Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

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Wolfgang
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Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#1 Mensagem por Wolfgang » Sex Jul 25, 2008 9:46 am

Coloco um texto interessante para o debate. Posto minha opinião mais tarde.
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Um mundo mais equilibrado

Em pouco tempo, a economia dos EUA pode emergir mais forte industrialmente e menos alavancada

O DEBATE mais interessante entre os analistas que acompanham a economia global está centrado em dois modelos antagônicos para explicá-la. O primeiro trabalha o conceito de que a economia mundial continua centrada nos ciclos dos Estados Unidos. A outra leitura -que me parece correta- incorpora as mudanças que vêm ocorrendo e reflete sobre um mundo em que os Estados Unidos não são mais o seu pólo HEGEMÔNICO.
A semente inicial dessa nova forma de ver o mundo foi a criação, pelo economista Jim O'Neill, do banco Goldman Sachs, da expressão Brics. Posteriormente, ele lançou a expressão "DECOUPLING" -descolamento- para aprofundar sua tese sobre a importância de um grupo de países emergentes. Essa nova expressão carregava o erro de sugerir que esse novo pólo econômico estaria descolado da dinâmica dos países desenvolvidos. Isso não é verdade, pois a relação de interdependência entre esses blocos existe e é muito forte, principalmente via canal financeiro. Portanto, apesar de interessante, o conceito se mostrou parcial para explicar a nova realidade.
Um trabalho mais recente sobre essa mesma questão é o do economista Jonathan Anderson, ligado também a outro grande banco internacional. Para ele, em vez da expressão descolamento, é a pergunta "who drives who?", ou seja, "quem puxa quem?", que deve ser colocada no debate. Para ele, os países emergentes estão atingindo uma dimensão quase que proporcional à do gigante americano, tirando deste o poder de sincronizar a economia global a partir de sua própria dinâmica. Segundo seus cálculos, o PIB dessa nova força motriz já é igual ao dos países desenvolvidos. Mas a grande diferença é que a taxa de crescimento do consumo e dos novos investimentos desse grupo é muito superior à americana.
Tenho escrito com freqüência sobre essa nova economia global que se desenha diante de nós e na qual o Brasil está inserido de forma sólida.
Uma vez aceita a idéia de que a importância da economia americana se reduziu muito -e vai continuar a se reduzir nos próximos anos-, surgem várias questões relevantes.
A primeira é a constatação de que o Fed não é mais totalmente autônomo a nível global. No momento atual, isso significa que a política monetária americana precisa considerar que o dinamismo do mundo emergente, ao manter a inflação mundial elevada, impõe um risco sério de alta de juros nos EUA, mesmo na presença de uma quase recessão. Essa é uma grande novidade (ainda não absorvida pelos analistas), uma verdadeira ruptura com o padrão de gestão monetária do Fed nos últimos 30 anos.
Outra questão é a possibilidade, agora, de um ajuste no comportamento do consumidor americano, com um aumento expressivo de sua taxa de poupança, processo que sempre esbarrou em uma questão muito simples: ajuste em cima de quem? Com o aparecimento de um mercado consumidor da dimensão do americano e com taxas de crescimento expressivas, é hoje possível ajustar o consumidor americano.
Essa é a segunda novidade. Estamos caminhando para um mundo mais balanceado, que, no devido tempo, estabilizará o valor do dólar. Em pouco tempo, talvez dois ou três anos, a economia dos EUA pode emergir mais forte industrialmente e menos alavancada, algo que também não parece estar na conta das pessoas.
Voltarei a este assunto...
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#2 Mensagem por cesarw » Sex Jul 25, 2008 6:06 pm

os mil anos romanos dos EUA não estãonem na metade. Não foi a URSS, não foi o Japão, não foi a UE, e não será o BRIC a desbancá-lo. Sazonalidades acontecem, mas o monstro tá sempre lá, firme, forte e mandando em tudo.




"A guerra, a princípio, é a esperança de q a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de q o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver q o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver q todo mundo se ferrou!"
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#3 Mensagem por Bolovo » Sex Jul 25, 2008 6:25 pm

Os EUA vão dar uma pequena freada nas próximas décadas, o BRIC e mais alguns países (México e Africa do Sul, por exemplo) vão crescer MUITO, mas a águia ainda vai estar lá no topo puxando toda essa negada com ele.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#4 Mensagem por gral » Sáb Jul 26, 2008 8:10 am

Bolovo escreveu:Os EUA vão dar uma pequena freada nas próximas décadas, o BRIC e mais alguns países (México e Africa do Sul, por exemplo) vão crescer MUITO, mas a águia ainda vai estar lá no topo puxando toda essa negada com ele.
Concordo. Vai haver retração dos EUA, e o Brasil e outros países terão oportunidade para crescer, mas eu não acho que os EUA estejam no declínio final ainda.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#5 Mensagem por cvn73 » Sáb Jul 26, 2008 8:36 am

cesarw escreveu:os mil anos romanos dos EUA não estãonem na metade. Não foi a URSS, não foi o Japão, não foi a UE, e não será o BRIC a desbancá-lo. Sazonalidades acontecem, mas o monstro tá sempre lá, firme, forte e mandando em tudo.


Concordo.

Acredito numa equalização, mas com os EUA na dianteira.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#6 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 1:34 pm

Vão sonhando...
Eventos no horizonte
por Jim Kunstler
Há um momento particular, conhecido por todos os mais novos, quando Wile E. Coyote, em êxtase, na sua corrida já ultrapassou o bordo de meseta e, ainda a lamber as mandíbulas e a esfregar as patas da frente a prever a comilança do pássaro, descobre que está suspenso no ar por nada mais do que um instante. O sorriso torna-se aflito. Ele ganha uma nauseante sombra de verde e cai, a zunir, de volta à terra centenas de metros abaixo, com uma distante, lúgubre e quase inaudível pancada no fim da sua queda. Estamos no país do Wile E. Coyote.

Ainda haverá alguém no universo conhecido a considerar que o sistema financeiro dos EUA não está vinte metros para além da beira da meseta da credibilidade?

Nada ajudará agora. Nem mesmo se Sirhan Sirhan [1] fosse posto em liberdade condicional hoje à tarde e transportado directamente para a West Wing [2] com um magnum 44 em cada mão (e um táxi conduzido pelo Diabo à espera lá fora para levá-lo ao Tesouro dos EUA e aos gabinetes do Federal Reserve).

É difícil imaginar que espécie de melodramas estavam a desdobrar-se nos relvados de Hamptons [3] este fim de semana, enquanto toda a gente na América estava a assistir às corridas de carros do Nascar, ou a trilhar os corredores das lojas BJs Discount por causa da oferta da semana de guacamole [4] com sabor Doritos, ou a tatuar chamas e correntes nos seus narizes, ou perdidos numa bruma de valium e metedrine.

IndyMac Bank

Com a morte do IndyMac Bank na semana passada, e os GSEs Fannie Mae e Freddie Mac a jazerem lado a lado com soro no furgão da emergência médica, destinados à unidade de cuidados intensivos cada vez congestionada do Federal Reserve, há um sentimento de que o Sonho Americano passou através do horizonte para eventos que representam a abertura de um buraco negro.

O que aconteceria se o governo dos EUA actuasse para salvar estas empresas irresponsáveis (e o que aconteceria se não o fizesse)? Em qualquer dos casos, não é um quadro bonito. Se o sr. Bernanke começar a lançar pazadas de empréstimos no buraco negro das empresas patrocinadas pelo governo (GSEs), ele mais uma vez minará o fundamento da sua própria equipe e nada fará, realmente, para reparar o problema estrutural da Fannie e do Freddie de ter assegurado demasiados empréstimos que jamais serão pagos. Se, ao invés, os comandos da Fannie e do Freddie forem tomados sem rodeios directamente pelo governo dos EUA (e recorde-se que o Federal Reserve não é o governo), então a dívida nacional duplicará da noite para o dia – o que trituraria o dólar estado-unidense.

Enquanto isso, os possuidores estrangeiros daqueles dólares em decrepitude podem não correr para o guichet de resgate, mas eles certamente os utilizariam para comprar todos os contratos de futuro de petróleo sobre a não-tão-verde Terra de Deus tão rapidamente quanto possível – eles não teriam de ser tão tolos – o que deixaria os Felizes Motoristas Americanos com preços de gasolina acima dos US$5 por galão, e possivelmente acima dos US$10. (Nesse caso, diga adeus às linhas aéreas. De facto, diga adeus ao que passa por ser o restante da economia dos EUA, incluindo especialmente o louvado sector retalhista que supostamente representa 70 por cento do movimento.)

Se a Fannie e o Freddie forem abandonados para morrer no chão do deserto, diga adeus ao mercado habitacional, aos principais bancos de investimento, aos incontáveis bancos regionais, às contas de aposentadoria de virtualmente toda a gente na América, à viabilidade de todos os cinquenta governos estaduais, e à capacidade operacional no dia-a-dia de todas as suas municipalidades – e muito provavelmente à actual encarnação do sistema bancário mundial.

Fora de controle

Agora este processo está realmente fora de controle. No final das contas, o que está em causa é a bancarrota completa dos Estados Unidos. O Partido Republicano sob George Bush será conhecido como o partido que arruinou a América (versão 2.0). Por penoso que seja, o melhor que os americanos podem fazer é arranjar um novo "Sonho" e depressa. É melhor que seja um sonho fundamentado de um modo que realmente funcione, o que quer dizer num procedimento operacional baseado no esforço sério e na honestidade ao invés de simplesmente estar a tentar conseguir alguma coisa em troca de nada e a desejar estrelas. Podemos começar simbolicamente por evacuar Las Vegas e pedir um bombardeamento aéreo àquele lugar repulsivo – para marcar o nosso novo ajustamento de atitude com base na realidade.

Depois disso, temos de trabalhar para remodelar todas as actividades da vida diária, incluindo o modo como cultivamos nossa comida, o modo como levantamos e aplicamos capital, o modo como comerciamos e manufacturamos, o modo como vamos do ponto A para o ponto B, o modo como educamos os filhos, o modo como permanecemos saudáveis e o modo como ocupamos a paisagem. Eu sei, isto soa como um bocado, talvez demasiado. Mas apreenda (grok) isto: nós não temos qualquer opção se quisermos um futuro plausível nesta porção do continente norte americano.

Naturalmente, nada disto é provável que aconteça. Ao invés disso, e sob as piores condições económicas imagináveis, provavelmente embarcaremos numa campanha para sustentar o in-sus-ten-tá-vel – isto, defender todo o status quo habitual e comportamental costumeiro, quer ele possa ser salvo ou não. Naturalmente, seria uma dissipação fatal dos nossos recursos minguantes, mas historicamente isto tende a ser o último acto do melodrama em qualquer império vacilante.

O resultado, muito em breve neste processo, será a ruptura social e uma reviravolta política. Todo o tatuado frenético, que se tem estado a preparar para o seu papel de estreia em alguma espécie de armagedão de banda desenhada, conseguirá finalmente a sua oportunidade de brilhar. Montes de pessoas ficarão magoadas e famélicas. A propriedade mudará de mãos de um modo desordenado. E no fim deste processo um Hitler americano pode estar à espera para arrumar tudo e todos directamente.

Os mercados abrem dentro de uma hora. Boa sorte para todos.

[1] Assassino de Robert Kennedy que está preso.
[2] Ala ocidental da Casa Branca, onde está o gabinete do presidente.
[3] Região de gente rica em Long Island, com estâncias turísticas.
[4] Comida de origem mexicana.

http://resistir.info/crise/kunstler_14jul08_p.html
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#7 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 1:39 pm

Ainda haverá alguém no universo conhecido a considerar que o sistema financeiro dos EUA não está vinte metros para além da beira da meseta da credibilidade?
Sim, o DB está cheio de gente assim... :mrgreen:




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#8 Mensagem por Morcego » Sáb Jul 26, 2008 1:43 pm

o caminho correto de combater os americanos é o ECONOMICO, e de longo prazo, aumentando com o tempo o gasto em material militar, ai sim, com o tempo se podera medir com os EUA.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#9 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Jul 26, 2008 1:45 pm

Bolovo escreveu:Os EUA vão dar uma pequena freada nas próximas décadas, o BRIC e mais alguns países (México e Africa do Sul, por exemplo) vão crescer MUITO, mas a águia ainda vai estar lá no topo puxando toda essa negada com ele.

África do Sul? Nem penses, a comunidade Portuguesa está toda a sair do país para fora, aquilo está um inferno.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#10 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 2:48 pm

Julho-Dezembro de 2008:
O mundo mergulha no coração da fase de impacto da crise sistémica global

por GEAB (n° 26)


Por ocasião deste número 26 do Global Europe Anticipation Bulletin (GEAB), a equipe do LEAP/E2020 decidiu lançar um alerta sobre o período Julho-Dezembro de 2008. Com efeito, doravante nossa equipe está convencida de que este período será caracterizado por um mergulho do conjunto do planeta no coração da fase de impacto da crise sistémica global. Os seis meses que vem aí vão portanto constituir o verdadeiro núcleo da crise em curso. As turbulências dos últimos doze meses não foram senão uma fraca premissa.




Com efeito, é no decorrer do próximo semestre que todas as componentes da crise (financeira, monetária, económica, estratégica, social, política...) irão convergir com a intensidade máxima [1] . Sem entretanto rever em pormenor as diferenças sequências já antecipadas nos números anteriores do GEAB, nossos investigadores escolheram apresentar as evoluções das diferentes grandes regiões do planeta nos próximos seis meses. Para fazer isto, optaram por desenvolver oito fenómenos principais que irão marcar os próximos seis meses de maneira decisiva e orientar duradouramente os anos de 2009 e 2010, a saber:

1. O dólar em perdição (1 Euro = 1,75US$ no fim de 2008): Um medo pânico do afundamento da divisa e da economia dos EUA atormenta a psique colectiva americana.

2. Sistema financeiro mundial: A ruptura por causa da impossível manutenção sob a tutela de Washington.

3. União Europeia: A periferia afunda na recessão ao passo que o núcleo da zona Euro diminui de velocidade.

4. Ásia: O duplo "golpe de bambu" inflação/afundamento das exportações.

5. América Latina: Dificuldades em aumento mas um crescimento mantido para grande parte da região, com o México e a Argentina em crise.

6. Mundo árabe: Os regimes pro-ocidentais à deriva / 60% de riscos de explosão político-social no eixo Egipto-Marrocos.

7. Irão: Confirmação de 70% de probabilidade de um ataque daqui até Outubro de 2008.

8. Bancos/Bolhas especulativas: A colisão das bolhas.

Paralelamente, a equipe do LEAP/E2020 apresenta neste GEAB Nº 26 cinco conselhos estratégicos destinados a bancos centrais, governos e instituições de controle que elaborou nestes últimos meses e cujo objectivo é limitar e canalizar as graves consequências da fase de impacto da crise.

Para investidores privados, o LEAP/E2020 desenvolve igualmente neste GEAB Nº 26 uma série de oito conselhos operacionais a fim de evitar que comentam erros fatais nos próximos seis meses.

Neste comunicado púbico, o LEAP/E2020 optou por apresentar sua antecipação acerca da próxima ruptura do sistema financeiro mundial.




A decisão de Washington de fazer subir os lances em termos de retorno ao "Dólar forte", obrigando Ben Bernanke a intervir, lança as sementes de uma aceleração do processo de ruptura do sistema financeiro mundial [2] .

Com efeito, Ben Bernanke é a última muralha antes da tomada de consciência definitiva por parte dos principais detentores de divisas americanas e de activos denominados em Dólares de que Washington já não tem os meios de sustentar a sua moeda. Aquilo que, no princípio de 2006 (com o fim da publicação do M3 pelo Fed), correspondia a uma política deliberada de baixa do dólar a fim de tentar reduzir o défice comercial americano e limitar o valor real (para os Estados Unidos) do seu endividamento mundial (que é denominado em dólar), voltou-se contra os seus iniciadores e transforma-se numa fuga generalizada para fora dos Estados Unidos (fuga de capitais, estabilidade dos défices comerciais, aumento da inflação, ...). A carta "Bernanke" é a última carta "psicológica" que Washington pode jogar. O facto de utilizá-la mostra que os dirigentes americanos atingiram os maiores extremos par tentar reter seus parceiros no sistema criado após 1945, fundado sobre a economia dos Estados Unidos e na sua divisa [3] .

Quando, dentro de algumas semanas (após as reuniões do G8 e de outras instâncias), for confirmado que é impossível organizar a menor acção com amplitude para estabilizar duradouramente a divisa americana (e não evocamos sequer a ideia lunática de fazê-la subir outra vez) uma vez que a economia americana afundará cada vez mais profundamente na recessão e que o mundo já está "entulhado" de Dólares US dos quais não há quem saiba como se desembaraçar, então o sistema financeiro mundial explodirá em diferentes sub-sistemas a tentarem sobreviver como puderem, aguardando que um novo equilíbrio financeiro mundial se organize [4] . Ao empenhar-se neste caminho que não leva a parte alguma, consciente ou inconscientemente, voluntariamente ou não, Ben Bernanke acaba de assinar o fim do actual sistema financeiro. O retorno ao "Dólar forte" é um pouco como a "libertação do Iraque", um voto piedoso que se transforma em pesadelo.




Aliás, se porventura Washington tivesse realmente a intenção de tentar estabilizar o Dólar ou, mais ambicioso, de fazê-lo subir outra vez face às principais moedas mundiais, não haveria senão um único método [5] , compreendendo dois aspectos: uma forte alta das taxas de juro do Fed e uma baixa drástica da criação monetária. Se as autoridades americanas decidissem executar esta política, a economia americana (real e financeira) pararia nas semanas que se seguissem: o mercado imobiliário cairia a zero sem créditos abordáveis e devido a uma explosão dos juros sobre as famílias endividadas a taxas variáveis, o consumo americano tornar-se-ia negativo (ou seja, recuaria mês após mês), as falências de empresas multiplicar-se-iam de maneira exponencial, Wall Street entraria em colapso sob o peso das suas dívidas múltiplas e sucumbiria à implosão imediata do mercado do CDS devido aos incumprimentos generalizados dos co-contratantes...

Estes acontecimentos, absolutamente certo no caso de uma acção voluntarista de Washingtn em favor do Dólar forte, são sem dúvida inaceitáveis para as autoridades americanas. Portanto, além de falar, e de se desacreditar ainda mais, elas nada farão. O método tradicional destas últimas décadas não é mais encarável: ninguém mais aceitará comprar Dólares maciçamente para salvar a divisa americana sem uma acção muito voluntarista (aquela descrita anteriormente) por parte de Washington. Como este não intervirá, o resto do mundo tirará as conclusões necessárias: cada um por si doravante. E não se pode esquecer em meados de Agosto de 2008, Pequim estará aliviada do constrangimento de fazer a todo o custo com que os Jogos Olímpicos tenham êxito. Portanto um grande número de opções "brutais" [6] , postas em fila de espera até os Jogos Olímpicos, vão retornar à superfície [7] .

15/Junho/2008

Notas:

(1) Para um calendário mais pormenorizado destas tendências, ver GEAB N° 18 .

(2) Aliás, o Banque des Règlements Internationaux já se inquieta com os risco de uma Grande Depressão Mundial. Fonte: Banking Times , 09/06/2008

(3) Fonte: Euro Pacific Capital , 23/05/2008

(4) Ver a respeito, neste GEAB N°26, os conselhos de LEAP/E2020 aos bancos centrais, governos e instituições de controle.

(5) Afastámos o segundo método que consistiria em bombardear o BCE, o Banco da China e o Banco do Japão.

(6) Fonte: ContreInfo , 21/04/2008

(7) E com a Rússia a impor-se doravante como o primeiro produtor mundial de petróleo, diante da Arábia Saudita, as relações de força no mercado petrolífero também estão em vias de mudar rapidamente. Fonte: Times of India , 12/06/2008

O original encontra-se em http://www.leap2020.eu/




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#11 Mensagem por Wolfgang » Sáb Jul 26, 2008 3:02 pm

Sabemos que o chumbo é grosso... Por que a reunião da OMC sobre a rodada de Doha mudou da água para o vinho?
Ganha um doce quem chutar certo.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#12 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 3:13 pm

Quem são os maiores credores dos EUA ?

(((Olha o Brasil aí, geeeente!!!)))


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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#13 Mensagem por Wolfgang » Sáb Jul 26, 2008 3:19 pm

Por isso eu digo, gaudério.. os EUA têm que supearar... passamos da fase do espirro lá e gripe aqui... estamos na fase tosse lá e tuberculose aqui. Pensem 200 bilhões de dólares e nada, se se deseja que os EUA passem a nada...




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#14 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 26, 2008 3:38 pm

Não vejo é COMO eles possam superar o que vem por aí, já venho dizendo isso há tempos e sempre esbarro em uma fé nos ianques que chega a ser RELIGIOSA, POWS!!!

Daí cansei de ler que isso tudo o que venho dizendo é só torcida minha e comecei a dar fuentes, mostrar que não sou só EU que estou dizendo, os fatos estão aí, não fui eu que provoquei a falência de grandes bancos ianques, bem como não foi a conselho meu que explodiu a bolha das hipotecas e 'créditos podres', além do que eu nem estava presente na Rodada de Doha, oras. O fato é que, independente de torcida, eles já estão vários metros além da meseta, e dali em diante só há um caminho possível: PARA BAIXO!

Mas não sou apenas eu que digo isso, não é preciso crer em mim, tenho mais textos para citar e NENHUM é meu... 8-]




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#15 Mensagem por Wolfgang » Sáb Jul 26, 2008 3:43 pm

Mestre, tua palvara já bastaria.. mas não é disso que se trata.. Mas se o MUNDO quer que os EUA caia. Uma dica: a China está com as calças na mão...




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