Ahhh... mas isso é normal, acontece em qualquer cidade do mundo
Tiroteio e pânico no Leme
Rio - O que seria apenas um calmo fim de feriado para os moradores do Leme — um dos bairros que já estiveram entre os mais tranqüilos da Zona Sul — se tornou uma noite de guerra que tomou conta de várias outras áreas de Copacabana. No Chapéu Mangueira, mais uma tentativa de invasão por parte de traficantes da facção Comando Vermelho
fez com que moradores tivessem de correr e se esconder da explosão de granadas, das balas traçantes e dos traficantes armados de fuzis. Por questões de segurança, o trânsito na Princesa Isabel — principal entrada de Copacabana — teve de ser interrompido pela polícia.
Desta vez, o pânico foi mais longe e chegou até o calçadão mais famoso do mundo:
turistas e moradores sentados nos quiosques da orla correram desesperados, tentando escapar dos tiros. Nos apartamentos, as luzes eram apagadas.
O cenário de guerra parou o Leme às 19h40 de ontem. O terror generalizou-se. Pelas ruas internas do bairro, principalmente nas que margeiam o morro, como a Gustavo Sampaio e a General Ribeiro da Costa, o pânico tomou conta de quem estava dentro e fora de casa.
A guerra entre bandidos pelo controle do tráfico de drogas nos morros do Leme foi revelado em uma série de reportagens investigativas de O DIA há um mês. Na ocasião, apenas o chefe do Comando de Policiamento em Áreas Especiais (Cpae), coronel José de Castro, falou sobre o assunto. Duas semanas depois Castro foi exonerado e assumiu outra função na corporação.
Ontem pode ter sido o ataque mais violento da facção rival, que tenta tomar o controle das bocas-de-fumo.
“Era muito tiro, muita granada explodindo. Só via as balas traçantes saindo entre os prédios e atingindo o calçadão, passando perto das mesas dos quiosques. Os gringos corriam para todos os lados. Todos estavam em pânico. Nunca vi nada igual”, descreveu o comerciante Joabe Chama, 35 anos, que estava sentado num quiosque no fim do calçadão do Leme, próximo ao costão, quando a guerra explodiu. “Na hora em que começou tudo, corri com o pessoal para trás do quiosque. E vi três balas traçantes passando em cima da mesa em que nós estávamos”, contou o comerciante.
A moradora Leila Muniz, 44 anos, ainda estava muito assustada quando alcançou seu prédio.
“Na hora em que começou o tiroteio, ainda estava no meio da rua. Saí correndo para casa e ainda ouvi a explosão de quatro granadas”, contou.
O Batalhão de Choque chegou ao morro por volta de 21h55 e realizou mais incursões. Policiais de outros batalhões na Zona Sul — como o 23º, no Leblon — foram mantidos de prontidão para serem acionados em caso de emergência. Cerca de 50 policiais do 19º BPM (Copacabana) foram até o local. Equipes de policiais cercaram imediatamente os acessos aos morros Chapéu Mangueira e Babilônia, enquanto outro grupo de PMs correu para os fundos do Teatro Villa Lobos, na Av. Princesa Isabel, e começou uma troca de tiros com os bandidos. Até as 22h30, não havia notícias de feridos ou presos.