#7138
Mensagem
por orestespf » Qua Out 08, 2008 4:00 pm
Olá PRick,
tenho evitado postar por aqui, não porque o SU-35 não foi pré-selecionado (e me deixando "putinho"), mas porque surgiu uma desnecessária guerra de nervos, porém estou acompanhando tudo de perto e podendo ver "do lado de fora" certas coisas.
Por exemplo, se me permite, vejo e compreendo perfeitamente a sua "ansiedade". Você tem insistido muito na tese política (+ alguma coisa) para justificar a saída do SU-35, dizendo que tudo é uma bagunça e que colocaram tudo no mesmo saco. Pergunto: não está dizendo isso muito tarde???
Sim! Muito tarde! Por quê? Simples, porque colocaram tudo no mesmo saco (caças de portes diferentes, é o que entendi com esta sua expressão) desde o início. Sim, o Gripen NG já estava lá, assim como o F-16 (surpresa pra mim, poisa FAB não emitiu RFI para este caça e sim para o F-35, mas a LM...).
Por que ansiedade? Porque parece que só agora você se deu conta que não havia argumentos técnicos suficientes para derrubar o SU-35, muito menos em termos de transferência de tecnologias. Que não existe nada na mídia que convença qualquer cristão que os americanos possam transferir tecnologias do F-18 para o Brasil (mas ele foi pré-selecionado...). Que você não consegue compreender o motivo para o Gripen NG estar entre os finalistas, visto que nem protótipo existe (o SU-35 já tem dois...).
Assim sendo, parece que você percebeu que transferência de tecnologia não garante a escolha do Rafale (se fosse o ponto vital, o SU-35 deveria estar entre os três finalistas). Você deve acreditar que para a FAB pré-selecionar o Gripen NG é porque:
- ou está maluca (o caça não existe, como pensar em comprar algo que não existe garantias que existirá, e mais, que talvez não seja comprado por mais nenhum país, incluindo aí seu fabricante).
- ou que foi pré-selecionado de maneira maquiavélica, apenas para deixar a disputa entre dois caças "reais", Rafale e F-18.
Desta forma você pressente que realmente o F-18 poderia ser escolhido, e que apenas uma loucura política para justificar tantas contradições sobre o que foi dito durante muito tempo pelo senhor ministro da Defesa Nelson Jobim. Ainda mais porque ele disse recentemente que não comprará nada que "não esteja pronto". Disse isto para "descartar" o Gripen NG de cara (se os suecos mudassem o nome para Gripen NJ... rsrsrs) ou para "forçar" os americanos ofereçam mais???
Realmente parece que só agora você se deu conta que a inesperada saída do SU-35 pode sim levar a derrota do Rafale na final. Isto porque esta "salada" que coloca caças com perfis tão distintos no saco da short list só pode ser justificada por critérios puramente políticos.
Mas aí eu pergunto: política de quem? Da FAB ou do Governo???
Tem aproximar da resposta: o Lula disse que o NJ precisa de um "gestor" ao seu lado (deixando claro o seu desconforto com a tal lista tríplice, pois ele terá problemas). O NJ dizendo recentemente que só compra produtos (leia-se caças) "prontos".
Tudo leva a crer que esta "trapalhada", se é que se pode dizer isso, é de inteira responsabilidade da FAB, e menos do Governo. Explico: se fosse do Governo (apenas) o Lula não teria jogada a "culpa" pra cima do Jobim. Se fosse do MD, este não diria que só compra produtos "prontos".
O Governo e o próprio MD parece incomodado com a ausência do SU-35, e que neste caso não foi apenas o MU que foi pego de surpresa. Estão incomodados com a presença do Gripen NG (caça não pronto) e até do F-18, que o próprio NJ insiste em dizer que não se transfere tecnologias.
Pergunto: se não transfere tecnologias, por que está na short list?
A sensação que tenho é que a FAB criou um grande constrangimento para o Governo ao fazer o que ela e só ela queria (por isso o reclame de falta de gestor, alguém para "enquadrar"), e que só por isso ela conseguiu uma lista tríplice tão "contraditória", pois fica mais fácil ela escolher o caça que gostaria, independente das "exigências" do Governo.
E é justamente por isso que você deve estar com sua ficha caindo, PRick, ao ver que a própria FAB pode de uma vez por todas não aceitar o Rafale, pois já não existe um argumento sólido que seja para fazer com que este caça sobreviva aos "cortes fabianos".
A verdade (você está corretíssimo) é que não existe a menor possibilidade de comparar nada entre Rafale, F-18 SH e Gripen NG, são tão distintos que não existe como dizer quem é melhor do que quem. Se o Rafale fosse o escolhido, nada mais natural do que deixá-lo junto com o SU-35 entre os finalistas e eliminar o russo e o "mais um" (é tríplice).
Então o que a FAB fez foi escolher o seu caça, a coisa está aí, na cara.
Se esta minha tese está correta, não sei, mas uma coisa é certa, se realmente a FAB fez tudo de forma "pensada", então ela se esqueceu que poderia haver uma crise no meio do caminho e que "aventuras" poderiam ser os argumentos necessários para que o Governo se saia desta pseudo-arapuca ao ver que suas determinações não foram cumpridas. De outra forma, a crise pode ser o argumento que o Governo poderá (repito, poderá) usar para conseguir se livrar das respostas e explicações que terá que prestar com o vencedor desta short list.
Taí, amigo PRick, você percebeu apenas a pouco tempo que os "argumentos" que derrubaram o SU-35 provavelmente serão os que derrubarão o Rafale no finalzinho, a menos que alguém em sã consciência tome as rédeas desta biruta negociação.
Por que biruta? Porque não sei o que aconteceria se o Governo tiver que justificar que:
- Um caça que nunca voou (Gripen NG) venceu uma importante concorrência internacional de caças;
- Um país que não transfere tecnologia venceu com um de seus caças em um país onde o ministro da defesa jurava que seria impossível.
Sinal de que como isso o Rafale pode ser escolhido (para "fugir" das contradições)? Não, não mesmo. Foi sinal de que não houve diálogo entre a FAB e MD, se fosse o caso a coisa não estaria assim. E neste caso, se fosse para o Rafale vencer, não precisa dos outros dois, pois o Governo diz que não quer um caça que não esteja pronto (o Gripen NG foi selecionado pela FAB, a contra-gosto do MD) e nem de um que não se terá tecnologias transferidas (F-18).
Isto tudo me parece um grande jogo da FAB para escolher o caça que sempre quis, e que me parece não ser o Rafale, não mesmo. Espero estar totalmente errado.
Grande abraço,
Orestes