REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#121 Mensagem por Moccelin » Sáb Nov 01, 2008 6:11 pm

Não lembro onde lí que esses empréstimos consignáveis estão sendo usados de forma, digamos, errada por muitos militares. Muita gente usando o limite máximo permitido, e quando paga um pega outro empréstimo, e que isso pode acarretar em uma crise financeira, e não é dos bancos, afinal, mesmo sendo menor que os juros normais usados pelo mercado os juros são altíssimos, e sim do próprio militar que vai perdendo o controle a longo prazo.




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#122 Mensagem por Edu Lopes » Seg Nov 03, 2008 8:25 am

Soldos até 4,94% maiores

Militares e pensionistas das Forças Armadas recebem hoje terceira parcela do aumento salarial

Ananda Rope


BRASÍLIA - Militares e pensionistas das Forças Armadas começam a receber hoje o soldo acrescido da terceira parcela do reajuste, anunciado pelo ministro da Defesa Nelson Jobim, em abril deste ano. Aqueles que recebem pelo Banco do Brasil, Unibanco, Real, Itaú, Santander ou Bradesco já estão com o dinheiro liberado na conta.

O aumento, que desta vez varia de 3,71% a 4,94%, será igual para ativos, reservistas, reformados e pensionistas. Ficam fora somente soldados engajados, alunos das escolas militares e recrutas. Estes últimos tiveram os vencimentos mensais elevados de R$ 207 para R$ 471 em janeiro deste ano e, em fevereiro de 2009, vão passar a receber R$ 514,90, sendo reajustados automaticamente todos os anos, quando o salário mínimo aumentar. Ao lado, O DIA publica tabela com a fórmula para que os militares possam calcular esse e os próximos reajustes até o ano de 2010.

De olho nos quartéis, parlamentares discursam e criam projetos em favor dos militares. Na semana passada, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) rasgou elogios ao Plano Estratégico de Defesa Nacional, que deve ser lançado oficialmente no mês que vem pelo Ministério da Defesa e pela Secretaria de Assuntos Estratégicos. Na avaliação do senador, o plano representa “radical mudança no pensamento de defesa brasileiro”.

“O plano prevê não só a defesa da fronteira do País do ponto de vista físico, mas também a defesa da fronteira quando entra a droga, a arma, e a defesa do cidadão brasileiro fora da divisa do Brasil, quando é injustamente atacado e agredido”, discursou. Camata lembrou que o plano vai prever a reconstrução da indústria nacional de defesa e a recomposição dos recursos humanos, a começar pelo recruta.

PEC destina dinheiro da pobreza para os quartéis

Deve voltar à pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta semana, Proposta de Emenda Constitucional (PEC 087/2007) que prevê o emprego das Forças Armadas no programa de Combate e Erradicação da Pobreza, utilizando recursos da Seguridade Social e do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. O assunto deveria ter sido apreciado na semana passada, mas saiu de pauta.

“Se as Forças Armadas forem incumbidas dessa missão social, receberão recursos específicos para tal finalidade”, afirmou o autor da PEC, senador Expedito Júnior (PR-RO).

De acordo com a justificativa da Proposta de Emenda Constitucional, a idéia é de que o programa de Combate e Erradicação da Pobreza possa contar com a sensibilização das Forças Armadas e venha a utilizar a infra-estrutura existente nessas instituições permanentes, espalhadas por todo o Brasil, aproveitando a “reconhecida seriedade, competência e forma de atuação organizada com que as Forças cumprem as missões sociais sempre que são convocadas”.

A PEC está em sintonia com a política do governo de ampliar a participação das Forças Armadas nos programas sociais e de apoio à população mais pobre.

Multiplique os índices da tabela pelo soldo e saiba quanto vai receber até janeiro de 2010

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Fonte: http://odia.terra.com.br/economia/htm/s ... 210266.asp




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#123 Mensagem por Glauber Prestes » Qua Nov 05, 2008 3:01 pm

Estão querendo transformar em lei o que as forças armadas já fazem, só que com repasse de recursos... Eu sempre vejo o EB fazendo estrada, participando de campanhas de vacinação, executando aciso, a MB cuidando dos pobres do norte, e a FAB sempre executando transporte de feridos que não tem como se deslocar de áreas remotas do nosso Brasil...




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#124 Mensagem por Edu Lopes » Qui Nov 06, 2008 8:57 am

Anuênio nos quartéis

No lançamento da Frente Parlamentar de Defesa, Nelson Jobim diz que reajuste a cada cinco anos de serviço deve voltar em 2010

Ananda Rope


BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou ontem a O DIA que o retorno do anuênio e do auxílio moradia para militares das Forças Armadas será tema para o próximo dono da pasta. “É um tema que só pode ser discutido em termos de eficácia para 2010, 2011. Vamos analisar e examinar o problema”, disse Jobim, lembrando que sob seu comando, militares e pensionistas das Forças tiveram reajuste no soldo, esperado por mais de dois anos.

“Houve mudança substancial em termos de remuneração. Temos reajustes que passam de 100% (137,83% para recrutas) e outros maiores que 30% (até 35,31% para oficiais). Foi um reajuste importante”, disse.

Conforme adiantou, com exclusividade a coluna Força Militar de 22 de setembro, a volta do auxílio moradia (para ajudar no aluguel e na prestação da casa própria) e dos anuênios (na forma de 5% de reajuste a cada cinco anos de serviço) vai integrar a pauta da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, lançada ontem em Brasília, no Clube Naval, que além de reunir os presidentes do Congresso Nacional, Arlindo Chinaglia (Câmara dos Deputados) e Garibaldi Alves (Senado), contou com a presença do ministro da Defesa, Nelson Jobim, os comandantes Juniti Saito (Aeronáutica) e Enzo Peri (Exército), parlamentares e militares do alto Comando.

Circula nos bastidores que o auxílio moradia deve ser concedido a todos os militares da ativa que comprovarem que pagam aluguel de imóvel – não será extensivo a todos como antigamente – e o anuênio passará a ser um qüinqüênio, ou seja, a cada cinco anos de serviços militares receberiam 5% de aumento sobre o soldo.

Presidida pelo deputado federal Raul Jungmman (PPS-PE) e formada por 227 parlamentares, a frente terá entre os diretores o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que foi mais uma vez cogitado para ocupar a pasta da Defesa, só que ontem pelo próprio Jobim.


Fonte: http://odia.terra.com.br/economia/htm/a ... 211083.asp




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#125 Mensagem por Guerra » Qui Nov 06, 2008 9:46 am

Edu Lopes escreveu:
Circula nos bastidores que o auxílio moradia deve ser concedido a todos os militares da ativa que comprovarem que pagam aluguel de imóvel – não será extensivo a todos como antigamente – e o anuênio passará a ser um qüinqüênio, ou seja, a cada cinco anos de serviços militares receberiam 5% de aumento sobre o soldo.
Eu vou alugar minha casa e pagar aluguel. Que lei burra!!!




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#126 Mensagem por Edu Lopes » Qui Nov 06, 2008 9:51 am

Até que enfim! Estava esperando por essa notícia.

E os militares vão poder tirar proveito também (isso é melhor que Auxílio-Moradia, né não?).

União: crédito especial para os servidores

Casa própria será financiada em 100%, com juros de 8,4% ao ano

Cristiane Campos


Rio - A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil já definiram as regras para concesssão de crédito imobiliário, com desconto em folha para o servidor federal. Os juros serão abaixo de 9% ao ano mais TR (Taxa Referencial)— considerado um dos mais baixos do mercado — e o financiamento será de 100%, com prazo de pagamento de até 30 anos.

Outro benefício é que quem já tem imóvel poderá financiar outro, com as mesmas condições. O convênio será assinado no dia 17, conforme informou ontem o Ministério da Previdência, após reunião com representantes das duas instituições.

A Caixa, por exemplo, terá linha especial com juros de 8,4% ao ano mais TR e pagamento em até 30 anos. Será permitido também financiar a reforma e construção do imóvel. Os recursos para a nova modalidade serão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da caderneta de poupança. Segundo a Caixa, após a assinatura do convênio, o servidor poderá procurar quaquer a agência do banco para contratar o financiamento. Não é necessário ser correntista.

O Ministério da Previdência lembrou que, inicialmente, empréstimo habitacional seria restrito apenas aos servidores do órgão, do INSS e Dataprev, mas o Governo Federal resolveu estender a todos os servidores federais. Nesse caso, os militares, que aguardam há vários anos por condições melhores para adquirir a moradia, poderão se habilitar ao crédito diferenciado.

No Banco do Brasil, a taxa é de 8,9% ao ano mais TR. O prazo de pagamento chega a 25 anos. É possível adquirir unidades novas e usadas. Os dois bancos estão fazendo os ajustes para implantação do modelo. O servidor Cláudio Vieira, 52 anos, acha que pacote especial de financiamento anunciado pelo governo é um bom negócio. Mas ele diz que prefere ter cautela antes de assinar qualquer contrato. “É preciso pesquisar bastante para saber se as taxas são realmente as mais baixas do mercado”, diz Vieira.



Fonte: http://odia.terra.com.br/economia/htm/u ... 211079.asp




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#127 Mensagem por Glauber Prestes » Qui Nov 06, 2008 11:17 am

O auxilio moradia poderia ser o valor integral da prestação da casa... aqui seria muito bom.




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#128 Mensagem por Guerra » Qui Nov 06, 2008 1:08 pm

glauberprestes escreveu:O auxilio moradia poderia ser o valor integral da prestação da casa... aqui seria muito bom.

Casou? E a boneca? :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#129 Mensagem por Glauber Prestes » Qui Nov 06, 2008 5:30 pm

SGT GUERRA escreveu:
glauberprestes escreveu:O auxilio moradia poderia ser o valor integral da prestação da casa... aqui seria muito bom.

Casou? E a boneca? :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
Isola!!! Sem casamento! Prefiro continuar com a boneca que casar! É que o meu pai tá pagando a casa ainda... um auxilio desses era uma mão na roda, inda mais pagando a mensalidade de maneira integral. (e assim eu vou sonhando)




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#130 Mensagem por jauro » Sáb Nov 08, 2008 1:25 pm

TENENTE-CORONEL WALTHER - "Eu cometi o crime em defesa dos meus comandados"
Fernando Klein
Data: 22 de outubro de 1987. Horário: 10 horas. Cerca de 50 militares do 30º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz) desembarcam em quatro viaturas em frente à Prefeitura de Apucarana, a 60 quilômetros de Maringá, cercam o prédio e impedem a entrada e saída de pessoas. Na frente dos homens armados com fuzis e pistolas está o capitão Luiz Fernando Walther de Almeida, de 34 anos.

Acompanhado por um grupo de soldados, ele invade o gabinete e entrega ao assessor do prefeito carta de protesto contra os baixos salários e a deficiência do atendimento de saúde aos militares. A atitude abala o Brasil, fazendo renascer o "fantasma" da ditadura, ainda vivo na memória da população. Imprensa e lideranças políticas da época repudiam a atitude, mas tudo indica que o protesto surte efeito. Na mesma noite, o então presidente José Sarney anuncia, em rede nacional, reajuste de 25% para todos os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica. O comando do Exército, porém, diz que o aumento já estava programado.

Aos 50 anos de idade, Walther, tenente-coronel da reserva, atua como chefe de segurança do principal shopping do Rio de Janeiro, onde vive com a esposa e três filhos. Do escritório do shopping, fala por telefone sobre o episódio e, pela primeira vez, dá a sua versão sobre a história. Lembrando de todos os detalhes daquela manhã do dia 22 de outubro de 87, ele garante: estava certo. "Me ensinaram nas escolas militares que o militar zela pelas condições de vida digna dos seus comandados, tanto quanto pela manutenção da disciplina e dos deveres castrenses. Eu levei isso ao máximo, talvez além. Eu cometi o crime para chamar a atenção de uma situação injusta e hoje, sem medo de errar, negligente da época", afirma.

Ele nega que queria reviver a ditadura e diz acreditar que, mesmo sem "nunca ter sido sindicalista" e apesar de o Exército negar, tenha conseguido um reajuste que nenhuma entidade sindical conseguiu até hoje no Brasil. Depois de sair de Apucarana, Walther passou por Curitiba, Salvador, Brasília e Rio de Janeiro, onde se aposentou no ano passado. Leia abaixo, na íntegra, a entrevista concedida pelo militar da reserva.


Como surgiu a idéia de cercar a prefeitura e protestar contra os baixos salários da tropa?
Eu saí de uma reunião (no 30º BIMtz) em que foram lidos alguns documentos, um dos quais dizia que o hospital não atenderia mais os conveniados do Fusex (Fundo de Saúde do Exército) a partir do dia 31 de outubro, porque a contribuição estava muito defasada. Outro documento informava que nós teríamos que pagar a mudança dos uniformes, obrigatória naquele ano. Para ter uma idéia, uma jaqueta verde-oliva custava um terço do que ganhava líquido um terceiro-sargento. Foi lido nesse dia ainda sobre a situação da família de um sub-tenente de Cascavel que havia falecido e deixado a viúva com quatro ou cinco filhos, e a família estava em petição de miséria. É certo que o clima já era de insatisfação. Havia alguns antecedentes, por exemplo, a mulher de um capitão que morava embaixo do meu apartamento teve uma fratura no braço ou na perna, e esse capitão não tinha dinheiro para bancar o atendimento. Os tenentes meus tinham bicicleta e não automóvel. Naquela manhã, quando saí do auditório e me dirigi a minha subunidade (1ª Companhia de Fuzileiros), me reuni com os quatro tenentes da companhia e comecei a falar com eles [sobre a situação]. Entrei num estado de desabafo, e eles ficaram quietos. Quando saíram da sala, disse ao último deles: toque a campainha de alarme. Aí ele tocou o alarme e eu mandei entrar em forma só com o equipamento leve [munição 762]. Ato contínuo, puxei uma folha de rascunho e escrevi o protesto de próprio punho em 20 segundos. Então, comecei a pensar o que faria. Três coisas me passaram pela cabeça: bloquear a rodovia em frente ao batalhão, fazer a operação em um meio de comunicação ou cercar a prefeitura. Nesse tempo que a tropa estava se preparando, eu tirei várias cópias do rascunho - já tinha decidido onde seria o protesto.

Pensou em desistir em algum momento?
Senti três frios na espinha. Primeiro, quando vi a tropa pronta e liguei a viatura; podia ter mandado desembarcar todo mundo. A segunda, quando ia sair do quartel, que poderia não ter saído e voltado. A terceira, quando peguei a estrada, que ainda dava para voltar, pois havia um retorno próximo ao quartel.

E como foi ao chegar à prefeitura?
Antes de sair, no quartel, os tenentes me perguntaram o que estava acontecendo, porque estranharam minha reação quando a tropa estava pronta no quartel. Disse que era um treinamento: defesa de ponto sensível. Eles perguntaram onde. Disse que não sabia. Então, o tenente subcomandante da companhia disse que o exercício estava errado, porque ele, como subcomandante, não podia sair sem saber para onde. Então, peguei uma folha de papel e esbocei para eles: aqui é a prefeitura, aqui a Câmara; o teu pelotão cerca por fora aqui; o teu por fora ali; o teu ocupa a prefeitura por dentro, as janelas; e o quarto pelotão, o de apoio [morteiro e metralhadora] , não vai, porque vai ter uma tarefa especial: distribuir os panfletos [na imprensa]. E tudo aconteceu entre 9 e 10 horas da manhã. A ação durou de 10 a 15 minutos..

E a reação dos funcionários da prefeitura?
Todos dizem que eu chutei a porta do prefeito, mas não foi bem assim. Estava com a metralhadora cruzada no peito, no gabinete do prefeito, que é precedido por três entradas, frontal e duas laterais; e quando chegamos na frontal perguntei pelo prefeito, disseram que não estava; perguntei pelo chefe de gabinete, me mandaram para a direita; não tinha ninguém, voltei e fui para a esquerda, procurando o Zanoni [Ariovaldo Zanoni, chefe do gabinete], quando voltei na sala - você sob tensão faz coisas diferentes - em vez de bater com a porta, eu bati com o coturno embaixo. A minha intenção era chamar atenção das pessoas para abrir a porta. Realmente bati com o coturno debaixo da porta, mais forte do que com a mão em cima, mas não queria derrubar a porta. O Kaminski [Wilson Kaminski, assessor do prefeito] então disse que eu tinha enfiado o pé na porta, o que não era verdade.

Como foi a volta ao quartel?
Quando voltei, me despedi e desarmei a tropa, procedimento normal de exercício. Passei o comando ao tenente e, nesse momento, a tropa soube que fiz o protesto. Só então falei para os soldados, elogiei a conduta deles e disse que, junto com o exercício, tinha feito um protesto, e que seria severamente punido por isso. Até me lembro bem que falei que fiz aquilo por amor ao Exército. Dirigi-me ao major [subcomandante da unidade] e ele me prendeu porque saí da unidade sem autorização. A partir daí, fiquei preso. Deixei-me punir, porque assinei flagrante depois de 24 horas.

Como foi a punição? A carreira foi muito afetada?
Na carreira, a única coisa que afetou foi a não-promoção a coronel (fui para a reserva como tenente-coronel) . Quanto à punição, fui a julgamento em Curitiba, na 5ª Circunscrição Judiciária Militar, tendo sido condenado a três anos de prisão. Daí, fui julgado no Superior Tribunal Militar, em Brasília, onde a pena caiu para oito meses. Então, acabei beneficiado por indulto natalino e cumpri apenas cinco meses de prisão. Nesse período, fiquei deslocado da família por dois anos, porque o Exército cometeu vários abusos. Me transferiram para Curitiba - um capitão do Exército com três filhos pequenos, o mais velho com 10 anos -, e me fizeram deixar a família em Apucarana, sem clima para ela.. Em 88, a minha mulher e os filhos foram morar em Ribeirão Preto (SP). Eu ainda voltei em 89 para Apucarana, porque me deixaram numa situação esquisita, esdrúxula; fiquei em Curitiba baseado como militar do 30º BIMtz, sem receber transferência, sem receber pela mudança. Fiquei lá à disposição da Justiça, deslocado.

O reajuste concedido na época foi reflexo do protesto?
Em uma entrevista à Folha (Folha de S. Paulo), o então ministro da Fazenda Bresser Pereira, demissionário do cargo, falou sobre esse aumento aos militares e disse que o reajuste foi um absurdo (a situação econômica do País não permitia). O Exército, por sua vez, disse que o aumento já estava garantido...

Como o senhor avalia as conseqüências?
Me ensinaram nas escolas militares que o militar zela pelas condições de vida digna dos seus comandados, tanto quanto pela manutenção da disciplina e dos deveres castrenses. Eu levei isso ao máximo, talvez além. Eu cometi o crime para chamar a atenção de uma situação injusta e hoje, sem medo de errar, negligente da época. Hoje sou tenente-coronel e sei muito bem o que aquele capitão fez e eu sabia que ele ia pagar por aquilo; eu digo que ele pagou o preço disso.

O senhor faria de novo?
[Hesitação] Olha, só digo que não tenho arrependimento. Já coragem para fazer [pausa], mas tive outras bravatas, na verdade, nunca deixei de ser aquele capitão, não. Eu nunca deixei de ser. É claro que a idade pesa. Até pouco tempo, essa história me emocionava muito, mas o hoje o tempo fez com que esse episódio fizesse parte da lembrança boa da minha vida. Hoje, sou conhecido por aquela atitude. Aquilo que fiz foi realmente ímpeto, coragem e ética, porque decidi contra mim o tempo todo, contra a minha família. O saldo foi positivo. Eu não dediquei ao Exército, apesar de ter dito aquilo naquela hora à tropa. Foi para quem eu comandava; eles sabem que fiz por eles. Quando lembro de certas coisas tenho certeza de que deveria ter feito. O meu subtenente, por exemplo. Ele servia numa cidade e a família noutra. A família estava em Curitiba. Nos 15 anos da filha dele - ele não esquece da festa da filha -, porque não tinha condições financeiras nem o Exército oferecia tratamento para corrigir os dentes da menina, que eram para a frente. Ele não tinha como resolver aquilo e sofria barbaridade por causa disso. Hoje, as coisas mudaram.

O senhor acha que passou pela cabeça das pessoas e governantes da época o fantasma da ditadura?
Não tive o menor apoio dos setores da esquerda local, como a própria Igreja, que me viram como filhote da ditadura e se equivocaram. Mas eu estava defendendo os interesses dos mais simples e não de nenhum graúdo. Embora os generais também ganhassem 25% de reajuste naquela noite, não foi neles que estava pensando. Estava pensando nos meus comandados, que não tinham dinheiro para cuidar dos dentes dos filhos. Nunca fui líder sindical (risos), mas acho que ninguém conseguiu um reajuste desses. Eles dizem que já tinham dado o reajuste, mas...

A repercussão surpreendeu o senhor?
Esse episódio aconteceu às 10 horas da manhã. Quando saí da prefeitura, o Kaminski ligou para o Scarpelini [Carlos Scarpelini, prefeito da época], que estava no gabinete do irmão [deputado José Domingos Scarpelini]. Um ligou para o governador Alvaro Dias e outro para um deputado federal do Paraná em Brasília. Esse parlamentar, então, foi ao Congresso, onde estava sendo discutida por deputados e senadores a Constituinte [aprovada em 88]; ele pediu a palavra na tribuna e disse: 'senhores, eu acabo de tomar conhecimento que neste momento está havendo uma rebelião militar no Paraná, em Apucarana'. Quando o presidente José Sarney soube, o serviço de informações do Exército ainda não sabia. O presidente ficou de 10h30 até às 14h30 sem saber o que estava acontecendo de fato. Ninguém sabia por quatro horas o que estava ocorrendo e isso é muita coisa! O presidente ficar por quatro horas sem saber o que estava acontecendo? Isso porque o ministro do Exército estava na China; meu comandante não estava, tinha viajado para Marechal Hermes (SC) para realizar reconhecimento da área onde ocorreriam manobras do Comando Militar do Sul. Neste reconhecimento, estavam também o comandante do Comando Militar do Sul e o comandante da 5ª Brigada Militar, de Cascavel. Eles não tinham comunicação, pois estavam no meio do mato. Um avião então foi buscar o general do Comando. Enquanto os comandantes não falam, ninguém sabe o que acontece. O mais alto escalão do País, portanto, não sabia o que estava ocorrendo. Pode pesquisar: nesse dia estava prevista a posse de dois ministros, o que foi cancelado. Daí, às 20 horas, anuncia pelo Jornal Nacional o reajuste de 25% aos militares e dizem que o aumento já estava dado e que me precipitei, sei lá...

O senhor encerrou a carreira como tenente-coronel. Isso não lhe frustrou?
Eu poderia ter seguido. Eu fiz a Escola de Comando do Estado Maior do Exército, que prepara os generais. O problema é que não me reabilitei judicialmente. Achava que de alguma forma o Exército iria me reabilitar. Não tenho mágoa por isso. Eu não pedi reabilitação judicial, o que deveria ter feito dez anos atrás e só fiz no ano passado, quando não tinha tempo útil para reverter mais nada. Eu deixei o barco andar.


* Entrevista de Fernando Klein publicada originalmente pelo jornal "Tribuna do Norte", de Apucarana, na edição de aniversário deste ano do município, comemorado no dia 28 de janeiro




"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#131 Mensagem por Túlio » Sáb Nov 08, 2008 5:34 pm

FANTÁSTICO!!!

Nunca soube disso...

Fez o que tinha de fazer. Ponto.




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#132 Mensagem por Moccelin » Sáb Nov 08, 2008 11:58 pm

O que ele fez foi muita loucura... Incrível como ele ainda conseguiu chegar a Ten Cel!!!

Mas não digo que não estamos precisando de outro louco desses!




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#133 Mensagem por Vinicius Pimenta » Dom Nov 09, 2008 1:01 am

A atitude tem vários aspectos. Alguns elogiáveis e outros condenáveis. Depende do ponto de vista.

Na minha opinião, sem defender levantes, golpes, ditaduras ou qualquer coisa, precisamos de mais gente como ele. A história é simplesmente sensacional




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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#134 Mensagem por Edu Lopes » Dom Nov 23, 2008 9:59 am

Militares vão ter acesso à moradia

Programa da casa própria para servidor federal, com 100% de financiamento, inclui as Forças Armadas

Cristiane Campos


Rio - Os militares das Forças Armadas terão direito a imóvel 100% financiado, com juros menores e desconto das prestações no contracheque. Os quartéis também estão incluídos no convênio entre os ministérios do Planejamento, da Previdência, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, assinado na segunda-feira. O documento garante condições especiais para os servidores federais adquirirem a casa própria. Os juros variam de 8,4% a 11,50% ao ano mais TR (Taxa Referencial).

O prazo de pagamento chega a 30 anos. Outra novidade é que será permitida a compra do segundo imóvel. Interessados já podem procurar a Caixa ou o BB. Os financiamentos serão oferecidos pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação) — vale para unidades até R$ 350 mil e imóveis fora do SFH. Nesse caso, o valor máximo de financiamento vai depender da capacidade de pagamento do militar.

Segundo a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, quanto mais relacionamento os mutuários tiverem com o banco, melhores serão as taxas. Além disso, o militar também poderá optar por carência de seis meses para pagar a primeira parcela, mas o financiamento não será de 100% do valor do imóvel. Para quem não quiser ter relacionamento com o banco, a taxa de juros será de 8,90% ao ano mais TR e o empréstimo máximo será de 90%. A Caixa garante tarifas especiais no cheque especial e na anuidade do cartão de crédito — produtos que fazem parte do pacote de vantagens — mas, para completar o benefício, será preciso receber o salário na instituição. O militar que optar por imóvel acima de R$ 350 mil contará com juros de 11% ao ano mais TR (com relacionamento com o banco) e de 11,5% ao ano mais TR se não houver contrapartida.

No Banco do Brasil, a taxa é de 8,90% ao ano mais TR para unidades até R$ 350 mil. Para imóveis mais caros, o percentual sobe para 11% ao ano mais TR. As taxas valem para quem é cliente ou não. O empréstimo máximo será de até 90% e o prazo de pagamento será de 25 anos. O BB é responsável por 76% da folha de pagamento do Executivo, mas avisa que também vai financiar quem não é correntista.

As Forças Armadas também terão acesso à compra de material de construção e ao consórcio imobiliário e de veículos oferecidos pelos dois bancos. Na Caixa, o consórcio está com desconto de 100% na taxa de administração antecipada. No BB, os militares terão desconto de 2% no encargo, em torno de 17%. O sistema de consórcio não cobra juros, apenas correção anual por índice de inflação da parcela e do valor da carta da crédito.

Fonte: http://odia.terra.com.br/economia/htm/m ... 214353.asp




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Glauber Prestes
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Re: REAJUSTE NOS SOLDOS DOS MILITARES

#135 Mensagem por Glauber Prestes » Dom Nov 23, 2008 8:48 pm

Essa notícia chegou um ano e 1 mês atrasada... Meu pai sambou pra conseguir financiar a nossa casa...




http://www.tireoide.org.br/tireoidite-de-hashimoto/
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