Pir escreveu:Olá, sou estudante relações internacionais e economia, acompanho o fórum a um bom tempo, mas por não ter grande conhecimento em material bélico preferi ficar como "ouvinte" e utilizar este espaço como ferramental para "reajustar" os cenários, e é justamente neste ponto que gostaria de fazer minha primeira e humilde mensagem.
O Brasil no contexto internacional esta passando por uma completa revisão de seu papel como ator global, nós por estarmos vivendo o processo in loco não conseguimos abstrair de forma adequada as variáveis que podem distorcer a construção de uma analise, e o "tempo", que reparei, é o motivo de inúmeras mensagens pessimistas, negativas, e não que as perspectivas devam ser positivas, podem sim serem negativas, mas por acharmos que o nosso tempo, o de que todo dia abro o fórum e leio mensagens esperando ver um "furo" como: FAB compra 36 Su-35, não é o tempo do Estado. Há uns 2 anos atrás o gabinete da presidência solicitou um estudo de caso sobre uma possível corrida armamentista, conflito no norte da AS.
O Brasil vem de um processo de redemocratização (que leva muito tempo), estabilização financeira (que muito tempo), alavancagem social (que leva muito tempo), e por fim o novo status como portentor de riquezas energéticas, nova precificação das commodities, tudo isso soma para reavaliar o "peso Brasil" no cenário global, e as Forças Armadas devem ser um a projeção desse poder. Lastreada pela barganha que de fato o Brasil exercerá no cenário global, logo, se ainda não temos um consenso sobre a "força" do Brasil, as Forças Armadas tem e devem ter tempo necessário para produzir este plano de reposicionamento.
O tempo do Estado não é o tempo do indivíduo.
Valeu!
Olá Pir,
seja muito bem-vindo ao DB!!!
Bem, suas considerações são pra lá de pertinentes, mas a ansiedade do povo é um fato real.
No caso da "fome" sempre existe a possibilidade de se adotar uma política assistencialista, no caso do reaparelhamento, não. Pior do que reaparelhar as Forças Armadas é ter que criar e adotar doutrinas modernas, ter que adestrar a tropa, saber operar os equipamentos além de seus limites, etc. Isto leva muitíssimo mais tempo, assim pode-se falar em demora, necessidade de tempo para reaparelhar as FFAA, mas não se pode perder o
timing "do que vem depois", pois é muito maior. Este é o problema.
Tem outro, espero que não passe particularmente por você, mas existe uma "briga", uma disputa entre "instituições". Essencialmente separamos o papel das FFAA em três momentos: tempos de paz, crise e a guerra propriamente dita. Em época de crise apela-se para o Gabinete de Crise, neste caso deve-se operar o MRE (Ministério das Relações Exteriores) e o MD (junto com as FFAA). Bem, o MRE não aceita a participação do MD, muito menos das FFAA. Disputa tola, disputa de poder entre ministérios "pobres", onde o poder se concentra mais nas ações verbais do que no uso do dinheiro em si.
Enquanto o MRE interferir nas ações do País nesta escala que percebemos (exemplo, crise Brasil-Bolívia sobre a Petrobras), enquanto o MRE continuar colocando os militares pra escanteio e tratando as FFAA como coisa menor, não teremos nada, até porque o que não falta são diplomatas e políticos apregoando por aí que estão satisfeitos com a atual FFAA, que na verdade deveríamos pensar em "enxugá-las", que reaparelhamento é jogar dinheiro fora, pois em nossa região não existe possibilidade de guerra real.
Veja bem, tais pessoas não acreditam no que falam, mas a disputa pelo poder, pelo espaço político, etc., faz com que as mesmas jurem de pé juntos que é verdade e que possuem as qualificações e habilidades necessárias para que o pior não aconteça.
Como diz minha mãe, "quem não te conheces, que te compre."
Grande abraço,
Orestes