Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

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ademir
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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#181 Mensagem por ademir » Sex Jun 20, 2008 5:44 pm

Esse filha da puta desse Hélio Schwartsman, deve pensar que os gringos são bonzinhos e querem so preservar a floresta, que ninguem quer os recursos naturais que estão la. Sinceramente, não passei do primeiro paragrafo desse texto de merda.

É realmente lamentavel, que um "jornal" tenha um "editor" destes.

Essa é pra quem pensa que so na esquerda tem gente que não leva a serio esse negocio de "nacionalismo". :evil:

(desculpem os termos que não são "adequados")




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EDSON
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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#182 Mensagem por EDSON » Sex Jun 20, 2008 7:32 pm

Hélio Schwartsman







Desgraçado, miserável, porco, entreguista e etc. [053] [053]




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#183 Mensagem por Plinio Jr » Sáb Jun 21, 2008 7:03 pm

Que lixo de texto...quem publica algo do tipo deveria ser preso.... :!:




¨Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão ¨- Eça de Queiroz
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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#184 Mensagem por Guerra » Dom Jun 22, 2008 10:23 pm

O mesmo vale para o campo dos costumes. Por menos razoáveis que sejam, não conseguimos no livrar de certos tabus sexuais e sociais que, sem acrescentar muito, relegam milhões de humanos à marginalidade. Também ainda não fomos capazes de superar a idéia inverossímil de que fomos criados por uma espécie de papai do céu de moral severa a quem devemos obediência total.
Pior não é isso. O pior é que tem gente daquela geração que passou a juventude tomando chá de cogumelo e escutando o mantra da múscia "imagine", que ainda pensa que um dia uma espaçonave vai trazer um grande lider em forma de um elefante de seis braços que junto com o John Lennon ressucitado vai ensinar para o mundo que não existem fronteiras.




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#185 Mensagem por Tigershark » Seg Jun 23, 2008 1:25 pm

Isto é

Assunto: Entrevista/Tarso Genro - Ministro da Justiça
Título: 1a 'Chega de fachada'
Data: 23/06/2008
Crédito: Rudolfo Lago e Octávio Costa

Rudolfo Lago e Octávio Costa

Ministro da Justiça prepara lei para expulsar falsas ONGs estrangeiras da Amazônia e diz que a candidatura de Dilma deve passar pelo crivo do PT


Como todo bom gaúcho, o ministro da Justiça, Tarso Genro, revela uma disposição incomum para comprar brigas. A mais recente é um novo estatuto para a presença e atividades de estrangeiros no Brasil, que, antes mesmo de entrar em vigor, já provoca controvérsia. Para funcionar, ONGs e outras organizações não brasileiras terão de passar pelo crivo dos Ministérios da Justiça e da Defesa. Nesta entrevista à ISTOÉ, Tarso é direto: há ONGs de fachada, que acobertam outros interesses. Elas serão convidadas a mudar ou a se retirar do País. O ministro aponta outras idéias polêmicas para a segurança pública: propõe uma aliança com as mães que moram em áreas violentas para que elas indiquem jovens que poderiam ser cooptados pelo tráfico, para que sejam protegidos por programas educacionais e de qualificação profissional que mudem a sua situação. "Chama-se Mães da Paz. Elas, nas favelas, convivem com a marginalidade, sabem quem são os marginais e dialogam com eles." E, na política, Tarso também compra as suas brigas: nada contra a ministra Dilma Rousseff como opção para a sucessão do presidente Lula. Mas ele faz questão de lembrar: a decisão final quanto a isso não pode ser unicamente do presidente: tem de ser discutida com o PT.

ISTOÉ - A nova Lei dos Estrangeiros vai endurecer quanto à ação de pessoas e organizações de outros países, especialmente na Amazônia?
Tarso Genro - Nosso trabalho está pronto; está na Casa Civil. A iniciativa agora dependerá do Congresso Nacional. Nós estamos propondo um regime completamente diferente de permissão. O que queremos é que haja uma negociação específica, caso a caso, com os Ministérios da Justiça e da Defesa para cada ONG estrangeira ou dirigida por estrangeiros.

ISTOÉ - Por que essa mudança?
Genro - Porque, se há ONGs que efetivamente defendem o meio ambiente, há aquelas que apenas encobrem outros interesses. Desempenham atividades como, por exemplo, a biopirataria. Nós queremos ter um mecanismo que possa separar esses dois tipos de ONGs e coibir as atividades daquelas que se prestam a outros interesses.

ISTOÉ - Já existe reação internacional antes de a lei ser sancionada.
Genro - Aquelas ONGs que estão preocupadas efetivamente com a preservação da natureza não têm razão para reagir ou se preocupar. Ao contrário, elas serão prestigiadas. Mas as ONGs que, na verdade, são financiadas por grandes empresas multinacionais poderão ser prejudicadas.

ISTOÉ - O sr. poderia nomear algumas dessas ONGs de fachada?
Genro - Com a nova legislação, vamos poder acompanhar as atividades dessas organizações de perto. Antes, seria leviano dar nomes.
"Nós queremos que o território indígena seja não apenas território nacional, mas propriedade jurídica da União"

ISTOÉ - Como o sr. vê a crítica de setores militares à política indigenista do governo?
Genro - Toda política pública sábia tem que ser periodicamente revisada. A preocupação dos militares é justa no seu conteúdo. Mas nossa visão da política indigenista vai ao encontro dessa preocupação dos militares. Nós queremos que o território indígena seja não apenas território nacional, mas propriedade jurídica da União. Ou seja, a soberania exercida de uma forma ainda mais forte. Então, a visão dos militares é justa, mas, me parece, equivocada. A Casa Civil já tem em mãos uma proposta de decreto formulada por mim e pelo ministro Nelson Jobim que determina um programa de instalação de postos militares da Polícia Federal nas zonas indígenas de fronteira.

ISTOÉ - Como evitar que o Estado continue perdendo a soberania territorial para o narcotráfico e as milícias no Rio de Janeiro?
Genro - É, de fato, uma questão territorial, porque nesses territórios onde as milícias desenvolvem sua atividade há ausência de normas do Estado. E essas milícias buscam ocupar o lugar do Estado. Nós temos de desenvolver ações de políticas públicas para melhorar a vida e a presença do Estado nas regiões onde as milícias atuam. E mudar a forma de atuação das polícias, criando a idéia de polícia comunitária. Uma polícia próxima, reconhecida pelo cidadão, que possa substituir a milícia na confiança autoritária e compulsória que ela impõe sobre a população. Neste momento, nós estamos liberando recursos para a instalação de vários postos de polícia comunitária nas favelas do Rio de Janeiro.


ISTOÉ - Como preparar a polícia para essa atividade e conseguir que ela fique protegida da atração e da violência do tráfico?
Genro - Além da instalação dos postos de policiamento, temos programas de treinamento dos policiais, com remuneração extra para aqueles que se dispuserem a entrar nos cursos de formação. O policial pode ter um aumento real de 30% a 40% do seu salário, se ele entrar no curso para melhorar seu desempenho. Nós estamos pagando para ele se qualificar.

ISTOÉ - Em quanto tempo se poderá sentir alguma mudança? Afinal, o Rio é candidato à Olimpíada em 2016 e a questão da segurança pode atrapalhar essa pretensão.
Genro - No ano que vem, creio que ainda não sentiríamos grandes mudanças. Depois, as coisas começariam a caminhar. Na verdade, a mudança não depende apenas da vontade do governo federal. Os Estados e os municípios, nas ações que a questão da segurança pública lhes confere, têm de se associar e aplicar os recursos que lhes são repassados. Já são 15 Estados, inclusive o Rio de Janeiro, integrados aos programas de qualificação da atividade policial.

ISTOÉ - O que o governo federal pode, de fato, fazer pela segurança?
Genro - Nós temos que distinguir dois tipos de delitos que são fundamentais para que se visualize o que é uma política de segurança pública. Há delitos que não são originários de falha no sistema de segurança pública. Por exemplo, o assassinato da menina Isabella.


"Temos de quebrar o pacto entre a classe alta e a classe baixa, que usa o garotinho de 11 anos como 'aviãozinho' das drogas"

Não sei quem o cometeu, mas este é um delito cometido por pessoas desajustadas, do ponto de vista psicológico. Não se relaciona com a segurança pública. Os delitos que são incluídos na esfera da segurança pública são aqueles que geram uma condição de insegurança para o cidadão comum. Sobre esses, o Estado tem responsabilidade constitucional. Se você for examinar a estrutura de reprodução da criminalidade num país como o nosso, perceberá as conexões que demandam a ação do governo federal. Corrupção no Estado, tráfico de drogas, crime organizado, colarinho branco, lavagem de dinheiro, tudo isso está relacionado.

ISTOÉ - Que modelos e experiências estrangeiras chamam a sua atenção e o sr. busca reproduzir no caso da segurança pública?
Genro - A questão do policiamento de proximidade é uma experiência exitosa nos Estados Unidos e na Inglaterra. Aqui e nos Estados Unidos, a droga é consumida por uma grande parcela da classe média e classe média alta e também pela classe de baixa renda. Isto estabelece uma conexão, uma cumplicidade entre essas classes de consumidores. Nós temos de romper esse elo. Quebrar esse pacto entre a classe alta e a classe baixa, que instrumenta o garotinho de 11 anos para que ele vire, como se diz, "aviãozinho".

ISTOÉ - Como?
Genro - Tirando grande parte da juventude dessa conexão e levando para uma formação profissional. Aqui no Brasil seria a alfabetização, seriam os cursos profissionalizantes, até chegar ao auxílio para a entrada desses jovens na universidade. Acompanhamos com atenção as experiências que vão nesse sentido. A Colômbia está fazendo experiências importantes. No nosso caso, nós estamos particularmente interessados num personagem dessas comunidades que é fundamental para dizer quem são os jovens que vivem ali e quais são os que mais correm o risco de ser instrumentalizados.

ISTOÉ - Quem são esses personagens?
Genro - São as mães da região. Um dos nossos projetos visa diretamente a elas. Chama-se Mães da Paz. Elas, nas favelas, convivem com a marginalidade, sabem quem são os marginais e dialogam com eles. Não queremos que essas mães exerçam uma atividade policial. Agora, elas vão ter condições de apontar os jovens que podem ser instrumentalizados. Apontar não para a polícia, apontar para a integração desse jovem aos programas sociais, de alfabetização ou de qualificação profissional. Temos vários projetos que são adequados para as realidades locais.

ISTOÉ - Como o sr. responde a críticas de que a PF continua atuando para constranger adversários do governo?
Genro - Eu respondo com dois argumentos. Primeiro, a Polícia Federal investiga gente de todas as regiões, de todas as religiões, de todas as etnias e de todos os partidos. A Polícia Federal não segrega. O segundo argumento é que a PF atua sempre ao lado do Ministério Público nessas ações. Então, dizer que se faz perseguição política, na verdade, é dizer que quem faz isso é o Ministério Público. Pode até acontecer de algum delegado ou promotor especificamente deixar que a sua ideologia se infiltre em alguma ação. Mas isso seria um caso específico, uma ultra-exceção. E, quando ocorre, geralmente a pessoa é denunciada e o inquérito se esvazia. Agora, outro aspecto é que quem reclama geralmente está pagando alguma conta.

ISTOÉ - Houve um momento em que a extradição do banqueiro Salvatore Cacciola parecia algo iminente. Mas o tempo passa, e ele continua em Mônaco. O que está acontecendo?
Genro - O processo já está pronto. Nosso pedido já foi atendido. Foi deferida a extradição. Agora, o advogado de Cacciola entrou com um recurso. Até hoje, nenhum recurso desse tipo foi acolhido. Se acontecer agora, será a exceção das exceções. Mas temos de aguardar. Se o recurso não for acolhido, como esperamos, a decisão final sobre a extradição caberá ao príncipe Albert, de Mônaco. O que nos cabia fazer foi feito, e foi bem-sucedido. O restante depende da soberania do Principado.

ISTOÉ - Sua expectativa é que isso ocorra em quanto tempo?
Genro - Pelas últimas informações que tivemos, em 20 ou 30 dias. A decisão. Ou seja, o processo, antes de ir para a mão do monarca.

ISTOÉ - Como o sr. vê as acusações - primeiro o dossiê e agora a VarigLog - contra a ministra Dilma Rousseff?
Genro - Eu, sinceramente, vejo tudo isso com naturalidade. Eu estou há quase seis anos no governo e muitos acontecimentos semelhantes a esse ocorreram. E são acontecimentos que aqui no Brasil hoje capitalizam a atenção da política. Na minha opinião, há um grande rebaixamento da disputa política no País. Ela não se faz mais em cima de grandes vertentes, de visão de mundo. Com a chegada do presidente Lula ao poder, o debate político foi degradado pela oposição. Ele tem se dado unicamente em torno desses, entre aspas, escândalos. Então, eu vejo essa questão da ministra Dilma como mais um desses fatos. Eu conheço a Dilma há quase 30 anos. Tenho absoluta convicção de que ela jamais determinaria ou pressionaria alguém para cometer uma ilegalidade. Em primeiro lugar, porque é uma pessoa honrada. E, em segundo lugar, porque é muito inteligente. Nessa situação em que é a gerente do PAC e eventual candidata, estou certo de que ela jamais permitiria uma atitude que fosse ilegal.

ISTOÉ - Mas, quando houve a compra da Varig, ela ainda não era cogitada para suceder ao presidente.
Genro - O nome dela é sempre cogitado. Qualquer um que esteja na Casa Civil convive com essa possibilidade.

ISTOÉ - Quem está no Ministério da Justiça também.
Genro - Não. Eu acho que o Ministério da Justiça não é um Ministério muito bom para fazer alianças políticas. Em função das atividades desenvolvidas pela Polícia Federal. Não ajuda muito na conformação de uma candidatura.

ISTOÉ - Há certa resistência interna ao nome dela no PT ou não?
Genro - Não acho que exista restrição ao nome de Dilma. O que há é uma preocupação de líderes do partido de que a questão da candidatura à Presidência seja discutida internamente. De que o partido possa interferir nessa decisão. O PT tem de ser partícipe da decisão sobre a escolha do sucessor do presidente Lula.




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#186 Mensagem por Edu Lopes » Seg Jun 23, 2008 7:12 pm

Fundo para Amazônia não ameaça soberania do país, diz Minc

THIAGO FARIA
da Folha Online


O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) afirmou nesta segunda-feira que o Fundo Amazônia, que prevê o investimento de fontes internacionais para desenvolver projetos que combatem o desmatamento na floresta amazônica, não compromete a soberania do país.

Minc afirmou que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a ter algum receio com relação ao plano. "Expliquei ao presidente Lula que esse fundo era mais autônomo que outros planos. No caso do Fundo Amazônia, os países não têm assento em conselho e o órgão que executa é o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]."

Segundo ele, a única condição para que sejam feitos investimentos no país é baixar a média histórica de desmatamento dos últimos dez anos. Ele afirma que, mesmo que as taxas continuem crescendo, não será difícil atingir as metas. "Ainda assim vai estar abaixo da media histórica dos últimos dez anos", afirmou.

O ministro participa na tarde desta segunda-feira de sabatina da Folha, que acontece no Teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618, 2º piso, São Paulo).

Durante duas horas, o ministro responde a perguntas dos entrevistadores e da platéia. Minc é sabatinado por quatro jornalistas da Folha: o editor de Ciência, Claudio Angelo, o editor de Dinheiro, Sérgio Malbergier, a repórter especial Marta Salomon e o repórter Ricardo Bonalume Neto.

Outros sabatinados

Desde 2005, a Folha já promoveu 33 sabatinas, nas quais foram entrevistadas personalidades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente José Alencar, o governador José Serra, o ator Paulo Autran (morto no ano passado), o escritor indiano Salman Rushdie e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (na última sabatina, em dezembro do ano passado).

Minc é o quarto entrevistado no ciclo de sabatinas da Folha neste ano. Antes dele, foram sabatinados o ministro da Educação, Fernando Haddad, o deputado federal (PSB-CE) Ciro Gomes e o psicanalista Contardo Calligaris.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 5304.shtml




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#187 Mensagem por FIGHTERCOM » Seg Jun 23, 2008 9:33 pm

O artigo é de 2007. Vale pelas informações. Não exclui a atenção pela
situação preocupante atual... mas também uma boa resposta aos que salivam pela posse da Amazônia.

Dados importantes e que valem ser repassados.



Campeões de desmatamento, artigo de Evaristo Eduardo de Miranda

*Evaristo Eduardo de Miranda*, doutor em Ecologia, é chefe geral da Embrapa
Monitoramento por Satélite. Artigo publicado no "Estado de SP".

O paradoxo é que, ao invés de ser reconhecido pelo seu histórico de
manutenção da cobertura florestal, o país é severamente criticado pelos
campeões do desmatamento e alijado da própria memória.



Há 8 mil anos, o Brasil possuía 9,8% das florestas mundiais. Hoje, o País
detém 28,3%. Dos 64 milhões de km2 de florestas existentes antes da expansão
demográfica e tecnológica dos humanos, restam menos de 15,5 milhões, cerca
de 24%.Mais de 75% das florestas primárias já desapareceram. Com exceção de parte
das Américas, todos os continentes desmataram, e muito, segundo estudo da
Embrapa Monitoramento por Satélite sobre a evolução das florestas mundiais.

A Europa, sem a Rússia, detinha mais de 7% das florestas do planeta e hoje
tem apenas 0,1%. A África possuía quase 11% e agora tem 3,4%. A Ásia já
deteve quase um quarto das florestas mundiais, 23,6%, agora possui 5,5% e
segue desmatando.

No sentido inverso, a América do Sul, que detinha 18,2% das florestas, agora
detém 41,4%, e o grande responsável por esses remanescentes, cuja
representatividade cresce ano a ano, é o Brasil.

Se o desflorestamento mundial prosseguir no ritmo atual, o Brasil - por ser
um dos que menos desmatou - deverá deter, em breve, quase metade das
florestas primárias do planeta.

O paradoxo é que, ao invés de ser reconhecido pelo seu histórico de
manutenção da cobertura florestal, o país é severamente criticado pelos
campeões do desmatamento e alijado da própria memória.

Na maioria dos países, a defesa da natureza é fenômeno recente. No Brasil,
vem de longa data. Desde o século 16, as Ordenações Manuelinas e Filipinas
estabeleceram regras e limites para exploração de terras, águas e vegetação.
Havia listas de árvores reais, protegidas por lei, o que deu origem à
expressão "madeira de lei".

O Regimento do Pau Brasil, de 1605, estabeleceu o direito de uso sobre as
árvores, e não sobre as terras. As áreas consideradas reservas florestais da
Coroa não podiam ser destinadas à agricultura.

Essa legislação garantiu a manutenção e a exploração sustentável das
florestas de pau-brasil até 1875, quando entrou no mercado a anilina.
Ao contrário do que muitos pensam e propagam, a exploração racional do
pau-brasil manteve boa parte da mata atlântica até o final do século 19 e
não foi a causa do seu desmatamento, fato bem posterior.

Em 1760, um alvará real de dom José I protegeu os manguezais. Em 1797, uma
série de cartas régias consolidou as leis ambientais: pertencia à Coroa toda
mata à borda da costa, de rio que desembocasse no mar ou que permitisse a
passagem de jangadas transportadoras de madeiras.

A criação dos Juízes Conservadores, aos quais coube aplicar as penas
previstas na lei, foi outro marco em favor das florestas. As penas eram de
multa, prisão, degredo e até pena capital para incêndios dolosos.

Também surgiu o Regimento de Cortes de Madeiras, com regras rigorosas para a
derrubada de árvores, além de outras restrições à implantação de roçados.
Em junho de 1808, dom João VI criou a primeira unidade de conservação, o
Real Horto Botânico do Rio de Janeiro, com mais de 2.500 hectares, hoje
republicanamente reduzido a 137 hectares.

Uma ordem, de 9 de abril de 1809, deu liberdade aos escravos que
denunciassem contrabandistas de pau-brasil e decreto de 3 de agosto de 1817
proibiu o corte de árvores nas áreas das nascentes do Rio Carioca.
Em 1830, o total de áreas desmatadas no Brasil era inferior a 30 mil km2.
Hoje se corta mais do que isso a cada dois anos.

Em 1844, o ministro Almeida Torres propôs desapropriações e plantios de
árvores para salvar os mananciais do Rio de Janeiro. Em 1861, pelo Decreto
Imperial 577, de dom Pedro II, foi criada (e plantada) a Floresta da Tijuca.
A política florestal da Coroa portuguesa e brasileira logrou, por diversos
mecanismos, manter a cobertura vegetal preservada até o final do século 19.
O desmatamento brasileiro é fenômeno do século 20.

Em São Paulo, Santa Catarina e Paraná, a marcha para o oeste trouxe grandes
desmatamentos. As florestas de araucárias foram entregues pela Ré-pública
aos construtores anglo-americanos de ferrovias, juntamente com as terras
adjacentes.

Na Amazônia, a maior ocupação ocorreu na segunda metade do século 20 com
migrações, construção de hidrelétricas, estradas e outras infra-estruturas.
Há 30 anos, o desmatamento anual varia de 15 mil a 20 mil km2, com picos de
29 mil e 26 mil km2 em 1995 e 2003. Nos últimos dois anos, passou a 11 mil
km2, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Apesar de generalizações equivocadas, o desmatamento brasileiro não produziu
desertos. Como na Europa, as florestas cederam lugar à agricultura moderna e
competitiva, à pecuária, às florestas plantadas (seringa, café, eucalipto,
laranja, teca...) e às cidades. O Brasil é um líder agrícola mundial.

O estudo da Embrapa indica que, apesar do desmatamento dos últimos 30 anos,
o Brasil é um dos países que mais mantêm sua cobertura florestal. Dos 100%
de suas florestas originais, a África mantém hoje 7,8%, a Ásia 5,6%, a
América Central 9,7% e a Europa - o pior caso do mundo - apenas 0,3%.
Embora se deva mencionar o esforço de reflorestar para uso turístico e
comercial, não é possível ignorar que 99,7% das florestas primárias
européias foram substituídas por cidades, cultivos e plantações comerciais.

Com invejáveis 69,4% de suas florestas primitivas, o Brasil tem grande
autoridade para tratar desse tema ante as críticas dos campeões do
desmatamento mundial, como tem proclamado o ministro da Agricultura, Luís
Carlos Guedes.

Há que ter também responsabilidade para reavivar, por meio de políticas e
práticas duradouras, a eficácia das medidas históricas de gestão e
exploração que garantiram a manutenção das florestas primárias brasileiras.

(O Estado de SP, 17/01/2007)


Abraços,

Wesley




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#188 Mensagem por FIGHTERCOM » Seg Jun 23, 2008 9:42 pm

Primeiramente gostaria de pedir desculpas à moderação e aos colegas do DB pelo que vou falar a seguir, estou ciente das punições.

Gostaria de saber se alguém escreveu para esse babaca filho da puta? Esse cara deve ser mais um daqueles otários que depois de um belo baseado começam a fisolofar, isso mesmo fisolofar porque isso não é filosofia. [006]

Estarei enviando um e-mail em breve para esse porra louca falando umas poucas e boas. Espero que ele tenha a decência de responder.

E-mail: helio@folhasp.com.br


Novamente, desculpe

Wesley




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#189 Mensagem por Immortal Horgh » Seg Jun 23, 2008 10:41 pm

Cara, eu só não te desculpo, como ainda assino embaixo suas palavras.



[ ]s




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Druzhby narodov nadyozhny oplot,
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Pust' ot pobedy k pobede vedyot!
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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#190 Mensagem por ric_strike » Ter Jun 24, 2008 12:26 pm

mas que diabos essas malditas ong´s estrangeiras vem cheirar aqui?? ja que é assim, vamos fazer uma ong de proteção ao vale do silicio americano, outra em proteção ao petroleo e vamo pra la tomar conta, veremos se deixam barato...ta loco, pais de 5º categoria esse brasil, maldita geração maconheira e hippie...nao devia nem ter deixado essa macacada entrar aqui, mas agora que ja entraram deviam ser expulsas debaixo de tiro!

e tenho dito!




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#191 Mensagem por GustavoB » Ter Jun 24, 2008 4:13 pm

Muito bom texto Fighter, foi direto ao ponto.
É bom assinalar de onde vem o nome do nosso país. Bom também lembrar que preservar não significa, de forma alguma, deter o desenvolvimento dos estados do norte e Mato Grosso e que será justamente ele que fortalecerá nossa soberania sobre aquela vasta região, com certeza um desejo antigo do glorioso Exército Brasileiro.
Pra mim isso implica também oferecer condições de cidadania aos índios. Ora, como podem eles viver na idade da pedra em pleno século XXI? Se fosse uma opção tudo bem, mas pra europeu ver... dá asco...




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#192 Mensagem por Paisano » Qui Jun 26, 2008 12:09 am

UE defende "novo conceito" sobre soberania

Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br
GENEBRA - A União Européia (UE) apela para um "novo conceito" de soberania ao se tratar de meio ambiente, mudanças climáticas e conservação de florestas tropicais. Ontem, durante o Fórum Global Humanitário que ocorre em Genebra, na Suíça, o comissário de Política Externa do bloco europeu, Javier Solana, defendeu a adoção de uma "soberania responsável" por parte dos governos, inclusive daqueles de economia emergente.

"Esse é um termo que precisamos começar a pensar de forma séria. O que eu queria dizer com isso é que precisamos pensar que o que ocorre num país não afeta só aquele país e aquele povo, mas todo o mundo. Por isso, precisamos agir juntos. Mas isso também exige que todos os líderes sejam responsáveis, não só pelo que ocorre com seu país, mas responsáveis pelas conseqüências de suas ações em outros países", explicou Solana.

Na platéia do evento, organizado pelo ex-seretário-geral da ONU, Kofi Annan, o conceito de "soberania responsável" proposto por Solana foi interpretado como um alerta de que nenhum país pode continuar clamando por sua soberania se não der provas de que é responsável.

Mas ele mesmo esclareceu que não está falando de "nenhum tipo de intervenção na Amazônia". "Não vamos confundir as coisas", alertou. "Por anos, o interesse ambiental foi considerado por algumas vertentes no Brasil como mais uma dimensão da cobiça estrangeira pela Amazônia."

Mas a realidade é que especialistas e políticos de vários países estão em estado de alerta com o que ocorre no Brasil. Rajendra Pachauri, prêmio Nobel da Paz e presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), afirmou que acaba de retornar do Brasil "preocupado" com a situação na Amazônia.

"Tive encontros com Marina Silva e no Senado. Tenho a impressão de que as coisas não vão bem. O ritmo de desmatamento aumentou nos últimos meses. Isso não é um bom sinal e aponta que os esforços não estão dando resultados", afirmou.

Jeffrey Sachs, professor da Universidade de Columbia, nos EUA, é outro que pede "mudanças estruturais no Brasil". "O desmatamento da floresta amazônica se acelerou nos últimos anos, quando nós pensávamos que já estava controlado", alertou.

"Todos queremos que o Brasil se desenvolva, mas só vai conseguir isso mantendo sua floresta. O padrão de desenvolvimento precisa mudar", disse. "O Brasil fornece muitas das matérias-primas que o mundo se deu conta de que precisará cada vez mais nos próximos anos, como minerais, soja, carne e outros. Mas o que o Brasil precisa entender é que se a Amazônia for seriamente afetada, será a própria economia brasileira que sofrerá no futuro próximo", adiantou.

Para Solana, um acordo internacional sobre o clima precisa ser fechado até 2009. Ele defende, porém, que todos os governos aceitem metas de redução de emissões de CO2, inclusive os emergentes. "Todos somos responsáveis, e metas de corte de emissões devem ser válidas para todos, com diferenciação", disse.

Ele admite que os governos das economias emergentes apenas vão aceitar um acordo quando tiverem garantias de acesso às tecnologias dos países ricos. Para Sachs, os países ricos gastam ainda pouco em energia renovável. "Nos Estados Unidos, esse gasto foi de US$ 3 bilhões em 2007, o equivalente a 36 horas do que gasta o Pentágono", concluiu.




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Edu Lopes
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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#193 Mensagem por Edu Lopes » Qui Jun 26, 2008 8:33 am

Chega de lendas!

Demétrio Magnoli

"A Amazônia não é apena uma coleção de árvores; existe ali um grupo de pessoas". A palavra de Roberto Mangabeira Unger não vale nada, como se sabe, mas a sua constatação, expressa no lançamento do Plano Amazônia Sustentável, contém a chave para a superação de um impasse político de relevância histórica. O ministro está dizendo que é hora de fechar um ciclo e fazer a crítica da crítica da geopolítica amazônica conduzida pela ditadura militar.

Um anúncio do governo federal, assinado pela Sudam e divulgado em 1970, destacava sobre o mapa do Brasil a área da Amazônia Legal, toda preenchida por figuras de implantações industriais, agropecuárias e energéticas. A peça publicitária conclamava, sem rodeios: "Chega de lendas. Vamos faturar!" A Amazônia, tal como vista pela ditadura, era uma fronteira estratégica a ser conquistada e uma fronteira de recursos a ser dilapidada.

No ciclo seguinte, aberto com a redemocratização, o Estado terceirizou o planejamento amazônico para as ONGs e uma narrativa preservacionista tomou o lugar da especulação incentivada. A dupla fronteira da geopolítica militar foi substituída pela visão romântica de um santuário sitiado. Uma fábrica de lendas entrou em funcionamento, gerando mitos que sabotam a coerência das políticas públicas para a região. O mito nuclear diz que a Amazônia é uma paisagem natural: coleções de árvores e coleções de povos originais organizados em torno de modos de vida tradicionais. A narrativa desempenha funções vitais para a economia das próprias ONGs, mas tem repercussões devastadoras para a população amazônica.

Há um mês, curiosamente em meio à polêmica sobre a reserva Raposa Serra do Sol, a Funai deu ampla publicidade à foto aérea de um grupo de índios isolados que vivem no Acre, na faixa de fronteira com o Peru. A imagem de índios seminus apontando arcos e flechas para a aeronave que os fotografava coagula o imaginário sobre a Amazônia fabricado pelo preservacionismo. O seu simbolismo esmaece a visão da Amazônia realmente existente, habitada por 20 milhões de brasileiros.

Chega de lendas. A Amazônia é moderna: nela estão Belém e Manaus, duas das três únicas metrópoles dinâmicas situadas na faixa equatorial do planeta. A Amazônia não é um paraíso isolado: o mercado mundial a incorporou ao sistema de intercâmbios globais desde o início de seu povoamento efetivo, com o ciclo da borracha, no anoitecer do século 19. A Amazônia não é tradicional: ela foi ocupada pelo deslocamento de povoadores do Nordeste e do Centro-Sul em duas ondas recentes, entre 1880 e 1920 e de 1950 em diante. A Amazônia não é, a não ser marginalmente, a morada dos "povos da floresta": suas populações refletem o desenraizamento cultural dos pioneiros e as extensas mestiçagens entre esses pioneiros e deles com os povos autóctones. A Amazônia não é rural, mas urbana: nos seus cenários de igarapés engolfados pelas cidades, onde águas de esgoto correm por dentro das casas, entrelaçam-se os temas do meio ambiente e da saúde pública.

A mitologia preservacionista, pintada para a guerra atrás da divisa do "desenvolvimento sustentável", sabota tanto o desenvolvimento quanto a preservação. A rejeição popular a um paradigma de negação do desenvolvimento empurrou os eleitores para os braços de caciques deploráveis como Jader Barbalho, do Pará, o gerente oculto da Sudam, e Gilberto Mestrinho, do Amazonas, o paladino da motosserra. Abandonados por um Estado que decidiu não enxergá-los, os pobres da Amazônia se entregam, para sobreviver, à dilapidação dos recursos naturais. Um levantamento realizado pelo Imazon a partir de imagens orbitais estimou que existem mais de 95 mil quilômetros de estradas clandestinas apenas entre o sul do Acre e o sul do Pará, em áreas geralmente exteriores ao "arco da devastação". Ocultas sob as copas das árvores, essas extensões das estradas oficiais são utilizadas para a extração ilegal de madeira. A grilagem de terras e a garimpagem se difundem pelas mesmas trilhas.

Coleções de árvores, coleções de "povos tradicionais". Numa lógica paralela à do preservacionismo, as ONGs multiculturalistas investem na celebração de etnicidades essenciais e convertem a política indígena num jogo de poder. Nesse diapasão, índios aculturados são convertidos em nações originais, com "representantes" junto às instituições internacionais, e no Amazonas agentes públicos forçam caboclos a rasgar suas carteiras de identidade e se redefinir oficialmente como índios, sob pena de perderem suas terras de trabalho.

Agora, sob a inspiração do Mapa da Distribuição da População Negra, um artefato de falsificação estatística produzido pela secretaria da segregação racial (Seppir) por meio da junção burocrática de "pretos" e "pardos", declarou-se a negritude da Amazônia. A iniciativa é um primeiro passo para cancelar a história da região e dividir os caboclos, cafuzos e mulatos em "negros" e "brancos". Em nome da doutrina da raça ou do imperativo da criação de currais eleitorais, soterra-se o conceito de que a Amazônia é habitada por cidadãos brasileiros iguais em direitos.

A geógrafa Bertha Becker, uma das formuladoras do Plano Amazônia Sustentável, propõe uma revolução científica e tecnológica para a Amazônia, a fim de inverter a equação que iguala desenvolvimento a dilapidação de recursos naturais. Desafiando os dogmas sagrados do preservacionismo, cita como paralelos a moderna indústria alcooleira e a revolução agrícola no cerrado. Mas, sobretudo, ela sugere que um novo ciclo de desenvolvimento regional depende da recuperação da capacidade do Estado de agir como poder público, isto é, de estabelecer as regras do jogo de modo claro e universal. Isto, por sua vez, exige fidelidade ao princípio da nação única, vilipendiado todos os dias pelo governo. Eis o dilema que ameaça o Plano Amazônia Sustentável.

Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP.
E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 6068,0.php




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#194 Mensagem por Tigershark » Qui Jun 26, 2008 6:40 pm

26/06/2008 - 17h57 - Atualizado em 26/06/2008 - 18h05

Brasil tem autoridade para dar conselhos, diz Lula
Da Agência Estado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Brasil possui autoridade para aconselhar outros países sobre como fazer as coisas bem feitas. "Ao invés de ficar recebendo conselhos, (o Brasil) tem possibilidade de dar conselho." Ele citou como exemplo, durante entrevista à TV Bloomberg, as duras medidas do País para evitar o desmatamento, principalmente em áreas de preservação, como na Amazônia. Porém, Lula afirmou que muitas pessoas moram nesses lugares e que elas querem ter acesso a bens materiais. Dessa forma, segundo ele, é preciso desenvolver a região.



Ainda sobre o tema ambiental, o presidente disse considerar que é possível diminuir o desmatamento do País e que a legislação para isso está pronta e aprovada. Ele afirmou também que o País possui o sistema de monitoramento mais moderno de queimadas, que pode ser acompanhado diariamente. "Estamos cumprindo com nossa parte", disse, acrescentando que é preciso ensinar à população local que não desmatar a Amazônia é uma vantagem comparativa na negociação de seus produtos. "Tem muita gente que fala sério, mas tem muita gente que fala bobagem sobre a Amazônia, sem conhecer."



Lula exemplificou também o uso do etanol no País como combustível automobilístico. "Deixamos de jogar 640 milhões de toneladas de CO2 no ar desde que começamos a produzir etanol." Para ele, em vez de os países industrializados gastarem dinheiro em pesquisa para o desenvolvimento de combustíveis poluentes, poderiam usar os recursos na utilização do etanol, do biodiesel. Ele informou que em 20 e 21 de novembro deste ano haverá um seminário no Brasil para estudar o tema, com a participação de cientistas e especialistas. "O debate não pode ter paixão, tem que ter razão", afirmou.



Para o presidente, no entanto, se os países desenvolvidos não têm interesse em produzir combustível não poluente é preciso ajudar o restante do mundo a produzir, citando, em especial, os países africanos. "Se vocês não querem produzir, ajudem o mundo a produzir. Não fazer nada e ficar só consumido petróleo é um desastre para a humanidade", disse.




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#195 Mensagem por Tigershark » Sex Jun 27, 2008 12:04 pm

27/06/2008 - 03h55
País ignora o que ocorre em 14% da Amazônia, diz Incra
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da Folha Online

Um levantamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) revela que o órgão ignora o que se passa em 710,2 mil km² da Amazônia Legal, que compreende 59% do território do país, informa nesta sexta-feira reportagem de Eduardo Scolese, publicada pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Segundo a reportagem, o estudo mostra que, somada, a área equivale aos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná juntos.

A região, composta de terras federais não-contínuas, representa 14% da região e 65% da parte sob responsabilidade do instituto. A maior quantidade de terras de situação fundiária desconhecida fica no Pará (288,6 mil km²).

O Incra não sabe se terras estão nas mãos de posseiros ou de grileiros, tampouco o que está sendo produzido, plantado ou devastado nessas terras públicas da União.

Para mudar esse quadro e fugir da visão parcial de satélites, o Incra promete mapear as terras e regularizá-las. O instituto espera realizar a tarefa em pelo menos 200 mil km² até o final deste ano. "O nosso objetivo é estabelecer um plano para os próximos cinco, seis anos", disse o presidente do Incra, Rolf Hackbart.

Varredura

Outra reportagem da Folha (íntegra para assinantes) informa que o governo promoverá, com apoio do Exército, a "varredura" de uma área de 30 mil km² no Pará. A ação é mais uma tentativa de regularização fundiária da Amazônia.

O trabalho, que ocorre na região da BR-163, conhecida pelo alto índice de violência e grilagem de terras públicas, é feita em parceria com o Incra custará R$ 9 milhões.

Segundo o PAS (Plano Amazônia Sustentável), plano de governo para a região lançado neste mês, o Exército deve ajudar no trabalho de regularização de terras na Amazônia.

A "regularização fundiária e zoneamento ecológico e econômico" será a primeira das sete medidas que farão parte do plano, segundo o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), responsável pela iniciativa.




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