Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Investimentos vão ultrapassar US$ 112 bi até 2012 com pré-sal, diz Gabrielli
Previsão de investimentos divulgada nesta quinta não inclui a descoberta.
Presidente da Petrobras está na reunião do CDES no Palácio do Planalto.
Alexandro Martello Do G1, em Brasília
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, confirmou nesta quinta-feira (28) que a previsão de investimentos da empresa estatal é de US$ 112 bilhões até o ano de 2012.
Entretanto, nessa previsão não constam os valores necessários para explorar e produzir o petróleo da camada pré-sal (localizado em águas profundas), que não foram informados. Ou seja, os investimentos da Petrobras devem ser ainda maiores do que esta previsão até 2012 por causa da descoberta.
"Os volumes encontrados [na camada pré-sal] provavelmente serão muito grandes. Só em Tupi [campo da camada pré-sal], temos de cinco a oito bilhões de barris. Para tirar esse petróleo, precisamos de muitos investimentos. Os números [de investimentos] são muito grandes e com o pré-sal serão muito maiores", disse Gabrielli, durante discurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que conta com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
saiba mais
*
Brasil é o 10º país mais atrativo para indústria do petróleo
Dos US$ 112 bilhões em investimentos já previstos até o ano de 2012 (sem contar os invetimentos necessários para a camada pré-sal), Gabrielli informou que 58% deste montante, ou US$ 65 bilhões, referem-se à exploração (US$ 13,8 bilhões) e à produção de petróleo (US$ 51 bilhões). Em gás e energia, estão previstos outros US$ 6,6 bilhões em investimentos, além de US$ 2,5 bilhões em distribuição.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou que a Petrobras já tem capacidade financeira de dar início aos investimentos da camada pré-sal. Entretanto, segundo ele, a empresa precisará de mais recursos para dar continuidade à exploração e produção do petróleo descoberto em águas profundas.
Questionado sobre o valor que seria necessário para explorar e produzir o petróleo da camada pré-sal, Coutinho foi evasivo. Disse que ainda não sabe qual o valor que seria necessário. "Nós temos idéia, mas estas discussões ainda estão sendo afinadas na comissão e eu não posso adiantar", disse ele jornalistas.
Segundo o economista, o pré-sal pode elevar a taxa de investimento do país dos atuais 16% para 25% do Produto Interno Bruto (PIB) no período de uma década, colocando o Brasil definitivamente em uma rota de crescimento sustentado.
"O Brasil passa por um período de transição econômica. Estamos na ante-sala do crescimento econômico que pode chegar a 6% ao ano com distribuição de renda e geração de riqueza", disse Langoni, na abertura do seminário Desafios do Pré-sal, na Firjan.
Investimentos indiretos
O ex-presidente do BC ressaltou que o pré-sal movimentará a cadeia de petróleo, mas também estimulará investimentos indiretos no segmento de fornecedores de equipamentos e geração de serviços.
"Com isso o pré-sal se constituiu em mais um elemento de redução da vulnerabilidade e mais um elemento para potencializar o crescimento brasileiro", acrescentou ele.
Na hora certa
Para Langoni, a descoberta do pré-sal veio na hora certa e é fruto do modelo regulatório brasileiro, que a partir de 1998 abriu o mercado a empresas estrangeiras e permitiu que a Petrobras pudesse realizar novos investimentos.
"Deus de fato é brasileiro. Ele nos deu essa riqueza no momento certo. A economia brasileira é sólida, diversificada e dinâmica. Em outros países o petróleo surgiu em uma fase inicial de crescimento", lembrou.
"O pré-sal é uma possibilidade concreta e histórica de consolidar o padrão de crescimento do país", acrescentou. O ex-presidente do BC defendeu a adaptação do atual marco regulatório ao pré-sal, com o aumento de taxas como royalties e participação especial.
Previsão de investimentos divulgada nesta quinta não inclui a descoberta.
Presidente da Petrobras está na reunião do CDES no Palácio do Planalto.
Alexandro Martello Do G1, em Brasília
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, confirmou nesta quinta-feira (28) que a previsão de investimentos da empresa estatal é de US$ 112 bilhões até o ano de 2012.
Entretanto, nessa previsão não constam os valores necessários para explorar e produzir o petróleo da camada pré-sal (localizado em águas profundas), que não foram informados. Ou seja, os investimentos da Petrobras devem ser ainda maiores do que esta previsão até 2012 por causa da descoberta.
"Os volumes encontrados [na camada pré-sal] provavelmente serão muito grandes. Só em Tupi [campo da camada pré-sal], temos de cinco a oito bilhões de barris. Para tirar esse petróleo, precisamos de muitos investimentos. Os números [de investimentos] são muito grandes e com o pré-sal serão muito maiores", disse Gabrielli, durante discurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que conta com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Brasil é o 10º país mais atrativo para indústria do petróleo
Dos US$ 112 bilhões em investimentos já previstos até o ano de 2012 (sem contar os invetimentos necessários para a camada pré-sal), Gabrielli informou que 58% deste montante, ou US$ 65 bilhões, referem-se à exploração (US$ 13,8 bilhões) e à produção de petróleo (US$ 51 bilhões). Em gás e energia, estão previstos outros US$ 6,6 bilhões em investimentos, além de US$ 2,5 bilhões em distribuição.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou que a Petrobras já tem capacidade financeira de dar início aos investimentos da camada pré-sal. Entretanto, segundo ele, a empresa precisará de mais recursos para dar continuidade à exploração e produção do petróleo descoberto em águas profundas.
Questionado sobre o valor que seria necessário para explorar e produzir o petróleo da camada pré-sal, Coutinho foi evasivo. Disse que ainda não sabe qual o valor que seria necessário. "Nós temos idéia, mas estas discussões ainda estão sendo afinadas na comissão e eu não posso adiantar", disse ele jornalistas.
Segundo o economista, o pré-sal pode elevar a taxa de investimento do país dos atuais 16% para 25% do Produto Interno Bruto (PIB) no período de uma década, colocando o Brasil definitivamente em uma rota de crescimento sustentado.
"O Brasil passa por um período de transição econômica. Estamos na ante-sala do crescimento econômico que pode chegar a 6% ao ano com distribuição de renda e geração de riqueza", disse Langoni, na abertura do seminário Desafios do Pré-sal, na Firjan.
Investimentos indiretos
O ex-presidente do BC ressaltou que o pré-sal movimentará a cadeia de petróleo, mas também estimulará investimentos indiretos no segmento de fornecedores de equipamentos e geração de serviços.
"Com isso o pré-sal se constituiu em mais um elemento de redução da vulnerabilidade e mais um elemento para potencializar o crescimento brasileiro", acrescentou ele.
Na hora certa
Para Langoni, a descoberta do pré-sal veio na hora certa e é fruto do modelo regulatório brasileiro, que a partir de 1998 abriu o mercado a empresas estrangeiras e permitiu que a Petrobras pudesse realizar novos investimentos.
"Deus de fato é brasileiro. Ele nos deu essa riqueza no momento certo. A economia brasileira é sólida, diversificada e dinâmica. Em outros países o petróleo surgiu em uma fase inicial de crescimento", lembrou.
"O pré-sal é uma possibilidade concreta e histórica de consolidar o padrão de crescimento do país", acrescentou. O ex-presidente do BC defendeu a adaptação do atual marco regulatório ao pré-sal, com o aumento de taxas como royalties e participação especial.
"O comunismo é a filosofia do fracasso, o credo da ignorância e o evangelho da inveja. Sua virtude inerente é a distribuição equitativa da miséria".
Winston Churchill
Winston Churchill
Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Imprensa Petrobras
PETROBRAS INICIA PRODUÇÃO DO
PRIMEIRO ÓLEO DA CAMADA PRÉ-SAL
FPSO histórico inaugura nova era para o Brasil
Potencial de produção do primeiro poço é de 18 mil barris/dia
A Petrobras iniciará amanhã (2), a produção do primeiro óleo da camada pré-sal, no campo de Jubarte, na Bacia de Campos, no litoral sul do Espírito Santo. Com essa produção, a Petrobras obterá conhecimento para ajudar a desenvolver as reservas do pré-sal localizadas no Espírito Santo e em outros pontos do litoral brasileiro. Para se ajustar às características do óleo leve do pré-sal (30° API), foi necessário realizar pequenas adaptações na planta de processo da plataforma, o que, com a completação do poço 1-ESS-103A e sua interligação ao FPSO JK (P-34), representa um investimento de cerca de R$50 milhões. A produção começa com um Teste de Longa Duração (TLD), com o objetivo de observar o comportamento do óleo do pré-sal, tanto no reservatório como na planta de processo da plataforma, devendo durar de seis meses a um ano.
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participará da cerimônia de produção do primeiro óleo da camada pré-sal, nova província petrolífera do Brasil. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, e diretores da Companhia também estarão presentes no evento, a bordo do navio-plataforma JK (P-34), no campo de Jubarte, no litoral sul do Espírito Santo.
O FPSO JK (P-34), batizado em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, produz petróleo no campo de Jubarte desde dezembro de 2006, em um reservatório localizado acima da camada de sal. O fato desta plataforma se situar a apenas 2,5 km do poço exploratório 1-ESS-103A, descobridor de óleo no pré-sal, abaixo do Campo de Jubarte, em lâmina d´água de 1.375 metros, possibilitou a antecipação da produção da camada pré-sal no Espírito Santo.
Camada Pré-sal
Nos últimos dois anos a Petrobras investiu aproximadamente R$ 1,7 bilhões na perfuração de 15 poços que atingiram as camadas pré-sal. Oito já foram testados e indicaram presença de petróleo leve de alto valor comercial e grande quantidade de gás natural associado, mas ainda não tiveram declarada a comercialidade, estando em fase de avaliação.
Para atingir as camadas pré-sal, entre 5 e 7 mil metros de profundidade, a Petrobras desenvolveu novos projetos de perfuração, onde mais de 2 mil metros de sal foram atravessados. Os dados obtidos por esses poços possibilitaram delimitar com elevado grau de segurança que as rochas do pré-sal estendem-se por uma área que vai do Espírito Santo a Santa Catarina, com 800 km de extensão e 200 km de largura, em lâmina d'água entre 1 e 3 mil metros de profundidade.
FPSO Juscelino Kubitschek, a Petrobras-34
O FPSO JK (P-34) está profundamente ligada à história da Petrobras e do Brasil. A embarcação, inicialmente usada para importar petróleo para o Brasil, como parte do famoso Plano de Metas (50 anos em 5), foi batizada em 1958 como navio-tanque Presidente Juscelino. Com a cassação dos direitos políticos de JK, o navio teve seu nome mudado para Presidente Prudente de Moraes e depois Petrobras-34. Para possibilitar a antecipação da produção nos campos marítimos brasileiros, o navio foi convertido no primeiro FPSO (sistema flutuante de produção, armazenamento e transbordo,na sigla em inglês) da Petrobras, dando início à produção de vários reservatórios na Bacia de Campos: Garoupa, Albacora, Barracuda e Caratinga. Em 2006, após passar por adaptações no Porto de Vitória, passou a produzir no Campo de Jubarte, onde foi rebatizado em homenagem ao ex-presidente JK. Agora a unidade extrai o primeiro óleo da camada pré-sal, inaugurando uma nova era para o Brasil.
Dados FPSO JK (P-34)
Comprimento: 230 metros
Largura: 26 metros
Altura: 17 metros
Lâmina d'água: 1.350 metros
Poços: 4 a 5 produtores
Alojamento para 90 trabalhadores
PETROBRAS INICIA PRODUÇÃO DO
PRIMEIRO ÓLEO DA CAMADA PRÉ-SAL
FPSO histórico inaugura nova era para o Brasil
Potencial de produção do primeiro poço é de 18 mil barris/dia
A Petrobras iniciará amanhã (2), a produção do primeiro óleo da camada pré-sal, no campo de Jubarte, na Bacia de Campos, no litoral sul do Espírito Santo. Com essa produção, a Petrobras obterá conhecimento para ajudar a desenvolver as reservas do pré-sal localizadas no Espírito Santo e em outros pontos do litoral brasileiro. Para se ajustar às características do óleo leve do pré-sal (30° API), foi necessário realizar pequenas adaptações na planta de processo da plataforma, o que, com a completação do poço 1-ESS-103A e sua interligação ao FPSO JK (P-34), representa um investimento de cerca de R$50 milhões. A produção começa com um Teste de Longa Duração (TLD), com o objetivo de observar o comportamento do óleo do pré-sal, tanto no reservatório como na planta de processo da plataforma, devendo durar de seis meses a um ano.
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participará da cerimônia de produção do primeiro óleo da camada pré-sal, nova província petrolífera do Brasil. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, e diretores da Companhia também estarão presentes no evento, a bordo do navio-plataforma JK (P-34), no campo de Jubarte, no litoral sul do Espírito Santo.
O FPSO JK (P-34), batizado em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, produz petróleo no campo de Jubarte desde dezembro de 2006, em um reservatório localizado acima da camada de sal. O fato desta plataforma se situar a apenas 2,5 km do poço exploratório 1-ESS-103A, descobridor de óleo no pré-sal, abaixo do Campo de Jubarte, em lâmina d´água de 1.375 metros, possibilitou a antecipação da produção da camada pré-sal no Espírito Santo.
Camada Pré-sal
Nos últimos dois anos a Petrobras investiu aproximadamente R$ 1,7 bilhões na perfuração de 15 poços que atingiram as camadas pré-sal. Oito já foram testados e indicaram presença de petróleo leve de alto valor comercial e grande quantidade de gás natural associado, mas ainda não tiveram declarada a comercialidade, estando em fase de avaliação.
Para atingir as camadas pré-sal, entre 5 e 7 mil metros de profundidade, a Petrobras desenvolveu novos projetos de perfuração, onde mais de 2 mil metros de sal foram atravessados. Os dados obtidos por esses poços possibilitaram delimitar com elevado grau de segurança que as rochas do pré-sal estendem-se por uma área que vai do Espírito Santo a Santa Catarina, com 800 km de extensão e 200 km de largura, em lâmina d'água entre 1 e 3 mil metros de profundidade.
FPSO Juscelino Kubitschek, a Petrobras-34
O FPSO JK (P-34) está profundamente ligada à história da Petrobras e do Brasil. A embarcação, inicialmente usada para importar petróleo para o Brasil, como parte do famoso Plano de Metas (50 anos em 5), foi batizada em 1958 como navio-tanque Presidente Juscelino. Com a cassação dos direitos políticos de JK, o navio teve seu nome mudado para Presidente Prudente de Moraes e depois Petrobras-34. Para possibilitar a antecipação da produção nos campos marítimos brasileiros, o navio foi convertido no primeiro FPSO (sistema flutuante de produção, armazenamento e transbordo,na sigla em inglês) da Petrobras, dando início à produção de vários reservatórios na Bacia de Campos: Garoupa, Albacora, Barracuda e Caratinga. Em 2006, após passar por adaptações no Porto de Vitória, passou a produzir no Campo de Jubarte, onde foi rebatizado em homenagem ao ex-presidente JK. Agora a unidade extrai o primeiro óleo da camada pré-sal, inaugurando uma nova era para o Brasil.
Dados FPSO JK (P-34)
Comprimento: 230 metros
Largura: 26 metros
Altura: 17 metros
Lâmina d'água: 1.350 metros
Poços: 4 a 5 produtores
Alojamento para 90 trabalhadores
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
A riqueza do fundo do mar
| 21.08.2008
Com mais tecnologia e dinheiro e menos ideologia, as gigantescas reservas descobertas na costa brasileira podem transformar para sempre a economia do país
Por Malu Gaspar e Sérgio Teixeira Jr.EXAME
"Vamos vender pura e simplesmente, quem quiser pode levar o quanto quiser? Não, Deus não nos deu isso para que continuemos a fazer burrice. Deus deu mais uma chance para o Brasil." Foi com essa rápida declaração, feita no dia 14 de agosto em um palanque em Barcarena, no Pará, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou oficialmente o debate sobre o destino que o país vai dar à riqueza do petróleo que se encontra no fundo do oceano Atlântico. Lula demonstrou compreender o tamanho da oportunidade que a descoberta de novos reservatórios de petróleo na camada do pré-sal, a mais de 6 000 metros de profundidade, proporciona ao país. Encontrada num momento em que novos reservatórios de grande porte, principalmente os de óleo de boa qualidade, são cada vez mais raros, a nova fronteira exploratória pode, sem exagero, levar o Brasil a um novo patamar. As estimativas de quanto petróleo existe na costa sudeste do país ainda são bastante imprecisas. A maior parte dos especialistas fala em algo entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris de óleo de boa qualidade, numa área que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina. Há otimistas falando até em 330 bilhões de barris, mais do que tem a Arábia Saudita, maior potência petrolífera mundial. Mesmo os números mais conservadores representam muito petróleo, capaz de transformar o Brasil de importador em exportador de petróleo e gás, alterando a balança comercial brasileira e invertendo toda a lógica de funcionamento da economia. Graças ao novo petróleo, abre-se a possibilidade de o país receber um volume de dinheiro jamais visto em sua história. Como dono de uma das maiores reservas do mundo, o país pode passar a ter também outro peso no tabuleiro da política mundial. É um horizonte realmente espetacular, que leva qualquer governante a agradecer a Deus.
Ou ao diabo. É difícil colocar em números o impacto econômico que o petróleo terá no desenvolvimento brasileiro sem antes conhecer a exata dimensão das descobertas. Mas esse impacto é inevitável, para o bem ou para o mal. Não faltam exemplos de países sentados em enormes reservas petrolíferas que nunca conseguiram transformar essa riqueza mineral em desenvolvimento econômico de longo prazo. Terry Lynn Karl, professora de ciência política e estudos da América Latina da Universidade Stanford, na Califórnia, estudou o tema em The Paradox of Plenty (“O paradoxo da abundância”, numa tradução livre). Um dos países analisados por Terry, a Nigéria integra o selecionado clube dos países exportadores de petróleo, a Opep, desde 1971. Mas, no mais recente ranking da ONU que mede o índice de desenvolvimento humano, a Nigéria figura apenas na 158a posição — entre 177 países. Uma injeção maciça de petrodólares pode valorizar ainda mais o real, o que desestimularia as exportações e atingiria em cheio a indústria nacional. Existe até mesmo o risco de crises institucionais precipitadas por delírios de grandeza — basta olhar para a vizinha Venezuela.
Um novo patamar
É claro que o Brasil parte de um cenário completamente diferente do nigeriano. A economia brasileira é dinâmica, industrializada e cada vez mais integrada ao resto do planeta. É mais razoável imaginar que a fortuna do petróleo aproxime o Brasil da Noruega, país que ocupa a segunda colocação no ranking de qualidade de vida das Nações Unidas. Para que esse objetivo seja atingido, porém, será necessário aplicar os recursos com sabedoria. “Vejo dois usos inteligentes do dinheiro da exploração das novas reservas. O primeiro é na diversificação das exportações. O segundo é em educação”, disse Terry a EXAME. “É preciso aperfeiçoar os programas sociais para que eles criem uma população mais capacitada, e não simplesmente aumentem o poder de consumo.”
Se as estimativas iniciais estiverem marginalmente corretas, dinheiro para investir vai haver, e muito. Somente em pagamento de royalties e outros tributos ligados à extração petrolífera, o país arrecadou 14,7 bilhões de reais no ano passado, para uma produção de 784 milhões de barris equivalentes de petróleo (essa conta inclui também o gás natural). Se a área do pré-sal tiver mesmo entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris, dá para ter uma dimensão do volume de dinheiro que vai ser transferido para os cofres públicos. Essa bolada pode ser a fonte abastecedora do fundo soberano que o país deseja criar. Aplicados com visão de longo prazo, esses recursos podem ajudar a combater problemas crônicos no país, como o déficit da Previdência, ou então servir como uma rede de segurança para atravessar fases adversas. A riqueza submersa pode, também, ajudar a aumentar a competitividade internacional de setores estratégicos para o país, como os de tecnologia da informação e energias renováveis. Pode, enfim, garantir a prosperidade do país muito tempo depois de retirada a última gota de óleo do oceano. Ou seja, o dinheiro não pode ser torrado de uma vez, como defende Armínio Fraga, sócio do fundo Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central: “Precisamos garantir que as próximas gerações também possam usufruir dessa riqueza”. Até mesmo o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci acompanhou os que defendem a prudência e alertou para os riscos de o país ser vítima da “maldição do petróleo”. “O efeito da injeção sem planejamento de receitas como essas diretamente nos orçamentos pode, inclusive, gerar desequilíbrios graves e uma enorme volatilidade cambial.”
O modelo Norueguês
Mas antes de sonhar com as possibilidades mirabolantes da riqueza submersa existe uma realidade imediata a encarar: é preciso conquistar os elefantes, como são conhecidas as reservas gigantes de petróleo, de forma economicamente viável. “Tem muita gente esquecendo que todo esse óleo não vale nada se continuar debaixo da terra”, diz Adriano Pires, da consultoria Centro Brasileiro de Estudos de Infra-Estrutura. Num relatório divulgado em maio, o banco suíço UBS calculou que seriam necessários investimentos da ordem de 600 bilhões de dólares nos próximos 30 anos para um volume hipotético de 50 bilhões de barris — e seus analistas consideram conservadora essa estimativa. A exploração em águas ultraprofundas é uma intricada tarefa multidisciplinar, que envolve supercomputadores, geólogos de primeira linha e o que há de mais moderno em ciência dos materiais e engenharia submarina. Poucos setores da economia são tão globais, com suas sondas, navios, técnicos e capital errantes. Atravessar os 2 quilômetros da camada de sal, a mais de 4 quilômetros de profundidade e 350 quilômetros da costa, também representa um desafio que não foi totalmente dominado pela indústria. Todos os elementos que compõem essa empreitada se tornaram dramaticamente mais caros nos últimos anos. Os preços dos equipamentos usados nas perfurações iniciais, que vão determinar com precisão o valor de cada área e o planejamento da produção comercial, quadruplicaram desde 2002. A diária de aluguel de uma sonda passou de 150 000 dólares para até 600 000 dólares. E, ainda assim, esse é um tipo de recurso cada vez mais escasso no mundo.
No campo de Tupi, que está no estágio mais avançado de desenvolvimento, a Petrobras perfurou apenas dois poços. A produção experimental deve começar em março de 2009, e só em 2014 o campo vai entrar no ritmo de produção comercial, quando houver pelo menos duas centenas de poços em funcionamento. Atrasos na perfuração, variações no volume produzido, flutuações nos custos dos equipamentos usados em alto-mar — todas essas variáveis têm impacto direto na viabilidade econômica da empreitada (veja mais sobre a complexidade da exploração ultraprofunda na pág. 40). Sem mencionar, é claro, o preço do petróleo nos mercados internacionais. O UBS calcula que os campos são lucrativos se o barril estiver sendo negociado a mais de 40 dólares. Ao preço de hoje, por volta de 115 dólares, ninguém tem dúvida de que o pré-sal é um negócio excelente. Desde o choque do petróleo nos anos 70, porém, as cotações internacionais já sofreram duas quedas bruscas. Apesar da instabilidade política no Oriente Médio, onde estão dois terços das reservas comprovadas do mundo, e do crescimento do consumo em emergentes como Índia e China, ninguém pode garantir que um novo tombo não vá ocorrer de novo.
Incertezas sempre fizeram parte da indústria do petróleo. E o governo introduziu um novo elemento de instabilidade ao defender mudanças no modelo de exploração da camada do pré-sal. Apenas um quarto da área onde se acredita haver petróleo e gás foi licitado e, portanto, está sendo desenvolvido. A maior porção da enorme riqueza submersa na costa vai ter de esperar uma definição que virá de Brasília. As declarações do presidente Lula deram combustível a uma polêmica que atraiu ministros e parlamentares fascinados pelos possíveis lucros da exploração do pré-sal. “De repente, todo mundo virou especialista em petróleo”, diz um diretor da Petrobras. Fala-se em aderir ao regime de partilha de produção, segundo o qual as petrolíferas operam os campos para o governo e recebem o pagamento em forma de óleo. Outra idéia é adotar os contratos de prestação de serviços, em que o governo se apropria dos lucros e paga as petrolíferas apenas para operar os campos. E ganhou força a idéia de adaptar para o Brasil o modelo norueguês, um híbrido em que uma estatal, chamada Petoro, participa dos investimentos e aplica os lucros do petróleo, enquanto outra estatal, a Statoil Hydro, concorre com a iniciativa privada pelo direito de fazer a exploração. Para colocar em prática qualquer dessas alternativas, seria preciso criar uma nova empresa 100% estatal. Apelidada de Petrosal, a nova estatal é o xodó do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. “O petróleo é do povo, e não das empresas. Todos os países com produção crescente estão buscando novas fórmulas. Estou preocupado em defender os interesses de todos os brasileiros”, disse Lobão no início do mês.
O resultado prático de tanta falação é que Lula decidiu criar um conselho de ministros para apresentar sua proposta de marco regulatório para o pré-sal. Para implementar alguma dessas alternativas, o presidente terá de patrocinar a mudança da Lei do Petróleo, de 1997, que quebrou o monopólio da Petrobras sobre a exploração das reservas. Pela lei, que estabeleceu o regime de concessão, as empresas disputam a concessão de áreas de exploração em leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pagam à União bônus, taxas de assinatura, royalties e tributos sobre o óleo retirado. O Congresso Nacional levou quase dois anos para aprovar essa lei. Imagina-se que uma eventual mudança de regras leve pelo menos esse tempo, prazo em que novos planos de exploração ficam parados. Mesmo com a garantia de respeito aos contratos já firmados — e mesmo que as empresas comecem a extrair o petróleo das áreas licitadas nesse meio-tempo —, os grandes lucros do pré-sal continuarão sendo apenas uma promessa.
Empresas petrolíferas e especialistas dizem que o marco legal em vigor não precisa ser alterado para que o país se ajuste à nova realidade de abundância. Todos concordam que o cenário anterior era muito diferente: fazia sentido recompensar as petrolíferas pelos altíssimos custos da procura e da retirada do petróleo em alto-mar. Agora, pelo menos no pré-sal, essa premissa do risco não existe mais, e o governo tem toda a razão quando diz que quer maximizar as receitas com um bem que pertence à União. A questão é que nenhuma regra precisa ser alterada para isso, basta um decreto governamental. “No Brasil, os royalties e os impostos cobrados das petrolíferas somam cerca de 50%, valor muito abaixo quando se compara a outros países. Locais de menor risco de exploração podem ter tributos maiores. Isso é comum na indústria”, diz o consultor Adriano Pires. “O modelo atual é suficiente para a nova realidade do petróleo no país”, diz Murilo Marroquin, presidente do comitê diretivo do Instituto Brasileiro de Petróleo, entidade que reúne 71 empresas do setor.
Em meio à celeuma criada em Brasília, chamou a atenção o silêncio da Petrobras. “Essa é uma questão de Estado”, disse o diretor de exploração e produção da empresa, Guilherme Estrella. Chamado a opinar sobre os diferentes modelos propostos, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, disse apenas que “há muita especulação”. Especulações são como veneno para uma empresa de capital aberto como a Petrobras, quase onipresente na bolsa brasileira. Desde que os debates se tornaram públicos, as ações da companhia oscilaram tremendamente. Pequenos investidores, que apostaram na empresa num momento não tão promissor para a indústria brasileira do petróleo, revoltaram-se com a perspectiva de não ganhar tudo o que poderiam no futuro. Até por isso foi surpreendente a serenidade demonstrada por alguns dos maiores investidores da Petrobras. O americano Mark Mobius, diretor de mercados emergentes da gestora de recursos Franklin Templeton, disse que não há planos de mudança na estratégia de investimento por causa da possível nova legislação para o setor de petróleo. “Olhamos para o longo prazo. Uma vez que o governo se beneficia do sucesso que a Petrobras vem apresentando em desenvolvimento e rentabilidade, é improvável que ele crie barreiras significativas ao crescimento da empresa”, disse Mobius a EXAME. Wagner Salaverry, coordenador de fundos da gestora de recursos Geração Futuro, destaca outro ponto essencial. “Se a Petrobras fosse explorar toda a reserva do pré-sal, claro que seria fantástico para os acionistas. Mas está de muito bom tamanho se a empresa ficar com o que já ganhou”, afirma.
Bom tamanho talvez seja uma subestimação. Para garantir a exploração dos campos já arrematados, a Petrobras se prepara para a maior transformação de sua história (veja reportagem na pág. 32) — e vai puxar, com ela, um ecossistema de mais de 1 500 empresas envolvidas direta ou indiretamente com o setor petroleiro no país. A indústria do petróleo respondia por 3% do PIB nacional dez anos atrás, antes da quebra do monopólio da Petrobras. Hoje, é responsável por 10% de todas as riquezas geradas no país, e tudo leva a crer que essa fatia crescerá muito nas próximas décadas. Grandes fornecedores estrangeiros estão estimulados com as possibilidades de negócios por aqui — e eles não estão só nos setores imediatamente associados aos hidrocarbonetos. “Hoje, o Brasil é um dos principais mercados de petróleo para a IBM”, diz Pedro Almeida, diretor da área de indústrias da gigante da computação. “É sólido, próspero e deve aprofundar as oportunidades ao longo dos próximos cinco ou seis anos.”
A promessa de desbravar a nova e mais promissora fronteira da principal fonte de energia do planeta também vai criar uma nova onda de empreendimentos nacionais, como a Lupatech, empresa fundada em 1993 para produzir equipamentos usados na extração submarina. Com ações negociadas na Bovespa e faturamento de 387 milhões de reais no ano passado, a Lupatech já prepara a expansão de sua capacidade de produção. “Estamos muito seguros do crescimento que vem por aí”, diz Thiago Alonso de Oliveira, diretor financeiro da empresa. “Temos uma fábrica de válvulas em São Paulo e estamos construindo outra com o dobro da capacidade. O primeiro estágio ficará pronto até o fim de 2008 e o projeto completo será finalizado em 2009.” A Lupatech já exporta sua tecnologia para campos produtores fora do país. As mesmas oportunidades globais vão se abrir para uma nova geração de engenheiros que hoje estão deixando as universidades. “Não foram formados engenheiros na quantidade necessária nos últimos 20 anos, especialmente nas áreas naval e de mineração”, diz Victor Bomfim, presidente da Subsea 7, empresa com sede nas Ilhas Cayman especializada em engenharia submarina. “A falta de profissionais qualificados no mercado é uma marca para esse segmento.” Como se vê pela dimensão dos desafios e das oportunidades que surgiram com a descoberta do novo petróleo brasileiro, não há tempo a perder com discussões que tendem a se revelar estéreis. A hora é de falar menos e fazer mais.
| 21.08.2008
Com mais tecnologia e dinheiro e menos ideologia, as gigantescas reservas descobertas na costa brasileira podem transformar para sempre a economia do país
Por Malu Gaspar e Sérgio Teixeira Jr.EXAME
"Vamos vender pura e simplesmente, quem quiser pode levar o quanto quiser? Não, Deus não nos deu isso para que continuemos a fazer burrice. Deus deu mais uma chance para o Brasil." Foi com essa rápida declaração, feita no dia 14 de agosto em um palanque em Barcarena, no Pará, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou oficialmente o debate sobre o destino que o país vai dar à riqueza do petróleo que se encontra no fundo do oceano Atlântico. Lula demonstrou compreender o tamanho da oportunidade que a descoberta de novos reservatórios de petróleo na camada do pré-sal, a mais de 6 000 metros de profundidade, proporciona ao país. Encontrada num momento em que novos reservatórios de grande porte, principalmente os de óleo de boa qualidade, são cada vez mais raros, a nova fronteira exploratória pode, sem exagero, levar o Brasil a um novo patamar. As estimativas de quanto petróleo existe na costa sudeste do país ainda são bastante imprecisas. A maior parte dos especialistas fala em algo entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris de óleo de boa qualidade, numa área que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina. Há otimistas falando até em 330 bilhões de barris, mais do que tem a Arábia Saudita, maior potência petrolífera mundial. Mesmo os números mais conservadores representam muito petróleo, capaz de transformar o Brasil de importador em exportador de petróleo e gás, alterando a balança comercial brasileira e invertendo toda a lógica de funcionamento da economia. Graças ao novo petróleo, abre-se a possibilidade de o país receber um volume de dinheiro jamais visto em sua história. Como dono de uma das maiores reservas do mundo, o país pode passar a ter também outro peso no tabuleiro da política mundial. É um horizonte realmente espetacular, que leva qualquer governante a agradecer a Deus.
Ou ao diabo. É difícil colocar em números o impacto econômico que o petróleo terá no desenvolvimento brasileiro sem antes conhecer a exata dimensão das descobertas. Mas esse impacto é inevitável, para o bem ou para o mal. Não faltam exemplos de países sentados em enormes reservas petrolíferas que nunca conseguiram transformar essa riqueza mineral em desenvolvimento econômico de longo prazo. Terry Lynn Karl, professora de ciência política e estudos da América Latina da Universidade Stanford, na Califórnia, estudou o tema em The Paradox of Plenty (“O paradoxo da abundância”, numa tradução livre). Um dos países analisados por Terry, a Nigéria integra o selecionado clube dos países exportadores de petróleo, a Opep, desde 1971. Mas, no mais recente ranking da ONU que mede o índice de desenvolvimento humano, a Nigéria figura apenas na 158a posição — entre 177 países. Uma injeção maciça de petrodólares pode valorizar ainda mais o real, o que desestimularia as exportações e atingiria em cheio a indústria nacional. Existe até mesmo o risco de crises institucionais precipitadas por delírios de grandeza — basta olhar para a vizinha Venezuela.
Um novo patamar
É claro que o Brasil parte de um cenário completamente diferente do nigeriano. A economia brasileira é dinâmica, industrializada e cada vez mais integrada ao resto do planeta. É mais razoável imaginar que a fortuna do petróleo aproxime o Brasil da Noruega, país que ocupa a segunda colocação no ranking de qualidade de vida das Nações Unidas. Para que esse objetivo seja atingido, porém, será necessário aplicar os recursos com sabedoria. “Vejo dois usos inteligentes do dinheiro da exploração das novas reservas. O primeiro é na diversificação das exportações. O segundo é em educação”, disse Terry a EXAME. “É preciso aperfeiçoar os programas sociais para que eles criem uma população mais capacitada, e não simplesmente aumentem o poder de consumo.”
Se as estimativas iniciais estiverem marginalmente corretas, dinheiro para investir vai haver, e muito. Somente em pagamento de royalties e outros tributos ligados à extração petrolífera, o país arrecadou 14,7 bilhões de reais no ano passado, para uma produção de 784 milhões de barris equivalentes de petróleo (essa conta inclui também o gás natural). Se a área do pré-sal tiver mesmo entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris, dá para ter uma dimensão do volume de dinheiro que vai ser transferido para os cofres públicos. Essa bolada pode ser a fonte abastecedora do fundo soberano que o país deseja criar. Aplicados com visão de longo prazo, esses recursos podem ajudar a combater problemas crônicos no país, como o déficit da Previdência, ou então servir como uma rede de segurança para atravessar fases adversas. A riqueza submersa pode, também, ajudar a aumentar a competitividade internacional de setores estratégicos para o país, como os de tecnologia da informação e energias renováveis. Pode, enfim, garantir a prosperidade do país muito tempo depois de retirada a última gota de óleo do oceano. Ou seja, o dinheiro não pode ser torrado de uma vez, como defende Armínio Fraga, sócio do fundo Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central: “Precisamos garantir que as próximas gerações também possam usufruir dessa riqueza”. Até mesmo o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci acompanhou os que defendem a prudência e alertou para os riscos de o país ser vítima da “maldição do petróleo”. “O efeito da injeção sem planejamento de receitas como essas diretamente nos orçamentos pode, inclusive, gerar desequilíbrios graves e uma enorme volatilidade cambial.”
O modelo Norueguês
Mas antes de sonhar com as possibilidades mirabolantes da riqueza submersa existe uma realidade imediata a encarar: é preciso conquistar os elefantes, como são conhecidas as reservas gigantes de petróleo, de forma economicamente viável. “Tem muita gente esquecendo que todo esse óleo não vale nada se continuar debaixo da terra”, diz Adriano Pires, da consultoria Centro Brasileiro de Estudos de Infra-Estrutura. Num relatório divulgado em maio, o banco suíço UBS calculou que seriam necessários investimentos da ordem de 600 bilhões de dólares nos próximos 30 anos para um volume hipotético de 50 bilhões de barris — e seus analistas consideram conservadora essa estimativa. A exploração em águas ultraprofundas é uma intricada tarefa multidisciplinar, que envolve supercomputadores, geólogos de primeira linha e o que há de mais moderno em ciência dos materiais e engenharia submarina. Poucos setores da economia são tão globais, com suas sondas, navios, técnicos e capital errantes. Atravessar os 2 quilômetros da camada de sal, a mais de 4 quilômetros de profundidade e 350 quilômetros da costa, também representa um desafio que não foi totalmente dominado pela indústria. Todos os elementos que compõem essa empreitada se tornaram dramaticamente mais caros nos últimos anos. Os preços dos equipamentos usados nas perfurações iniciais, que vão determinar com precisão o valor de cada área e o planejamento da produção comercial, quadruplicaram desde 2002. A diária de aluguel de uma sonda passou de 150 000 dólares para até 600 000 dólares. E, ainda assim, esse é um tipo de recurso cada vez mais escasso no mundo.
No campo de Tupi, que está no estágio mais avançado de desenvolvimento, a Petrobras perfurou apenas dois poços. A produção experimental deve começar em março de 2009, e só em 2014 o campo vai entrar no ritmo de produção comercial, quando houver pelo menos duas centenas de poços em funcionamento. Atrasos na perfuração, variações no volume produzido, flutuações nos custos dos equipamentos usados em alto-mar — todas essas variáveis têm impacto direto na viabilidade econômica da empreitada (veja mais sobre a complexidade da exploração ultraprofunda na pág. 40). Sem mencionar, é claro, o preço do petróleo nos mercados internacionais. O UBS calcula que os campos são lucrativos se o barril estiver sendo negociado a mais de 40 dólares. Ao preço de hoje, por volta de 115 dólares, ninguém tem dúvida de que o pré-sal é um negócio excelente. Desde o choque do petróleo nos anos 70, porém, as cotações internacionais já sofreram duas quedas bruscas. Apesar da instabilidade política no Oriente Médio, onde estão dois terços das reservas comprovadas do mundo, e do crescimento do consumo em emergentes como Índia e China, ninguém pode garantir que um novo tombo não vá ocorrer de novo.
Incertezas sempre fizeram parte da indústria do petróleo. E o governo introduziu um novo elemento de instabilidade ao defender mudanças no modelo de exploração da camada do pré-sal. Apenas um quarto da área onde se acredita haver petróleo e gás foi licitado e, portanto, está sendo desenvolvido. A maior porção da enorme riqueza submersa na costa vai ter de esperar uma definição que virá de Brasília. As declarações do presidente Lula deram combustível a uma polêmica que atraiu ministros e parlamentares fascinados pelos possíveis lucros da exploração do pré-sal. “De repente, todo mundo virou especialista em petróleo”, diz um diretor da Petrobras. Fala-se em aderir ao regime de partilha de produção, segundo o qual as petrolíferas operam os campos para o governo e recebem o pagamento em forma de óleo. Outra idéia é adotar os contratos de prestação de serviços, em que o governo se apropria dos lucros e paga as petrolíferas apenas para operar os campos. E ganhou força a idéia de adaptar para o Brasil o modelo norueguês, um híbrido em que uma estatal, chamada Petoro, participa dos investimentos e aplica os lucros do petróleo, enquanto outra estatal, a Statoil Hydro, concorre com a iniciativa privada pelo direito de fazer a exploração. Para colocar em prática qualquer dessas alternativas, seria preciso criar uma nova empresa 100% estatal. Apelidada de Petrosal, a nova estatal é o xodó do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. “O petróleo é do povo, e não das empresas. Todos os países com produção crescente estão buscando novas fórmulas. Estou preocupado em defender os interesses de todos os brasileiros”, disse Lobão no início do mês.
O resultado prático de tanta falação é que Lula decidiu criar um conselho de ministros para apresentar sua proposta de marco regulatório para o pré-sal. Para implementar alguma dessas alternativas, o presidente terá de patrocinar a mudança da Lei do Petróleo, de 1997, que quebrou o monopólio da Petrobras sobre a exploração das reservas. Pela lei, que estabeleceu o regime de concessão, as empresas disputam a concessão de áreas de exploração em leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pagam à União bônus, taxas de assinatura, royalties e tributos sobre o óleo retirado. O Congresso Nacional levou quase dois anos para aprovar essa lei. Imagina-se que uma eventual mudança de regras leve pelo menos esse tempo, prazo em que novos planos de exploração ficam parados. Mesmo com a garantia de respeito aos contratos já firmados — e mesmo que as empresas comecem a extrair o petróleo das áreas licitadas nesse meio-tempo —, os grandes lucros do pré-sal continuarão sendo apenas uma promessa.
Empresas petrolíferas e especialistas dizem que o marco legal em vigor não precisa ser alterado para que o país se ajuste à nova realidade de abundância. Todos concordam que o cenário anterior era muito diferente: fazia sentido recompensar as petrolíferas pelos altíssimos custos da procura e da retirada do petróleo em alto-mar. Agora, pelo menos no pré-sal, essa premissa do risco não existe mais, e o governo tem toda a razão quando diz que quer maximizar as receitas com um bem que pertence à União. A questão é que nenhuma regra precisa ser alterada para isso, basta um decreto governamental. “No Brasil, os royalties e os impostos cobrados das petrolíferas somam cerca de 50%, valor muito abaixo quando se compara a outros países. Locais de menor risco de exploração podem ter tributos maiores. Isso é comum na indústria”, diz o consultor Adriano Pires. “O modelo atual é suficiente para a nova realidade do petróleo no país”, diz Murilo Marroquin, presidente do comitê diretivo do Instituto Brasileiro de Petróleo, entidade que reúne 71 empresas do setor.
Em meio à celeuma criada em Brasília, chamou a atenção o silêncio da Petrobras. “Essa é uma questão de Estado”, disse o diretor de exploração e produção da empresa, Guilherme Estrella. Chamado a opinar sobre os diferentes modelos propostos, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, disse apenas que “há muita especulação”. Especulações são como veneno para uma empresa de capital aberto como a Petrobras, quase onipresente na bolsa brasileira. Desde que os debates se tornaram públicos, as ações da companhia oscilaram tremendamente. Pequenos investidores, que apostaram na empresa num momento não tão promissor para a indústria brasileira do petróleo, revoltaram-se com a perspectiva de não ganhar tudo o que poderiam no futuro. Até por isso foi surpreendente a serenidade demonstrada por alguns dos maiores investidores da Petrobras. O americano Mark Mobius, diretor de mercados emergentes da gestora de recursos Franklin Templeton, disse que não há planos de mudança na estratégia de investimento por causa da possível nova legislação para o setor de petróleo. “Olhamos para o longo prazo. Uma vez que o governo se beneficia do sucesso que a Petrobras vem apresentando em desenvolvimento e rentabilidade, é improvável que ele crie barreiras significativas ao crescimento da empresa”, disse Mobius a EXAME. Wagner Salaverry, coordenador de fundos da gestora de recursos Geração Futuro, destaca outro ponto essencial. “Se a Petrobras fosse explorar toda a reserva do pré-sal, claro que seria fantástico para os acionistas. Mas está de muito bom tamanho se a empresa ficar com o que já ganhou”, afirma.
Bom tamanho talvez seja uma subestimação. Para garantir a exploração dos campos já arrematados, a Petrobras se prepara para a maior transformação de sua história (veja reportagem na pág. 32) — e vai puxar, com ela, um ecossistema de mais de 1 500 empresas envolvidas direta ou indiretamente com o setor petroleiro no país. A indústria do petróleo respondia por 3% do PIB nacional dez anos atrás, antes da quebra do monopólio da Petrobras. Hoje, é responsável por 10% de todas as riquezas geradas no país, e tudo leva a crer que essa fatia crescerá muito nas próximas décadas. Grandes fornecedores estrangeiros estão estimulados com as possibilidades de negócios por aqui — e eles não estão só nos setores imediatamente associados aos hidrocarbonetos. “Hoje, o Brasil é um dos principais mercados de petróleo para a IBM”, diz Pedro Almeida, diretor da área de indústrias da gigante da computação. “É sólido, próspero e deve aprofundar as oportunidades ao longo dos próximos cinco ou seis anos.”
A promessa de desbravar a nova e mais promissora fronteira da principal fonte de energia do planeta também vai criar uma nova onda de empreendimentos nacionais, como a Lupatech, empresa fundada em 1993 para produzir equipamentos usados na extração submarina. Com ações negociadas na Bovespa e faturamento de 387 milhões de reais no ano passado, a Lupatech já prepara a expansão de sua capacidade de produção. “Estamos muito seguros do crescimento que vem por aí”, diz Thiago Alonso de Oliveira, diretor financeiro da empresa. “Temos uma fábrica de válvulas em São Paulo e estamos construindo outra com o dobro da capacidade. O primeiro estágio ficará pronto até o fim de 2008 e o projeto completo será finalizado em 2009.” A Lupatech já exporta sua tecnologia para campos produtores fora do país. As mesmas oportunidades globais vão se abrir para uma nova geração de engenheiros que hoje estão deixando as universidades. “Não foram formados engenheiros na quantidade necessária nos últimos 20 anos, especialmente nas áreas naval e de mineração”, diz Victor Bomfim, presidente da Subsea 7, empresa com sede nas Ilhas Cayman especializada em engenharia submarina. “A falta de profissionais qualificados no mercado é uma marca para esse segmento.” Como se vê pela dimensão dos desafios e das oportunidades que surgiram com a descoberta do novo petróleo brasileiro, não há tempo a perder com discussões que tendem a se revelar estéreis. A hora é de falar menos e fazer mais.
unanimidade só existe no cemitério
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Será possivel?
A maior parte dos especialistas fala em algo entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris de óleo de boa qualidade, numa área que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina. Há otimistas falando até em 330 bilhões de barris, mais do que tem a Arábia Saudita, maior potência petrolífera mundial.
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
CVN, eu chuto com certeza, mais de 100 bilhoes. Isso ai, um tio meu que trabalhava na Petros, já tinha me cantado, e foi o motivo do Brasil romper com os USA nos anos 70. Esses poços são conhecidos desde os anos 70, e só não foram explorados porque o petroleo daquela epoca era barato (mesmo com o choque) e a tecnologia não existia. Lembre-se que a Petros é que manda em aguas ultra profundas.
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
http://veja.abril.com.br/270808/entrevista.shtml
Entrevista: Ricardo Hausmann
A poupança do pré-sal
Professor de Harvard afirma que o Brasil não pode cair no
erro da Venezuela de gastar, "aqui e agora", as receitas do
petróleo. É preciso guardá-las para as gerações futuras
Giuliano Guandalini
"A riqueza do petróleo produz dólares, mas não desenvolvimento instantâneo"
Roberto Setton
O economista Ricardo Hausmann conhece a fundo os efeitos negativos que a riqueza proveniente do petróleo, se mal utilizada, pode causar a um país. Atual diretor do Centro para o Desenvolvimento Internacional da John F. Kennedy School of Government, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Hausmann dedicou boa parte de sua vida acadêmica a estudar a maldição que castiga a maioria dos países exportadores de recursos minerais. Um exemplo acabado desse fenômeno é seu país de origem, a Venezuela. "O Brasil não deve cair no mesmo erro", diz o economista. "É uma ilusão acreditar que o dinheiro do petróleo poderá ser utilizado em projetos sociais, como o investimento em educação. Esses recursos devem ser poupados, ao preço de trazer instabilidade para a economia." Hausmann esteve em São Paulo na semana passada para apresentar o estudo "In search of chains that hold Brazil back" (Em busca das correntes que prendem o Brasil), feito sob encomenda do Centro de Liderança Pública. O economista conclui que o principal obstáculo à aceleração do crescimento no Brasil é a sucessão de governos que se endividam em excesso, cobram tributos demais e investem menos do que deveriam.
Qual é a maneira mais inteligente e produtiva de extrair riqueza das reservas petrolíferas do pré-sal?
É preciso entender que a riqueza do petróleo produz dólares, mas não desenvolvimento instantâneo. A questão é como e quando usar esse dinheiro. É muito fácil errar, e essa é a razão pela qual a avassaladora maioria dos governos ricos em petróleo produziu desastres econômicos em vez de desenvolvimento. A rigor, o único impacto imediato dos dólares do petróleo é permitir que um país importe mais. Importações maiores elevam o déficit externo e ainda submetem a taxa de câmbio do país ao vaivém das cotações do petróleo, afugentando investimentos privados. Não é coincidência que países como Irã, Equador, Venezuela e Nigéria possuam moedas extremamente voláteis e recebam poucos investimentos produtivos.
Como evitar essa armadilha?
O ideal é que 100% das receitas com petróleo sejam depositadas em um fundo no exterior. Isso impede que os dólares inundem a economia, produzam inflação e volatilidade cambial. É o modelo usado na Noruega, com resultados positivos. O Brasil deveria adotá-lo para evitar a valorização abrupta do real, que significaria uma séria ameaça à sua atividade industrial exportadora. Vários países optaram por esse mesmo modelo, com sucesso. Recentemente ajudei o governo do Cazaquistão a criar seu fundo soberano. O resultado é que a moeda desse país se apreciou bem menos do que a brasileira nos últimos anos, a despeito do boom no preço do petróleo.
O Brasil possui problemas sociais gravíssimos. Por que não trazer esse dinheiro para solucioná-los?
É um engano imaginar que esses dólares possam ser utilizados para pôr fim aos problemas sociais, por mais graves que sejam as mazelas da educação e da saúde. A rigor, há apenas dois destinos possíveis para as receitas do petróleo: poupá-las ou usá-las para comprar ativos dentro do país. Se, em vez de poupar, o país inundar a economia com dólares, vai produzir inflação e deteriorar rapidamente as contas externas. O impacto negativo será enorme, principalmente no câmbio.
O senhor poderia dar um exemplo?
A Venezuela, meu país de origem. Acabo de chegar de uma viagem a Isla Margarita, na costa venezuelana. Não sou ultranacionalista, mas posso assegurar que essa ilha é um dos lugares mais bonitos do Caribe, muito mais atraente do que Aruba. Empresários do turismo adquiriram ali grandes áreas, mas não foram capazes de atrair investidores devido à cotação da moeda local. Quando o preço do petróleo sobe, o câmbio se valoriza rapidamente, inviabilizando a rentabilidade dos negócios de turismo. Resultado: a renda per capita de Aruba é três vezes maior que a de Margarita. A principal explicação para isso? Isla Margarita pertence à Venezuela. Simples assim. Esse é o efeito destrutivo de gerir mal um ativo tão volátil como o petróleo.
Na década de 70, a Venezuela tentou criar um fundo para investir o dinheiro do petróleo em setores industriais estratégicos. Por que não funcionou?
Os recursos foram aplicados em um fundo doméstico, e não no exterior. Foram criadas empresas siderúrgicas com esse dinheiro. O problema é que, quando o preço do petróleo subiu, o câmbio também subiu, e essas empresas não conseguiram manter-se competitivas. Eram todas estatais, pessimamente administradas e pouco eficientes. O dinheiro foi desperdiçado. Mas isso se deu no passado. Piorou ainda mais. Agora, o presidente Hugo Chávez simplesmente torra cada centavo obtido com o petróleo. Ninguém sabe ao certo para onde o dinheiro vai. Há diversos orçamentos supostamente sociais, uma confusão absoluta. Para piorar, o setor do petróleo não tem recebido investimentos, e a produção começa a declinar.
É possível transformar a riqueza natural em desenvolvimento efetivo?
Sim, e a Finlândia é o melhor exemplo. O país era um importante exportador de madeira. Um dia, descobriu que, além de vender o produto, poderia produzir papel. Depois, especializou-se em fazer móveis. Isso o levou a desenvolver o design e o processo industrial. O conhecimento adquirido no processo propiciou a criação de máquinas cada vez mais avançadas. Esse esforço resultou no surgimento da fabricante de celulares Nokia. A Finlândia descobriu que o grande segredo do desenvolvimento econômico é expandir a capacidade tecnológica. Esse exemplo é útil ao Brasil no momento em que o país se vê diante do desafio de explorar o petróleo em águas ultraprofundas. Será necessário desenvolver tecnologias, as quais, com certeza, poderão ser empregadas em outras áreas.
Como o senhor vê a economia brasileira hoje?
O país está em uma situação única na América Latina. Enquanto muitos países ainda procuram maneiras de se integrar à economia global, o Brasil inova em várias tecnologias de ponta na agricultura, no setor energético, na aviação, na mineração e no setor automobilístico, entre outras atividades. O país tem muitas possibilidades, oferece diversas oportunidades para sustentar o crescimento econômico por muitos anos. Os indicadores sociais, como educação e saúde, registraram avanços significativos, e a democracia parece consolidada. São conquistas notáveis. Mas, ainda assim, o país não tem conseguido ampliar o ritmo de expansão, que, apesar da aceleração recente, ainda é tímido para uma economia como a brasileira. Descontado o aumento da população economicamente ativa, o crescimento real tem sido de apenas 1%, um dos piores resultados em toda a América Latina. O mais preocupante é que esse baixo crescimento não se deve aos efeitos de um ciclo econômico negativo.
Por que o país não consegue acelerar seu ritmo?
O principal entrave ao crescimento do país é a falta de poupança do setor público. A origem do problema está nas despesas do governo. O estado deveria gastar menos do que arrecada. Ao fazer isso, a poupança pública aumentaria, deixando espaço disponível para os investimentos privados, que poderiam crescer sem pressionar a inflação. O Brasil possui hoje a maior carga tributária entre todos os países emergentes, e, mesmo assim, as contas públicas são deficitárias. A boa notícia é que, para alcançar esse objetivo, os gastos públicos não precisam ser cortados drasticamente. Basta que o governo deixe de ampliar suas despesas. Com o passar do tempo, o tamanho delas em relação ao PIB acabará caindo naturalmente. O fato é que o Brasil não conseguiu constituir um estado financeiramente viável, que não se endivide em demasia, que não tribute em excesso e que invista fortemente em infra-estrutura.
Que reformas ajudariam nesse ajuste?
"Reformas" virou palavrão. Houve muitas delas na década passada, em diversos países da América Latina, que não alcançaram os objetivos e acabaram sendo desperdiçadas. Se não forem focadas, mudanças têm um grande preço político, sem que se obtenha um benefício significativo. Por isso, as reformas precisam ser bem direcionadas. Nesse sentido, a opção mais óbvia no Brasil parece-me ser a reforma previdenciária. Aqui temos dois problemas. Primeiro, o gasto com aposentados é da ordem de 12% do PIB, algo sem paralelo entre os emergentes. É um custo fiscal exagerado. Além disso, os aposentados possuem uma propensão baixa a poupar aquilo que recebem. O modelo brasileiro é uma das principais correntes que imobilizam a economia do país.
Pelas suas estimativas, qual poderia ser a taxa de crescimento brasileira?
Não existe nada que impeça o Brasil de avançar, de maneira estável e duradoura, em um ritmo de 7% ao ano. É uma meta perfeitamente viável. Com essa taxa, o país galgaria outro patamar de desenvolvimento, dentro de um espaço de menos de três décadas. O crescimento econômico tem o poder de se auto-alimentar e se multiplicar. Se o avanço per capita de um país for de pífio 1% ao ano, como o registrado pelo Brasil na década passada, ao fim de uma geração os filhos serão aproximadamente 30% mais ricos do que os seus pais. Mas se o avanço for de 7% ao ano, como acredito ser possível, os filhos serão cinco vezes mais ricos do que seus pais. Os brasileiros precisam decidir se desejam uma melhora simplesmente incremental, medíocre, ou um salto transformador.
Muitos economistas brasileiros consideram a taxa de câmbio o principal obstáculo ao crescimento. Esse não é um fator a ser levado em conta?
Sim, mas a taxa de câmbio é um reflexo da situação econômica. O motivo pelo qual a taxa de câmbio chinesa é competitiva é que a China possui uma taxa de poupança elevada. No Brasil, o câmbio é um sintoma da síndrome do baixo nível de poupança. Ninguém se livra da febre quebrando o termômetro. É preciso lidar com os obstáculos primeiro.
Dez anos atrás, quando o senhor era economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi bastante criticado no Brasil por ter sugerido que o país seguisse o antigo modelo argentino de paridade com o dólar. O senhor mudou de idéia?
De fato, eu imaginava que, para um país com baixa credibilidade internacional, seria melhor dolarizar sua economia ou seguir uma paridade cambial com o dólar. Mas mudei de opinião sobre o assunto. Isso funcionaria naquela circunstância apenas para economias pequenas, sem grande volatilidade cambial. A moeda brasileira, ao contrário, oscilava fortemente. Mas esse debate está superado. Olhe só o caso brasileiro. O país é hoje credor em dólares e está livre do chamado "pecado original", ou seja, a impossibilidade de tomar dinheiro emprestado no exterior emitindo títulos em sua própria moeda. O Brasil avançou muito. Passou de devedor a credor externo e conquistou o grau de investimento. O pecado, agora, seria não poupar a riqueza do petróleo.
Entrevista: Ricardo Hausmann
A poupança do pré-sal
Professor de Harvard afirma que o Brasil não pode cair no
erro da Venezuela de gastar, "aqui e agora", as receitas do
petróleo. É preciso guardá-las para as gerações futuras
Giuliano Guandalini
"A riqueza do petróleo produz dólares, mas não desenvolvimento instantâneo"
Roberto Setton
O economista Ricardo Hausmann conhece a fundo os efeitos negativos que a riqueza proveniente do petróleo, se mal utilizada, pode causar a um país. Atual diretor do Centro para o Desenvolvimento Internacional da John F. Kennedy School of Government, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Hausmann dedicou boa parte de sua vida acadêmica a estudar a maldição que castiga a maioria dos países exportadores de recursos minerais. Um exemplo acabado desse fenômeno é seu país de origem, a Venezuela. "O Brasil não deve cair no mesmo erro", diz o economista. "É uma ilusão acreditar que o dinheiro do petróleo poderá ser utilizado em projetos sociais, como o investimento em educação. Esses recursos devem ser poupados, ao preço de trazer instabilidade para a economia." Hausmann esteve em São Paulo na semana passada para apresentar o estudo "In search of chains that hold Brazil back" (Em busca das correntes que prendem o Brasil), feito sob encomenda do Centro de Liderança Pública. O economista conclui que o principal obstáculo à aceleração do crescimento no Brasil é a sucessão de governos que se endividam em excesso, cobram tributos demais e investem menos do que deveriam.
Qual é a maneira mais inteligente e produtiva de extrair riqueza das reservas petrolíferas do pré-sal?
É preciso entender que a riqueza do petróleo produz dólares, mas não desenvolvimento instantâneo. A questão é como e quando usar esse dinheiro. É muito fácil errar, e essa é a razão pela qual a avassaladora maioria dos governos ricos em petróleo produziu desastres econômicos em vez de desenvolvimento. A rigor, o único impacto imediato dos dólares do petróleo é permitir que um país importe mais. Importações maiores elevam o déficit externo e ainda submetem a taxa de câmbio do país ao vaivém das cotações do petróleo, afugentando investimentos privados. Não é coincidência que países como Irã, Equador, Venezuela e Nigéria possuam moedas extremamente voláteis e recebam poucos investimentos produtivos.
Como evitar essa armadilha?
O ideal é que 100% das receitas com petróleo sejam depositadas em um fundo no exterior. Isso impede que os dólares inundem a economia, produzam inflação e volatilidade cambial. É o modelo usado na Noruega, com resultados positivos. O Brasil deveria adotá-lo para evitar a valorização abrupta do real, que significaria uma séria ameaça à sua atividade industrial exportadora. Vários países optaram por esse mesmo modelo, com sucesso. Recentemente ajudei o governo do Cazaquistão a criar seu fundo soberano. O resultado é que a moeda desse país se apreciou bem menos do que a brasileira nos últimos anos, a despeito do boom no preço do petróleo.
O Brasil possui problemas sociais gravíssimos. Por que não trazer esse dinheiro para solucioná-los?
É um engano imaginar que esses dólares possam ser utilizados para pôr fim aos problemas sociais, por mais graves que sejam as mazelas da educação e da saúde. A rigor, há apenas dois destinos possíveis para as receitas do petróleo: poupá-las ou usá-las para comprar ativos dentro do país. Se, em vez de poupar, o país inundar a economia com dólares, vai produzir inflação e deteriorar rapidamente as contas externas. O impacto negativo será enorme, principalmente no câmbio.
O senhor poderia dar um exemplo?
A Venezuela, meu país de origem. Acabo de chegar de uma viagem a Isla Margarita, na costa venezuelana. Não sou ultranacionalista, mas posso assegurar que essa ilha é um dos lugares mais bonitos do Caribe, muito mais atraente do que Aruba. Empresários do turismo adquiriram ali grandes áreas, mas não foram capazes de atrair investidores devido à cotação da moeda local. Quando o preço do petróleo sobe, o câmbio se valoriza rapidamente, inviabilizando a rentabilidade dos negócios de turismo. Resultado: a renda per capita de Aruba é três vezes maior que a de Margarita. A principal explicação para isso? Isla Margarita pertence à Venezuela. Simples assim. Esse é o efeito destrutivo de gerir mal um ativo tão volátil como o petróleo.
Na década de 70, a Venezuela tentou criar um fundo para investir o dinheiro do petróleo em setores industriais estratégicos. Por que não funcionou?
Os recursos foram aplicados em um fundo doméstico, e não no exterior. Foram criadas empresas siderúrgicas com esse dinheiro. O problema é que, quando o preço do petróleo subiu, o câmbio também subiu, e essas empresas não conseguiram manter-se competitivas. Eram todas estatais, pessimamente administradas e pouco eficientes. O dinheiro foi desperdiçado. Mas isso se deu no passado. Piorou ainda mais. Agora, o presidente Hugo Chávez simplesmente torra cada centavo obtido com o petróleo. Ninguém sabe ao certo para onde o dinheiro vai. Há diversos orçamentos supostamente sociais, uma confusão absoluta. Para piorar, o setor do petróleo não tem recebido investimentos, e a produção começa a declinar.
É possível transformar a riqueza natural em desenvolvimento efetivo?
Sim, e a Finlândia é o melhor exemplo. O país era um importante exportador de madeira. Um dia, descobriu que, além de vender o produto, poderia produzir papel. Depois, especializou-se em fazer móveis. Isso o levou a desenvolver o design e o processo industrial. O conhecimento adquirido no processo propiciou a criação de máquinas cada vez mais avançadas. Esse esforço resultou no surgimento da fabricante de celulares Nokia. A Finlândia descobriu que o grande segredo do desenvolvimento econômico é expandir a capacidade tecnológica. Esse exemplo é útil ao Brasil no momento em que o país se vê diante do desafio de explorar o petróleo em águas ultraprofundas. Será necessário desenvolver tecnologias, as quais, com certeza, poderão ser empregadas em outras áreas.
Como o senhor vê a economia brasileira hoje?
O país está em uma situação única na América Latina. Enquanto muitos países ainda procuram maneiras de se integrar à economia global, o Brasil inova em várias tecnologias de ponta na agricultura, no setor energético, na aviação, na mineração e no setor automobilístico, entre outras atividades. O país tem muitas possibilidades, oferece diversas oportunidades para sustentar o crescimento econômico por muitos anos. Os indicadores sociais, como educação e saúde, registraram avanços significativos, e a democracia parece consolidada. São conquistas notáveis. Mas, ainda assim, o país não tem conseguido ampliar o ritmo de expansão, que, apesar da aceleração recente, ainda é tímido para uma economia como a brasileira. Descontado o aumento da população economicamente ativa, o crescimento real tem sido de apenas 1%, um dos piores resultados em toda a América Latina. O mais preocupante é que esse baixo crescimento não se deve aos efeitos de um ciclo econômico negativo.
Por que o país não consegue acelerar seu ritmo?
O principal entrave ao crescimento do país é a falta de poupança do setor público. A origem do problema está nas despesas do governo. O estado deveria gastar menos do que arrecada. Ao fazer isso, a poupança pública aumentaria, deixando espaço disponível para os investimentos privados, que poderiam crescer sem pressionar a inflação. O Brasil possui hoje a maior carga tributária entre todos os países emergentes, e, mesmo assim, as contas públicas são deficitárias. A boa notícia é que, para alcançar esse objetivo, os gastos públicos não precisam ser cortados drasticamente. Basta que o governo deixe de ampliar suas despesas. Com o passar do tempo, o tamanho delas em relação ao PIB acabará caindo naturalmente. O fato é que o Brasil não conseguiu constituir um estado financeiramente viável, que não se endivide em demasia, que não tribute em excesso e que invista fortemente em infra-estrutura.
Que reformas ajudariam nesse ajuste?
"Reformas" virou palavrão. Houve muitas delas na década passada, em diversos países da América Latina, que não alcançaram os objetivos e acabaram sendo desperdiçadas. Se não forem focadas, mudanças têm um grande preço político, sem que se obtenha um benefício significativo. Por isso, as reformas precisam ser bem direcionadas. Nesse sentido, a opção mais óbvia no Brasil parece-me ser a reforma previdenciária. Aqui temos dois problemas. Primeiro, o gasto com aposentados é da ordem de 12% do PIB, algo sem paralelo entre os emergentes. É um custo fiscal exagerado. Além disso, os aposentados possuem uma propensão baixa a poupar aquilo que recebem. O modelo brasileiro é uma das principais correntes que imobilizam a economia do país.
Pelas suas estimativas, qual poderia ser a taxa de crescimento brasileira?
Não existe nada que impeça o Brasil de avançar, de maneira estável e duradoura, em um ritmo de 7% ao ano. É uma meta perfeitamente viável. Com essa taxa, o país galgaria outro patamar de desenvolvimento, dentro de um espaço de menos de três décadas. O crescimento econômico tem o poder de se auto-alimentar e se multiplicar. Se o avanço per capita de um país for de pífio 1% ao ano, como o registrado pelo Brasil na década passada, ao fim de uma geração os filhos serão aproximadamente 30% mais ricos do que os seus pais. Mas se o avanço for de 7% ao ano, como acredito ser possível, os filhos serão cinco vezes mais ricos do que seus pais. Os brasileiros precisam decidir se desejam uma melhora simplesmente incremental, medíocre, ou um salto transformador.
Muitos economistas brasileiros consideram a taxa de câmbio o principal obstáculo ao crescimento. Esse não é um fator a ser levado em conta?
Sim, mas a taxa de câmbio é um reflexo da situação econômica. O motivo pelo qual a taxa de câmbio chinesa é competitiva é que a China possui uma taxa de poupança elevada. No Brasil, o câmbio é um sintoma da síndrome do baixo nível de poupança. Ninguém se livra da febre quebrando o termômetro. É preciso lidar com os obstáculos primeiro.
Dez anos atrás, quando o senhor era economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi bastante criticado no Brasil por ter sugerido que o país seguisse o antigo modelo argentino de paridade com o dólar. O senhor mudou de idéia?
De fato, eu imaginava que, para um país com baixa credibilidade internacional, seria melhor dolarizar sua economia ou seguir uma paridade cambial com o dólar. Mas mudei de opinião sobre o assunto. Isso funcionaria naquela circunstância apenas para economias pequenas, sem grande volatilidade cambial. A moeda brasileira, ao contrário, oscilava fortemente. Mas esse debate está superado. Olhe só o caso brasileiro. O país é hoje credor em dólares e está livre do chamado "pecado original", ou seja, a impossibilidade de tomar dinheiro emprestado no exterior emitindo títulos em sua própria moeda. O Brasil avançou muito. Passou de devedor a credor externo e conquistou o grau de investimento. O pecado, agora, seria não poupar a riqueza do petróleo.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Irã convida o Brasil para aderir à Opep, afirma ministro
da Efe
A nova condição do Brasil como potência do petróleo tem sido reconhecida internacionalmente e o país foi convidado para se juntar ao Irã na Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), afirmou hoje o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Segundo ele, sua presença como convidado em reunião da Opep, na Arábia Saudita, é "recebido com homenagens, porque eles estão confiantes que o Brasil será um dos maiores produtores do mundo," disse Lobão.
Mais tarde, acrescentou Lobão, em uma visita ao Brasil, o ministro da Energia do Irã, "convidou o Brasil a aderir à Opep. "Está na consciência deles que o Brasil vai avançar em produção de petróleo, no crescimento econômico e o desenvolvimento social", disse ele.
Lobão acompanhou hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia que marcou o início da produção na camada pré-sal, no Espírito Santo.
"O Brasil já exporta gasolina, óleo e vai exportar mais em breve", afirmou Lobão. Ele salientou que a Petrobras já está presente em 27 países, desde o México até o Irã, em trabalho de exploração, produção e comercialização de hidrocarbonetos.
O tema do Brasil e da Opep ganhou espaço há poucos meses quando foram confirmados depósitos em profundidades que, segundo a Petrobras, nunca antes alcançados, embora geólogos independentes afirmem que, no golfo do México, empresas extraíram em condições similares.
No entanto, Lula e seus ministros salientaram hoje que o Brasil não quer ser um exportador de petróleo bruto, mas combustível e, portanto, está investindo na modernização de suas refinarias e de construção de novas unidades capazes de produzir combustíveis de alta qualidade para atender os rigorosos critérios internacionais.
Recentemente o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, sublinhou que a Opep é uma associação de países exportadores de petróleo, e não combustível, assim, a entrada do Brasil ficaria inviabilizada, mas deixou claro que esta seria uma decisão do governo.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 0708.shtml
da Efe
A nova condição do Brasil como potência do petróleo tem sido reconhecida internacionalmente e o país foi convidado para se juntar ao Irã na Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), afirmou hoje o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Segundo ele, sua presença como convidado em reunião da Opep, na Arábia Saudita, é "recebido com homenagens, porque eles estão confiantes que o Brasil será um dos maiores produtores do mundo," disse Lobão.
Mais tarde, acrescentou Lobão, em uma visita ao Brasil, o ministro da Energia do Irã, "convidou o Brasil a aderir à Opep. "Está na consciência deles que o Brasil vai avançar em produção de petróleo, no crescimento econômico e o desenvolvimento social", disse ele.
Lobão acompanhou hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia que marcou o início da produção na camada pré-sal, no Espírito Santo.
"O Brasil já exporta gasolina, óleo e vai exportar mais em breve", afirmou Lobão. Ele salientou que a Petrobras já está presente em 27 países, desde o México até o Irã, em trabalho de exploração, produção e comercialização de hidrocarbonetos.
O tema do Brasil e da Opep ganhou espaço há poucos meses quando foram confirmados depósitos em profundidades que, segundo a Petrobras, nunca antes alcançados, embora geólogos independentes afirmem que, no golfo do México, empresas extraíram em condições similares.
No entanto, Lula e seus ministros salientaram hoje que o Brasil não quer ser um exportador de petróleo bruto, mas combustível e, portanto, está investindo na modernização de suas refinarias e de construção de novas unidades capazes de produzir combustíveis de alta qualidade para atender os rigorosos critérios internacionais.
Recentemente o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, sublinhou que a Opep é uma associação de países exportadores de petróleo, e não combustível, assim, a entrada do Brasil ficaria inviabilizada, mas deixou claro que esta seria uma decisão do governo.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 0708.shtml
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Apesar das vantagens politicas de se entrar na OPEP deve-se ter ressalvas quanto a possiveis "cavalos de troia" nas vantagens economicas.
A OPEP de certa forma restrinte a total liberdade de como o país cuida do seu petroleo e não sei de que forma isso poderia prejudicar o Brasil que perderia o controle de certas areas.
Vale lembrar que Russia e Noruega por exemplo (e nao vejo o que os impede de entrar) não fazem parte da OPEP, e não deve ser pq servem café ruim .
A OPEP de certa forma restrinte a total liberdade de como o país cuida do seu petroleo e não sei de que forma isso poderia prejudicar o Brasil que perderia o controle de certas areas.
Vale lembrar que Russia e Noruega por exemplo (e nao vejo o que os impede de entrar) não fazem parte da OPEP, e não deve ser pq servem café ruim .
- Edu Lopes
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Exato. Sou contra todo tipo de cartel. Não gostaria de ver o Brasil fazendo parte dessa Opep. Temos que negociar com cada cliente.
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Edu Lopes escreveu:Exato. Sou contra todo tipo de cartel. Não gostaria de ver o Brasil fazendo parte dessa Opep. Temos que negociar com cada cliente.
100% Edu, o Brasil tem uma pauta de exportações diversificada, e o petróleo deveria de ser um atrativo a mais no momento de negociarmos com os futuros clientes (principalmente nos acordos bi-laterais ). O petróleo poderia ser usado como um bom "argumento" para a abertura de mercados aos produtos brasileiros .
Bom, é só mais uma idéia louca de alguém que não deseja ver o Brasil se transformar em simples exportador de petróleo e importador de tudo, como a maioria (senão todos) os membros da OPEP .
unanimidade só existe no cemitério
- Edu Lopes
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Brasil avalia se vai integrar organização que reúne maiores exportadores de petróleo
Plantão | Publicada em 03/09/2008 às 18h49m
Agência Brasil
BRASÍLIA - O Brasil foi convidado para integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que reúne nações como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes, o Irã, Iraque, a Nigéria e a Venezuela, maiores produtores de petróleo do mundo. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, informou, nesta quarta-feira, que recebeu recentemente o convite do embaixador do Irã.
Lobão disse que está pensando sobre o assunto e ainda não levou a questão ao Conselho Nacional de Política Energética.
- Temos que ter prudência na tomada de uma decisão dessa natureza - argumentou.
Lobão explicou que, apesar de a exportação de petróleo brasileiro ainda ser pequena, isso não impede o país de integrar a Opep.
- Não estamos ainda considerando com todo o rigor essa possibilidade - afirmou o ministro.
A intenção de integrar a Opep já foi manifestada anteriormente pelo governo. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a entrada na organização pode ser interessante para o Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também já admitiu que o Brasil poderá integrar a Opep, a partir das novas reservas de petróleo e gás descobertas na camada pré-sal pela Petrobras.
Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/mat/20 ... 074506.asp
Plantão | Publicada em 03/09/2008 às 18h49m
Agência Brasil
BRASÍLIA - O Brasil foi convidado para integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que reúne nações como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes, o Irã, Iraque, a Nigéria e a Venezuela, maiores produtores de petróleo do mundo. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, informou, nesta quarta-feira, que recebeu recentemente o convite do embaixador do Irã.
Lobão disse que está pensando sobre o assunto e ainda não levou a questão ao Conselho Nacional de Política Energética.
- Temos que ter prudência na tomada de uma decisão dessa natureza - argumentou.
Lobão explicou que, apesar de a exportação de petróleo brasileiro ainda ser pequena, isso não impede o país de integrar a Opep.
- Não estamos ainda considerando com todo o rigor essa possibilidade - afirmou o ministro.
A intenção de integrar a Opep já foi manifestada anteriormente pelo governo. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a entrada na organização pode ser interessante para o Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também já admitiu que o Brasil poderá integrar a Opep, a partir das novas reservas de petróleo e gás descobertas na camada pré-sal pela Petrobras.
Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/mat/20 ... 074506.asp
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Reserva do Espírito Santo pode superar 2 bilhões de barris
06/09/2008 - 08h40
ROBERTO MACHADO
da Folha de S.Paulo
O Parque das Baleias, na parte norte da bacia de Campos, no Espírito Santo, pode ter reservas de mais de 2 bilhões de barris de petróleo equivalente (que leva em conta também o reservatório de gás), segundo o gerente de Exploração e Produção da Petrobras no Espírito Santo, Márcio Felix Carvalho.
O campo de Jubarte, onde o presidente Lula "inaugurou" na última terça a produção experimental do pré-sal, é um dos sete campos em desenvolvimento na região --que, menos badalados do que os campos da bacia de Santos (e com menos potencial), também são considerados nova fronteira de exploração.
As reservas "provadas" do Parque das Baleias somam hoje 1,2 bilhão de barris -é esse o dado que consta do balanço da estatal. Mas o piso com que os técnicos da Petrobras trabalham já é de 2 bilhões de barris, concentrados no chamado pós-sal, ou seja, o óleo depositado acima da camada de sal.
A hipótese dos geólogos é que o petróleo "migrou" para o pós-sal e, por isso, diferentemente da bacia de Santos, onde está o campo de Tupi, o potencial das reservas no pré-sal capixaba não é tão promissor.
A exploração da região é relativamente recente, se levar em conta que o desenvolvimento de projetos em águas profundas demanda tempo e dinheiro. Começou em 2001 com a descoberta do campo de Jubarte.
Instalada desde 2006, a plataforma P-34 tem produção potencial de 60 mil barris por dia. Até fins de 2011, a região ganhará o reforço de uma nova plataforma, a P-57. Segundo Carvalho, rapidamente os campos do Parque das Baleias vão começar a produzir em larga escala.
"O volume de óleo é muito significativo e estamos avançando rapidamente, tanto na exploração, com descobertas, como no início dos testes de longa duração. Reforça a diversidade do Espírito Santo, que também tem campos terrestres de petróleo e grande potencial na produção do gás natural."
Para o gerente da Petrobras, o desenvolvimento do Parque das Baleias vai quadruplicar a produção de petróleo no Espírito Santo, que saltará dos atuais 120 mil barris diários para 400 mil a 500 mil em 2015.
Para o gás natural, a expectativa é que a produção, hoje em 8 milhões de metros cúbicos por dia, chegue a 15 milhões já no ano que vem-- o que representará metade do que o país diariamente importa da Bolívia.
Carvalho avalia que a tarefa de ultrapassar a camada de sal para extrair petróleo será feita em "condições mais favoráveis" no Espírito Santo do que no campo de Tupi, por exemplo. "São desafios diferentes."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 2073.shtml
[]´s
06/09/2008 - 08h40
ROBERTO MACHADO
da Folha de S.Paulo
O Parque das Baleias, na parte norte da bacia de Campos, no Espírito Santo, pode ter reservas de mais de 2 bilhões de barris de petróleo equivalente (que leva em conta também o reservatório de gás), segundo o gerente de Exploração e Produção da Petrobras no Espírito Santo, Márcio Felix Carvalho.
O campo de Jubarte, onde o presidente Lula "inaugurou" na última terça a produção experimental do pré-sal, é um dos sete campos em desenvolvimento na região --que, menos badalados do que os campos da bacia de Santos (e com menos potencial), também são considerados nova fronteira de exploração.
As reservas "provadas" do Parque das Baleias somam hoje 1,2 bilhão de barris -é esse o dado que consta do balanço da estatal. Mas o piso com que os técnicos da Petrobras trabalham já é de 2 bilhões de barris, concentrados no chamado pós-sal, ou seja, o óleo depositado acima da camada de sal.
A hipótese dos geólogos é que o petróleo "migrou" para o pós-sal e, por isso, diferentemente da bacia de Santos, onde está o campo de Tupi, o potencial das reservas no pré-sal capixaba não é tão promissor.
A exploração da região é relativamente recente, se levar em conta que o desenvolvimento de projetos em águas profundas demanda tempo e dinheiro. Começou em 2001 com a descoberta do campo de Jubarte.
Instalada desde 2006, a plataforma P-34 tem produção potencial de 60 mil barris por dia. Até fins de 2011, a região ganhará o reforço de uma nova plataforma, a P-57. Segundo Carvalho, rapidamente os campos do Parque das Baleias vão começar a produzir em larga escala.
"O volume de óleo é muito significativo e estamos avançando rapidamente, tanto na exploração, com descobertas, como no início dos testes de longa duração. Reforça a diversidade do Espírito Santo, que também tem campos terrestres de petróleo e grande potencial na produção do gás natural."
Para o gerente da Petrobras, o desenvolvimento do Parque das Baleias vai quadruplicar a produção de petróleo no Espírito Santo, que saltará dos atuais 120 mil barris diários para 400 mil a 500 mil em 2015.
Para o gás natural, a expectativa é que a produção, hoje em 8 milhões de metros cúbicos por dia, chegue a 15 milhões já no ano que vem-- o que representará metade do que o país diariamente importa da Bolívia.
Carvalho avalia que a tarefa de ultrapassar a camada de sal para extrair petróleo será feita em "condições mais favoráveis" no Espírito Santo do que no campo de Tupi, por exemplo. "São desafios diferentes."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 2073.shtml
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"O homem erra quando se convence de ver as coisas como não são. O maior erro ainda é quando se persuade de que não as viu, tendo de fato visto." Alexandre Dumas
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Petrobras desiste de se opor a nova estatal do petróleo
07/09/2008 - 08h24
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
da Folha de S.Paulo
A Petrobras não resiste mais à idéia de criação de uma nova estatal para gerir a riqueza do petróleo e avança nas negociações para um aumento de seu capital por meio da incorporação de áreas ainda não leiloadas próximas ao campo de Tupi, na bacia de Santos.
Depois de um início tenso de conversas com o governo, a Petrobras se convenceu de que a futura empresa a teria como sua parceira estratégica e decidiu priorizar, no curto prazo, entendimentos para garantir a exploração das seis áreas da camada do pré-sal em que é majoritária na bacia de Santos.
O aumento da tributação nos poços que já foram leiloados também está sendo reavaliado pelo governo. A elevação da chamada participação especial, segundo cálculos da área técnica, não garantiria mais dinheiro para a União, uma vez que os recursos têm que ser repartidos com Estados e municípios.
E, quanto mais aumentar a participação especial, menor será o lucro, prejudicando também a arrecadação de Imposto de Renda.
Ainda não há decisão final do Palácio do Planalto sobre os campos em poder da União, mas a área jurídica já analisa como a capitalização da Petrobras poderia ser colocada em vigor. Dentro do governo, há quem avalie até que a operação só poderia ser feita por decreto presidencial, não sendo necessário alterar a legislação.
É que a Constituição diz que a "União poderá contratar" empresas estatais ou privadas para explorar campos de petróleo nas condições previstas em lei.
Como o texto constitucional diz que "poderá", há quem avalie que a União, como dona das reservas, poderia também decidir transferir essas reservas diretamente para uma empresa controlada por ela.
Mas, como a Constituição destaca "nas condições previstas em lei", alguns assessores jurídicos têm outra interpretação, a de que seria necessária mudar a Lei do Petróleo.
Quantificar reservas
Para viabilizar tal operação, o governo terá de quantificar as reservas de petróleo do pré-sal no pólo de Tupi, que engloba, além do campo que leva esse nome, outros como Iara, Júpiter, Caramba e Guará. Apenas no de Tupi a estimativa é de uma reserva de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de óleo.
Especialistas avaliam que, em todo o pólo, incluindo as áreas ainda não leiloadas, as reservas podem chegar a mais de 50 bilhões de barris. Depois de quantificadas, o passo seguinte seria avaliá-las, para então decidir que parcela seria incorporada ao capital da Petrobras para capitalizar a estatal e dar a ela condições financeiras para bancar a exploração.
O governo acredita que esse possa ser o caminho mais rápido para garantir o início da produção comercial do pré-sal, em 2014 --afinal, ali será necessário fazer o processo de unitização, já que as pesquisas indicam a existência de um reservatório único na região.
Com a unitização, é definido quanto cada campo pode explorar. Atualmente, sete blocos do pré-sal já foram leiloados. Em seis a Petrobras é majoritária. No sétimo, a Exxon é a que detém maior participação. Em volta desses campos, as áreas ainda são da União.
Defensor dessa proposta, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) quer ainda que as outras áreas do pré-sal, fora de Tupi, sejam transferidas para a nova estatal, cabendo a ela gerenciar essas riquezas no sistema de partilha de produção.
Descapitalização
De acordo com Mercadante, o governo está inclinado a não leiloar no curto prazo esses demais blocos para evitar descapitalizar a Petrobras, já que, para ela disputar essas novas áreas, teria que desviar recursos destinados hoje para investimentos.
"Eleitoralmente, seria até interessante, o governo arrecadaria recursos com os leilões para gastar agora, mas assim estaríamos prejudicando a Petrobras, que ficaria descapitalizada", disse Mercadante.
Quanto aos estudos sobre a revisão no aumento da tributação, ela teria que ser acompanhada de uma nova repartição dos recursos com governadores e prefeitos. Atualmente, eles ficam com metade do que é cobrado a título de participação especial.
Aumentando o percentual do imposto, a União perderia parte do dinheiro na repartição. Além disso, a mudança teria impacto negativo nos lucros da Petrobras, fazendo com que o governo recolhesse menos IR (Imposto de Renda) sobre o resultado da empresa e também recebesse menos dividendos. Feitas todas as contas, o ganho para o governo federal seria muito baixo para justificar a medida.
Daí a conclusão de que será preciso, de qualquer maneira, discutir com governadores e prefeitos uma nova partilha para os recursos do pré-sal. A avaliação do governo é que o dinheiro hoje é malgasto e ainda muito concentrado em uns poucos beneficiários.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 2249.shtml
[]´s
07/09/2008 - 08h24
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
da Folha de S.Paulo
A Petrobras não resiste mais à idéia de criação de uma nova estatal para gerir a riqueza do petróleo e avança nas negociações para um aumento de seu capital por meio da incorporação de áreas ainda não leiloadas próximas ao campo de Tupi, na bacia de Santos.
Depois de um início tenso de conversas com o governo, a Petrobras se convenceu de que a futura empresa a teria como sua parceira estratégica e decidiu priorizar, no curto prazo, entendimentos para garantir a exploração das seis áreas da camada do pré-sal em que é majoritária na bacia de Santos.
O aumento da tributação nos poços que já foram leiloados também está sendo reavaliado pelo governo. A elevação da chamada participação especial, segundo cálculos da área técnica, não garantiria mais dinheiro para a União, uma vez que os recursos têm que ser repartidos com Estados e municípios.
E, quanto mais aumentar a participação especial, menor será o lucro, prejudicando também a arrecadação de Imposto de Renda.
Ainda não há decisão final do Palácio do Planalto sobre os campos em poder da União, mas a área jurídica já analisa como a capitalização da Petrobras poderia ser colocada em vigor. Dentro do governo, há quem avalie até que a operação só poderia ser feita por decreto presidencial, não sendo necessário alterar a legislação.
É que a Constituição diz que a "União poderá contratar" empresas estatais ou privadas para explorar campos de petróleo nas condições previstas em lei.
Como o texto constitucional diz que "poderá", há quem avalie que a União, como dona das reservas, poderia também decidir transferir essas reservas diretamente para uma empresa controlada por ela.
Mas, como a Constituição destaca "nas condições previstas em lei", alguns assessores jurídicos têm outra interpretação, a de que seria necessária mudar a Lei do Petróleo.
Quantificar reservas
Para viabilizar tal operação, o governo terá de quantificar as reservas de petróleo do pré-sal no pólo de Tupi, que engloba, além do campo que leva esse nome, outros como Iara, Júpiter, Caramba e Guará. Apenas no de Tupi a estimativa é de uma reserva de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de óleo.
Especialistas avaliam que, em todo o pólo, incluindo as áreas ainda não leiloadas, as reservas podem chegar a mais de 50 bilhões de barris. Depois de quantificadas, o passo seguinte seria avaliá-las, para então decidir que parcela seria incorporada ao capital da Petrobras para capitalizar a estatal e dar a ela condições financeiras para bancar a exploração.
O governo acredita que esse possa ser o caminho mais rápido para garantir o início da produção comercial do pré-sal, em 2014 --afinal, ali será necessário fazer o processo de unitização, já que as pesquisas indicam a existência de um reservatório único na região.
Com a unitização, é definido quanto cada campo pode explorar. Atualmente, sete blocos do pré-sal já foram leiloados. Em seis a Petrobras é majoritária. No sétimo, a Exxon é a que detém maior participação. Em volta desses campos, as áreas ainda são da União.
Defensor dessa proposta, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) quer ainda que as outras áreas do pré-sal, fora de Tupi, sejam transferidas para a nova estatal, cabendo a ela gerenciar essas riquezas no sistema de partilha de produção.
Descapitalização
De acordo com Mercadante, o governo está inclinado a não leiloar no curto prazo esses demais blocos para evitar descapitalizar a Petrobras, já que, para ela disputar essas novas áreas, teria que desviar recursos destinados hoje para investimentos.
"Eleitoralmente, seria até interessante, o governo arrecadaria recursos com os leilões para gastar agora, mas assim estaríamos prejudicando a Petrobras, que ficaria descapitalizada", disse Mercadante.
Quanto aos estudos sobre a revisão no aumento da tributação, ela teria que ser acompanhada de uma nova repartição dos recursos com governadores e prefeitos. Atualmente, eles ficam com metade do que é cobrado a título de participação especial.
Aumentando o percentual do imposto, a União perderia parte do dinheiro na repartição. Além disso, a mudança teria impacto negativo nos lucros da Petrobras, fazendo com que o governo recolhesse menos IR (Imposto de Renda) sobre o resultado da empresa e também recebesse menos dividendos. Feitas todas as contas, o ganho para o governo federal seria muito baixo para justificar a medida.
Daí a conclusão de que será preciso, de qualquer maneira, discutir com governadores e prefeitos uma nova partilha para os recursos do pré-sal. A avaliação do governo é que o dinheiro hoje é malgasto e ainda muito concentrado em uns poucos beneficiários.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 2249.shtml
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Esse cara respondeu as perguntas de forma impecável, não por que é de Harvard, mas, sim, por saber o que diz e fazer uma análise mais ampla, consistente e semelhante ao meu. Isso é extremamente raro no Brasil, normalmente, os economistas brasileiros caem nos "ismos", em estudos matemáticos-econométricos de descrição de dados ou no fantástico mundo perfeito dos neoclássicos.Santiago escreveu:http://veja.abril.com.br/270808/entrevista.shtml
Entrevista: Ricardo Hausmann
A poupança do pré-sal
Professor de Harvard afirma que o Brasil não pode cair no
erro da Venezuela de gastar, "aqui e agora", as receitas do
petróleo. É preciso guardá-las para as gerações futuras
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Re: Petróleo: megacampos na Bacia de Santos
Petrobras avalia instalar unidades flutuantes de GNL na área do pré-sal
08/09/2008 - 17h20
CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio
A Petrobras estuda instalar unidades flutuantes de liquefação de gás [que transforma o gás em líquido, para transportar maiores volumes] em mar aberto, próximas às plataformas de produção que serão instaladas na área da camada pré-sal. Segundo a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, serão as primeiras unidades offshore [no mar] a produzir GNL (Gás Natural Liquefeito) em todo o mundo.
Com a iniciativa, conforme Foster, além de atender o mercado doméstico, a Petrobras poderá vender o gás a outras regiões do planeta.
A executiva citou que o investimento poderá variar entre US$ 3,5 bilhões e US$ 10 bilhões, dependendo da capacidade do terminal em alto-mar, que deverá ficar entre 10 milhões de metros cúbicos/dia a 20 milhões de metros cúbicos/dia de gás processado.
"Se tenho dois terminais de regaseificação [plantas de GNL, no Ceará e no Rio], e possivelmente um terceiro, e tenho navios, para que vou buscar esse gás lá na Nigéria, lá no Qatar, se o gás é meu e está a 300 quilômetros da costa? A planta liquefaz, entrega para o meu navio, que pega liquefeito e entrega no mercado doméstico. O navio encosta e bota na planta, que regaseifica. Ou seja, cria-se um mercado doméstico ainda mais flexível, com uma planta de liquefação", afirmou, frisando que o plano não leva em consideração, exclusivamente, áreas na camada pré-sal.
O gás excedente seria colocado no mercado spot (com compras à vista e entrega imediata, sem contratos), ainda segundo Foster. Ela informou que a Petrobras vem analisando a formação de infra-estrutura para o gás natural de forma integrada, que visa à formação de um sistema que dê flexibilidade à companhia. Foster explicou que se trata de uma nova concepção, que está em "discussão bastante intensa".
Sobre as possibilidades de volumes de gás nos campos recém-descobertos, disse que ainda não há nenhuma previsão por parte da companhia, e classificou de mentirosas estimativas sobre volumes de gás no pré-sal.
Maria das Graças Foster informou ainda que as obras do gasoduto ligando Urucu a Manaus, no Amazonas, deverão ser concluídas em dezembro. A operação comercial, no entanto, começará depois, e o prazo final é para setembro de 2009. Ela explicou que a obra, que corta a região Amazônica, atrasou este ano em função de problemas no projeto, que resultaram na troca de procedimentos de engenharia.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 2695.shtml
[]´s
08/09/2008 - 17h20
CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio
A Petrobras estuda instalar unidades flutuantes de liquefação de gás [que transforma o gás em líquido, para transportar maiores volumes] em mar aberto, próximas às plataformas de produção que serão instaladas na área da camada pré-sal. Segundo a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, serão as primeiras unidades offshore [no mar] a produzir GNL (Gás Natural Liquefeito) em todo o mundo.
Com a iniciativa, conforme Foster, além de atender o mercado doméstico, a Petrobras poderá vender o gás a outras regiões do planeta.
A executiva citou que o investimento poderá variar entre US$ 3,5 bilhões e US$ 10 bilhões, dependendo da capacidade do terminal em alto-mar, que deverá ficar entre 10 milhões de metros cúbicos/dia a 20 milhões de metros cúbicos/dia de gás processado.
"Se tenho dois terminais de regaseificação [plantas de GNL, no Ceará e no Rio], e possivelmente um terceiro, e tenho navios, para que vou buscar esse gás lá na Nigéria, lá no Qatar, se o gás é meu e está a 300 quilômetros da costa? A planta liquefaz, entrega para o meu navio, que pega liquefeito e entrega no mercado doméstico. O navio encosta e bota na planta, que regaseifica. Ou seja, cria-se um mercado doméstico ainda mais flexível, com uma planta de liquefação", afirmou, frisando que o plano não leva em consideração, exclusivamente, áreas na camada pré-sal.
O gás excedente seria colocado no mercado spot (com compras à vista e entrega imediata, sem contratos), ainda segundo Foster. Ela informou que a Petrobras vem analisando a formação de infra-estrutura para o gás natural de forma integrada, que visa à formação de um sistema que dê flexibilidade à companhia. Foster explicou que se trata de uma nova concepção, que está em "discussão bastante intensa".
Sobre as possibilidades de volumes de gás nos campos recém-descobertos, disse que ainda não há nenhuma previsão por parte da companhia, e classificou de mentirosas estimativas sobre volumes de gás no pré-sal.
Maria das Graças Foster informou ainda que as obras do gasoduto ligando Urucu a Manaus, no Amazonas, deverão ser concluídas em dezembro. A operação comercial, no entanto, começará depois, e o prazo final é para setembro de 2009. Ela explicou que a obra, que corta a região Amazônica, atrasou este ano em função de problemas no projeto, que resultaram na troca de procedimentos de engenharia.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 2695.shtml
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"O homem erra quando se convence de ver as coisas como não são. O maior erro ainda é quando se persuade de que não as viu, tendo de fato visto." Alexandre Dumas