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Mensagem
por PQD » Sex Abr 25, 2008 5:55 pm
Operação na Cidade de Deus termina com 10 suspeitos e uma idosa mortos
Gim, suposto chefe do tráfico no local, foi preso com um fuzil
Rio - À procura do traficante Antônio de Souza Ferreira, o Tota, chefe do tráfico de drogas do Complexo do Alemão, em Ramos, 150 homens de várias unidades da Polícia Militar apoiados por dois blindados e um helicóptero invadiram, na manhã desta sexta-feira, a favela Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Houve confronto, três senhoras idosas - de mais de 70 anos - foram baleadas, tendo uma morrido no hospital. Dez suspeitos foram mortos, e um bandido identificado como Gim, que seria o chefe do tráfico no local, foi preso com um fuzil. Outras três mulheres foram presas com 2.500 papelotes de cocaína guardados em uma casa.
A mulher morta era Josélia Barros Afonso, de 70 anos, que no dia 20 de abril havia completado 50 anos - Bodas de Ouro - de casamento com o aposentado Valdair da Conceição Alonso, de 72 anos. Durante cinco horas - das 10h às 15h - Tota e um grupo de comparsas que fugiram do Alemão e se refugiaram na Cidade de Deus, foram caçados até nas matas, mas não foram encontrados. Além da cocaina, foram apreendidos uma granada e uma motocicleta roubada.
Segundo o coronel Paulo César Ferreira Lopes, que comanda o 2º Comando de Policiamento de Área - chefia todas as unidades da zona oeste - ele recebeu uma informação, quinta-feira à noite, de que Tota e alguns comparsas haviam fugido do Alemão devido as operações que o Batalhão de Operações Especiais vem realizando na Vila Cruzeiro há 10 dias e estavam refugiados na localidade conhecida como Caratê, no interior da Cidade de Deus.
Lopes diz que montou uma operação com homens do 9º (Rocha Miranda), 14º (Bangu), 18º (Jacarepaguá), 27º (Santa Cruz), 31º (Recreio dos Bandeirantes), Regimento de Cavalaria Coronel Cony (Campo Grande), Batalhão de Operações especiais e Batalhão de Choque para cercar toda a área e fazer o vasculhamento, para procurar os bandidos.
Um foguetório anunciou a chegada da tropa da Polícia Militar ao prédio do Destacamento de Policiamento Ostensivo do 18º BPM, que fica na Rua Edgard Werneck, onde foi montado a base do comando das operações. Ali estavam reunidos o coronel Paulo Cesar Lopes, o tenente-coronel André Fernandes, comandante do 18º BPM, e outros oficiais de todas as unidades envolvidas.
Apoiados pelos blindados e pelo helicóptero, os soldados entraram na Cidade de Deus onde, logo de início, foram ouvidos vários tiros. E três mulheres idosas foram baleadas. Josélia Barros Afonso, de 70, que levou um tiro no braço esquerdo que atingiu o coração. Maria José da Silva, de 75, atingida nas nádegas, e Maria dos Anjos Mendes da Cruz, 75, também baleada nas nádegas. As três foram socorridas e levadas para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde Josélia chegou morta.
A família de Josélia acusa a Polícia Militar de ter atirado contra elas, mas o coronel Lopes desmentiu, afirmando que todas foram baleadas pelas costas pelos bandidos. Segundo o militar, as três passavam pela Rua Noé quando ao se aproximarem da esquina com a Rua Londres, viram um grupo de soldados, pararam e perguntaram se podiam atravessar. Receberam resposta afirmativa, segundo o oficial, e quando estavam no meio do cruzamento foram baleadas pelas costas.
O filho da vítima, Luís Alonso, desesperado, acusava os soldados da PM de terem feito os disparos. “Eu vi minha mãe ser morta por estes assassinos”, gritava, andando de um lado para o outro na rua. Segundo o marido da vítima, sua mulher havia saído de casa para ir ao supermercado, na Praça da Cidade de Deus, e, no caminho encontrou as outras duas moradoras.
“É muito triste o que aconteceu. No dia 20, estávamos felizes, comemorando 50 anos de casados. A família e os amigos reunidos aqui em casa. Cinco dias depois ela está morta e eu viúvo. São uns desgraçados quem atirou e matou minha mulher”, disse, chorando.
Cerca de 20 moradores da Rua Noé, vizinhos e amigos da família de Josélia, se reuniram à porta da casa dela e começaram a gritar por justiça e a chamar os PMs de assassinos. Logo depois passou uma patrulha e eles tentaram ir atrás, mas foram impedidos. Os PMs foram vaiados e xingados.
Durante a operação, duas mulheres - Luciana Almeida da Conceição, de 23, e Milena Maria Coelho, de 19, além da adolescente P.M.A., de 17, foram presas em uma casa, na Quadra 15, com quatro sacos plásticos onde havia 2 mil 500 papelotes de cocaina, pesando aproximadamente 2 quilos. As três foram levadas para a 32ªDP (Jacarepaguá) de onde a menor foi transferida para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). As 15h, sem encontrar Tota e seus comparsas, o coronel Lopes mandou suspender a operação mas determinou que efetivos ficassem na Cidade de Deus para evitar manifestações de moradores a mando dos traficantes.
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...