Camex aprova venda de mísseis
Viviane Monteiro
Brasília, 3 de Dezembro de 2008 - A Câmara de Comércio Exterior (Camex) deu o aval para a Mectron, fabricante de mísseis anti-radiação, possa exportar 100 mísseis para o governo do Paquistão. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou que o governo federal concederá garantias para que a empresa, situada em São José dos Campos (SP), possa exportar os 100 mísseis anti-radiação (NARI) para o país asiático.
O ministro lembrou que o negócio havia sido fechado em 23 de abril deste ano entre a Força Area Brasileira (FAB), a Mectron e a Força Area do Paquistão, no valor de 85 milhões de euros. Porém, o negócio dependia da aprovação de garantias do governo do Brasil para tal operação. Após participar da reunião da Camex, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Jobim esquivou-se de responder se as garantias seriam concedidas pelo BNDES que é sócio da empresa paulista e qual o valor das garantias. "A reunião foi realizada apenas para aprovarmos essa operação", esquivou-se o ministro.
Para o ministro, esse é um negócio importante para a Mectron, pois aumentará em cinco vezes a capacidade de produção da empresa, que hoje produz apenas um míssil por mês. Com o acordo, a expectativa é que a produção salte para cinco mísseis mensais. "A nossa tendência em defesa é exatamente estimular o desenvolvimento. Com essa negociação, a Mectron passará a produzir cinco mísseis por mês, o que vai ampliar a mão-de-obra e a qualificação da empresa", disse Jobim. A Mectron possui, em seu quadro de especialistas, cinco engenheiros formados pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Sobre os atentados terroristas na Índia, que foram atribuídos a terroristas paquistaneses, o ministro se antecipou em responder. "Não sei se os terroristas são paquistaneses, mas o negócio que estamos fazendo é com o governo paquistanês e não com terroristas paquistaneses", justificou-se.
Embora o governo brasileiro tenha aprovado garantias para a Mectron exportar os equipamentos para o Paquistão, o ministro assegurou que o governo paquistanês "já dispõe" dos 85 milhões de euros. Dessa forma, complementa, a empresa terá condições de quintuplicar a sua capacidade produtiva, "inclusive em pesquisa", avaliou Jobim.
O ministro explicou que os mísseis anti-radiação (NARI) são acoplados em aviões, em plataformas, e são utilizados para identificar origens de radiação e emissão de radiação de radares. "Eles têm a possibilidade de destruir o radar se quiserem, mas funcionam como monitoramento. É um instrumento de monitoramento muito eficaz . Pelo espaço, ele faz o monitoramento da terra, localiza e, se eventualmente, houver uma decisão, ele pode destruir o radar", disse o ministro.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)
Aparentemente, o míssil já havia algum tempo que estava pronto.