A Revolta da Chibata

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A Revolta da Chibata

#1 Mensagem por Paisano » Qui Jul 24, 2008 9:41 pm

O ALMIRANTE NEGRO

Fonte: http://www.portaldeitaipu.com.br/portug ... andido.htm
Um Homem Simples que Tornou-se o Primeiro Herói Brasileiro do Século XX

No ano de 1910, mais de 200 marujos agitaram a baía de Guanabara, ao se apoderarem de navios de guerra para exigir o fim dos castigos corporais na Marinha da Brasil, herança do período imperial, onde essa arma era tida coma a mais importante e dirigida pelos mais "aristocráticos" oficiais. Foi a Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, o Almirante Negro.

O Brasil era uma das maiores potências navais do mundo, destacando-se a sua "Esquadra Branca" formada pelos encouraçados "Minas Gerais" e "São Paulo", pelos cruzadores "Rio Grande do Sul" e "Bahia" e por mais 18 navios. O Governo gastara uma fortuna para modernizar sua esquadra, mas o código disciplinar da Marinha era o mesmo do tempo da monarquia, assim como os arbitrários processos de recrutamento. Criminosos e marginais, produtos de uma sociedade que lhes negava maior sorte, eram colocados lado a lado com homens simples do interior para cumprir serviço obrigatório durante 10 a 15 anos! As desobediências ao regulamento eram punidas com chibatadas...Por isso, as revoltas ocorriam antes mesmo do ingresso na corporação.

O decreto nº 3, de 16 de novembro de 1889, um dia após a Proclamação da República, extinguiu os castigos corporais na Armada, mas em novembro do ano seguinte o marechal Deodoro, contraditoriamente, tornou a legalizá-los: "para as faltas leves prisão e ferro na solitária, a pão e água; faltas leves repetidas, idem por seis dias; faltas graves, 25 chibatadas".

Como os reclamos dos marujos não foram ouvidos, eles passaram a conspirar. Uma primeira advertência foi feita durante a ida de uma divisão da Marinha às comemorações da Independência chilena, em que ocorreram 911 faltas disciplinares, a maioria punida com açoites: "Venho por meio destas linhas pedir para não maltratar a guarnição deste navio, que tanto se esforça por trazê-lo limpo. Aqui ninguém é salteador nem ladrão" dizia um aviso ao comandante de um dos navios, assinado por um marinheiro conhecido como Mão Negra.

Na madrugada de 16 de Novembro a Guanabara está repleta de navios estrangeiros que aportam para a posse do marechal Hermes da Fonseca na presidência da República. Ao raiar do dia, toda a tripulação do navio "Minas Gerais" é chamada ao convés para assistir aos castigos corporais a que seria submetido o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes. Na noite anterior ele ferira a navalhadas o cabo Valdemar, que o havia denunciado por introduzir duas garrafas de cachaça no navio. Sua pena: 250 chibatadas e não mais 25 como vinha acontecendo.

Junto a tripulação do navio havia também oito carrascos oficiais. Depois de examinado pelo médico de bordo e considerado em perfeitas condições físicas, Marcelino é amarrado pelas mãos e pés e submetido ao castigo. Durante o castigo, Marcelino desmaia de dor, mas a surra continua. Ao fim das 250 chibatadas, suas costas estão banhadas em sangue lanhadas de cima para baixo. Desacordado, ele é desamarrado, embrulhado num lençol e levado aos porões. Lá jogam iodo em suas costas e o deixam estrebuchando no chão.

Na noite de 22 de novembro de 1910, a revolta explodiu. João Cândido assumiu o comando do "Minas Gerais", morrendo na luta o comandante Batista das Neves, alguns oficiais e vários marinheiros. Os primeiros tiros assustaram o recém-empossado Hermes da Fonseca, que assistia tranqüilamente a uma ópera de Wagner... Outros marujos tomaram o "São Paulo", o "Bahia" e o "Deodoro'. Manobrando as belonaves com grande perícia, apontaram seus canhões para pontos estratégicos da cidade, exigindo, em comunicado enviado ao presidente da república, a reforma do Código Disciplinar, o fim das chibatadas, "bolos" e outros castigos, o aumento dos soldos e preparação e educação dos marinheiros.

Sem força para dominar a rebelião, que recebera o apoio da oposição e de parte da população carioca, o marechal Hermes e o Parlamento cederam às exigências. Rapidamente aprovaram um projeto - de autoria de Rui Barbosa, que anos atrás tinha apoiado a reinstauração dos castigos - pondo fim aos açoites e concedendo anistia aos revoltosos. Fato raro na história do Brasil, a revolta popular - "uma conspiração de cozinha tantas vezes fatais à sala", como se chegou a lembrar - triunfara.

Mas o Governo não perdoou a ousadia daqueles marujos "sem cultura" e "sem responsabilidades". Ignorando a anistia, baixou um decreto regulamentando o afastamento dos marinheiros julgados indesejáveis e, em seguida, mandou prender 22, entre os quais alguns participantes da revolta de novembro. Interessado em estabelecer uma ditadura para calar a oposição, provocou novo levante, ao espalhar a notícia de que o Exército viria punir os fuzileiros do Batalhão Naval. O objetivo do governo, como denunciaram seus adversários, era criar um pretexto para a decretação do estado de sítio.

Atemorizados, os marinheiros insubordinaram-se a 9 de dezembro, sendo bombardeados por canhões do Exército e da "Esquadra Branca". Houve dezenas de mortos e inúmeros presos, inclusive João Cândido. Na noite de Natal, 97 foram embarcados no "Satélite", com destino à Amazônia, onde seriam submetidos a trabalhos forçados na extração da borracha, produto que vivia seu momento de apogeu. No meio da viagem, sete deles, acusados de conspiração, foram fuzilados, enquanto dois se atiraram no mar, morrendo afogados.

João Cândido, "o negro que violentou a história do Brasil", Segundo comentou na época o escritor Gilberto Amado, foi preso, com mais 17 marinheiros, numa masmorra encravada na rocha em forma de cúp**a na ilha das Cobras, onde a ventilação era feita através de furos na chapa de ferro de uma das portas e em outra de madeira com alguns orifícios.

Ali, 15 morreram asfixiados na manhã seguinte. A cela fora desinfetada por água e cal. A água evaporou-se com o forte calor e a cal penetrara nos pulmões dos marinheiros. "A gente sentia um calor de rachar. O ar abafado. A impressão era de que estávamos sendo cozinhados dentro de um caldeirão. Alguns corroídos pela sede, bebiam a própria urina..." João Cândido, um dos sobreviventes, foi internado no Hospital dos Alienados, do Rio, onde os médicos negaram que ele estivesse louco. Julgado em novembro de 1912, foi absolvido, bem como todos os marinheiros participantes das revoltas.

João Cândido simbolizou a luta pela dignidade humana. Sua coragem, no entanto, teve um preço alto demais. O mestre-sala dos mares foi um divisor de águas na Marinha. Graças a ele, a chibata nunca mais foi usada. Ele marcou seu espaço na história deste país.

Fonte Literária: História da Sociedade Brasileira - Ed. Ao Livro Técnico
O Negro da Chibata - Ed. Objetiva




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Re: A Revolta da Chibata

#2 Mensagem por Paisano » Qui Jul 24, 2008 9:43 pm

Ultimato dos marinheiros revoltados ao presidente Hermes da Fonseca:
"Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podemos mais suportar a escravidão na Marinha brasileira... Achando-se todos os navios em nosso poder... mandamos essa honrada mensagem para que Vossa Excelência faça aos marinheiros brasileiros possuirmos os direitos sagrados que a leis da República nos facilitam... Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar nosso soldo... Tem Vossa Excelência o prazo de 12 horas para mandar-nos resposta satisfatória sob pena de ver a pátria aniquilada."




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Re: A Revolta da Chibata

#3 Mensagem por Paisano » Qui Jul 24, 2008 9:45 pm

LEVANTE
Noite de 22 de novembro. O sinal combinado entre os marujos para dar início ao movimento é a chamada da corneta das 10 horas. O "Minas Gerais", pelas suas grandes dimensões, tem todos os toques de comando repetidos na proa e na popa. Naquela noite, o clarim não pediria silêncio e sim combate.

Cada um assume o seu posto e a maioria dos oficiais já está em seus camarotes. Não há afobação. Cada canhão é guarnecido por cinco marujos, com ordem de atirar para matar contra todo aquele que tente impedir o levante.

Por volta das 10 da noite, o capitão-de-mar-e-guerra Batista das Neves, comandante do "Minas Gerais" - que estivera num jantar a bordo do cruzador francês "Duguay Trouin" -, chega ao seu navio em companhia do ajudante-de-ordens, segundo-tenente Trompowsky. Em cumprimento de ordens do comandante, o segundo-tenente deixa o superior a bordo e imediatamente parte para terra.

Logo que entra no "Minas Gerais", o comandante conversa rapidamente com o segundo-tenente Álvaro Alberto da Mota Silva, oficial de quarto, considerado seu protegido, que assiste à faxina da noite no convés.

"Quero encarregá-lo da torre número um", determina o comandante.

"Está bem, até amanhã comandante", responde o segundo-tenente.

Neste instante, no momento em que desce as escadas inferiores do navio e se despede do comandante, o tenente recebe uma forte pancada no peito, um golpe de baioneta desferido em cheio por um marinheiro que está de tocaia.

O tenente tropeça, mas ainda consegue apoiar-se com a mão esquerda na própria arma do marujo e com a direita saca sua espada. Com a força que ainda lhe resta, atravessa o estômago do marinheiro. Esse, aos gritos, dá alguns passos e cai da escada, provocando grande barulho.

Atraídos pelo ruído, diversos marinheiros revoltosos vão para o convés, para onde sobem também o capitão-tenente Mário Carlos Lahmeyer, o primeiro-tenente Milcíades Portela Alves e o capitão-tenente José Cláudio da Silva, todos procurando conter os revoltosos.

O comandante Batista das Neves, que também viera para o tombadilho, abraça-se ao oficial de quarto - que ainda luta lavado em sangue - e diz uma frase que até hoje provoca dúvidas:

"Mataram meu filho."

Bordando as águas da Guanabara

Pânico e fascínio tomaram conta da população do Rio de Janeiro entre os dias 23 e 26 de novembro de 1910, tempo que durou a Revolta dos Marinheiros contra o uso da chibata e outras práticas humilhantes vigentes na Marinha brasileira.

O pânico ficava por conta do aspecto apavorante dos grandes encouraçados, o "São Paulo" e o "Minas Gerais", recém-incorporados à esquadra como parte do programa de renovação naval iniciado em 1906. Os dois tinham sido construídos na Inglaterra de acordo com o modelo do "Dreadnought". Eram os mais poderosos e modernos navios de guerra do mundo. Juntos, exibiam em suas torres giratórias um total de 84 canhões, entre os quais 24 com assustadoras bocas de 305mm.

Aqueles que tiveram a oportunidade de assistir ao filme "O Encouraçado Potemkin", devem guardar na memória os closes desses canhões impressionantes. Aos imponentes encouraçados juntavam-se o também moderno scout "Bahia", com 16 canhões e dois tubos lança-torpedos, e o velho mas ainda respeitável encouraçado "Deodoro".

Era um tremendo poder de fogo, capaz de causar grandes danos se dirigido contra a cidade. Tiros esparsos, de pequeno calibre, dirigidos contra fortalezas e partes da cidade, ou contra outros navios, tinham causado efeito imediato.

A segunda edição do Correio da Manhã do dia 23 anotava: "A cidade está completamente em pânico." Alguns tiros do "São Paulo", aparentemente dirigidos contra o Catete, levaram o repórter desse jornal a anotar: "É indescritível o pânico estabelecido entre o povo que se acumulava na praia."

A edição do dia 24 do mesmo jornal trazia as fotos de duas crianças despedaçadas por estilhaços e granadas disparadas do "Minas Gerais", reforçando os temores do que podia suceder caso a cidade fosse bombardeada. Durante toda a revolta, até o dia da rendição, 26 de novembro, o perigo de tal bombardeio pairou no ar e nas águas, mantendo a população em suspense a cada manobra e a cada tiro dos navios. Em certos momentos, o pânico levou milhares de bravos cidadãos cariocas, sobretudo moradores da orla marítima entre a Praça 15 de Novembro e Botafogo, a fugirem, os pobres para os subúrbios, os ricos para Petrópolis.

O fascínio devia-se ao espetáculo das evoluções das quatro belonaves pela baía da Guanabara. A chegada dos grandes encouraçados, poucos meses antes, fora uma festa, motivo de orgulho nacional, o país passava a ter as belonaves mais poderosoas do mundo. Agora as imponentes máquinas de guerra apresentavam um espetáculo inédito. Moviam-se constantemente dentro da baía, desde as ilhas do Viana e do Mocangüê, perto de Niterói, passando pelas ilhas Fiscal, das Cobras e Villegagnon. Às vezes saíam baía afora, por entre as fortalezas de Lage, Santa Cruz e São João, transferindo o espetáculo, e o medo, para Copacabana.

Jornalistas e outros observadores deixaram registrado o espanto e a admiração causados entre a população. A segunda edição do Correio da Manhã do dia 24 fala em milhares de pessoas assistindo "boquiabertas" às "admiráveis e prontas evoluções" dos quatro navios rebelados. E não só leigos ficaram admirados. O comandante do "Duguay-Trouin", navio francês surto na baía, com quem o comandante do "Minas Gerais" jantara na noite da revolta, também manifestou grande surpresa com a correção da evolução dos navios, não observada sob o comando dos oficiais. Oficiais desse cruzador teriam dito que os rebeldes eram os primeiros marinheiros do mundo.

Rui Barbosa, em discurso no Senado no dia 29, lembrava a exclamação de um representante da casa Armstrong, retido no "Minas Gerais": "Really, it is marvelous!".

Como chefe da revolta, os jornais e o mediador entre o governo e os rebeldes, José Carlos de Carvalho, apontavam João Cândido, marinheiro de primeira classe e primeiro timoneiro do "Minas Gerais". O jovem Gilberto Amado (1910), recém-chegado ao Rio, manifestou admiração pela "perícia magistral" dos rebeldes e disse de João Cândido que, no comando dos navios, "fazia parnasianismo de manobra". João Cândido bordava as águas da baía com o lento e majestoso evoluir dos encouraçados.

A exibição de competência e, sobretudo, de elegância nas manobras chocava-se com a imagem que se tinha dos marinheiros nacionais: homens rudes, brutos, recrutados na marginália das cidades, quando não entre condenados das casas de detenção. Na avaliação dos oficiais, os marinheiros eram a ralé, a escória da sociedade, eram facínoras que só a chibata podia manter sob controle.

João Cândido Felisberto não fugia ao figurino. Um crioulão alto e forte e feio, boca enorme, maçãs salientes, trinta anos de idade em 1910. Filho de ex-escravos, pai alcoólatra, entrara para a Marinha em 1895, com 15 anos. Em 1910, ainda era semi-analfabeto, lia mas não escrevia. Nos 15 anos de engajamento, fora promovido a cabo, mas por mau comportamento tinha sido rebaixado a marinheiro de primeira classe. Envolvera-se em lutas corporais com colegas e espancara outros. Em 1909, dera uma chibatada em um grumete que, em represália, o esfaqueara nas costas.

Em 1910, João Cândido era o que na Marinha se chamava de um conegaço, um gorgota, vale dizer, um marinheiro experiente que se impunha aos mais novos e subalternos, sobretudo aos grumetes, pela autoridade da experiência e pela força dos músculos. A robustez física era exigência da marinharia a vela e condição indispensável para alguém se impor em um meio tão rude em que brigas e esfaqueamentos eram freqüentes. Os conegaços cumpriam também o papel de treinar os jovens grumetes e protegê-los contra abusos de outros marinheiros. A proteção raramente era desinteressada (Martins, 1988, p. 13; Belo, p. 7; Freyre, 1974).




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Re: A Revolta da Chibata

#4 Mensagem por Paisano » Qui Jul 24, 2008 10:06 pm

ImagemImagem
O marinheiro João Cândido, o "Almirante Negro", liderou a Revolta da Chibata.

Imagem
O Capitão de Mar e Guerra João Pereira Leite,
recebe o comando do "Encouraçado Minas Gerais"
após a anistia dos envolvidos na Revolta da Chibata.




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Re: A Revolta da Chibata

#5 Mensagem por Paisano » Qui Jul 24, 2008 10:13 pm

Encouraçado Minas Gerais em 1910:
Imagem

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Re: A Revolta da Chibata

#6 Mensagem por Paisano » Qui Jul 24, 2008 10:25 pm

Encouraçado São Paulo:
Imagem

Planta do Encouraçado São Paulo:
http://www.geocities.com/Pentagon/Base/ ... planta.PDF

Cruzador Bahia:
Imagem




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Re: A Revolta da Chibata

#7 Mensagem por Paisano » Sex Jul 25, 2008 12:44 am

Líder da Revolta da Chibata é anistiado

Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem a lei, de autoria da senadora Marina Silva (PT-AC) que anistia post-mortem o marinheiro João Cândido, o "Almirante Negro", líder da Revolta da Chibata, ocorrida em 1910. Além de João Cândido, outros 600 marinheiros que participaram da revolta também foram beneficiados.

A lei teve um artigo vetado: o que tornava automática a concessão de reparação aos descendentes dos marinheiros por parte do governo federal. O argumento foi puramente financeiro: de acordo com a equipe econômica, o custo total das reparações poderia ultrapassar R$ 1 bilhão. Menos do que os R$ 2,4 bilhões que já foram pagos em indenizações por conta da ditadura militar, mas um gasto que o governo federal não estava disposto a assumir nesse momento.

O veto, no entanto, não impede os descendentes de entrarem na Justiça para pedir as reparações. Apenas retira a obrigação automática, o que pode tornar o processo mais lento - e até mesmo impossível, em alguns casos, já que os descendentes teriam que provar o parentesco com alguém que morreu há quase 100 anos. O próprio João Cândido tinha uma filha, que morreu recentemente. Estão vivos, no entanto, alguns netos.

A autora da lei, Marina Silva, foi informada do veto no momento da sanção, no gabinete do presidente Lula, na noite da última quarta-feira. A avaliação de Marina foi que o mais importante foi preservado, que era a anistia e a "reparação da injustiça" feita aos marinheiros. Segundo sua assessoria, a senadora compreendeu que o valor seria muito alto na forma em que a lei estava, mas espera que sejam definidos, depois, limites orçamentários para o pagamento das reparações.

A Revolta da Chibata aconteceu em novembro de 1910, na baía de Guanabara (RJ), e começou a bordo do encouraçado Minas Gerais depois que o marinheiro Marcelino Menezes recebeu 250 chibatadas por ter levado cachaça para o navio. A ação já estaria sendo planejada para que os castigos físicos dos marinheiros - a maioria negros e mulatos, comandados por oficiais brancos - mas teria sido antecipada por conta do castigo excessivo de Marcelino.

Em seguida à revolta no Minas Gerais, outros cinco navios ancorados aderiram. Depois de tensas negociações e uma anistia aprovada pelo Congresso, os marinheiros se renderam. Poucas semanas depois, no entanto, alguns foram expulsos da Marinha e outra revolta estourou na Ilha das Cobras, com 600 marinheiros. A maioria foi morta.

João Cândido, um dos sobreviventes, foi internado no hospital dos alienados como louco e indigente. Dois anos depois, os revoltosos foram julgados e absolvidos, mas nunca receberam anistia nem reparações.




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Re: A Revolta da Chibata

#8 Mensagem por Guerra » Sex Jul 25, 2008 7:51 am

Pois é, tai o resultado da formula equipamento de primeira + pessoal de segunda




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Re: A Revolta da Chibata

#9 Mensagem por Túlio » Sex Jul 25, 2008 1:09 pm

OFICIAIS de segunda, queres dizer...?

Poisse os praças amotinados não manobraram a Esquadra com maestria, inclusive arrancando elogios de gente tradicional em Marinha?




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: A Revolta da Chibata

#10 Mensagem por Marino » Sex Jul 25, 2008 5:12 pm

Bom, tenho evitado postar neste tópico, principalmente pq nunca estudei a fundo a questão, mas algumas observações acho que posso fazer imparcialmente.
1) os encouraçados estavam fundeados, não houve manobra alguma. Não saíram de dentro da baía da Guanabara;
2) castigos físicos não cabiam mais. Nisto os marinheiros tinham razão, mas motim em uma Marinha é a situação mais grave que pode ocorrer nesta Força Armada;
3) não sei se é correto tratar como herói alguém que ameaçou bombardear o Rio de Janeiro. Podia até ter razão em suas reinvidicações, mas atacar a população civil com canhões de grande calibre...; e
4) estou acostumado a prantear verdadeiros HERÓIS, com "H" maiúsculo. Todos aqui já me viram escrever sobre Tamandaré, Barroso, Greenhalgh (o antigo), Mariz e Barros, MARCÍLIO DIAS (este Marinheiro sim um verdadeiro Herói), e outros. Não me verão honrar alguém que ameaçou atacar a população inocente do Rio.
Mas como escrevi, não posso me aprofundar no tema por falta de informação.




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Re: A Revolta da Chibata

#11 Mensagem por Guerra » Sex Jul 25, 2008 5:16 pm

Túlio escreveu:OFICIAIS de segunda, queres dizer...?

Poisse os praças amotinados não manobraram a Esquadra com maestria, inclusive arrancando elogios de gente tradicional em Marinha?
Claro, esse era o trabalho deles. Mas o fato que nessa epoca o padrão era baixo, e eu até arrisco dizer que a marinha era até melhor que o EB. Porque a marinha era a ligação do pais com o mundo, já o EB...bom, o EB era o EB e nada mais. No EB tinha coronel que era semi analfabeto




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Re: A Revolta da Chibata

#12 Mensagem por Paisano » Sex Jul 25, 2008 5:35 pm

A Revolta dos Marinheiros

Fonte: http://www.geocities.com/Pentagon/Base/6284
Na noite de 22/11/1910 eclodiu a bordo do "Minas Gerais", quando este se encontrava fundeado na Baía da Guanabara, o motim que passou à história como a "Revolta dos Marinheiros" ou a "Revolta da Chibata".

Diversas são as causas apontadas para o motim: recrutamento forçado que importava em 10 ou 15 anos de serviço militar obrigatório, punições corporais (açoites), excesso de trabalho, péssima alimentação e salários irrisórios; porém, nas palavras do historiador Pedro Calmon, "o pretexto era o inumano regime de castigos de bordo, vergonhoso, mas subsistente, nessa armada que se renovava."

No dia 16 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes fora chicoteado, recebendo duzentos e cinquenta golpes do próprio comandante do "Minas".

Apontam os historiadores, também, que um dos motivos de irritação dos marinheiros era o tratamento dispensado aos ingleses que foram contratados para suprir as deficiências de pessoal e que se encontravam a bordo do "Minas Gerais": enquanto a ração dos marujos brasileiros era péssima e escassa, os ingleses recebiam alimentos em abundância e de melhor qualidade.


Na indigitada noite, quando o Comandante Batista das Neves retornava de um jantar oferecido a bordo do navio francês "Duguay-Trouin", os marinheiros cercaram-no e, depois de breve luta, o mataram a tiros e coronhadas. Na seqüência, os demais oficiais foram mortos, conforme acordavam e saíam dos camarotes para verificar o que ocorria.

No entanto, o 2º Tenente Álvaro Alberto, embora gravemente ferido, pois fora atingido por golpes de baioneta ao defender o Comandante Batista das Neves, alcançou o "São Paulo" com um escaler e conseguiu notificar os demais oficiais da frota, que escaparam para a terra.

Os vasos "São Paulo", "Deodoro" e "Bahia", privados de seus oficiais, aderiram ao motim no decorrer da noite.

Na manhã seguinte, comandados pelos marinheiros de primeira classe João Cândido Felisberto e Francisco Dias Martins, os amotinados bombardearam a Cidade do Rio de Janeiro, atingindo a Ilha de Villegaignon e adjacências. Alguns disparos, efetuados sem muita precisão, foram direcionados contra o Palácio do Catete, sede do Governo Federal.

Declarações da equipagem do "Duguay-Trouin" dão conta que os revoltosos manobraram os navios com perícia.

Também no dia 23 de novembro, pela manhã, o deputado e capitão-de-mar-e-guerra José Carlos de Carvalho esteve a bordo do "Minas Gerais" e do "São Paulo", para dar início às negociações com os marinheiros.

Nos dias subseqüentes, os navios que não aderiram à revolta, na maioria contratorpedeiros, entraram em prontidão para torpedear as belonaves amotinadas.

Em 25 de novembro, o Ministro e Almirante Batista Leão emitiu a ordem de afundar a "Esquadra Branca": "hostilize com a máxima energia, metendo-os a pique sem medir sacrifícios."

Entretanto, depois da anistia votada pelo Congresso Nacional em 25 de novembro, as negociações obtiveram êxito, de modo que os revoltosos se entregaram no dia 26 de dezembro.




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Re: A Revolta da Chibata

#13 Mensagem por Marino » Sex Jul 25, 2008 5:45 pm

O Comandante do navio aplicar castigo físico...
Desculpe caro amigo, mas esta eu duvido.
Manobraram com perícia como, se estavam fundeados? Manobraram os canhões?
Muitas dúvidas.




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Re: A Revolta da Chibata

#14 Mensagem por Morcego » Sex Jul 25, 2008 5:52 pm

Deve ter algum bisneto ou membro do PT ou do PCdoB querendo alguma indenização pode apostar.




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Re: A Revolta da Chibata

#15 Mensagem por Marino » Sex Jul 25, 2008 5:54 pm

Bom, com a leitura reforcei minha posição.
Motim, assassinato, bombardeio da cidade...
Podiam estar cobertos de razão, mas... minha visão de Heróis é outra.




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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