mudanças de projeto pretendidas pelos engenheiros brasileiros;
- não aceitavam a compra direta de sobressalentes nas fábricas, criando uma subsidiária, a MARLOG, que cobrava de 30 a 80% mais caro pelos sobressalentes;
- o mais importante: não tinham tecnologia de sub nuclear.
A siderúrgica, que colocavam como off-set, já era parte do planejamento estratégico da Thyssen, tanto que sua construção prosseguiu.
Quanto ao 1 sub alemão, por 4 subs franceses, tire sua conclusão, e acrescente na lista acima.
3) ou seja: não há, nem nunca houve, insegurança por parte da MB. Simplesmente ela soube dar o recado para o governo, e soube preservar os interesses nacionais na negociação internacional que vai dotá-la de um meio imprescindível.
Quem viver, verá.
Muitissimo obrigado pelo esclrecimento Marino, preciso como sempre. Agora esses alemães hein...? se deram muito mal..., acho que eles pensavam em aproveitar-se do nosso espírito lusitano, esqueceram-se porém que entre as tradições que herdamos da terrinha, além da tradição naval, foi a esperteza para comerciar.
Que sejamos espertos tb no FX-2...




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#396 Mensagem por lobo_guara » Sex Out 31, 2008 2:25 pm

Bah! Cciclone, mas aí o negócio será fechado pelo Japonês, aí já não sei não, acho memlhor ele abrir bem os olhos pois caso contrário ou paga a mula roubada ou compra gato por lebre, ou ainda arranja uma baita coleira para se enforcar.
Um abraço




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#397 Mensagem por Marino » Dom Dez 14, 2008 1:29 pm

Artigo publicado na revista Brasileiros: http://www.revistabrasileiros.com.br/ed ... extos/223/
Nosso submarino nuclear
A Marinha brasileira já domina o ciclo completo de enriquecimento do urânio. O próximo passo é retomar a construção do reator e do submarino nucleares

Eduardo Hollanda

Centro Experimental de Aramar, em Iperó, interior de São Paulo. É lá que a Marinha desenvolve desde 1979 seu Programa Nuclear, destinado a construir um reator compacto que vai equipar o futuro submarino nuclear brasileiro. E, para deixar bem claro que no lugar se lida com material radiativo, o conhecido retângulo amarelo com três triângulos pretos indicando radiatividade está em todas as paredes. Eu e o repórter fotográfico Hélcio Nagamine nos lembramos disso, com uma certa preocupação, ao receber jalecos brancos e coberturas de plástico branco para os pés para termos acesso a uma área de segurança máxima.

Vestidos a caráter, entramos em uma sala refrigerada onde uma espécie de biombo de painéis metálicos escondia algo para que não fosse visto por olhos estranhos. Um ruído leve indica que, por trás dos painéis metálicos, há muitos equipamentos altamente sofisticados funcionando sem parar. Estamos diante de um dos maiores segredos do Programa Nuclear da Marinha e do Brasil. A pergunta é feita, já antevendo a resposta: "Essas são as tais cascatas de centrífugas que o pessoal da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, queria inspecionar e o Brasil só deixou se fosse tudo coberto?" A resposta vem rápida, dita quase em conjunto por três vozes: "Exatamente. Esse sistema de cascata de ultracentrífugas é invenção brasileira, bolado pelo Othon e sua equipe, diante da negativa dos europeus, por pressão dos Estados Unidos, de nos repassar a tecnologia de enriquecimento de urânio por difusão gasosa, usada na Europa". Essas cascatas são usadas no enriquecimento do hexafluoreto de urânio, processo que separa o isótopo U-235 do U-238 - o primeiro é a matéria-prima do combustível que move usinas nucleares, sejam elas em terra ou em submarinos e navios. O domínio do ciclo completo de beneficiamento do urânio, da mina até a usina nuclear, é privilégio de apenas cinco países, Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França. Outros países, que também têm tecnologia nuclear, como Índia e Coréia, adquiriram desses cinco, de forma legal ou ilegal. Não por coincidência, o quinteto que ocupa os cinco lugares permanentes do Conselho de Segurança da ONU. É para esse clube mais do que fechado que o Brasil já pediu sua carteira de sócio, graças a essa invenção.

A sintonia entre o capitão de fragata André Ferreira Marques, coordenador de Enriquecimento de Urânio, a engenheira eletrônica Vera Lúcia Fiedler Ribeiro e o engenheiro químico José Cláudio Pedroso é tanta que não deixa saber quem começou e quem terminou a resposta. Os três trabalham em Aramar desde os anos 1980, para onde foram recrutados pelo almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva (o Othon a que todos se referem quase que com veneração), o pai do Programa Nuclear da Marinha, e Aramar é seu cotidiano desde então.

Vera Lúcia tinha um ano de formada quando foi morar em Iperó, cidadezinha perto de Sorocaba onde está instalado o complexo de Aramar. Ela fala com orgulho da invenção brasileira. "O segredo está na utilização de ultracentrífugas de pequeno porte que, conjugadas, realizam com mais eficiência e a um custo muito menor o que os equipamentos norte-americanos fazem." Pedroso explica que o uso da tecnologia de levitação, que mantém os equipamentos como se estivessem "flutuando" no espaço, associado à refrigeração a ar, em vez de água, como ocorre no modelo americano, tornaram Aramar um local que desperta curiosidade e cobiça tanto por parte dos países que dominam o ciclo atômico completo quanto dos que gostariam de dominá-lo. O comandante Ferreira Marques, engenheiro naval da Marinha que foi cooptado para o projeto nuclear assim que terminou a graduação na Universidade de São Paulo (USP), lembra que, durante muito tempo, especialistas estrangeiros e inspetores da AIEA não acreditavam que o equipamento de enriquecimento de urânio realmente funcionava. "Eles entravam e saíam desconfiados, certos de que estávamos contrabandeando hexafluoreto de urânio de algum lugar. O que mais chamava a atenção deles era a falta do barulho comum às das outras centrífugas lá de fora", conta.

Depois de terem certeza de que o Brasil não estava usando gás contrabandeado, o foco das visitas dos inspetores da AIEA mudou. Eles tentavam descobrir como o País e a Marinha tinham desenvolvido seu processo original. Pedroso conta que, quando os inspetores da AIEA vêm fazer as inspeções, eles têm um tempo determinado e são acompanhados pelo pessoal do centro. "Se algum inspetor ficar olhando muito para cima, para aqueles canos, por exemplo, como você está fazendo, o mandamos não olhar mais e seguir em frente. Quem é do ramo deduz as coisas pelos mínimos detalhes", diz. O comandante Marques reforça a necessidade do segredo, pois são poucos os países que têm o domínio completo do ciclo nuclear. "Isso aqui é o que o Irã, por exemplo, gostaria de ter", brinca. O resultado é que Aramar e as instalações das Indústrias Nucleares Brasileiras, em Rezende (RJ), serão capazes de suprir todas as necessidades de combustível nuclear do Brasil nas próximas décadas.

Saímos da sala rumo a outra área de Aramar, passando antes por mais detectores de radiatividade. Imediatamente vêm à mente cenas de acidentes nucleares, como Three Mile Island, nos EUA, ou Chernobyl, na ex-União Soviética, hoje Ucrânia. Imagino repórter e fotógrafo de Brasileiros passando por sessões de banhos com mangueira de alta pressão, escovações, etc. O comandante Marques brinca e diz que lá ninguém usa cueca de chumbo. E Vera Lúcia recorda que, quando sua primeira filha, Daniela, hoje com 20 anos, nasceu, o pediatra de Iperó não queria examiná-la, com medo de se contaminar. "Vocês foram submetidos a menos radiação do que em um raio X de dentista", garante Pedroso.

A rotina de sermos testados e aprovados se repete no setor em que o urânio gasoso é transformado em pó e depois compactado, formando pastilhas que, por sua vez, vão ser aglutinadas em varetas de combustíveis dos reatores. Quem comanda o setor é a física Selma Luiza Silva, doutora em combustível nuclear e caracterização de materiais. Ela tinha 17 anos quando começou a trabalhar no programa, como estudante na USP e estagiária do Instituto de Pesquisas em Energia Nuclear (Ipen). Hoje, aos 46 anos, é a responsável pela qualidade do urânio combustível que Aramar fornecerá para o reator do futuro submarino nuclear brasileiro.

Selma explica que as medidas de segurança adotadas tanto em Aramar quanto na fábrica das Indústrias Nucleares Brasileiras, onde o urânio é produzido em escala industrial, permitem que hoje a indústria nuclear brasileira - civil ou militar - seja considerada não danosa ao meio ambiente. "Toda a água que usamos aqui é captada à jusante do ponto em que é devolvida ao rio, depois de usada e tratada, saindo muito mais pura do que entrou. Quer dizer, confiamos no que fazemos, pois pegamos água abaixo do ponto em que a liberamos no rio. É a história do lobo e do cordeiro invertida", comenta o comandante Ferreira Marques.

A próxima escala da equipe é conhecer o trabalho pesado da construção do reator nuclear de Aramar. Pesado não é modo de falar. Quando se vê uma peça sendo montada com paredes de aço especial com dois dedos de largura, ou que um torno mecânico mede metros de altura - o que fascinou o presidente Lula em recente visita ao Aramar -, se percebe que algo muito grande está em gestação. "Aqui, se trabalha com peças que pesam toneladas, mas com a precisão de um relógio suíço", explica o capitão-tenente engenheiro naval Luiz Cláudio Farina, 37 anos, 13 de Marinha, um dos novatos do Programa Nuclear. Formado em engenharia mecânica no interior de São Paulo, ele passou seus primeiros anos de Marinha trabalhando no Rio de Janeiro. E foi como voluntário para Aramar.

Luiz Cláudio mostra um cilindro de aço com mais de um metro de diâmetro e explica que será o vaso de contenção do gerador de vapor. O aço é preparado para resistir à radiação, não contaminando o ambiente. "Todas essas peças têm a precisão de mícron. É como se estivéssemos fazendo um Rolex de um gigante", comenta. Só no desenvolvimento desse aço que resiste à radiação, o ganho tecnológico para o Brasil foi enorme. O comandante Ferreira Marques destaca que, em Aramar e no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), localizado na USP, em São Paulo, e ao qual o Aramar está subordinado, tudo teve de ser feito a partir do zero - o enriquecimento de urânio, a construção do reator e do submarino. "Ninguém passa adiante tecnologia nuclear. Especialmente depois que, lá fora, perceberam que estávamos mesmo projetando um submarino nuclear. Certa vez, precisamos reparar uma peça de uma turbina na Inglaterra. Quando perceberam que se destinava a um submarino nuclear, não nos devolveram a peça. Pagaram uma multa pesada. E, com o dinheiro, desenvolvemos a peça aqui mesmo. Hoje, todos sabem, lá fora, que nosso submarino nuclear é questão de tempo, pois tecnologia nós já temos", destaca.

E aí se chega à outra onipresença em Aramar: o submarino nuclear brasileiro. A arma mais letal dos mares, a que, segundo todos os especialistas em guerra naval, permite a uma Marinha menor fazer frente e intimidar forças muito mais poderosas. O submarino nuclear brasileiro, que teve o novo sinal verde para sua construção dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode ser visto em várias maquetes, de diferentes escalas, feitas pelo maquetista João Tavares Fusco, 59 anos, há 20 no projeto. Pelas maquetes de Fusco, já se sabe que o futuro submarino nuclear - um hunter-killer da mais pura estirpe - terá 90 metros de comprimento por dez de diâmetro. Tamanho comparável aos submarinos nucleares ingleses da classe Trafalgar, e maior que os franceses da classe Amethyste. O projeto será todo desenvolvido no Brasil, usando a tecnologia adquirida com a construção de quatro submarinos convencionais no Arsenal de Marinha, no Rio.

O prédio definitivo do reator terá sua construção reiniciada depois de dez anos parada. O comandante Ferreira Marques explica que o reator de Aramar, que deverá entrar em operação em 2014, foi projetado para caber dentro do submarino, que começará a entrar na fase de desenvolvimento de projeto ano que vem e, segundo o almirante Júlio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha, deverá ser lançado ao mar em 2018. Se tornará o segundo clube altamente fechado a que o Brasil vai se incorporar, mesmo contra a vontade dos atuais sócios, os mesmos cinco do Conselho
de Segurança.

Os reatores de Aramar e do submarino (ou submarinos no plural, dependendo somente de dinheiro e decisão política) terão capacidade de gerar 11 megawatts de energia, suficiente, por exemplo, para abastecer uma cidade de 20 mil habitantes. Ou levar o submarino a navegar embaixo d'água por seis meses a uma velocidade de até 30 nós. Essa informação me fez recordar da minha primeira experiência a bordo de um submarino. Em 1998, junto com o fotógrafo André Dusek (que teve de adaptar seus 1,94 metro de altura a beliches de 1,80 metro), passei seis dias submerso no submarino Tamoio, com seis metros de diâmetro e 60 de comprimento, o primeiro de uma série de quatro construídos no Arsenal de Marinha, no Rio de Janeiro. Acompanhamos os combates navais simulados contra uma flotilha de navios de guerra do Brasil. Com uma propulsão diesel-elétrica, o Tamoio é considerado quase indetectável. Periodicamente tem de erguer o snorkel para fazer os motores a diesel funcionarem e recarregar suas baterias elétricas. Na hora das batalhas finais, no entanto, o Tamoio se mostrou mortífero, ganhando todas as simulações, abatendo duas fragatas e um navio-tanque.

"Estamos diante de uma espécie de super-Tamoio?", perguntei. "Boa imagem, mas é bem mais do que isso. É como comparar um golfinho com um tubarão. O Tamoio precisa respirar de tempos em tempos. O nuclear pode ficar o tempo todo submerso, pronto para o ataque. É uma arma que pode decidir uma guerra, ou impedi-la por sua presença", disse Ferreira Marques.

Cuidar do combustível do submarino é a principal tarefa da capitã-de-fragata Ana Maria Vaz de Araújo, uma paulistana de 47 anos que tem sua vida dedicada ao projeto nuclear da Marinha. Formada em engenharia eletrônica pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), de São Bernardo do Campo (SP), ela entrou para a Marinha em 1983, como engenheira naval. Responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de combustão do reator do submarino, explica que suas características são diferentes de um reator de uma usina nuclear, como Angra-1, 2 e 3. Na usina, o reator funciona o tempo todo em potência máxima. No submarino, é preciso acelerar e desacelerar, o que requer tecnologia especial. A comandante Ana Maria também está empenhada no projeto de nacionalização da fibra de carbono, um monopólio americano, que está sendo feito no CTMSP. "A Embraer já está interessada nesse subproduto do nosso programa nuclear", comenta.

O CTMSP e Aramar também são a vida de André Luiz Ferreira Marques. Com 44 anos, filho de militar, ele entrou para o Colégio Naval com 15 anos. Depois de formado oficial em 1984, escolheu como especialização a engenharia naval. E ainda na USP, foi selecionado por Othon para o projeto nuclear. Mestre pelo prestigioso Massachusetts Institute of Technology (MIT), como o próprio Othon, seu guru, a quem homenageou dando o nome de Othon Luiz a seu terceiro filho, de apenas dois anos, o comandante Ferreira Marques recorda dos anos de corte de verbas e descaso do governo e da própria Marinha com o programa nuclear. Depois de 1994, quando Othon saiu, as verbas foram drasticamente reduzidas. Por muito pouco, o Brasil quase jogou fora todo o conhecimento adquirido durante anos. Sem recursos, muitos oficiais da Marinha e cientistas civis tiveram de deixar o programa em busca de melhores salários. Mas acha que agora chegou o momento da virada e que o dia 10 de julho, o da visita do presidente Lula a Aramar, marca mesmo o renascimento do programa. "O Othon estava junto com o presidente. Ele não vinha aqui há muitos anos e sua presença na comitiva simbolizou para nós uma nova era. Ficamos emocionados ao ver que nosso sonho estava de volta. E acredito que de forma definitiva", comenta, com entusiasmo.

O ciclos de um projeto
Iniciado em 1979 como prioridade, o programa da Marinha de desenvolvimento de sistemas de enriquecimento de urânio, construção de um reator e, finalmente, de um submarino nuclear, teve várias fases. O clima variou da euforia e do entusiasmo iniciais até a depressão provocada pela falta de recursos e por todo o tipo de pressões contrárias, a maior parte vinda de dentro da própria Marinha. O projeto andou bem até o governo Itamar Franco, e a nomeação do almirante Ivan Serpa para ministro da Marinha - uma de suas primeiras decisões foi reduzir os recursos do programa à sua vigésima parte.
No começo do governo Fernando Henrique, embora já sem o comando de seu idealizador e impulsionador, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, transferido para a reserva, o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo e o Centro Experimental de Aramar tiveram um leve alento, com pequeno aumento nas verbas. A partir do segundo mandato de FHC, porém, foi sendo deixado de lado. O submarino nuclear não era mais prioridade, mesmo o País tendo uma área de domínio de mar equivalente à da Amazônia.
No primeiro governo Lula, embora o presidente e muito dos seus formuladores de política externa e de defesa fossem favoráveis, a falta de recursos deixou o projeto em banho-maria, o que permitia apenas manter o que tinha sido descoberto e desenvolvido. A corrente contrária ao submarino nuclear dentro da Marinha se reforçou e, no final do ano passado, o então chefe do Estado Maior da Armada, almirante de esquadra Euclides Duncan Janot de Matos, anunciava que o Brasil iria comprar um novo submarino alemão, não nuclear, e construir mais dois no Arsenal de Marinha. E que estava na hora de desativar de vez o sonho nuclear naval.
Janot só não contava que Lula decidisse esperar 2007 para mudar o Ministério. Caído na chamada "expulsória" por tempo de serviço e transferido para a reserva, ele foi substituído no Estado Maior da Armada pelo almirante de esquadra Júlio Soares de Moura Neto, de uma tradicional família de oficiais de Marinha. Moura Neto em fevereiro foi nomeado por Lula comandante da Marinha. Defensor do projeto nuclear, ele tratou de buscar recursos para o reaparelhamento da Marinha. E, em jogada de mestre, levou Lula, que já havia se mostrado partidário do programa nuclear, a Aramar.
Entusiasmado com o que viu, o presidente anunciou a liberação de R$ 1,1 bilhão, a princípio em parcelas anuais de R$ 130 milhões, fora do orçamento da Marinha. Era a ressurreição do projeto do reator e do submarino nucleares. Entre os membros da comitiva estava o almirante Othon, hoje presidente da Eletronuclear, o homem que vai construir Angra-3 e outras novas usinas nucleares - seguras e obedecendo a todas as exigências ambientais. Emocionado, Othon viu seu "filho", que estava quase abandonado, ser colocado de novo como prioridade para o País. Mas quem melhor definiu o estado de espírito dos 1.500 oficiais de Marinha, cientistas e técnicos do projeto foi o almirante Carlos Passos Bezerril, atual diretor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, a quem Aramar está subordinado. "Muitos na Marinha me perguntaram por que eu ria tanto, junto do presidente. Ora, ele tinha acabado de me dizer que o dinheiro ia sair mesmo, que o projeto estava de volta com força total. Queriam que eu chorasse? Tinha é que rir muito", recorda, dando uma gargalhada.
Alguns comentários.
Sobre esta parte, que destaquei em azul no texto:
Certa vez, precisamos reparar uma peça de uma turbina na Inglaterra. Quando perceberam que se destinava a um submarino nuclear, não nos devolveram a peça. Pagaram uma multa pesada. E, com o dinheiro, desenvolvemos a peça aqui mesmo.
Isto era mantido restrito, até agora.
A Inglaterra recebeu uma peça, que não vou dizer, e disse ao Brasil que foi fabricada com tecnologia inglesa e, desta forma, não iria devolver.
Que tecnologia inglesa foi passada por vocês, a MB questionou?
Mas não adiantou. Bom para nós, que desenvolvemos a tecnologia necessária para o serviço que originou a necessidade do envio da peça para a Inglaterra.

Quanto a segunda parte em azul, de que a MB teria Oficiais "contra" o programa, principalmente os Altes Serpa e Janot, isto é repetição de uma cantilena já conhecida e falsa.
Aqui no DB, todos sabem que era a MB que mantinha o programa com seus recursos orçamentários, o que estava destruindo a Força. Ou o programa virava de ESTADO, ou a MB não iria aguentar sustentá-lo.
Todos aqui sabem que a MB manteve, e a que custo, tal programa, não importando quem estivesse a frente da pasta, como é de nossa cultura.
Simplesmente o governo foi avisado: DECIDAM. Querem manter o programa que deu independência ao Brasil na questão nuclear, ou não? Se não querem, nos avisem, e o programa deixará de existir. Colocado desta forma, o ESTADO BRASILEIRO assumiu o programa, mantido até então somente pela MB.
Estas interpretações, colocando Oficiais que puseram suas cabeças na guilhotina, exatamente com o intuito de manter o programa, são um desserviço ao Brasil.
O Alte Othon, que merece todo o respeito da MB, queria que a mesma fosse composta de patrulhas e submarinos (lembram de algo a respeito?). Ele, como engenheiro nuclear, não tem fundamentação para discutir Estratégia e necessidades outras de uma Força Naval. É o mesmo que eu discutir cirurgia cerebral com um médico. Ele via como atingir seu objetivo: o sub nuclear. Então, todo o resto, navios, PA, FN, etc, tudo era dispensável e devia ser cortado. Não funcionou.
Ainda bem que o BRASIL, por meio de seu Poder Político, definiu a questão.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#398 Mensagem por Marino » Dom Dez 14, 2008 1:44 pm

Só para lembrar, o Alte Janot não foi Comte da MB, foi CEMA, durante a gestão do Alte Guimarães Carvalho, OFICIAL SUBMARINISTA.
Alguém acredita que o Comte da MB, SUBMARINISTA, deixaria seu Chefe do Estado-Maior acabar com o programa do submarino nuclear?
Só isto desmonta a versão acima.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#399 Mensagem por JT8D » Dom Dez 14, 2008 2:13 pm

Marino escreveu:Artigo publicado na revista Brasileiros: http://www.revistabrasileiros.com.br/ed ... extos/223/
Nosso submarino nuclear
A Marinha brasileira já domina o ciclo completo de enriquecimento do urânio. O próximo passo é retomar a construção do reator e do submarino nucleares

Eduardo Hollanda

Centro Experimental de Aramar, em Iperó, interior de São Paulo. É lá que a Marinha desenvolve desde 1979 seu Programa Nuclear, destinado a construir um reator compacto que vai equipar o futuro submarino nuclear brasileiro. E, para deixar bem claro que no lugar se lida com material radiativo, o conhecido retângulo amarelo com três triângulos pretos indicando radiatividade está em todas as paredes. Eu e o repórter fotográfico Hélcio Nagamine nos lembramos disso, com uma certa preocupação, ao receber jalecos brancos e coberturas de plástico branco para os pés para termos acesso a uma área de segurança máxima.

Vestidos a caráter, entramos em uma sala refrigerada onde uma espécie de biombo de painéis metálicos escondia algo para que não fosse visto por olhos estranhos. Um ruído leve indica que, por trás dos painéis metálicos, há muitos equipamentos altamente sofisticados funcionando sem parar. Estamos diante de um dos maiores segredos do Programa Nuclear da Marinha e do Brasil. A pergunta é feita, já antevendo a resposta: "Essas são as tais cascatas de centrífugas que o pessoal da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, queria inspecionar e o Brasil só deixou se fosse tudo coberto?" A resposta vem rápida, dita quase em conjunto por três vozes: "Exatamente. Esse sistema de cascata de ultracentrífugas é invenção brasileira, bolado pelo Othon e sua equipe, diante da negativa dos europeus, por pressão dos Estados Unidos, de nos repassar a tecnologia de enriquecimento de urânio por difusão gasosa, usada na Europa". Essas cascatas são usadas no enriquecimento do hexafluoreto de urânio, processo que separa o isótopo U-235 do U-238 - o primeiro é a matéria-prima do combustível que move usinas nucleares, sejam elas em terra ou em submarinos e navios. O domínio do ciclo completo de beneficiamento do urânio, da mina até a usina nuclear, é privilégio de apenas cinco países, Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França. Outros países, que também têm tecnologia nuclear, como Índia e Coréia, adquiriram desses cinco, de forma legal ou ilegal. Não por coincidência, o quinteto que ocupa os cinco lugares permanentes do Conselho de Segurança da ONU. É para esse clube mais do que fechado que o Brasil já pediu sua carteira de sócio, graças a essa invenção.

A sintonia entre o capitão de fragata André Ferreira Marques, coordenador de Enriquecimento de Urânio, a engenheira eletrônica Vera Lúcia Fiedler Ribeiro e o engenheiro químico José Cláudio Pedroso é tanta que não deixa saber quem começou e quem terminou a resposta. Os três trabalham em Aramar desde os anos 1980, para onde foram recrutados pelo almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva (o Othon a que todos se referem quase que com veneração), o pai do Programa Nuclear da Marinha, e Aramar é seu cotidiano desde então.

Vera Lúcia tinha um ano de formada quando foi morar em Iperó, cidadezinha perto de Sorocaba onde está instalado o complexo de Aramar. Ela fala com orgulho da invenção brasileira. "O segredo está na utilização de ultracentrífugas de pequeno porte que, conjugadas, realizam com mais eficiência e a um custo muito menor o que os equipamentos norte-americanos fazem." Pedroso explica que o uso da tecnologia de levitação, que mantém os equipamentos como se estivessem "flutuando" no espaço, associado à refrigeração a ar, em vez de água, como ocorre no modelo americano, tornaram Aramar um local que desperta curiosidade e cobiça tanto por parte dos países que dominam o ciclo atômico completo quanto dos que gostariam de dominá-lo. O comandante Ferreira Marques, engenheiro naval da Marinha que foi cooptado para o projeto nuclear assim que terminou a graduação na Universidade de São Paulo (USP), lembra que, durante muito tempo, especialistas estrangeiros e inspetores da AIEA não acreditavam que o equipamento de enriquecimento de urânio realmente funcionava. "Eles entravam e saíam desconfiados, certos de que estávamos contrabandeando hexafluoreto de urânio de algum lugar. O que mais chamava a atenção deles era a falta do barulho comum às das outras centrífugas lá de fora", conta.

Depois de terem certeza de que o Brasil não estava usando gás contrabandeado, o foco das visitas dos inspetores da AIEA mudou. Eles tentavam descobrir como o País e a Marinha tinham desenvolvido seu processo original. Pedroso conta que, quando os inspetores da AIEA vêm fazer as inspeções, eles têm um tempo determinado e são acompanhados pelo pessoal do centro. "Se algum inspetor ficar olhando muito para cima, para aqueles canos, por exemplo, como você está fazendo, o mandamos não olhar mais e seguir em frente. Quem é do ramo deduz as coisas pelos mínimos detalhes", diz. O comandante Marques reforça a necessidade do segredo, pois são poucos os países que têm o domínio completo do ciclo nuclear. "Isso aqui é o que o Irã, por exemplo, gostaria de ter", brinca. O resultado é que Aramar e as instalações das Indústrias Nucleares Brasileiras, em Rezende (RJ), serão capazes de suprir todas as necessidades de combustível nuclear do Brasil nas próximas décadas.

Saímos da sala rumo a outra área de Aramar, passando antes por mais detectores de radiatividade. Imediatamente vêm à mente cenas de acidentes nucleares, como Three Mile Island, nos EUA, ou Chernobyl, na ex-União Soviética, hoje Ucrânia. Imagino repórter e fotógrafo de Brasileiros passando por sessões de banhos com mangueira de alta pressão, escovações, etc. O comandante Marques brinca e diz que lá ninguém usa cueca de chumbo. E Vera Lúcia recorda que, quando sua primeira filha, Daniela, hoje com 20 anos, nasceu, o pediatra de Iperó não queria examiná-la, com medo de se contaminar. "Vocês foram submetidos a menos radiação do que em um raio X de dentista", garante Pedroso.

A rotina de sermos testados e aprovados se repete no setor em que o urânio gasoso é transformado em pó e depois compactado, formando pastilhas que, por sua vez, vão ser aglutinadas em varetas de combustíveis dos reatores. Quem comanda o setor é a física Selma Luiza Silva, doutora em combustível nuclear e caracterização de materiais. Ela tinha 17 anos quando começou a trabalhar no programa, como estudante na USP e estagiária do Instituto de Pesquisas em Energia Nuclear (Ipen). Hoje, aos 46 anos, é a responsável pela qualidade do urânio combustível que Aramar fornecerá para o reator do futuro submarino nuclear brasileiro.

Selma explica que as medidas de segurança adotadas tanto em Aramar quanto na fábrica das Indústrias Nucleares Brasileiras, onde o urânio é produzido em escala industrial, permitem que hoje a indústria nuclear brasileira - civil ou militar - seja considerada não danosa ao meio ambiente. "Toda a água que usamos aqui é captada à jusante do ponto em que é devolvida ao rio, depois de usada e tratada, saindo muito mais pura do que entrou. Quer dizer, confiamos no que fazemos, pois pegamos água abaixo do ponto em que a liberamos no rio. É a história do lobo e do cordeiro invertida", comenta o comandante Ferreira Marques.

A próxima escala da equipe é conhecer o trabalho pesado da construção do reator nuclear de Aramar. Pesado não é modo de falar. Quando se vê uma peça sendo montada com paredes de aço especial com dois dedos de largura, ou que um torno mecânico mede metros de altura - o que fascinou o presidente Lula em recente visita ao Aramar -, se percebe que algo muito grande está em gestação. "Aqui, se trabalha com peças que pesam toneladas, mas com a precisão de um relógio suíço", explica o capitão-tenente engenheiro naval Luiz Cláudio Farina, 37 anos, 13 de Marinha, um dos novatos do Programa Nuclear. Formado em engenharia mecânica no interior de São Paulo, ele passou seus primeiros anos de Marinha trabalhando no Rio de Janeiro. E foi como voluntário para Aramar.

Luiz Cláudio mostra um cilindro de aço com mais de um metro de diâmetro e explica que será o vaso de contenção do gerador de vapor. O aço é preparado para resistir à radiação, não contaminando o ambiente. "Todas essas peças têm a precisão de mícron. É como se estivéssemos fazendo um Rolex de um gigante", comenta. Só no desenvolvimento desse aço que resiste à radiação, o ganho tecnológico para o Brasil foi enorme. O comandante Ferreira Marques destaca que, em Aramar e no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), localizado na USP, em São Paulo, e ao qual o Aramar está subordinado, tudo teve de ser feito a partir do zero - o enriquecimento de urânio, a construção do reator e do submarino. "Ninguém passa adiante tecnologia nuclear. Especialmente depois que, lá fora, perceberam que estávamos mesmo projetando um submarino nuclear. Certa vez, precisamos reparar uma peça de uma turbina na Inglaterra. Quando perceberam que se destinava a um submarino nuclear, não nos devolveram a peça. Pagaram uma multa pesada. E, com o dinheiro, desenvolvemos a peça aqui mesmo. Hoje, todos sabem, lá fora, que nosso submarino nuclear é questão de tempo, pois tecnologia nós já temos", destaca.

E aí se chega à outra onipresença em Aramar: o submarino nuclear brasileiro. A arma mais letal dos mares, a que, segundo todos os especialistas em guerra naval, permite a uma Marinha menor fazer frente e intimidar forças muito mais poderosas. O submarino nuclear brasileiro, que teve o novo sinal verde para sua construção dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode ser visto em várias maquetes, de diferentes escalas, feitas pelo maquetista João Tavares Fusco, 59 anos, há 20 no projeto. Pelas maquetes de Fusco, já se sabe que o futuro submarino nuclear - um hunter-killer da mais pura estirpe - terá 90 metros de comprimento por dez de diâmetro. Tamanho comparável aos submarinos nucleares ingleses da classe Trafalgar, e maior que os franceses da classe Amethyste. O projeto será todo desenvolvido no Brasil, usando a tecnologia adquirida com a construção de quatro submarinos convencionais no Arsenal de Marinha, no Rio.

O prédio definitivo do reator terá sua construção reiniciada depois de dez anos parada. O comandante Ferreira Marques explica que o reator de Aramar, que deverá entrar em operação em 2014, foi projetado para caber dentro do submarino, que começará a entrar na fase de desenvolvimento de projeto ano que vem e, segundo o almirante Júlio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha, deverá ser lançado ao mar em 2018. Se tornará o segundo clube altamente fechado a que o Brasil vai se incorporar, mesmo contra a vontade dos atuais sócios, os mesmos cinco do Conselho
de Segurança.

Os reatores de Aramar e do submarino (ou submarinos no plural, dependendo somente de dinheiro e decisão política) terão capacidade de gerar 11 megawatts de energia, suficiente, por exemplo, para abastecer uma cidade de 20 mil habitantes. Ou levar o submarino a navegar embaixo d'água por seis meses a uma velocidade de até 30 nós. Essa informação me fez recordar da minha primeira experiência a bordo de um submarino. Em 1998, junto com o fotógrafo André Dusek (que teve de adaptar seus 1,94 metro de altura a beliches de 1,80 metro), passei seis dias submerso no submarino Tamoio, com seis metros de diâmetro e 60 de comprimento, o primeiro de uma série de quatro construídos no Arsenal de Marinha, no Rio de Janeiro. Acompanhamos os combates navais simulados contra uma flotilha de navios de guerra do Brasil. Com uma propulsão diesel-elétrica, o Tamoio é considerado quase indetectável. Periodicamente tem de erguer o snorkel para fazer os motores a diesel funcionarem e recarregar suas baterias elétricas. Na hora das batalhas finais, no entanto, o Tamoio se mostrou mortífero, ganhando todas as simulações, abatendo duas fragatas e um navio-tanque.

"Estamos diante de uma espécie de super-Tamoio?", perguntei. "Boa imagem, mas é bem mais do que isso. É como comparar um golfinho com um tubarão. O Tamoio precisa respirar de tempos em tempos. O nuclear pode ficar o tempo todo submerso, pronto para o ataque. É uma arma que pode decidir uma guerra, ou impedi-la por sua presença", disse Ferreira Marques.

Cuidar do combustível do submarino é a principal tarefa da capitã-de-fragata Ana Maria Vaz de Araújo, uma paulistana de 47 anos que tem sua vida dedicada ao projeto nuclear da Marinha. Formada em engenharia eletrônica pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), de São Bernardo do Campo (SP), ela entrou para a Marinha em 1983, como engenheira naval. Responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de combustão do reator do submarino, explica que suas características são diferentes de um reator de uma usina nuclear, como Angra-1, 2 e 3. Na usina, o reator funciona o tempo todo em potência máxima. No submarino, é preciso acelerar e desacelerar, o que requer tecnologia especial. A comandante Ana Maria também está empenhada no projeto de nacionalização da fibra de carbono, um monopólio americano, que está sendo feito no CTMSP. "A Embraer já está interessada nesse subproduto do nosso programa nuclear", comenta.

O CTMSP e Aramar também são a vida de André Luiz Ferreira Marques. Com 44 anos, filho de militar, ele entrou para o Colégio Naval com 15 anos. Depois de formado oficial em 1984, escolheu como especialização a engenharia naval. E ainda na USP, foi selecionado por Othon para o projeto nuclear. Mestre pelo prestigioso Massachusetts Institute of Technology (MIT), como o próprio Othon, seu guru, a quem homenageou dando o nome de Othon Luiz a seu terceiro filho, de apenas dois anos, o comandante Ferreira Marques recorda dos anos de corte de verbas e descaso do governo e da própria Marinha com o programa nuclear. Depois de 1994, quando Othon saiu, as verbas foram drasticamente reduzidas. Por muito pouco, o Brasil quase jogou fora todo o conhecimento adquirido durante anos. Sem recursos, muitos oficiais da Marinha e cientistas civis tiveram de deixar o programa em busca de melhores salários. Mas acha que agora chegou o momento da virada e que o dia 10 de julho, o da visita do presidente Lula a Aramar, marca mesmo o renascimento do programa. "O Othon estava junto com o presidente. Ele não vinha aqui há muitos anos e sua presença na comitiva simbolizou para nós uma nova era. Ficamos emocionados ao ver que nosso sonho estava de volta. E acredito que de forma definitiva", comenta, com entusiasmo.

O ciclos de um projeto
Iniciado em 1979 como prioridade, o programa da Marinha de desenvolvimento de sistemas de enriquecimento de urânio, construção de um reator e, finalmente, de um submarino nuclear, teve várias fases. O clima variou da euforia e do entusiasmo iniciais até a depressão provocada pela falta de recursos e por todo o tipo de pressões contrárias, a maior parte vinda de dentro da própria Marinha. O projeto andou bem até o governo Itamar Franco, e a nomeação do almirante Ivan Serpa para ministro da Marinha - uma de suas primeiras decisões foi reduzir os recursos do programa à sua vigésima parte.
No começo do governo Fernando Henrique, embora já sem o comando de seu idealizador e impulsionador, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, transferido para a reserva, o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo e o Centro Experimental de Aramar tiveram um leve alento, com pequeno aumento nas verbas. A partir do segundo mandato de FHC, porém, foi sendo deixado de lado. O submarino nuclear não era mais prioridade, mesmo o País tendo uma área de domínio de mar equivalente à da Amazônia.
No primeiro governo Lula, embora o presidente e muito dos seus formuladores de política externa e de defesa fossem favoráveis, a falta de recursos deixou o projeto em banho-maria, o que permitia apenas manter o que tinha sido descoberto e desenvolvido. A corrente contrária ao submarino nuclear dentro da Marinha se reforçou e, no final do ano passado, o então chefe do Estado Maior da Armada, almirante de esquadra Euclides Duncan Janot de Matos, anunciava que o Brasil iria comprar um novo submarino alemão, não nuclear, e construir mais dois no Arsenal de Marinha. E que estava na hora de desativar de vez o sonho nuclear naval.
Janot só não contava que Lula decidisse esperar 2007 para mudar o Ministério. Caído na chamada "expulsória" por tempo de serviço e transferido para a reserva, ele foi substituído no Estado Maior da Armada pelo almirante de esquadra Júlio Soares de Moura Neto, de uma tradicional família de oficiais de Marinha. Moura Neto em fevereiro foi nomeado por Lula comandante da Marinha. Defensor do projeto nuclear, ele tratou de buscar recursos para o reaparelhamento da Marinha. E, em jogada de mestre, levou Lula, que já havia se mostrado partidário do programa nuclear, a Aramar.
Entusiasmado com o que viu, o presidente anunciou a liberação de R$ 1,1 bilhão, a princípio em parcelas anuais de R$ 130 milhões, fora do orçamento da Marinha. Era a ressurreição do projeto do reator e do submarino nucleares. Entre os membros da comitiva estava o almirante Othon, hoje presidente da Eletronuclear, o homem que vai construir Angra-3 e outras novas usinas nucleares - seguras e obedecendo a todas as exigências ambientais. Emocionado, Othon viu seu "filho", que estava quase abandonado, ser colocado de novo como prioridade para o País. Mas quem melhor definiu o estado de espírito dos 1.500 oficiais de Marinha, cientistas e técnicos do projeto foi o almirante Carlos Passos Bezerril, atual diretor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, a quem Aramar está subordinado. "Muitos na Marinha me perguntaram por que eu ria tanto, junto do presidente. Ora, ele tinha acabado de me dizer que o dinheiro ia sair mesmo, que o projeto estava de volta com força total. Queriam que eu chorasse? Tinha é que rir muito", recorda, dando uma gargalhada.
Alguns comentários.
Sobre esta parte, que destaquei em azul no texto:
Certa vez, precisamos reparar uma peça de uma turbina na Inglaterra. Quando perceberam que se destinava a um submarino nuclear, não nos devolveram a peça. Pagaram uma multa pesada. E, com o dinheiro, desenvolvemos a peça aqui mesmo.
Isto era mantido restrito, até agora.
A Inglaterra recebeu uma peça, que não vou dizer, e disse ao Brasil que foi fabricada com tecnologia inglesa e, desta forma, não iria devolver.
Que tecnologia inglesa foi passada por vocês, a MB questionou?
Mas não adiantou. Bom para nós, que desenvolvemos a tecnologia necessária para o serviço que originou a necessidade do envio da peça para a Inglaterra.

Quanto a segunda parte em azul, de que a MB teria Oficiais "contra" o programa, principalmente os Altes Serpa e Janot, isto é repetição de uma cantilena já conhecida e falsa.
Aqui no DB, todos sabem que era a MB que mantinha o programa com seus recursos orçamentários, o que estava destruindo a Força. Ou o programa virava de ESTADO, ou a MB não iria aguentar sustentá-lo.
Todos aqui sabem que a MB manteve, e a que custo, tal programa, não importando quem estivesse a frente da pasta, como é de nossa cultura.
Simplesmente o governo foi avisado: DECIDAM. Querem manter o programa que deu independência ao Brasil na questão nuclear, ou não? Se não querem, nos avisem, e o programa deixará de existir. Colocado desta forma, o ESTADO BRASILEIRO assumiu o programa, mantido até então somente pela MB.
Estas interpretações, colocando Oficiais que puseram suas cabeças na guilhotina, exatamente com o intuito de manter o programa, são um desserviço ao Brasil.
O Alte Othon, que merece todo o respeito da MB, queria que a mesma fosse composta de patrulhas e submarinos (lembram de algo a respeito?). Ele, como engenheiro nuclear, não tem fundamentação para discutir Estratégia e necessidades outras de uma Força Naval. É o mesmo que eu discutir cirurgia cerebral com um médico. Ele via como atingir seu objetivo: o sub nuclear. Então, todo o resto, navios, PA, FN, etc, tudo era dispensável e devia ser cortado. Não funcionou.
Ainda bem que o BRASIL, por meio de seu Poder Político, definiu a questão.
Respeito seu ponto de vista. Acho que é mesmo seu dever sustentá-lo.
Não acredito, no entanto, que as discussôes que você menciona nunca tenham tido nenhum componente de interesses pessoais. Também não considero possível que alguém possa provar a veracidade de uma ou de outra versão num assunto tão complexo.
O que parece evidente de tudo isso é que o programa nuclear ultrapassou em muito a capacidade de gerenciamento da instituição que o concebeu.
Tenho um orgulho imenso de tudo que foi conquistado até agora nesse projeto e considero que é dever de todo brasileiro garantir que ele se conclua com sucesso.

Abraços,

JT




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#400 Mensagem por Marino » Dom Dez 14, 2008 3:11 pm

Caro JT, tive o privilégio de ter o Alte Janot como Chefe em minha "vida naval".
O que escrevi não passa de um depoimento do que pude, em certo momento de minha carreira, presenciar. Muito poderia escrever ainda, mas creio que não é o momento.
Então, tome o escrito como um simples depoimento, crível para uns, não para outros.
Que bom que o que a MB lega ao país, o domínio de todo o ciclo nuclear, seja considerado, agora, um bem que não pode ser perdido.
Isto é o que interessa, afinal.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#401 Mensagem por Alcantara » Ter Dez 16, 2008 10:03 am

Gente, postei isso lá no "Notícias" aqui da parte naval do fórum, mas, como tem a ver com o sub nuclear, vou postá-lo aqui também, ok?


Do Jonal O Globo de hoje, 16.12.2008


Submarinos na bagagem de Sarkozy em visita ao Brasil

BRASÍLIA e RIO - Brasil e França assinarão na próxima semana um grande acordo global na área de defesa, numa parceria que envolve aquisição de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear e tecnologia a ser empregada no programa "Soldado do Futuro", que atuará em ações na selva e com capacidade de visão noturna. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o francês Nicolas Sarkozy assinarão os termos da parceria no próximo dia 23, no Rio.

Na agenda de cooperação dos dois países estão negócios que envolvem a construção no Brasil, nos próximos dez anos, de seis a oito usinas nucleares, incluída Angra 3, com transferência de tecnologia. A estatal francesa Areva é uma das principais distribuidoras de energia nuclear do mundo e vai gerar para o funcionamento de Angra 3.

França quer incrementar parceria militar com Brasil
O governo francês quer fazer do Brasil um de seus principais parceiros na área militar. A França domina tecnologias nessa área e é considerada uma potência mundial. Na sua visita ao Brasil, Sarkozy ratificará o apoio de seu país às pretensões brasileiras de ter assento permanente no Conselho de Segurança das Organização das Nações Unidas (ONU).

Na área civil, os dois países também assinarão acordos que envolvem desenvolvimento de satélites para atuação na Amazônia, em especial para detectar ações de desmatamento e controle do tráfego aéreo. O projeto "Soldado do Futuro" prevê instalação de um chip que informa posição exata do militar na selva e também de equipamento que possibilite visão noturna no meio da floresta.

Autoridades francesas e brasileiras negociam há meses esses acordos, que, além do Ministério da Defesa e dos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica, envolvem outras áreas, como Agência Espacial Brasileira (AEB) e Ministério da Ciência e Tecnologia.

No caso do submarino nuclear, a participação francesa será a construção da embarcação. Os franceses não desenvolverão a parte nuclear do projeto. Está prevista apenas uma cooperação técnica. A Marinha brasileira tem um centro tecnológico de processamento do urânio. No último dia 26 de setembro, foi criada a Coordenadoria Geral do Programa de Desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear, para vai gerenciar projeto e construção do estaleiro onde ficarão os submarinos. Desde o final da década de 70, a Marinha desenvolve programa de desenvolvimento de tecnologia nuclear, no Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo.

Na semana passada, o Conselho Nacional de Defesa do governo aprovou o Plano de Defesa, coordenador pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. O plano deverá ser promulgado na próxima quinta-feira pelo presidente Lula, em solenidade no Palácio do Planalto.

O setor nuclear é considerado o mais estratégico no programa, e o plano prevê a nacionalização completa do ciclo desse combustível e a construção dos reatores. Apesar das parcerias internacionais, o Brasil pretende desenvolver capacidade de construir suas usinas nucleares. Ao explicar a escolha dos submarinos franceses, a Marinha explica que o processo foi "longo, exaustivo e criterioso". A Marinha explica ainda que o casco dos submarinos Scorpene é compatível com o projeto nuclear brasileiro. Segundo a Marinha, os cerca de 36 mil itens dos submarinos também serão produzidos no Brasil.

Na véspera da assinatura da parceria Brasil-França, no dia 22, Sarkozy cumprirá agenda de presidente da União Européia, também no Rio. Acompanhado do chefe da Comissão Européia, José Durão Barroso, assina com o Brasil planos de ações que reforçarão a luta contra a proliferação nuclear, termos de cooperação na área do meio ambiente e a promoção científica e tecnológica, como o intercâmbio de cientistas, pesquisadores e universitários brasileiros com países europeus.

Escolha de submarinos provoca críticas
A decisão do governo brasileiro de comprar os submarinos Scorpene, de tecnologia francesa, mergulha, desde o começo do ano, em polêmica. Um relatório, elaborado por oficiais da Marinha que acompanharam o uso da tecnologia e tomaram como base relatos de homens que operaram os submarinos no Chile, revela fragilidades no sistema: afirma que a manutenção "é cara e complexa" e que a Marinha do Chile tem "grande dificuldade" para obter preços acessíveis de peças para reposição. Aponta ainda que a qualidade do material de construção é inferior ao modelo alemão, importado anteriormente pelo Brasil.

Nos sites especializados no setor, os debates começaram logo depois do encontro entre Lula e Sarkozy, em fevereiro, na Guiana Francesa, quando discutiram a compra dos submarinos - a um custo de US$ 300 milhões cada um.

A Marinha, em nota, reconhece que há "vantagens e desvantagens" nas opções analisadas antes da decisão de optar pelo modelo francês e afirma que o relatório também foi levado em conta para fazer a escolha. Pondera, no entanto, que o fator determinante para a decisão foi o fato de que a França está disposta "contratualmente" a transferir tecnologia de projeto de submarinos, "cooperando no projeto do submarino nuclear brasileiro". "É exatamente isso o que interessa ao Brasil", diz a nota da Marinha.

O relatório do oficial da Marinha aponta também as vantagens de o Brasil adquirir os submarinos do consórcio HDW/MFI, de quem a Marinha comprou, na década de 80, os cinco submarinos de que dispõe. O contrato para a aquisição chegou a ser preparado, há dois anos. Mas o protocolo foi suspenso até a decisão de optar pela tecnologia francesa. Um dos benefícios do contrato seria o "amplo financiamento, a baixo custo".

A Marinha afirma, em nota, que atualmente apenas dois países do mundo ocidental produzem e desenvolvem projetos de submarinos nucleares e convencionais - Rússia e França. A transferência de tecnologia e a disposição dos franceses em cooperar como o projeto do submarino nuclear atraíram o Brasil. O projeto da Marinha é que o reator nuclear, em fase de construção, esteja operando no Brasil em 2013.

:arrow: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/1 ... 305768.asp :lol:




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#402 Mensagem por rafafoz » Ter Dez 16, 2008 12:00 pm

Segundo a Marinha, os cerca de 36 mil itens dos submarinos também serão produzidos no Brasil.
hahaha, alguem poderia cita-los hehehe.
Caramba quanto item, será que tudo mesmo será produzido aqui?




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#403 Mensagem por Marino » Ter Dez 16, 2008 12:27 pm

Escolha de submarinos provoca críticas
A decisão do governo brasileiro de comprar os submarinos Scorpene, de tecnologia francesa, mergulha, desde o começo do ano, em polêmica. Um relatório, elaborado por oficiais da Marinha que acompanharam o uso da tecnologia e tomaram como base relatos de homens que operaram os submarinos no Chile, revela fragilidades no sistema: afirma que a manutenção "é cara e complexa" e que a Marinha do Chile tem "grande dificuldade" para obter preços acessíveis de peças para reposição. Aponta ainda que a qualidade do material de construção é inferior ao modelo alemão, importado anteriormente pelo Brasil.
Eu gostaria muito que publicassem tal relatório.
A MB enviou Oficiais ao Chile, que embarcaram nos Scorpene.
Estes Oficiais, entre os quais o Alte Wellington (lembram dele das revistas especializadas?) fizeram um relatório em que a situação apresentada é 180º diferente da escrita pelo jornal.
A ACh já tornou público, por diversos meios, que a França excedeu o contrato assinado com o Chile, que todos os ítens do mesmo foram cumpridos, com excesso.
A França, os invés da Alemanha, permite compra direta de sobressalentes nas fábricas, então a situação escrita não se sustenta, é balela.
Imaginem se a situação fosse verdadeira, com o cliente lançador do produto. Bastava uma reclamação pública para que todos os outros países perdessem o interesse nos submarinos franceses.
Puro lobby. E vai piorar, já sabemos, aguardem.




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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#404 Mensagem por Tupi » Ter Dez 16, 2008 1:20 pm

Marino escreveu:
Escolha de submarinos provoca críticas
A decisão do governo brasileiro de comprar os submarinos Scorpene, de tecnologia francesa, mergulha, desde o começo do ano, em polêmica. Um relatório, elaborado por oficiais da Marinha que acompanharam o uso da tecnologia e tomaram como base relatos de homens que operaram os submarinos no Chile, revela fragilidades no sistema: afirma que a manutenção "é cara e complexa" e que a Marinha do Chile tem "grande dificuldade" para obter preços acessíveis de peças para reposição. Aponta ainda que a qualidade do material de construção é inferior ao modelo alemão, importado anteriormente pelo Brasil.
Eu gostaria muito que publicassem tal relatório.
A MB enviou Oficiais ao Chile, que embarcaram nos Scorpene.
Estes Oficiais, entre os quais o Alte Wellington (lembram dele das revistas especializadas?) fizeram um relatório em que a situação apresentada é 180º diferente da escrita pelo jornal.
A ACh já tornou público, por diversos meios, que a França excedeu o contrato assinado com o Chile, que todos os ítens do mesmo foram cumpridos, com excesso.
A França, os invés da Alemanha, permite compra direta de sobressalentes nas fábricas, então a situação escrita não se sustenta, é balela.
Imaginem se a situação fosse verdadeira, com o cliente lançador do produto. Bastava uma reclamação pública para que todos os outros países perdessem o interesse nos submarinos franceses.
Puro lobby. E vai piorar, já sabemos, aguardem.
Grato por nos aclarar e acalmar.





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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO

#405 Mensagem por Anderson TR » Qua Dez 17, 2008 10:48 am

Marino escreveu:
Escolha de submarinos provoca críticas
A decisão do governo brasileiro de comprar os submarinos Scorpene, de tecnologia francesa, mergulha, desde o começo do ano, em polêmica. Um relatório, elaborado por oficiais da Marinha que acompanharam o uso da tecnologia e tomaram como base relatos de homens que operaram os submarinos no Chile, revela fragilidades no sistema: afirma que a manutenção "é cara e complexa" e que a Marinha do Chile tem "grande dificuldade" para obter preços acessíveis de peças para reposição. Aponta ainda que a qualidade do material de construção é inferior ao modelo alemão, importado anteriormente pelo Brasil.
Eu gostaria muito que publicassem tal relatório.
A MB enviou Oficiais ao Chile, que embarcaram nos Scorpene.
Estes Oficiais, entre os quais o Alte Wellington (lembram dele das revistas especializadas?) fizeram um relatório em que a situação apresentada é 180º diferente da escrita pelo jornal.
A ACh já tornou público, por diversos meios, que a França excedeu o contrato assinado com o Chile, que todos os ítens do mesmo foram cumpridos, com excesso.
A França, os invés da Alemanha, permite compra direta de sobressalentes nas fábricas, então a situação escrita não se sustenta, é balela.
Imaginem se a situação fosse verdadeira, com o cliente lançador do produto. Bastava uma reclamação pública para que todos os outros países perdessem o interesse nos submarinos franceses.
Puro lobby. E vai piorar, já sabemos, aguardem.

Marino, não sei se já postaram essa notícia sobre a ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS) da alemanha, mas os caras estão forçando uma barra danada quanto aos acordos Brasil/França de submarinos.....só para aclarar a mente da galera!!!!!Excelente matéria da revista Tecnologia e Defesa

Os alemães insistem no jogo

A HDW ainda quer vender submarinos para o Brasil


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Entre os dias 24 e 28 de novembro, Tecnologia & Defesa viajou, a convite, para a Alemanha, para conhecer as instalações e projetos da Howaldtswerke - Deutsche Werft (HDW), estaleiro de propriedade do grupo industrial ThyssenKrupp, conhecido por desenvolver e construir uma bem sucedida família de submarinos convencionais, operados por diversas Marinhas em todo o mundo, incluindo a do Brasil (Classe Tupi).

A HDW, cujo principal centro de desenvolvimento e construção está localizado na cidade de Kiel, na costa do Mar Báltico, é uma das empresas integrantes da ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS), que fatura anualmente mais de € 2 bilhões e emprega cerca de 10.200 pessoas. A TKMS possui um amplo portfólio de produtos, composto por navios militares, como fragatas, corvetas, navios-patrulha, de apoio logístico, submarinos e também embarcações civis, tais como navios de transporte, de propósitos específicos e grandes iates.

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Submarinos



A visita às instalações da HDW em Kiel teve como foco principal o portfólio de produtos e sistemas para submarinos. O objetivo era demonstrar a experiência e capacidade tecnológica da empresa, interessada na venda de submarinos para a Marinha do Brasil (MB).

Desde a década de 1960, a HDW construiu ou vendeu kits para a construção de mais de 170 submarinos. Atualmente, o portfólio da HDW é formado pelos submarinos das Classes 209, 210mod, 212A (projetados para as Marinhas da Alemanha e da Itália), 214, ULA, Dolphin e Gotland. A HDW também executa reparos, atualizações e conversões de meia-vida.

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O 209 é considerado um dos submarinos de propulsão diesel-elétrica de maior sucesso comercial em todos os tempos. Já foram vendidas quase 60 unidades em variadas versões, sendo 21 para as Marinhas do Brasil (5), da Argentina (2), Chile (2), Peru (6), Equador (2), Colômbia (2), e Venezuela (2).

A carteira de pedidos da companhia inclui a construção de quatro submarinos 212A (dois para a Alemanha e dois para a Itália), dois Dolphin com AIP para a Marinha de Israel, três 214 para a Marinha da Grécia, dois 209PN para a Marinha Portuguesa, além de modernizações e revisões de nove submarinos das forças navais da Alemanha (212A), Grécia (209), Venezuela (209) e Cingapura (A17). A empresa participa ainda de várias outras concorrências mundo afora, como a do Paquistão, em que o 214 é considerado favorito.

Em termos de modernização, vários usuários de antigos submarinos estão em busca de atualizações de meia-vida. Na América Latina, por exemplo, a HDW acompanha os interesses das Marinhas da Venezuela, Peru e Colômbia.

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A mais nova



A Classe 214 é o mais recente desenvolvimento da HDW, já tendo sido exportadas sete unidades para dois países, a Grécia e a Coréia do Sul. Desenvolvido com base no bem-sucedido 209 e incorporando características inovadoras aplicadas no 212A, o 214 é considerado um dos mais modernos submarinos convencionais do mundo.

Com 65 metros de comprimento e deslocamento aproximado de 1.800 toneladas na superfície, o 214 pode utilizar o sistema de propulsão AIP (Air-Independent Propulsion / Propulsão Independente de Atmosfera), que lhe possibilita navegar submerso e com baixo risco de detecção por até quatro semanas. O sistema AIP da HDW é baseado em células de combustível PEM (Polymer Electrolyte Membrane), desenvolvidas pela Siemens, que permitem a combinação de oxigênio, extraído da água do mar e hidrogênio para a produção de eletricidade, calor e água. Este sistema de propulsão já equipa ou equipará submarinos das Marinhas da Alemanha, Itália, Grécia, Coréia do Sul, Portugal e Israel.

O 214 tem características stealth, além de sofisticados sistemas de sensores (ISUS 90), produzidos pela Atlas Elektronik e reduzidas assinaturas acústicas, térmicas e magnéticas graças ao uso de métodos avançados de desenho e construção. Possui ainda oito tubos para o lançamento de torpedos, sendo quatro deles equipados com sistemas que permitem o lançamento de mísseis. Para a sua operação, são necessários cerca de 30 tripulantes.

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Para o Brasil



Em setembro de 2006, a Marinha do Brasil (MB) anunciava publicamente a escolha do 214, sem o AIP, como a sua futura Classe de submarinos, em complemento e futura substituição dos cinco 209 (quatro Tupi originais mais o Tikuna), que atualmente dotam a Força de Submarinos brasileira. Era o resultado de discussões e negociações realizadas pela Marinha e o consórcio HDW/MFI entre os anos 2005 e 2006, prevendo não apenas a construção de um submarino 214, mas também a modernização dos cinco 209 em operação. O negócio envolveria financiamento internacional de longo prazo pelo banco ABN Amro, aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex) em 4 de setembro de 2006.

Em 30 de setembro de 2007, a MB solicitou à HDW informações indicativas de preços para um programa expandido de submarinos, envolvendo a construção de quatro unidades e a transferência de tecnologia quanto ao design das embarcações. Na mesma época, a Marinha optou por modernizar os 209 por seus próprios meios, tendo contratado junto à companhia estadunidense Lockheed Martin o fornecimento de sistemas de gerenciamento de combate para os cinco exemplares em serviço.

Em outubro de 2007, o Consórcio HDW/MFI apresentou proposta atendendo às solicitações da Marinha, a qual foi mostrada aos jornalistas brasileiros em Kiel, e que incluía a construção de um novo submarino no estado-da-arte e extensa transferência de tecnologia, capacitando a MB a projetar e construir no Brasil submarinos de grande porte.

A proposta oferece à MB soluções efetivas, divididas em curto, médio e longo prazos. Em curto prazo, o escopo do financiamento aprovado pela Cofiex, incluindo condições de pagamento e valores pode ser usado para imediatamente iniciar a construção de dois submarinos da Classe 214 no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). A experiência e infra-estrutura já existentes na Marinha seriam inteiramente utilizadas e aprimoradas.

Em médio prazo, uma efetiva melhoria em termos de custos para a Força de Submarinos seria alcançada com a inclusão de outros dois novos 214, com aproveitamento das experiências logística e operacional. Em paralelo, seria realizada a transferência de tecnologia para o projeto de submarinos, baseada no conhecimento já existente dentro da MB sobre a tecnologia alemã, ampliando a capacidade técnica dos técnicos brasileiros. Respondendo a um questionamento de T&D sobre a intenção da MB de construir submarinos de propulsão nuclears, especialistas da HDW afirmaram que a tecnologia de projeto incluída no pacote de transferência tecnológica poderia ser utilizada com tal propósito.

Em longo prazo, a MB adquiriria know how em projeto de submarinos, inclusive em sensores e tecnologia de sistemas de combate, podendo desenvolver seu próprio projeto, baseado em seus próprios requisitos, com o apoio da HDW. A oferta do 214 já envolveria, aliás, certas atividades domésticas de desenvolvimento, além de considerável pacote de contrapartidas tecnológicas (offsets), como treinamentos, envolvimento da indústria nacional, licença de reparos, entre outros (ver quadro). A proposta da HDW/MFI conta com integral apoio do governo alemão, conforme foi ressaltado pelo ministro da Defesa da Alemanha ao seu colega brasileiro em carta enviada em maio de 2007.

Ao apresentar e detalhar sua proposta para a imprensa brasileira, o consórcio HDW/MFI demonstra que ainda está no jogo e conta com sérios argumentos para a disputa quanto ao fornecimento de novos submarinos para a MB, concorrendo com a francesa DCNS, que oferece o Scorpène, dentro do escopo da parceria estratégica já anunciada entre os governos do Brasil e da França.

Pelo que se pôde ver e ouvir na Alemanha, a transação que já apresentava claros sinais de decisão a favor de Paris, parece que ainda vai gerar muitos capítulos interessantes e mesmo surpreendentes. Resta esperar para ver, e T&D acompanhará de perto todas as novidades.

http://www.tecnodefesa.com.br/index.php ... &Itemid=54

8-] [000] .....Éhhh!!!!Apesar da insistência dos Chucrutes e da repercussão que eles estão provocando sobre essa parceria Brasil/França, creio que eles já perderam essa......Só para a gente entender as polêmicas!!!!Muitas delas, são consequencias da disputa pelo mercado brasileiro....Melhor assim, pois, os Franceses vão ter que garantir suas propostas!!!!





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Jesus Cristo meu Senhor -"O Leão da tribo de Judah"!!!
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