Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Minha opinião e previsão:
Remédio amargo para o povo norteamericano virá, porém somente após as eleições. Assim como recentemente sucedeu em um certo país tupiniquim, que não direi o nome. Logo após uma eleição o dolar, que era mantido artificialmente baixo, foi liberado. Em poucas semanas triplicou de valor.
Por lá teremos a mesma coisa. Após as eleições haverá sangue, suor e lágrimas.
saudações
Remédio amargo para o povo norteamericano virá, porém somente após as eleições. Assim como recentemente sucedeu em um certo país tupiniquim, que não direi o nome. Logo após uma eleição o dolar, que era mantido artificialmente baixo, foi liberado. Em poucas semanas triplicou de valor.
Por lá teremos a mesma coisa. Após as eleições haverá sangue, suor e lágrimas.
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- Túlio
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
E dê-le o BC comprar MAIS dólares...
Alguém está muito doido ou sabe algo que não sabemos...
INFO: o governo anunciou corte de USD 3 bilhões no orçamento e um aumento do superavit primário em mais de USD 14 bi, para 2008 mesmo...
Alguém tem alguma ideia do que está acontecendo no Brasil? Que a crise ianque está nos nossos calcanhares, não há dúvida...
Alguém está muito doido ou sabe algo que não sabemos...
INFO: o governo anunciou corte de USD 3 bilhões no orçamento e um aumento do superavit primário em mais de USD 14 bi, para 2008 mesmo...
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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- LeandroGCard
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Interessante esta opinião do seu conhecido Soultrain.soultrain escreveu:Born,
Aproveito para agradecer as tuas explicações, pois eu percebo muito pouco de economia, apenas ouço o meu sogro que é economista e se intitula um dos poucos macro-economistas aqui na terrinha e outras individualidades. É no entanto um assunto que me fascina, gostaria de ter tempo de ler os livros que sugere.
Já aqui abordei, levemente, a opinião de alguns políticos proeminentes Portugueses e administradores de Bancos, foi no tópico noticias de Portugal há uns tempos atrás. Fiquei muito admirado pela pessimismo e pela coincidência de opiniões. Defenderam que é necessária uma alteração profunda da economia mundial, alguns uma nova ordem mundial. O processo que começou com a queda do muro de Berlim vai ter um culminar.
O comunismo e o liberalismo, não funcionam assim como a globalização não serve o interesse de todos, só de poucos. Um defendeu um modelo parecido com a União Europeia, estendida ao mundo inteiro, os mesmos regimes laborais, fiscais e leis, acabando com as distorções de concorrência, vai lançar um livro com esta ideia.
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Eu (que não sou economista nem nada, só curioso no assunto mesmo) também já havia chegado à conclusão que a globalização como está (ou estava!) não funciona, são necessárias regras para o controle das relações tanto financeiras quanto de trabalho de forma a evitar que uns poucos privilegiados espertos (indívíduos, organizações e países) se aproveitem das diferenças e especificidades de cada mercado para tirar vantagens, em detrimento da maioria da população e mesmo dos investidores.
Vamos ver como a coisa vai evoluir no futuro próximo. Os próximos anos prometem ser um tempo triste para muitos, mas ainda assim bastante interessantes.
Leandro G. Card
P.S. - Se você souber o título do livro que citou por favor me informe, pois quero ficar atento ao lançamento para poder adquirí-lo.
- soultrain
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Oi Leandro,
Quem vai editar o livro é o António de Almeida Santos, nosso ex. presidente da Assembleia da Républica e Socialista, aqui o perfil:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3n ... ida_Santos
O livro já está escrito, assim que souber da publicação eu aviso.
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Quem vai editar o livro é o António de Almeida Santos, nosso ex. presidente da Assembleia da Républica e Socialista, aqui o perfil:
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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- Wolfgang
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Eu sugeriria, antes que fosse tarde, a submissão mundial ao Império Brasileiro. Economizaria muita dor, ranger de dentes, etc.
Benefícios:
a. Carnaval passaria de uma data regional para global;
b. O mundo e não só o Brasil teria a melhor seleção de futebol;
c. Não faltaria cerveja, churrasco de fim de semana e feijoada;
Alguém precisa mais do que isso para sobreviver?
Benefícios:
a. Carnaval passaria de uma data regional para global;
b. O mundo e não só o Brasil teria a melhor seleção de futebol;
c. Não faltaria cerveja, churrasco de fim de semana e feijoada;
Alguém precisa mais do que isso para sobreviver?
- LeandroGCard
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Esta ação do governo parece estar bem em sintonia com a visão de que uma grande crise vem por aí, e se encaixa dentro de uma estratégia preventiva que acho bastante adequada. No geral acho este governo muito incompetente (assim como o anterior também o era), mas as ações tomadas nas últimas semanas até que me parecem bem orquestradas, incluindo aí a alta dos juros. Acho porém que algumas outras medidas têm que ficar na manga, pois só estas ações de caráter dito "ortodoxo" podem não ser suficientes, e a dose delas também tem que ser muito precisa ou doente vai morrer intoxicado pelo remédio.Túlio escreveu:E dê-le o BC comprar MAIS dólares...
Alguém está muito doido ou sabe algo que não sabemos...
INFO: o governo anunciou corte de USD 3 bilhões no orçamento e um aumento do superavit primário em mais de USD 14 bi, para 2008 mesmo...
Alguém tem alguma ideia do que está acontecendo no Brasil? Que a crise ianque está nos nossos calcanhares, não há dúvida...
Também temos que ver se o pessoal de Brasília realmente sabe o que está fazendo, ou se apenas entrou em pânico e está atirando para todos os lados sem sequer fazer pontaria, pois neste caso alguns tiros até vão para o lado certo de qualquer jeito, mas no final mata-se mais amigos do que inimigos.
Leandro G. Card
- LeandroGCard
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Obrigadão Soultrain, fico no aguardo.soultrain escreveu:Oi Leandro,
Quem vai editar o livro é o António de Almeida Santos, nosso ex. presidente da Assembleia da Républica e Socialista, aqui o perfil:
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Um grande abraço,
Leandro G. Card
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Não gosto do Carnaval, prefiro o Dia de Portugal!Wolfgang escreveu:Eu sugeriria, antes que fosse tarde, a submissão mundial ao Império Brasileiro. Economizaria muita dor, ranger de dentes, etc.
Benefícios:
a. Carnaval passaria de uma data regional para global;
Selecção Brasileira? Não sei o que é isso à anos...b. O mundo e não só o Brasil teria a melhor seleção de futebol;
Aqui também temos isso (de onde é que achas que vocês foram buscar essa vossa faceta?!)c. Não faltaria cerveja, churrasco de fim de semana e feijoada;
Alguém precisa mais do que isso para sobreviver?
Eu! Preciso de ter uma boa CBR-600 RR, um Opel Puma e a minha santa terrinha, sem favelas, sem crime (excepto aquela familia que veio do Cacém e que eu vou que ter partir-lhes as trombas) e acima de tudo a nossa forma de ser e estar na vida que não trocava por nada do mundo (menos alegre, mas simples, humilde e trabalhadora).
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
CAMPANHA ANTI-FLOOD: OU POSTA KÔZA QUE PRESTE, QUE VÁ SOMAR, OU FICA SÓ LENDO. CHAT É NO MSN & QUETALES!!!
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http://www.jornalopcao.com.br/index.asp ... djornal=43
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Ô cabeça, pega leve.. é óbvio que é uma brincadeira. Se a Europa fosse mais brasileira e o Brasil mais europeu, com certeza seria um mundo melhor.cabeça de martelo escreveu:Não gosto do Carnaval, prefiro o Dia de Portugal!Wolfgang escreveu:Eu sugeriria, antes que fosse tarde, a submissão mundial ao Império Brasileiro. Economizaria muita dor, ranger de dentes, etc.
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Selecção Brasileira? Não sei o que é isso à anos...b. O mundo e não só o Brasil teria a melhor seleção de futebol;
Aqui também temos isso (de onde é que achas que vocês foram buscar essa vossa faceta?!)c. Não faltaria cerveja, churrasco de fim de semana e feijoada;
Alguém precisa mais do que isso para sobreviver?
Eu! Preciso de ter uma boa CBR-600 RR, um Opel Puma e a minha santa terrinha, sem favelas, sem crime (excepto aquela familia que veio do Cacém e que eu vou que ter partir-lhes as trombas) e acima de tudo a nossa forma de ser e estar na vida que não trocava por nada do mundo (menos alegre, mas simples, humilde e trabalhadora).
Olha lá que logo, logo, compramos algumas marcas européias, assim como estamos fazendo com os EUA. Te pegamos na curva, ó pá!
Abs
Fabio
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Caro Leo, agradeço a chamada. Nunca pensei em poluir o meu próprio tópico. De resto, peço desculpas porque não tenho mais a oferecer do que piadinhas ruins.LEO escreveu:CAMPANHA ANTI-FLOOD: OU POSTA KÔZA QUE PRESTE, QUE VÁ SOMAR, OU FICA SÓ LENDO. CHAT É NO MSN & QUETALES!!!
Abraços
Fabio
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Não entenda mal, Wolfgang. É que o tópico está muito bom e é apenas para não desviar as ótimas discussões que aqui estão ocorrendo.
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Sorry! ( )
PS: Wolfgang, eu tb estava a brincar.
PS: Wolfgang, eu tb estava a brincar.
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
Ficaste de comentar teu próprio texto, que iniciou o tópico, esqueceste? E isso é MUITO mais do que simples piadinhas...Caro Leo, agradeço a chamada. Nunca pensei em poluir o meu próprio tópico. De resto, peço desculpas porque não tenho mais a oferecer do que piadinhas ruins.
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?
CRISE & ALTERNATIVAS
Construir outro mundo, em meio à tempestade
O signo da próxima década pode ser a turbulência. O declínio do poder norte-americano, agora evidente, é bem-vindo — mas tende a provocar, no curto prazo, desordens e ameaças. Será preciso evitar abismos. Mas, como em toda a encruzilhada, haverá espaço para alternativas e escolhas
Immanuel Wallerstein
(18/07/2008)
No momento em que nos aproximamos da próxima década, é possível antecipar grande turbulência em duas frentes – a arena geopolítica e a economia mundial, com o relativo declínio do poder geopolítico norte-americano, agora percebido por quase todos, e que nem mesmo um Obama presidente será capaz de reverter.
Estamos caminhando para um mundo verdadeiramente multipolar, em que o poder de Estados relativamente fracos tornou-se subitamente muito maior. O Oriente Médio atual é um exemplo. A Turquia agencia a retomada de negociações entre Síria e Israel, congeladas há muito. O Qatar agencia uma trégua negociada entre facções libanesas ferozmente opostas. A Autoridade Palestina retomou negociações com o Hamas. E o governo paquistanês entrou numa trégua de facto com o Taliban nas zonas fronteiriças ao Afeganistão. O significativo destas estas ações é que os Estados Unidos se opuseram a todas elas e foram simplesmente ignorados – sem nenhuma conseqüência séria para qualquer dos atores.
Além os EUA, União Européia e Japão, há agora a Rússia, China, Índia, Irã, Brasil – como líder presumido do bloco sul-americano – e África do Sul – líder presumido do bloco sul-africano.
Há um imenso terreno para alianças, com debate internos sobre parceiros ideais e ampla incerteza sobre o que decidirão. Além disso, outros países como Polônia, Ucrânia, Coréia do Sul, Paquistão, Egito, Nigéria, México e Canadá já não têm certezas sobre quais seus espaços de atuação. A situação geopolítica é claramente distinta de todas que o mundo viveu há um bom tempo. Não é a anarquia total, mas certamente desordem geopolítica maciça.
O declínio do dólar provavelmente prosseguirá. Não está claro se o euro poderá substituí-lo. Pode sobrevir um cenário confuso, em que não há moeda internacional de referência, o que amplia a instabilidade
Esta desordem geopolítica está acompanhada por incertezas agudas sobre a economia mundial. Há, antes de mais nada, o tema das moedas. Vivemos, pelo menos desde 1945, num mundo estabilizado pelo dólar. O declínio dos Estados Unidos, em particular como locus dominante da produção mundial, combinado com a ultra-expansão de sua dívida, causou um sério declínio do dólar, cujo patamar final ainda é obscuro, mas será provavelmente inferior ao atual.
O declínio do dólar representa um sério dilema econômico para outros países, particularmente aqueles que converteram sua nova riqueza em títulos e estoques denominados nesta moeda. Estes países estão divididos entre sustentar os EUA, destino muito importante de suas exportações, e evitar as perdas reais que sofre o valor de seus ativos vinculados ao dólar. Especulam sobre a possibilidade de abandoná-lo. Mas como em todas as saídas financeiras, a questão para os possuidores de ativos é o timing – nem muito cedo, nem tarde demais.
O dólar poderá ser substituído como reserva monetária mundial? O candidato óbvio é o euro. Mas não se sabe ainda se ele poderá cumprir este papel, ou se os governos europeus estão dispostos a promovê-lo a tal condição – embora não seja impossível que o processo os atropele
Em lugar do euro, poderíamos ter uma situação pluri-monetária, em que dólar, euro, iene, o renminbi chinês e a libra fossem todos utilizáveis para transações internacionais? A resposta aqui é similar à das alianças geopolíticas. Não seria a anarquia total, mas certamente desordem, e os governos e produtores tenderiam a sentir-se muito inconfortáveis – para não falar dos aposentados em todo o mundo.
Governos incapazes de assegurar a manutenção da Saúde, Educação e Previdência — três formas-chave de redistribuição social — perderiam legitimidade abruptamente, com eventuais levantes civis
Muitos países grandes viveram amplo aumento tanto de produção quanto nos níveis de consumo. Veja-se os tão-comentados BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – que abrigam cerca de 60% da população mundial O aumento em seus níveis de produção e consumo produzir um enorme aumento da demanda por energia, matérias-primas, alimentos e água. Alguma coisa vai acontecer. Pode haver uma grande onda mundial de inflação, se os preços de todas as commodities continuarem a disparar, alimentados pelo crescimento da demanda e pela especulação. Uma conseqüência não-descartável seria o protecionismo maciço: governos limitando fortemente as exportações, para proteger seu abastecimento interno.
As experiências anteriores mostram que isso pode criar círculos viciosos erráticos. Ou pode haver enormes desabastecimentos localizados, resultando em altos índices de mortalidade e sérias catástrofes ambientais.
Os governos atingidos por quedas na receita, e pressionados a não compensá-las via aumentos de tributos, poderiam cortar despesas nas áreas-chaves de Educação, Saúde e Previdência. Mas são terrenos que, como parte da democratização do mundo nos dois últimos séculos, transformaram-se nas expectativas mais importantes das sociedades em relação a seus governos. Dirigentes incapazes de assegurar a manutenção destas três formas de redistribuição social da riqueza perderiam legitimidade abruptamente, com resultados incertos em termos de levantes civis.
É exatamente a este cenário, muito negativo a curto prazo, que nos referimos quando dizemos que o sistema ultrapassou o equilíbrio, ingressando num estado de caos. O caos, é claro, nunca dura para sempre. As situações caóticas acabam gestando a própria solução de suas crises, naquilo que Prigogine e Stengers chamaram de “ordem emanada do caos”, em sua obra clássica, [1]. Como os autores frisam, no centro de uma encruzilhada há criatividade e alternativas, mas nunca se sabe que escolhas serão feitas.
Debatamos o rumo a seguir, ignorando os Estados e os objetivos nacionais. Assumamos, porém compromissos com ambos no curto prazo, para evitar os abismos
Na batalha entre esquerda e direita, a primeira viveu um ascenso vertiginoso nos últimos duzentos anos – especialmente no século 20. A esquerda mobilizou apoio em grande escala e com muita eficácia. Houve um momento, no pós-II Guerra, em que isso parecia ocorrer em toda parte e de todas as maneiras.
Então, vieram as grandes desilusões. Os Estados onde os movimentos anti-sistêmicos chegaram ao poder, de uma ou de outra maneira, estiveram na prática muito distantes daquilo que as forças populares esperavam deles. E a irreversibilidade destes regimes mostrou-se outra ilusão. No início dos anos 90, todo o triunfalismo da esquerda mundial tinha sido varrido – e substituído por uma letargia generalizada, freqüentemente uma sensação de fracasso.
Porém como sabemos, o sentimento de vitória da direita evaporou-se igualmente – de modo ainda mais espetacular quando afundou a aposta dos neoconservadores, que apostavam numa permanente dominação imperial norte-americana. Da rebelião zapatista em 1994 aos protestos bem-sucedidos que inviabilizaram a reunião da OMC em Seattle, em 1999, e à fundação do Fórum Social Mundial (FSM), em 2001, em Porto Alegre, uma esquerda reacesa e transformada emergiu na cena mundial.
Vivemos num ambiente mundial caótico e é difícil enxergar com clareza. É mais ou menos como tentar seguir adiante numa grande tempestade de neve. Os que quiserem sobreviver precisam examinar tanto a bússola — para saber em que direção caminhar — quanto o terreno alguns centímetros à frente – para não despencar em algum precipício. A bússola guia nossos objetivos de médio prazo, indica o tipo de novo sistema mundial que queremos construir. Os centímetros à nossa frente são a política do mal menor. Se não nos preocuparmos com ambos, estaremos perdidos. Debatamos o rumo da bússola, ignorando os Estados e os objetivos nacionais. Assumamos, porém compromissos com ambos no curto prazo, para evitar os abismos. Desse modo, teremos uma chance de sobrevivência, uma chance de construir o outro mundo possível.
Mais
Publicado originalmente pela Yale Global Magazine, do Centro de Estudos sobre a Globalização da Universidade de Yale
[1] Ilya Prigogine & Isabelle Stengers. A Nova Aliança: Metamorfose da Ciência. Editora da UnB, Brasília, 1984
http://diplo.uol.com.br/2008-07,a2502