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Mensagem
por orestespf » Dom Set 07, 2008 7:55 pm
Não me importa a marca e modelo, só faço questão de alta capacidade de manutenção e apoio logístico. A produção local de um dado equipamento (seja lá qual for) não é garantia de nada. Explico: se um produto tiver 99% de nacionalização, o 1% restante é mais do que suficiente para nos deixar na mão se o "humor" do fornecedor não liberar o que falta em momentos de crise e principalmente de conflito armado.
Aí pergunto: do que adianta um héli levar x pessoas se na hora "H" o mesmo apresentar problemas logísticos e de manutenção no momento que realmente é necessário?
Sorte (???) dos argentinos que tinham os técnicos franceses em solo pátrio para armar os Exocet´s quando precisaram. Claro, usaram de carinho com os caras... rsrss
A fabricação local, seja de qual equipamento/produto for, é pra lá de importante, mas isso não é a salvação do mundo. O mais importante é um acordo formal de apoio irrestrito em caso de crise aguda e de guerra.
Sem querer ser desagradável e sem querer promover um debate acalorado (troll???) vejo que a história demonstra que os russos foram mais honestos (não faltou suporte quando necessário) com seus clientes do que os franceses e americanos. Bastar ver e analisar os fatos, não estou inventando nada. Isto não significa que os russos seriam bonzinhos com a gente, longe disso.
O importante é acertar os detalhes pós-venda, aqueles mais diplomáticos do que nunca, pois de acordo pré-venda já estou cheio, já sei o resultado no final.
O caso dos hélis é idêntico, temos uma Helibras que durante mais de 30 anos não provou o que veio fazer ao mundo, parece até uma Zona Franca de Manaus para hélis, e que só sobreviveu por causa com "consumo civil". Seria necessário uma Helibras apenas para manter os helis militares das FFAA??? Estou convencido que não!
Mais uma vez vamos nos enfiando em aventuras financeiras (não falo dos franceses, que fique claro, falo em generalidade, inclusive dos Mi-35) com dinheiro do contribuinte.
Até hoje tem os apaixonados pelo Osório, uma estupidez uma que só o sentimento de nacionalismo ocasionado pela lavagem cerebral (desculpem-me franqueza, hoje estou no desabafo) poderia cair nesta. Um blindado que em sua concepção usava partes não nacionais e que nos faria depender de vários fornecedores seria a pior da escolha do Planeta! Isto seria a maior das dependências, bastaria um fornecedor pra melar tudo! Chegamos a ponto de selecionar um motor (posso estar confundido, mas...) alemão que foi desenvolvido durante anos por eles e sem um centavo nosso aplicado! Os caras ficaram tão putos de raiva que antes de formalizarmos uma venda já havia dito que não nos venderiam.
Pois é, isto pode acontecer com os helis produzidos localmente, bem como com os caças, subs, etc. Gostaria de deixar claro que não sou contra a fabricação local, pelo contrário, mas afirmo e sem medo de errar que isso não é a "tábua da salvação", pode ser mais problemático do que se imagina. Deixo claro também que sou radicalmente contra a compra de prateleira por si só.
E aí, Orestes, então qual é a sua? Simples, começamos com produção local e com importação de certos equipamentos e peças, mas que se absorva rapidamente a capacidade de produção local com total domínio de tecnologia, isto sim é independência a médio e longo prazo. Pra uso civil, sem problemas a importação direta do fornecedor, mas para uso militar...
Portanto, mais importante do que escolher um héli (ou seja lá qual for o produto) é acertarmos a capacidade de transferência de tecnologia com a independência tecnológica sobre cada item do mesmo a médio e longo prazo. Mais importante do que ter um héli que leva x pessoas é ter capacidade de operá-lo com total independência em momentos de crise e conflito armado. Neste caso é melhor ter um héli (ou outro equipamento) que leva 15 pessoas, mas com total capacidade de produção local do que ter um que leva 30 e que nos faça dependentes do 1% restante na hora "H". No caso do primeiro eu posso fabricar dois que "compensa" (em caso de guerra, gastos não se mede), no caso do segundo, o mesmo pode ficar parado por falta de peças e equipamentos.
Em suma, em quanto tentar se discutir a capacidade do "hardware" (o equipamento em si) sem levar as questões maiores (Estratégia de Estado) em consideração, continuaremos tendo políticas de governo e não de Estado. Até agora só vi políticas de governo e estratégias que atendem os que estão no poder, Política de Estado e Estratégia de Estado ainda estão por vir. A m. é que as pessoas preferem comparar governos, assim como se compara equipamentos.
Cansei!!!
Saudações a todos,
Orestes