Última Fronteira do Brasil
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- Marino
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Re: Última Fronteira do Brasil
Do JB:
Brasil é pioneiro no redesenho do mapa submarino junto à ONU
O Brasil tem uma extensão superior a 8,5 milhões de km² em terra e equivalente a 4,2 milhões de km² em mar, que abriga um potencial de riqueza tão grande quanto o anterior. Desde o ano passado, os livros didáticos estão autorizados a ensinar que o Brasil tem exatos 12,712 milhões de km², e não os apenas 8,5 milhões de km² informados às gerações anteriores, porque ampliou seu domínio marítimo.
Para conquistar este espaço de terra encharcada, o Brasil encaminhou em 2004 um pedido à ONU de extensão de sua plataforma continental. O país desenvolveu um minucioso trabalho de mapeamento científico da área a partir de um detalhamento feito pela Marinha durante 17 anos (de 1987 a 2004) com investimento de US$ 40 milhões – metade dos quais bancados pela Petrobras. No chamado Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira, navios da Marinha percorreram 230 mil km.
Três anos mais tarde, a ONU deu sinal verde para o Brasil incorporar, para além das 200 milhas náuticas, mais 712 mil km² de extensão da plataforma continental, acatando 80 % do seu pedido.
– O Brasil demonstrou seu firme propósito de ocupar e explorar, pacificamente, as áreas oceânicas do Atlântico Sul sob sua jurisdição – diz o comandante Alexandre Tagore.
Na área, correspondente ao tamanho dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, o país também já tem assegurada a soberania de exploração e aproveitamento de todos os recursos naturais do solo e do subsolo marinhos.
– É uma área bastante extensa e praticamente inexplorada, com exceção do petróleo – avalia o professor do Instituto Oceanográfico da USP Belmiro Mendes de Castro Filho, um dos coordenadores da pesquisa encomendada pelo governo.
No início do mês, o presidente Lula determinou a continuação dos trabalhos, o que deve resultar no envio de uma contraproposta do Brasil à CLPC relativa aos 20 % do pedido original rejeitado.
O comandante Tagore ratifica que "apesar das inúmeras atividades de pesquisa realizadas na área, nossa margem continental ainda precisa ser mais pesquisada e estudada":
– Além de petróleo e gás, os fundos marinhos da nossa plataforma continental poderão ser ricos em outros tipos de recursos, tais como nódulos polimetálicos, crostas cobaltíferas e sulfetos polimetálicos.
O Brasil foi o segundo país a pedir a ampliação de sua área de mar depois da Rússia – que não foi atendida por não ter a fronteira marítima bem delimitada. Depois do Brasil, Austrália, Irlanda, Nova Zelândia, França, Irlanda, Espanha, Reino Unido, Noruega, França, México, Barbados, Reino Unido e Indonésia pleitearam a expansão de seus mares.
O pioneirismo brasileiro deve-se ao fato de que "nossa margem continental é comprovadamente rica em petróleo e possivelmente em outros recursos minerais", diz Tagore:
– Além disso, estamos tratando da última fronteira do Estado brasileiro a ser estabelecida, razão pela qual a Marinha e demais entidades da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar envolvidas no tema engajaram-se decididamente desde o primeiro momento.
O senador Pedro Simon garante que "o Brasil vai lutar o máximo possível para defender sua soberania marítima":
– Nenhum país tem um estudo tão aprofundado como o Brasil, que tem tecnologia de ponta para explorar o fundo do mar.
Defesa da Amazônia Azul é estratégica
Descoberta de petróleo no limite do território marítimo brasileiro pressiona por expansão da soberania
Camila Arêas
Chamado de Amazônia Azul, o território marítimo brasileiro, duas vezes maior que o Estado do Amazonas, entrou no foco das preocupações políticas. No momento em que os mais recentes poços de petróleo encontrados pela Petrobras encostam no limite de 200 milhas náuticas da área considerada de exploração exclusiva do Brasil, a reativação em junho da Quarta Frota da Marinha americana para operações militares nas Américas do Sul, Central e Caribe, conjuga um quadro de inquietação.
Potências estrangeiras têm interesses econômicos e estratégicos na questão. Os Estados Unidos não são signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), o acordo internacional que estabelece o limite dos mares territoriais de cada nação costeira, do qual o Brasil é signatário desde 1982. E, mês passado, reativaram a Quarta Frota, unidade naval que, segundo o Pentágono, vai patrulhar águas internacionais da costa sul-americana.
Por iniciativa do senador Pedro Simon, a Comissão de Relações Exteriores do Senado decidiu escrever uma carta dirigida aos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama e John McCain. No documento, foi formalizada a preocupação do Senado brasileiro com a reativação da Frota.
– O Brasil precisa defender seu mar territorial, pois é nessa área que está o petróleo cobiçado em todo o mundo. O ministério da Defesa prevê que os próximos poços descobertos ultrapassem a extensão de soberania brasileira. As riquezas em alto-mar se valorizaram muito nos últimos anos. De um lado estão as riquezas marítimas da plataforma continental e de outro a Amazônia, está claro que a não assinatura do acordo é uma estratégia dos EUA.
Ouro negro
Geógrafo da USP, Aziz Nacib Ab' Saber sustenta a preocupação do ministério da Defesa em relação a novas descobertas de petróleo com base na teoria da formação das bacias sedimentares:
– No período de separação entre a América do Sul e a África, ambas costas foram inundadas com bolos sedimentares de algas e restos de animais. Em seguida, levantaram-se os blocos continentais e as bacias sedimentares se aprofundaram, gerando um aquecimento geotérmico que acelerou a transformação deste bolo biogênico em óleo. O petróleo é fruto do movimento tectônico.
O geógrafo conclui que "entre América do Sul e África há muito petróleo que ultrapassa nossa extensão marítima", ressaltando ser preciso "defender o patrimônio, que parte inalienável da soberania brasileira".
A camada pré-sal, com reservatórios biogênicos que se estendem por 800 km do Espírito Santo a Santa Catarina, pode conter um volume de petróleo capaz de colocar o Brasil entre as maiores potências petrolíferas. Até agora, a Petrobras estimou apenas as reservas do campo de Tupi, em entre 5 a 8 bilhões de barris de óleo, mas fala-se em 33 bilhões de barris só na bacia de Santos.
O Brasil já negocia com a França um acordo para a construção de um submarino à propulsão nuclear que ajudaria na proteção dessas áreas.
Perito brasileiro da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) junto à ONU, o oficial da Marinha Alexandre Tagore Albuquerque pondera que "em todas as declarações do governo americano consta a afirmação de que respeitarão a jurisdição dos Estados costeiros em relação aos seus espaços marítimos", mas ressalta a soberania brasileira:
– Limites de fronteira são uma questão de Estado que invariavelmente envolvem a economia, posto que em última análise o território terrestre ou marítimo será sempre importante fonte de recursos naturais. O interesse de qualquer potência estrangeira não pode ir além do que preconiza o direito internacional. É disso que tratamos.
A Quarta Frota atuou entre os anos de 1943 e 1950 e foi reativada mês passado, sem explicações ou aviso prévio aos países da região que vai patrulhar. O sobressalto levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a dizer que "Os EUA poderão atuar em áreas não jurisdicionais brasileiras. Aqui não entra!".
Simon conta que o chanceler Celso Amorim "recebeu um telefonema da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, desculpando-se por não ter se dirigido antes aos governos da América Latina".
O senador questiona por que um presidente em final de mandato como George Bush tomou uma atitude como esta sem consultas.
– Por isso queremos saber qual é a posição dos presidenciáveis americanos sobre o tema – insiste. – É uma disputa nova, sem experiências antecedentes. É necessário abrir um diálogo com os presidentes latinos.
Jobim declarou que uma das prioridades da política nacional de defesa, que será anunciada dia 7 de setembro, reestruturar os conceitos da defesa da soberania nacional. Nesse sentido, chegou a defender que a Petrobras colabore com o reaparelhamento da Marinha, que receberia parte dos royalties resultantes da exploração de petróleo.
Brasil é pioneiro no redesenho do mapa submarino junto à ONU
O Brasil tem uma extensão superior a 8,5 milhões de km² em terra e equivalente a 4,2 milhões de km² em mar, que abriga um potencial de riqueza tão grande quanto o anterior. Desde o ano passado, os livros didáticos estão autorizados a ensinar que o Brasil tem exatos 12,712 milhões de km², e não os apenas 8,5 milhões de km² informados às gerações anteriores, porque ampliou seu domínio marítimo.
Para conquistar este espaço de terra encharcada, o Brasil encaminhou em 2004 um pedido à ONU de extensão de sua plataforma continental. O país desenvolveu um minucioso trabalho de mapeamento científico da área a partir de um detalhamento feito pela Marinha durante 17 anos (de 1987 a 2004) com investimento de US$ 40 milhões – metade dos quais bancados pela Petrobras. No chamado Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira, navios da Marinha percorreram 230 mil km.
Três anos mais tarde, a ONU deu sinal verde para o Brasil incorporar, para além das 200 milhas náuticas, mais 712 mil km² de extensão da plataforma continental, acatando 80 % do seu pedido.
– O Brasil demonstrou seu firme propósito de ocupar e explorar, pacificamente, as áreas oceânicas do Atlântico Sul sob sua jurisdição – diz o comandante Alexandre Tagore.
Na área, correspondente ao tamanho dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, o país também já tem assegurada a soberania de exploração e aproveitamento de todos os recursos naturais do solo e do subsolo marinhos.
– É uma área bastante extensa e praticamente inexplorada, com exceção do petróleo – avalia o professor do Instituto Oceanográfico da USP Belmiro Mendes de Castro Filho, um dos coordenadores da pesquisa encomendada pelo governo.
No início do mês, o presidente Lula determinou a continuação dos trabalhos, o que deve resultar no envio de uma contraproposta do Brasil à CLPC relativa aos 20 % do pedido original rejeitado.
O comandante Tagore ratifica que "apesar das inúmeras atividades de pesquisa realizadas na área, nossa margem continental ainda precisa ser mais pesquisada e estudada":
– Além de petróleo e gás, os fundos marinhos da nossa plataforma continental poderão ser ricos em outros tipos de recursos, tais como nódulos polimetálicos, crostas cobaltíferas e sulfetos polimetálicos.
O Brasil foi o segundo país a pedir a ampliação de sua área de mar depois da Rússia – que não foi atendida por não ter a fronteira marítima bem delimitada. Depois do Brasil, Austrália, Irlanda, Nova Zelândia, França, Irlanda, Espanha, Reino Unido, Noruega, França, México, Barbados, Reino Unido e Indonésia pleitearam a expansão de seus mares.
O pioneirismo brasileiro deve-se ao fato de que "nossa margem continental é comprovadamente rica em petróleo e possivelmente em outros recursos minerais", diz Tagore:
– Além disso, estamos tratando da última fronteira do Estado brasileiro a ser estabelecida, razão pela qual a Marinha e demais entidades da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar envolvidas no tema engajaram-se decididamente desde o primeiro momento.
O senador Pedro Simon garante que "o Brasil vai lutar o máximo possível para defender sua soberania marítima":
– Nenhum país tem um estudo tão aprofundado como o Brasil, que tem tecnologia de ponta para explorar o fundo do mar.
Defesa da Amazônia Azul é estratégica
Descoberta de petróleo no limite do território marítimo brasileiro pressiona por expansão da soberania
Camila Arêas
Chamado de Amazônia Azul, o território marítimo brasileiro, duas vezes maior que o Estado do Amazonas, entrou no foco das preocupações políticas. No momento em que os mais recentes poços de petróleo encontrados pela Petrobras encostam no limite de 200 milhas náuticas da área considerada de exploração exclusiva do Brasil, a reativação em junho da Quarta Frota da Marinha americana para operações militares nas Américas do Sul, Central e Caribe, conjuga um quadro de inquietação.
Potências estrangeiras têm interesses econômicos e estratégicos na questão. Os Estados Unidos não são signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), o acordo internacional que estabelece o limite dos mares territoriais de cada nação costeira, do qual o Brasil é signatário desde 1982. E, mês passado, reativaram a Quarta Frota, unidade naval que, segundo o Pentágono, vai patrulhar águas internacionais da costa sul-americana.
Por iniciativa do senador Pedro Simon, a Comissão de Relações Exteriores do Senado decidiu escrever uma carta dirigida aos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama e John McCain. No documento, foi formalizada a preocupação do Senado brasileiro com a reativação da Frota.
– O Brasil precisa defender seu mar territorial, pois é nessa área que está o petróleo cobiçado em todo o mundo. O ministério da Defesa prevê que os próximos poços descobertos ultrapassem a extensão de soberania brasileira. As riquezas em alto-mar se valorizaram muito nos últimos anos. De um lado estão as riquezas marítimas da plataforma continental e de outro a Amazônia, está claro que a não assinatura do acordo é uma estratégia dos EUA.
Ouro negro
Geógrafo da USP, Aziz Nacib Ab' Saber sustenta a preocupação do ministério da Defesa em relação a novas descobertas de petróleo com base na teoria da formação das bacias sedimentares:
– No período de separação entre a América do Sul e a África, ambas costas foram inundadas com bolos sedimentares de algas e restos de animais. Em seguida, levantaram-se os blocos continentais e as bacias sedimentares se aprofundaram, gerando um aquecimento geotérmico que acelerou a transformação deste bolo biogênico em óleo. O petróleo é fruto do movimento tectônico.
O geógrafo conclui que "entre América do Sul e África há muito petróleo que ultrapassa nossa extensão marítima", ressaltando ser preciso "defender o patrimônio, que parte inalienável da soberania brasileira".
A camada pré-sal, com reservatórios biogênicos que se estendem por 800 km do Espírito Santo a Santa Catarina, pode conter um volume de petróleo capaz de colocar o Brasil entre as maiores potências petrolíferas. Até agora, a Petrobras estimou apenas as reservas do campo de Tupi, em entre 5 a 8 bilhões de barris de óleo, mas fala-se em 33 bilhões de barris só na bacia de Santos.
O Brasil já negocia com a França um acordo para a construção de um submarino à propulsão nuclear que ajudaria na proteção dessas áreas.
Perito brasileiro da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) junto à ONU, o oficial da Marinha Alexandre Tagore Albuquerque pondera que "em todas as declarações do governo americano consta a afirmação de que respeitarão a jurisdição dos Estados costeiros em relação aos seus espaços marítimos", mas ressalta a soberania brasileira:
– Limites de fronteira são uma questão de Estado que invariavelmente envolvem a economia, posto que em última análise o território terrestre ou marítimo será sempre importante fonte de recursos naturais. O interesse de qualquer potência estrangeira não pode ir além do que preconiza o direito internacional. É disso que tratamos.
A Quarta Frota atuou entre os anos de 1943 e 1950 e foi reativada mês passado, sem explicações ou aviso prévio aos países da região que vai patrulhar. O sobressalto levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a dizer que "Os EUA poderão atuar em áreas não jurisdicionais brasileiras. Aqui não entra!".
Simon conta que o chanceler Celso Amorim "recebeu um telefonema da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, desculpando-se por não ter se dirigido antes aos governos da América Latina".
O senador questiona por que um presidente em final de mandato como George Bush tomou uma atitude como esta sem consultas.
– Por isso queremos saber qual é a posição dos presidenciáveis americanos sobre o tema – insiste. – É uma disputa nova, sem experiências antecedentes. É necessário abrir um diálogo com os presidentes latinos.
Jobim declarou que uma das prioridades da política nacional de defesa, que será anunciada dia 7 de setembro, reestruturar os conceitos da defesa da soberania nacional. Nesse sentido, chegou a defender que a Petrobras colabore com o reaparelhamento da Marinha, que receberia parte dos royalties resultantes da exploração de petróleo.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Última Fronteira do Brasil
Gazeta Mercantil:
Brasil vai pesquisar ouro e diamante no mar
Luciana Collet
São Paulo, 28 de Julho de 2008 - Em tempos de alta dos preços das commodities metálicas, projetos antes inviáveis tornam-se cada vez mais competitivos e a busca por novas reservas é mais agressiva. Por isso, a pesquisa da geologia marinha e os projetos para exploração de recursos minerais no mar, que há algum tempo poderiam ser considerados quimeras de Julio Verne, em seu "20 mil Léguas Submarinas", hoje são assunto de grandes companhias e nações desenvolvidas e envolvem milhões de dólares.
Atualmente são estudadas, prospectadas e até exploradas formações geológicas que podem apresentar reservas significativas de metais como cobre, zinco, chumbo, ouro e prata. Além disso, em algumas regiões do planeta areias, cascalhos, carvão e diamantes já são produzidos a partir de depósitos no leito marinho. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 25% da produção de areia e cascalho é feita no mar; no Japão, 30% do carvão é proveniente de jazimentos submarinos. Diamantes são retirados das praias da África do Sul e da Namíbia, consideradas as áreas marinhas mais ricas na pedra preciosa.
Milhas e milhas distantes
No Brasil, porém, o recurso mineral que há anos vem sendo estudado no território marítimo e hoje já conta com bom volume de produção é o petróleo. Pouco se conhece sobre o potencial geológico marinho do Brasil. E o País não possui sequer produção de areia e cascalho, que poderia ser utilizada para a recuperação de praias erodidas e principalmente para abastecer a indústria da construção, que sabidamente possui um déficit de alguns insumos, como areia e cascalho.
Mas, a situação está mudando, pelo menos no ponto de vista da pesquisa. Atualmente diversos estudos sobre a geologia marinha brasileira estão em andamento, projetos que já têm aprovados R$ 4,5 milhões em recursos e para os quais já foram solicitados, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões.
A tarefa está a cargo do Sistema Geológico do Brasil - também chamado de Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais (CPRM), empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A idéia, segundo revelou o diretor-presidente da CPRM, Agamenon Sérgio Lucas Dantas, é estudar o potencial de exploração especialmente de rochas polimetálicas (em que estão presentes depósitos de metais não ferrosos como cobalto, manganês e níquel), granulados marinhos e fosfolitos.
Não é exatamente a primeira vez que o Brasil tenta realizar esse estudo. Desde 2001 o MME tem planejado realizar a pesquisa do potencial mineral da plataforma continental e criou o "Programa de Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Jurídica do Brasil (Remplac)", o que deveria levar cerca de 10 anos e estava orçado em aproximadamente R$ 900 milhões. No entanto, os custos exigidos contrastavam, e muito, com o orçamento disponível para o levantamento, de entre R$ 300 mil e R$ 400 mil por ano. "Era uma proposta muito ambiciosa, de um projeto completo, mas a um custo muito alto", afirmou Reinaldo Brito, chefe do departamento de recursos minerais do CRPM.
Projetos
Por isso hoje o órgão governamental passou a focar os esforços em alguns projetos principais em regiões específicas. O mais desenvolvido deles é o Projeto Granmar, de avaliação do potencial mineral dos granulados marinhos (para uso no combate à erosão das praias e insumos para a construção civil, como areia, sílica industrial e carbonato de cálcio), na plataforma continental rasa do Ceará, no qual devem ser gastos R$ 8,5 milhões até 2010.
Além disso, existem outros três projetos em andamento: o Projeto Ouro Viseu Carutapera, para avaliação do potencial mineral de ouro e metais pesados associados na plataforma continental Pará-Maranhão; o Projeto Diamante do Jequitinhonha, de estudo dos depósitos de diamantes na foz do Rio Jequitinhonha; e o Projeto Fosforita de Santa Catarina, que visa pesquisar depósitos de fosforita das bacias de Pelotas e Santos.
Os recursos já obtidos, dentro do Projeto Piloto de Investimento (PPI) foi aplicado em capacitação e aquisição de equipamentos, o que possibilitou o início dos programas. O orçamento para 2008 é de R$ 1,78 milhão.
Embora seja uma iniciativa importante e necessária, para estar à medida do possível pari passu com o desenvolvimento internacional da pesquisa e exploração marinha, o Brasil ainda não possui sequer um mapeamento geológico mais detalhado de todo o território nacional emerso. "As pesquisas minerais marinhas também são importantes do ponto de vista geopolítico", disse Brito. "Assim vamos nos credenciando também para ir para áreas marítimas internacionais."
De fato, já existem equipes internacionais que em consórcio realizam pesquisas nas chamadas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites da soberania nacional. São trabalhos para a exploração dos nódulos polimetálicos e existem contratos com seis investidores pioneiros, como Japão e Alemanha. "Seria interessante se o País pudesse colocar um pesquisador e ser sócio em uma rodada de pesquisa, mas para isso seria necessário colaborar com cerca de US$ 6 milhões", volume superior ao que o Brasil atualmente dispõe para toda a pesquisa da geologia marítima brasileira.
De qualquer forma, o País já solicitou algumas áreas internacionais situadas no Atlântico Sul, limítrofes à plataforma continental jurídica brasileira, onde há presença de sulfetos polimetálicos e crostas cobaltíferas.
Diferentes áreas marítimas e as definições
28 de Julho de 2008 - Os limites da jurisdição nacional do espaço oceânico estavam em negociação entre os países desde 1973. A regulamentação, que determinou esses limites, bem como direitos e deveres dos países para a exploração do mar, foi definida na Convenção das Nações Unidas sobre o Direto do Mar, em 1982. O documento estabelece que todas as nações costeiras têm direito a um mar territorial, que possui até 12 milhas marítimas a partir da marca mais baixa deixada pela água ao longo da costa. Nesta área o país é soberano sobre as águas, o solo e o subsolo, o espaço aéreo sobrejacente, com direito exclusivo sobre recursos vivos e não-vivos.
Além disso, os Estados estabelecem uma zona econômica explusiva, que não deve se estender além das 200 milhas marítimas. Nessa região, o país não possui jurisdição absoluta, mas tem soberania exclusiva para a exploração e aproveitamento, gestão e conservação de recursos marinhos, do subsolo e águas adjacentes e, exerce jurisdição sobre as investigações científicas marinhas. A navegação e o sobrevôo são livres.
A zona econômica exclusiva é, em boa medida, a plataforma continental, definida como o prolongamento submerso de massa terrestre até a borda exterior, a margem continental. Quando essa plataforma se estende além das 200 milhas, a Convenção prevê critérios para estabelecer limites externos. O Brasil já solicitou à ONU uma extensão da plataforma continental correspondente a 1 milhão de km.
Nas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites dos Estados, os recursos são considerados patrimônio da humanidade. Para pesquisar e eventualmente explorar essa região, os países podem solicitar reservas de áreas.
Brasil vai pesquisar ouro e diamante no mar
Luciana Collet
São Paulo, 28 de Julho de 2008 - Em tempos de alta dos preços das commodities metálicas, projetos antes inviáveis tornam-se cada vez mais competitivos e a busca por novas reservas é mais agressiva. Por isso, a pesquisa da geologia marinha e os projetos para exploração de recursos minerais no mar, que há algum tempo poderiam ser considerados quimeras de Julio Verne, em seu "20 mil Léguas Submarinas", hoje são assunto de grandes companhias e nações desenvolvidas e envolvem milhões de dólares.
Atualmente são estudadas, prospectadas e até exploradas formações geológicas que podem apresentar reservas significativas de metais como cobre, zinco, chumbo, ouro e prata. Além disso, em algumas regiões do planeta areias, cascalhos, carvão e diamantes já são produzidos a partir de depósitos no leito marinho. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 25% da produção de areia e cascalho é feita no mar; no Japão, 30% do carvão é proveniente de jazimentos submarinos. Diamantes são retirados das praias da África do Sul e da Namíbia, consideradas as áreas marinhas mais ricas na pedra preciosa.
Milhas e milhas distantes
No Brasil, porém, o recurso mineral que há anos vem sendo estudado no território marítimo e hoje já conta com bom volume de produção é o petróleo. Pouco se conhece sobre o potencial geológico marinho do Brasil. E o País não possui sequer produção de areia e cascalho, que poderia ser utilizada para a recuperação de praias erodidas e principalmente para abastecer a indústria da construção, que sabidamente possui um déficit de alguns insumos, como areia e cascalho.
Mas, a situação está mudando, pelo menos no ponto de vista da pesquisa. Atualmente diversos estudos sobre a geologia marinha brasileira estão em andamento, projetos que já têm aprovados R$ 4,5 milhões em recursos e para os quais já foram solicitados, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões.
A tarefa está a cargo do Sistema Geológico do Brasil - também chamado de Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais (CPRM), empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A idéia, segundo revelou o diretor-presidente da CPRM, Agamenon Sérgio Lucas Dantas, é estudar o potencial de exploração especialmente de rochas polimetálicas (em que estão presentes depósitos de metais não ferrosos como cobalto, manganês e níquel), granulados marinhos e fosfolitos.
Não é exatamente a primeira vez que o Brasil tenta realizar esse estudo. Desde 2001 o MME tem planejado realizar a pesquisa do potencial mineral da plataforma continental e criou o "Programa de Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Jurídica do Brasil (Remplac)", o que deveria levar cerca de 10 anos e estava orçado em aproximadamente R$ 900 milhões. No entanto, os custos exigidos contrastavam, e muito, com o orçamento disponível para o levantamento, de entre R$ 300 mil e R$ 400 mil por ano. "Era uma proposta muito ambiciosa, de um projeto completo, mas a um custo muito alto", afirmou Reinaldo Brito, chefe do departamento de recursos minerais do CRPM.
Projetos
Por isso hoje o órgão governamental passou a focar os esforços em alguns projetos principais em regiões específicas. O mais desenvolvido deles é o Projeto Granmar, de avaliação do potencial mineral dos granulados marinhos (para uso no combate à erosão das praias e insumos para a construção civil, como areia, sílica industrial e carbonato de cálcio), na plataforma continental rasa do Ceará, no qual devem ser gastos R$ 8,5 milhões até 2010.
Além disso, existem outros três projetos em andamento: o Projeto Ouro Viseu Carutapera, para avaliação do potencial mineral de ouro e metais pesados associados na plataforma continental Pará-Maranhão; o Projeto Diamante do Jequitinhonha, de estudo dos depósitos de diamantes na foz do Rio Jequitinhonha; e o Projeto Fosforita de Santa Catarina, que visa pesquisar depósitos de fosforita das bacias de Pelotas e Santos.
Os recursos já obtidos, dentro do Projeto Piloto de Investimento (PPI) foi aplicado em capacitação e aquisição de equipamentos, o que possibilitou o início dos programas. O orçamento para 2008 é de R$ 1,78 milhão.
Embora seja uma iniciativa importante e necessária, para estar à medida do possível pari passu com o desenvolvimento internacional da pesquisa e exploração marinha, o Brasil ainda não possui sequer um mapeamento geológico mais detalhado de todo o território nacional emerso. "As pesquisas minerais marinhas também são importantes do ponto de vista geopolítico", disse Brito. "Assim vamos nos credenciando também para ir para áreas marítimas internacionais."
De fato, já existem equipes internacionais que em consórcio realizam pesquisas nas chamadas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites da soberania nacional. São trabalhos para a exploração dos nódulos polimetálicos e existem contratos com seis investidores pioneiros, como Japão e Alemanha. "Seria interessante se o País pudesse colocar um pesquisador e ser sócio em uma rodada de pesquisa, mas para isso seria necessário colaborar com cerca de US$ 6 milhões", volume superior ao que o Brasil atualmente dispõe para toda a pesquisa da geologia marítima brasileira.
De qualquer forma, o País já solicitou algumas áreas internacionais situadas no Atlântico Sul, limítrofes à plataforma continental jurídica brasileira, onde há presença de sulfetos polimetálicos e crostas cobaltíferas.
Diferentes áreas marítimas e as definições
28 de Julho de 2008 - Os limites da jurisdição nacional do espaço oceânico estavam em negociação entre os países desde 1973. A regulamentação, que determinou esses limites, bem como direitos e deveres dos países para a exploração do mar, foi definida na Convenção das Nações Unidas sobre o Direto do Mar, em 1982. O documento estabelece que todas as nações costeiras têm direito a um mar territorial, que possui até 12 milhas marítimas a partir da marca mais baixa deixada pela água ao longo da costa. Nesta área o país é soberano sobre as águas, o solo e o subsolo, o espaço aéreo sobrejacente, com direito exclusivo sobre recursos vivos e não-vivos.
Além disso, os Estados estabelecem uma zona econômica explusiva, que não deve se estender além das 200 milhas marítimas. Nessa região, o país não possui jurisdição absoluta, mas tem soberania exclusiva para a exploração e aproveitamento, gestão e conservação de recursos marinhos, do subsolo e águas adjacentes e, exerce jurisdição sobre as investigações científicas marinhas. A navegação e o sobrevôo são livres.
A zona econômica exclusiva é, em boa medida, a plataforma continental, definida como o prolongamento submerso de massa terrestre até a borda exterior, a margem continental. Quando essa plataforma se estende além das 200 milhas, a Convenção prevê critérios para estabelecer limites externos. O Brasil já solicitou à ONU uma extensão da plataforma continental correspondente a 1 milhão de km.
Nas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites dos Estados, os recursos são considerados patrimônio da humanidade. Para pesquisar e eventualmente explorar essa região, os países podem solicitar reservas de áreas.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
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Re: Última Fronteira do Brasil
JB:
PAC vai liberar R$ 25 milhões para pesquisas marítimas
No Japão, cerca de 30% do carvão provém de jazidas no mar
Luciana Collet
SÃO PAULO
Em tempos de alta dos preços das commodities metálicas, projetos antes inviáveis tornam-se cada vez mais competitivos e a busca por novas reservas é mais agressiva. Por isso, a pesquisa da geologia marinha e os projetos para exploração de recursos minerais no mar, que há algum tempo poderiam ser considerados quimeras de Julio Verne, em seu "20 mil Léguas Submarinas", hoje são assunto de grandes companhias e nações desenvolvidas e envolvem milhões de dólares.
Atualmente são estudadas, prospectadas e até exploradas formações geológicas que podem presentar reservas significativas de metais como cobre, zinco, chumbo, ouro e prata. Além disso, em algumas regiões do planeta areias, cascalhos, carvão e diamantes já são produzidos a partir de depósitos no leito marinho. No Reino Unido, cerca de 25% da produção de areia e cascalho é feita no mar; no Japão, 30% do carvão é proveniente de jazimentos submarinos. Diamantes são retirados das praias da África do Sul e da Namíbia, consideradas as áreas marinhas mais ricas na pedra preciosa.
Milhas distantes
No Brasil, porém, o recurso mineral que há anos vem sendo estudado no território marítimo e hoje já conta com bom volume de produção é o petróleo. Pouco se conhece sobre o potencial geológico marinho do Brasil. E o país não possui sequer produção de areia e cascalho, que poderia ser utilizada para a recuperação de praias erodidas e principalmente para abastecer a indústria da construção, que sabidamente possui um déficit de alguns insumos, como areia e cascalho.
Mas, a situação está mudando, pelo menos no ponto de vista da pesquisa. Atualmente diversos estudos sobre a geologia marinha brasileira estão em andamento, projetos que já têm aprovados R$ 4,5 milhões em recursos e para os quais já foram solicitados, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. A tarefa está a cargo do Sistema Geológico do Brasil — também chamado de Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais (CPRM), empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A idéia, segundo revelou o diretor-presidente da CPRM, Agamenon Sérgio Lucas Dantas, é estudar o potencial de exploração especialmente de rochas polimetálicas (em que estão presentes depósitos de metais não ferrosos como cobalto, manganês e níquel), granulados marinhos e fosfolitos. Não é exatamente a primeira vez que o Brasil tenta realizar esse estudo. Desde 2001 o MME planeja realizar a pesquisa do potencial mineral da plataforma continental e criou o Programa de Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Jurídica do Brasil (Remplac), o que deveria levar cerca de 10 anos e estava orçado em aproximadamente R$ 900 milhões. No entanto, os custos exigidos contrastavam, e muito, com o orçamento disponível para o levantamento, de entre R$ 300 mil e R$ 400 mil por ano. – A proposta era muito ambiciosa, de um projeto completo, mas a um custo muito alto – disse Reinaldo Brito, chefe do departamento de recursos minerais do CRPM.
Por isso hoje o órgão governamental passou a focar os esforços em alguns projetos principais em regiões específicas. O mais desenvolvido deles é o Projeto Granmar, de avaliação do potencial mineral dos granulados marinhos (para uso no combate à erosão das praias e insumos para a construção civil, como areia, sílica industrial e carbonato de cálcio), na plataforma continental rasa do Ceará, no qual devem ser gastos R$ 8,5 milhões até 2010. Além disso, existem outros três projetos em andamento: o Projeto Ouro Viseu Carutapera, para avaliação do potencial mineral de ouro e metais pesados associados na plataforma continental Pará-Maranhão; o Projeto Diamante do Jequitinhonha, de estudo dos depósitos de diamantes na foz do Rio Jequitinhonha; e o Projeto Fosforita de Santa Catarina, que visa pesquisar depósitos de fosforita das bacias de Pelotas e Santos.
O Brasil não possui sequer mapeamento geológico mais detalhado de todo o território nacional emerso.
Diferentes áreas marítimas e as definições
Os limites da jurisdição nacional do espaço oceânico estavam em negociação entre os países desde 1973. A regulamentação, que determinou esses limites, bem como direitos e deveres dos países para a exploração do mar, foi definida na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em 1982.
O documento estabelece que todas as nações costeiras têm direito a um mar territorial, que possui até 12 milhas marítimas a partir da marca mais baixa deixada pela água ao longo da costa. Nesta área o país é soberano sobre as águas, o solo e o subsolo, o espaço aéreo sobrejacente, com direito exclusivo sobre recursos vivos e não-vivos.
Além disso, os Estados estabelecem uma zona econômica que não deve se estender além das 200 milhas marítimas. Nessa região, o país não possui jurisdição absoluta, mas tem soberania exclusiva para a exploração e aproveitamento, gestão e conservação de recursos marinhos, do subsolo e águas adjacentes e, exerce jurisdição sobre as investigações científicas marinhas.
A zona econômica exclusiva, em boa medida, é a plataforma continental, definida como o prolongamento submerso de massa terrestre até a borda exterior, a margem continental. Quando essa plataforma se estende além das 200 milhas, a Convenção prevê critérios para estabelecer limites externos. O Brasil já solicitou à ONU uma extensão da plataforma continental correspondente a 1 milhão de km.
Nas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites dos Estados, os recursos são considerados patrimônio da humanidade. Para pesquisar e eventualmente explorar essa região, os países podem solicitar reservas de áreas.
PAC vai liberar R$ 25 milhões para pesquisas marítimas
No Japão, cerca de 30% do carvão provém de jazidas no mar
Luciana Collet
SÃO PAULO
Em tempos de alta dos preços das commodities metálicas, projetos antes inviáveis tornam-se cada vez mais competitivos e a busca por novas reservas é mais agressiva. Por isso, a pesquisa da geologia marinha e os projetos para exploração de recursos minerais no mar, que há algum tempo poderiam ser considerados quimeras de Julio Verne, em seu "20 mil Léguas Submarinas", hoje são assunto de grandes companhias e nações desenvolvidas e envolvem milhões de dólares.
Atualmente são estudadas, prospectadas e até exploradas formações geológicas que podem presentar reservas significativas de metais como cobre, zinco, chumbo, ouro e prata. Além disso, em algumas regiões do planeta areias, cascalhos, carvão e diamantes já são produzidos a partir de depósitos no leito marinho. No Reino Unido, cerca de 25% da produção de areia e cascalho é feita no mar; no Japão, 30% do carvão é proveniente de jazimentos submarinos. Diamantes são retirados das praias da África do Sul e da Namíbia, consideradas as áreas marinhas mais ricas na pedra preciosa.
Milhas distantes
No Brasil, porém, o recurso mineral que há anos vem sendo estudado no território marítimo e hoje já conta com bom volume de produção é o petróleo. Pouco se conhece sobre o potencial geológico marinho do Brasil. E o país não possui sequer produção de areia e cascalho, que poderia ser utilizada para a recuperação de praias erodidas e principalmente para abastecer a indústria da construção, que sabidamente possui um déficit de alguns insumos, como areia e cascalho.
Mas, a situação está mudando, pelo menos no ponto de vista da pesquisa. Atualmente diversos estudos sobre a geologia marinha brasileira estão em andamento, projetos que já têm aprovados R$ 4,5 milhões em recursos e para os quais já foram solicitados, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. A tarefa está a cargo do Sistema Geológico do Brasil — também chamado de Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais (CPRM), empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A idéia, segundo revelou o diretor-presidente da CPRM, Agamenon Sérgio Lucas Dantas, é estudar o potencial de exploração especialmente de rochas polimetálicas (em que estão presentes depósitos de metais não ferrosos como cobalto, manganês e níquel), granulados marinhos e fosfolitos. Não é exatamente a primeira vez que o Brasil tenta realizar esse estudo. Desde 2001 o MME planeja realizar a pesquisa do potencial mineral da plataforma continental e criou o Programa de Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Jurídica do Brasil (Remplac), o que deveria levar cerca de 10 anos e estava orçado em aproximadamente R$ 900 milhões. No entanto, os custos exigidos contrastavam, e muito, com o orçamento disponível para o levantamento, de entre R$ 300 mil e R$ 400 mil por ano. – A proposta era muito ambiciosa, de um projeto completo, mas a um custo muito alto – disse Reinaldo Brito, chefe do departamento de recursos minerais do CRPM.
Por isso hoje o órgão governamental passou a focar os esforços em alguns projetos principais em regiões específicas. O mais desenvolvido deles é o Projeto Granmar, de avaliação do potencial mineral dos granulados marinhos (para uso no combate à erosão das praias e insumos para a construção civil, como areia, sílica industrial e carbonato de cálcio), na plataforma continental rasa do Ceará, no qual devem ser gastos R$ 8,5 milhões até 2010. Além disso, existem outros três projetos em andamento: o Projeto Ouro Viseu Carutapera, para avaliação do potencial mineral de ouro e metais pesados associados na plataforma continental Pará-Maranhão; o Projeto Diamante do Jequitinhonha, de estudo dos depósitos de diamantes na foz do Rio Jequitinhonha; e o Projeto Fosforita de Santa Catarina, que visa pesquisar depósitos de fosforita das bacias de Pelotas e Santos.
O Brasil não possui sequer mapeamento geológico mais detalhado de todo o território nacional emerso.
Diferentes áreas marítimas e as definições
Os limites da jurisdição nacional do espaço oceânico estavam em negociação entre os países desde 1973. A regulamentação, que determinou esses limites, bem como direitos e deveres dos países para a exploração do mar, foi definida na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em 1982.
O documento estabelece que todas as nações costeiras têm direito a um mar territorial, que possui até 12 milhas marítimas a partir da marca mais baixa deixada pela água ao longo da costa. Nesta área o país é soberano sobre as águas, o solo e o subsolo, o espaço aéreo sobrejacente, com direito exclusivo sobre recursos vivos e não-vivos.
Além disso, os Estados estabelecem uma zona econômica que não deve se estender além das 200 milhas marítimas. Nessa região, o país não possui jurisdição absoluta, mas tem soberania exclusiva para a exploração e aproveitamento, gestão e conservação de recursos marinhos, do subsolo e águas adjacentes e, exerce jurisdição sobre as investigações científicas marinhas.
A zona econômica exclusiva, em boa medida, é a plataforma continental, definida como o prolongamento submerso de massa terrestre até a borda exterior, a margem continental. Quando essa plataforma se estende além das 200 milhas, a Convenção prevê critérios para estabelecer limites externos. O Brasil já solicitou à ONU uma extensão da plataforma continental correspondente a 1 milhão de km.
Nas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites dos Estados, os recursos são considerados patrimônio da humanidade. Para pesquisar e eventualmente explorar essa região, os países podem solicitar reservas de áreas.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re:
Nem esquenta, qualquer coisa a gente pede para o Ronaldinho intervir.Sniper escreveu:Perguntinha básica: Os Brasileiros e principalmente o governo se preocupam em defender toda essa riqueza?
Já vi sobre um gás congelado no fundo do oceano. Dizem ser a fonte de energia no futuro. Algém sabe se no Brasil tem esse gás?
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Re: Re:
Sim, tem um nome técnico que não me lembro. Hidroxido de alguma coisa, eu acho.SGT GUERRA escreveu:Nem esquenta, qualquer coisa a gente pede para o Ronaldinho intervir.Sniper escreveu:Perguntinha básica: Os Brasileiros e principalmente o governo se preocupam em defender toda essa riqueza?
Já vi sobre um gás congelado no fundo do oceano. Dizem ser a fonte de energia no futuro. Algém sabe se no Brasil tem esse gás?
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Re: Última Fronteira do Brasil
monoxido de diidrogenio!!!
Falando serio.... tirar ouro e carvao do mar, eh viavel assim??
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Re: Última Fronteira do Brasil
Valeu.
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Re: Última Fronteira do Brasil
Bem... Na época que fiz Química, não me lembro do fato do Monóxido de Diidrogênio ser "energético", pelo contrário, o monóxido de diidrogênio (H2O) é um composto vulgarmente chamado de ÁGUA. Onde desejamos chegar com isso???
Errei???
Saudações,
Orestes
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Re: Última Fronteira do Brasil
Desculpa. Brinadeira inutil. O tal gás é chamado Hidrato, e é uma "mistura" de gases leves e água. O verdadeiro potêncial do hidrato ainda não é compensatorio, já que separar a agua do metano por exemplo ainda é muito caro se comparado com a extração de GN pura e simples. O hidrato ainda é considerado contaminante de dutos de gás.
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Re: Última Fronteira do Brasil
PS: O Etanol por exemplo, pode ser chamadode hidrato de etileno. Então, não é correto chamar o que está no fundo do mar apenas de hidrato. lá, a maior parte é de hidrato de metano.
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Re: Última Fronteira do Brasil
O nome da bagaça é hidreto. È o futuro sim, até o surgimento da FUsão nuclear.glauberprestes escreveu:PS: O Etanol por exemplo, pode ser chamadode hidrato de etileno. Então, não é correto chamar o que está no fundo do mar apenas de hidrato. lá, a maior parte é de hidrato de metano.
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...
Armam-se homens com as melhores armas.
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Re: Última Fronteira do Brasil
cicloneprojekt escreveu:O nome da bagaça é hidreto. È o futuro sim, até o surgimento da FUsão nuclear.glauberprestes escreveu:PS: O Etanol por exemplo, pode ser chamadode hidrato de etileno. Então, não é correto chamar o que está no fundo do mar apenas de hidrato. lá, a maior parte é de hidrato de metano.
Fusão ou fissão?
[]'s
Ps. Daqui á pouco vão chamar a gente de Dandolo.
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Re: Última Fronteira do Brasil
Creio que esteja falando da fusão nuclear a frio.
Quanto à substância que o Glauber fala, é hidrato de metano. Por acaso a poucos dias havia lido sobre o "gelo que queima": são moléculas de metano presas por moléculas de água, e queima mesmo. Lembro que a liberação desta substância, presa no fundo dos oceanos sob altíssimas pressões, é o grande medo dos cientistas por conta do aquecimento global. O volume é descomunal, bem como seu impacto na biosfera, se liberado.
Rápida pesquisa no google mostra que o Japão já explora a substância no Mar Cáspio e etc. Bem, para saber mais vou colocar direto um link:
http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/h ... etano.html
Abs
Quanto à substância que o Glauber fala, é hidrato de metano. Por acaso a poucos dias havia lido sobre o "gelo que queima": são moléculas de metano presas por moléculas de água, e queima mesmo. Lembro que a liberação desta substância, presa no fundo dos oceanos sob altíssimas pressões, é o grande medo dos cientistas por conta do aquecimento global. O volume é descomunal, bem como seu impacto na biosfera, se liberado.
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Re: Última Fronteira do Brasil
Dizem que tem uma reserva enorme no México. O cara pegou uma pedrinha meteu fogo e o troço queimou um tempão.GustavoB escreveu:Creio que esteja falando da fusão nuclear a frio.
Quanto à substância que o Glauber fala, é hidrato de metano. Por acaso a poucos dias havia lido sobre o "gelo que queima": são moléculas de metano presas por moléculas de água, e queima mesmo. Lembro que a liberação desta substância, presa no fundo dos oceanos sob altíssimas pressões, é o grande medo dos cientistas por conta do aquecimento global. O volume é descomunal, bem como seu impacto na biosfera, se liberado.
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Re: Última Fronteira do Brasil
É a PETROBRAS está pesquisando à respeito desde 1998, e a coisa é infinitamente promissora . Os nódulos polimetálicos são a penúltima fronteira dos combustíveis fósseis.SGT GUERRA escreveu:Dizem que tem uma reserva enorme no México. O cara pegou uma pedrinha meteu fogo e o troço queimou um tempão.GustavoB escreveu:Creio que esteja falando da fusão nuclear a frio.
Quanto à substância que o Glauber fala, é hidrato de metano. Por acaso a poucos dias havia lido sobre o "gelo que queima": são moléculas de metano presas por moléculas de água, e queima mesmo. Lembro que a liberação desta substância, presa no fundo dos oceanos sob altíssimas pressões, é o grande medo dos cientistas por conta do aquecimento global. O volume é descomunal, bem como seu impacto na biosfera, se liberado.
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