Morales pede unidade de militares antes de referendo separatista
CARLOS ALBERTO QUIROGA - REUTERS
LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta sexta-feira que os militares do país permaneçam unidos diante do referendo de autonomia a ser realizado no domingo no Departamento de Santa Cruz, no maior desafio até agora ao governo esquerdista do país.
Um dia depois de ter nacionalizado quatro empresas de energia e a maior companhia de telecomunicações da Bolívia, Morales disse que alguns ex-comandantes militares, que ele não identificou, estariam a serviço de um suposto objetivo separatista do referendo.
"Ex-comandantes me ensinaram a defender a pátria, e sinto que esse serviço continua, mas não é porque somos ex-soldados ou ex-comandantes que podemos ser influídos com algumas versões de independência de algum departamento, de uma nova república", disse Morales numa cerimônia militar.
"Todos, como instituições do Estado, temos a obrigação de cumprir com nosso dever, com a Constituição vigente, e sobretudo servir à unidade da pátria", acrescentou.
Morales fez muitos elogios à cúpula militar, com a qual desenvolveu relações bastante cordiais. Segundo ele, quem pretende dividir as Forças Armadas "acha que está nas ditaduras, mas isso já terminou."
"Não é possível que alguns ex-comandantes tratem de falar mal das Forças Armadas dizendo que estariam submetidas ao presidente... por isso peço às autoridades que orientem muito bem o povo boliviano e deixem de falar de independência (de Santa Cruz) ou nova república", insistiu.
Na semana passada, o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, disse que uma "nova república" seria criada a partir do referendo de 4 de maio, cuja validade não é reconhecida pelo governo nem pela Justiça.
Com a autonomia, a oposição conservadora de Santa Cruz espera colocar a região à margem da "revolução agrária" prometida por Morales, entre outras reformas a serem adotadas na Constituição que está em preparação.
Também na sexta-feira, ministros e outros funcionários disseram que o governo garante a normalidade nas empresas de energia e telecomunicações que foram nacionalizadas na véspera. Várias das empresas passaram por decreto às mãos do Estado.
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