Herói brasileiro da 2ª Guerra Mundial, Major-Brigadeiro Othon Correia Netto deixa imenso legado de patriotismo
À noite, ele foi descansar. Foi na madrugada desta quinta-feira (dia 17) que o guerreiro fechou os olhos pela última vez, como para dormir. O Major-Brigadeiro Othon Correia Netto, de 87 anos de idade, e herói brasileiro na 2ª Guerra Mundial, faleceu em sua casa, na cidade de Petrópolis, comovendo a Força Aérea Brasileira ao deixar imenso legado de patriotismo e tantas outras virtudes. O velório é realizado no Clube de Aeronáutica do Rio de Janeiro, ainda nesta quinta-feira, e o sepultamento está programado para ocorrer na sexta-feira (18), no Cemitério de São João Batista, na cripta dos aviadores, às 15h.
“Era um homem, acima de tudo, patriota”, considera o filho, Otton de Barros Correia. “A par de todos da FAB e da família o tratarem como herói, ele preferia a humildade. Era muito modesto em tudo e demonstrou, na prática, abnegação, honestidade e hombridade, que são os maiores exemplos que um homem pode deixar”, diz o filho. Além de Othon, o Major-Brigadeiro Correia Netto deixa a esposa Lúcia, as filhas Lílian e Cristina, e quatro netos.
Tanto quanto para a família, o herói deixa em saudades também a família Aeronáutica. A história dele na 2ª Guerra Mundial é marcada por acontecimentos marcantes. Ele realizou 58 missões. A mais complicada foi no dia 26 de março de 1945, quando foi abatido em um ataque a Casarta, no front na Itália. “Mergulhava atirando foguetes...quando senti um tranco violento”, relembrou o então tenente Correia Netto para o livro “Senta a Pua!”, escrito pelo Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima Ele saltou de pára-quedas em território inimigo e foi preso pelos alemães. Também no livro há descrição detalhada de como foi o comportamento do herói na prisão. “(os alemães) já estavam cansados de ouvi-lo responder somente o nome, posto, e o número de série”. Ele foi libertado pelos Aliados, após o fim da guerra, no dia 10 de maio.
“Uma característica sempre evidente em sua personalidade era a seriedade. Isso até rendeu um apelido a ele: ‘Serião’. Em tudo o que ele fazia, havia seriedade, idealismo, coragem e emoção. É uma grande perda para todos nós”, disse o Major-Brigadeiro Rui horas depois do falecimento do amigo.
Após a guerra, ele continuou na aviação de caça e em outras aviações da FAB, e acumulou cerca de sete mil horas de vôo. Se o Major-Brigadeiro é referência de coragem e idealismo para a instituição, o “Serião” é lembrança que não se apaga para os amigos. Todas as homenagens em vida e todo o reconhecimento em sua memória são pródigos e justos quando se fala de herói. É sempre momento de lembrar da “hélice a girar”, dos “ventos sobranceiros” e de que “às estrelas de noite subimos para orar ao Cruzeiro do Sul”. É unânime que fica um legado imensurável e que rebrilha para a FAB a estrela do guerreiro Othon Correia Netto.
Maj Brig Correia Netto, de pé, o primeiro à esquerda
Fonte: CECOMSAER