Salve, crubens. Permita-me tecer alguns comentários sobre sua interessante mensagem,
Reduzir porque o número de unidades do Exército, se nos temos um dos menores índices de soldado em relação a população, bem menor que o Chile que tanta gente aqui coloca como exemplo? Aliás menor que a maioria dos países da America Latina (...)
Eu não estou convencido de que o número de soldados de um país deva se relacionar com fatores demográficos ou territoriais, em si mesmos. Mas sim, com as necessidades de grande estratégia que os governos considerem ser pertinentes para o Estado brasileiro. E estar podem variar com o tempo e mudanças na política internacional.
(...) onde institutos internacionais relacionados a defesa dizem justamente ao contrário que o Brasil tem que aumentar o seu efetivo principalmente se quizer oculpar um assento no conselho de segurança da ONU.
Eu não creio que as necessidades estratégicas do país devam ser estabelecidas por “institutos internacionais”. Mas sim pelo governo brasileiro. Quanto ao tal assento no CS da ONU, pra mim, não vale nada. Eu sou um daqueles tradicionalistas que acredita que as Forças Armadas do Brasil devam ser preparadas, tão somente, para defender nossa independência, nossa dignidade e nossa integridade territorial. Não dou a mínima importância a questões tais como “temos que ter mais tropas, para ter prestígio internacional!” (os americanos tem muitas, mas, no momento, não tem prestígio algum. Somente prejuízos financeiros); ou “temos que ter mais tropas, para ocupar o assento sanitário, ops, digo o assento no CS!” Grande coisa, esse assento... O Brasil assume essa cadeirinha de praia, e
Voilá!, no dia seguinte, acabam a corrupção política, o mosquito da dengue, a ignorância e as más condições de vida do país. E, também, nesse mesmo dia, o Brasil passa a ter o poder industrial e militar da Alemanha, do Japão e da França.
Nada disso vai acontecer. O tal assento só vai servir para inchar a cabeça de diplomatas do Itamaraty e do presidente de plantão, seja Inácio da Silva ou outro qualquer. Portanto, de forma alguma, o preparo das Forças Armadas pode depender de tais objetivos insignificantes como o Conselho de Segurança da ONU.
Se sua fala for na intenção de que reduzindo unidades pode-se usar o dinheiro destinados a estas para aprimorar as unidades restantes, então não se engane, o governo irá reduzir na mesma proporção das unidades extintas e o Exército ficará na mesma situação, ou melhor, numa pior situação pois terá seus efetivos que são definidos em lei reduzidos. Isso já aconteceu antes, falo com conhecimento de causa.
Primeiro, isso implica na crença de que, jamais, em momento algum, teremos lideranças governamentais responsáveis e com clareza de conhecimentos político-estratégicos. Claro, partindo-se do pressuposto de que, para países que não estão à beira da guerra total, é mais lucrativo, do ponto de vista custo-benefício, trocar a quantidade de soldados (e principalmente, de oficiais) pela qualidade. Eu acho esse um discurso negativista e que espera, sempre, o pior para o Brasil. Eu, da minha parte, prefiro esperar o melhor.
Quanto a isso já ter acontecido antes, realmente, a minha falta de conhecimentos não me permite lembrar quando foi que o Exército teve seus efetivos reduzidos pela lei. Ao contrário, tanto quanto eu saiba, os efetivos da força terrestre sempre foram elevados, através da nossa história política. Mesmo quando outras nações estavam reduzindo efetivos, com o fim da Guerra Fria, jamais foi aventada tal possibilidade para o Brasil.
Ocupação de posições de comando dentro da tropa por sargentos ???? Os sargentos já tem e sempre tiveram posição de comando dentro da tropa. Em cada escalão de comando existe um responsável que tem formação específica para tal seja ele praça ou oficial. Explicando melhor de uma maneira bem simples e usando a arma de infantaria como exemplo: uma esquadra é comandada por um cabo, um GC por um Sargento, um pelotão um Tenente, uma companhia Capitão, um batalhão Coronel, uma brigada um General.
Muito instrutiva sua explicação sobre a constituição do comando dentro da tropa. Mas, creio eu, o Estatuto dos Militares especifica que, aos oficiais compete, exclusivamente, o exercício do comando. Cabendo aos graduados o papel de auxiliares, seja no adestramento ou no emprego dos corpos de tropa. Salvo engano da minha parte (muito provável, sendo eu, apenas um paisano), é vedada a possibilidade de um pelotão de fuzileiros ser comandado por um sargento. Comando
De Jure, pois, se em combate, ou em adestramento, o tenente morre, é o 2º Sargento quem passa a exercer o comando,
De Facto.
Sempre me chamou a atenção, a doutrina de comando do Exército alemão da Segunda Guerra Mundial (já li, aqui mesmo nesse fórum, que ainda é assim, hoje em dia). Na companhia de fuzileiros alemã, só haviam dois oficiais; o capitão comandante, e o tenente, comandante do primeiro pelotão, acumulando, também, a função de subcomandante de companhia. Os outros dois pelotões eram liderados por sargentos.
Estou ciente que, qualquer um, poderá dizer que não é bom prestar atenção aos costumes militares alemães, afinal, eles perderam duas guerras mundiais. Eu não creio nisso, mas todos tem direito a sua própria opinião...
Bem, é sabido que tal coisa não ocorre nos Estados Unidos, ou na Grã-Bretanha. Mas, sobre essa última, eu já li uma história falando sobre como uma comissão de sargentos, no final da guerra, na Birmânia, se apresentou ao seu general comandante. Como os tenentes vinham, cada vez mais jovens e inexperientes, devido ao quase colapso humano da Grã-Bretanha, eles cometiam erros que lhes custavam a vida e a de seus subordinados. Para evitar que isso ocorresse, os sargentos britânicos solicitaram ao general comandante, que lhes desse autorização, para eles mesmos liderarem os pelotões de fuzileiros. E o general concordou. E isso no tradicional exército de Sua Majestade Britânica.
Mas, isso não era o ponto central da minha mensagem anterior. Eu só usei isso como como exemplo para questionar a obediência militar dentro do Brasil, perante seu supremo comando civil. Como faço questão de frisar, sendo paisano, não posso jurar pela minha mãe, mortinha, que isso seria positivo ou negativo. Mas se, amanhã (ainda que esse amanhã, nunca venha), um Congresso achar, por bem, que seria positivo conceder o comando de, digamos, um pelotão dentro de uma companhia de fuzileiros (talvez, valendo o mesmo para outras armas), e com anuência do Presidente da República, tal modificação entrar em vigor, eu espero que os generais, depois de terem argumentado contra (se eles acharem negativo), se limitem a bater continência e a obedecer às ordens superiores. E o mesmo vale, se, algum dia, for entendido pela alta liderança civil que é preciso, sim, reduzir os efetivos militares e impor a total profissionalização, trocando quantidade por qualidade.
Pelo que você escreveu, deu-me a impressão que você quiz dizer que era para colocar um Sargento em uma posiçaõ de comando de General, espero que tenha entendido errado.
Realmente, não foi isso que eu quis dizer. Mas, acho que foi Bonaparte quem disse que, “todo soldado traz na mochila, seu bastão de general”. Alguns excelentes generais (outros, não tão bons) vieram das fileiras do exército francês. Aliás, alguns excelentes coronéis e generais franceses na Argélia e na Indochina, também começaram suas carreiras como sargentos. E, alguns generais alemães, da Segunda Guerra, também tiveram a mesma origem.
Como já disse, antes, sempre se poderá dizer que franceses e alemães perderam várias guerras. É uma opinião válida, embora, pessoalmente, ela não me comova, nem um pouco. Por exemplo, se os alemães perderam a última guerra mundial, na minha opinião, com certeza, não se deve a organização de sua estrutura de comando de campo de batalha. Talvez, sim, a organização do alto-comando civil e militar, mas isso seria uma longa história para debater.