Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Beronha
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#1021 Mensagem por Beronha » Seg Fev 18, 2008 2:14 pm

Immortal Horgh escreveu:
jp escreveu:
Sintra escreveu::roll:

Devia mudar-se o nome deste tópico para "The Monthy Python Flying Circus"...


:oops: :oops: Eu estava até triste com o que vinha lendo...
Mas, Sintra, vc me fez esvair de tanto rir :lol: :lol: :lol: :lol:



Eu sinceramente estou muito aborrecido com essas coisas que estão acontecendo no fórum.


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só venho aqui para aprender (já que não sei nada) e não quero aprender errado :wink:




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Immortal Horgh
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#1022 Mensagem por Immortal Horgh » Seg Fev 18, 2008 2:38 pm

Beronha escreveu:
Immortal Horgh escreveu:
jp escreveu:
Sintra escreveu::roll:

Devia mudar-se o nome deste tópico para "The Monthy Python Flying Circus"...


:oops: :oops: Eu estava até triste com o que vinha lendo...
Mas, Sintra, vc me fez esvair de tanto rir :lol: :lol: :lol: :lol:



Eu sinceramente estou muito aborrecido com essas coisas que estão acontecendo no fórum.


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só venho aqui para aprender (já que não sei nada) e não quero aprender errado :wink:



Eu aprendi muito aqui e espero que assim continue. Tenhamos fé, grande amigo 8-]


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#1023 Mensagem por Gerson Victorio » Seg Fev 18, 2008 6:23 pm

Marino escreveu:Dandolo, escreva o que vc sabe da tecnologia naval de hoje.
Não se esqueça de uma coisa: o avião faz parte do sistema de armas de uma FT, e não é um fim em si mesmo.


Marino,

por favor...me permita uma intromissão...apesar do post ser direcionado ao dandolo,..minha indagação é a título de esclarecimento, inclusive se quiseres e achar melhor, acho eu, que a resposta poderia ocorrer lá em FORÇA NAVAIS tópico PORTA-AVIÕES, só estou aproveitando a deixa.

sempre vejo você repetir essa frase: " o avião faz parte do sistema de armas de uma FT e não um fim em si mesmo"
OK, entendo isso, e sempre aqui é debatido a logica do "HARDWARE", como você mesmo diz, mas então a dúvida... apesar de todas as estratégia e taticas presente em uma manobra ou batalha, no final em algum momento esse "HARDWARE" deverá ser utilizado, e se este último(avião) tiver limitações consideráveis, não estará pondo em risco toda uma preparação ou forma de emprego mais eficiente? so pra citar... o Nosso A-12, por exemplo, pra mim, uma excelente aquisição, porém, é inevitável que se discuta sobre a sua ala aérea de combate, mas precisamente sua ala de caças, veja, pra mim o avião em si é a propria razão de ser do navio e não apenas uma sistema em si, senão, não faria sentido se chamar Porta-Aviões, não faria sentido ser esse o navio mas indicado a defesa aérea se seus vetores não estiverem em condições para tal, indago isso apenas para melhorar meu conhecimento.

desde já agradeço a possível resposta.

Gerson




de volta a Campo Grande - MS.
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#1024 Mensagem por Marino » Seg Fev 18, 2008 6:41 pm

GERSON VICTORIO escreveu:
Marino escreveu:Dandolo, escreva o que vc sabe da tecnologia naval de hoje.
Não se esqueça de uma coisa: o avião faz parte do sistema de armas de uma FT, e não é um fim em si mesmo.


Marino,

por favor...me permita uma intromissão...apesar do post ser direcionado ao dandolo,..minha indagação é a título de esclarecimento, inclusive se quiseres e achar melhor, acho eu, que a resposta poderia ocorrer lá em FORÇA NAVAIS tópico PORTA-AVIÕES, só estou aproveitando a deixa.

sempre vejo você repetir essa frase: " o avião faz parte do sistema de armas de uma FT e não um fim em si mesmo"
OK, entendo isso, e sempre aqui é debatido a logica do "HARDWARE", como você mesmo diz, mas então a dúvida... apesar de todas as estratégia e taticas presente em uma manobra ou batalha, no final em algum momento esse "HARDWARE" deverá ser utilizado, e se este último(avião) tiver limitações consideráveis, não estará pondo em risco toda uma preparação ou forma de emprego mais eficiente? so pra citar... o Nosso A-12, por exemplo, pra mim, uma excelente aquisição, porém, é inevitável que se discuta sobre a sua ala aérea de combate, mas precisamente sua ala de caças, veja, pra mim o avião em si é a propria razão de ser do navio e não apenas uma sistema em si, senão, não faria sentido se chamar Porta-Aviões, não faria sentido ser esse o navio mas indicado a defesa aérea se seus vetores não estiverem em condições para tal, indago isso apenas para melhorar meu conhecimento.

desde já agradeço a possível resposta.

Gerson

Caro Gerson
O que se tenta mostrar aqui falando de "hardware" é que o mesmo necessita fazer parte de um estudo mais amplo, sobre Estratégia e Doutrina. Desta maneira, o meio em si passa a ser a ponta da linha em todo um processo. Ele será utilizado, sem sombra de dúvida, mas há que o colocar em seu devido lugar.
Quanto a noção de sistema - muito se fala aqui em NCW, como se isso fosse uma novidade.
As Forças Navais desde a década de 1960 (o Brasil) utilizam-se de data-link, visualizando todo o cenário como um sistema. O meio de um navio, seja um heli, um avião, um radar, um canhão, um eqpto qualquer, é usado em prol da eficácia e eficiência de toda a FT.
Ou seja, o meio deixa de ter importância individual, deixa de ser um fim em si mesmo (como o direito de voar, p.ex). e passa a interagir como um conjunto. Deixa de haver a ação individual, e passa a haver a ação coletiva, em prol da missão, como um sistema de armas.
Não há nenhuma dúvida que necessitamos urgentemente de uma ala aérea decente. Sou o primeiro a admitir isto, e ter esperança de que este problema seja resolvido este ano.
Mas para que a ala aérea?
Para aumentar a capacidade DA FORÇA em controlar o mar, aumentar a capacidade de detecção DA FORÇA, de interceptação DA FORÇA, do alcance do braço armado DA FORÇA.
Não sei se consigo me fazer entender, pois é algo claro para mim e posso estar com dificuldade em me expressar.
O que quero dizer? Que as aeronaves vão fazer parte de um sistema, de um conjunto, que não são o fim por si próprias, que sem o resto do conjunto elas não teriam a eficiência e eficácia que se podia esperar das mesmas.
Não sei se me fiz compreender. Estou a disposição para continuar tentando me expressar melhor.
Forte abraço




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#1025 Mensagem por Dandolo Bagetti » Sex Fev 22, 2008 3:35 am

CHEGA! EDITADO PELA MODERAÇÃO.




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#1026 Mensagem por Túlio » Sex Fev 22, 2008 7:07 am

Prezado Dandolo,

O Fórum Defesa Brasil é um espaço gratuito, livre e democrático para debates, criado e mantido para promover, disseminar e estimular o conhecimento sobre os múltiplos aspectos da Defesa entre todos os seus membros.

O Fórum está dividido em várias seções e subseções cujo fim está devidamente descrito na página inicial. Nessas áreas, são discutidos assuntos de Defesa de hoje e perspectivas baseadas na realidade em que vivemos.

Em virtude disso, estamos determinando que você centralize suas idéias avançadas na área de Assuntos Gerais, permitindo que a quem se interesse por elas que as acompanhem e discutam com você. Os outros espaços desse fórum não estão abertos a discussões que estejam fora dos conhecimentos, regras e convenções (físicas, matemáticas, sociais...) aceitas atualmente pela sociedade, incluindo os responsáveis pelo Prêmio Nobel.

Você pode ter as idéias que quiser e é livre para isso, mas aqui dentro do Fórum terá que ter limites. Dessa maneira, recomendamos fortemente a leitura do Regulamento do Fórum Defesa Brasil para conhecer melhor seus direitos e deveres neste espaço.

A não observação dessa determinação acarretará nas sanções previstas no referido regulamento, e as mensagens fora desses termos serão devidamente movidas, editadas ou apagadas. Contamos com sua colaboração.

Atenciosamente,
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#1027 Mensagem por Marino » Seg Mar 03, 2008 8:01 pm

Jobim desiste de enviar MP para compensar atrasos

Jeferson Ribeiro, Portal Terra



BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que não enviará mais ao Congresso Nacional, por medida provisória, uma série de regras para compensação dos passageiros que sofrerem nos aeroportos com atrasos superiores a uma hora.

- Não é compatível o projeto com MP. Tem uma série de medidas que são tomadas após e uma MP não pode ser para vigir daqui a 60 dias - afirmou. O ministro chegou a dizer que o ressarcimento - que pode ser por créditos em passagens ou dinheiro - sairia antes do Natal.

No cargo há sete meses, Jobim enfrentou o momento mais crítico da aviação civil brasileira e tenta reestruturar o funcionamento das Forças Armadas no País. O ministro, que por vezes usa a retórica como principal arma para combater os problemas que se apresentam, afirmou que quer discutir o papel do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no País. Segundo ele, as Forças têm que estar preparadas para enfrentar insurgências, o contrabando e até ajudar Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Jobim afirmou ainda que tem pressa para reestruturar a Infraero e negou recentemente que o governo pense em privatizar a empresa. Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida na sexta-feira, dia 29.

O senhor assumiu a pasta com várias pendências com as Forças Armadas. Nesse período em que o senhor está no Ministério, o que mudou na relação com as Forças e qual o papel elas devem exercer no Brasil?

A relação pessoal e institucional é ótima. Não há nenhum problema. Os comandantes são homens muito dedicados à causa, têm um conceito de brasilidade muito forte e têm uma preocupação muito forte em relação às suas questões específicas. O grande problema que nós tínhamos e que estamos compondo é que assunto de Defesa não interessava ao setor civil. O setor civil, depois do regime militar, passou a desconsiderá-lo, trouxe consigo a mentalidade anterior em que identificava as questões de defesa como perseguição política. E, com isso, quando se veio para o regime democrático tivemos o abandono (das Forças Armadas). Com isso, os militares ficaram isolados. O que estamos tentando é fazer com que a questão de Defesa venha a ser algo da agenda nacional e não algo exclusivamente da agenda da corporação militar. Isso deu novo alento aos militares. Inclusive as discussões da elaboração do Plano Estratégico Nacional de Defesa têm surpreendido alguns militares, por estarem pela primeira vez debatendo com civis e com o governo esse tipo de assunto. Estou enfrentando temas paralisados, como o submarino nuclear, a reequipagem das Forças, que não falamos mais nisso, porque definimos tarefas a serem cumpridas e perguntamos como a Força pode cumpri-la. Daí surge a pergunta: a organização e o tamanho da Força são compatíveis para cumprir tarefas ou tem que sofrer alterações? A outra questão que se apresenta daí é se a tarefa definida como executável demanda ou não demanda mudanças nas práticas operacionais. E aí sim quais são os equipamentos adequados para executar a tarefa. O que significa que estamos pensando o futuro. Trabalhando com um novo conceito de guerra, de guerra futura. Hoje, por exemplo, o pensamento militar não pode ser restrito à guerra convencional - Estado Nacional contra Estado Nacional. O século 20 tem mostrado que as insurgências são muito fortes, temos que ter doutrinas de contra insurgência, temos que ter trabalho que se vincule aos problemas das guerras assimétricas, que você não tenha disputa com Estado Nacional e sim com organizações criminosas. Há uma remodelagem disso.

Mas como vamos perceber isso? A Força vai atua na proteção dos morros do Rio de Janeiro, por exemplo?

Não. Aí temos o GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Nós temos duas linhas de atuação das Forças. Por exemplo, o problema do contrabando, do narcotráfico utilizando o Brasil é algo que atinge a soberania nacional. É que estou usando a palavra insurgência no sentido da doutrina militar e você no sentido da insurgência civil. Os problemas de insurgências civis são problemas de garantia da lei e da ordem. Para isso aí a capacidade de ação da força militar é auxiliar em logística e inteligência as forças de segurança que têm objetivo próprio. Mas quero abrir a discussão da lei e da ordem.

O que não está previsto em lei...

É, exatamente. Eu quero abrir nessas tarefas que estão sendo discutidas a questão da garantia da lei da ordem. Como é que se pretende que as forças ajam e que condicionamentos as Forças (terão) na garantia da lei e da ordem. Nós sabemos que militares dispõem de expertise para tratar de problemas urbanos. Exemplo clássico disso é o Haiti. Indo ao Haiti você verifica que aquilo é uma zona urbana que tinha lá dentro gangues de desordeiros e bandidos e os militares atacaram aquele pessoal dentro de área urbana com civis. O problema que quero discutir é o estatuto da tropa. Uma coisa é você ter tropa brasileira operando no Haiti em que o estatuto jurídico da tropa que lá opera é definido pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pelos tratados internacionais da ONU com o Haiti. Aqui no Brasil tu não tens isso. Ou seja, aconteceu nas operações durante do governo Itamar, eu era ministro da Justiça e logo segui no governo Fernando Henrique. Fui eu que encerrei aquela atividade no Rio, onde o Exército subiu o morro e houve ação geral. Lá resultaram várias ações (judiciais) contra soldados, porque não tem estatuto próprio.

Se ele desse um tiro era julgado pela Justiça comum...

É tinha que responder na Justiça militar comum, por delito. Então são essas coisas que temos que examinar. Quero abrir essa discussão. Porque para utilizar as Forças dessa natureza você não vai conseguir (se não tiver legislação específica)

O senhor quer abrir a discussão no sentido de poder usar?

Poder usar. E discutir as condições. Vamos discutir as possibilidades que existem para usar. Vai constar no Plano Estratégico Nacional de Defesa (previsto para ser apresentado no dia 7 de setembro desse ano, data em que País comemora da proclamação da Independência).

Outro campo da Defesa que parecer estar sendo reativado é a discussão de um plano integrado de Defesa. É no sentido de ter uma estratégia de defesa continental?

Não é no sentido de criar uma OTAN. Não é uma forma clássica de coesão. O que eu quero nessa discussão com a América é fazer o seguinte (pega um papel para rascunhar a proposta): em cada País teria dois assuntos. Um seria a proposta brasileira de criação de um Conselho Sul-americano de Defesa, integrado pelos ministros de Defesa e que teria como objetivo discutir questões comuns de Defesa. Plataforma da indústria de Defesa, as questões de posições iguais na América do Sul em debates internacionais em questões de Defesa, ter posição coordenada dos países sul-americanos, ter condições de troca de experiência, etc. Porque hoje as trocas são de Força para Força, não de Estado para Estado. Nós queremos fazer troca de experiências nas academias, discutir cultura e doutrina militar. Ou seja, fazer haver coesão mínima dos países sul-americanos a bem de ter o Continente força e voz nos encontros internacionais sobre isso

Isso também serve para fortificar uma posição do Brasil para conseguir um assento no Conselho de Segurança da ONU?

Não, não. Não tem nada a ver. Isso é coisa minha. Não é do Itamaraty. O objetivo disso aqui (aponta para o papel) não é para que o País se fortaleça. Você não tem ninguém que fale pelo Continente. Aí você não tem condições (de fazer isso). Nós temos que fazer com que quem fale pelo Continente seja a nossa comunidade. O que isso pode resultar, se lá na frente vai virar uma comunidade mais integrada, é outra coisa. Nós precisamos conversar. Não podemos mais achar que a América do Sul tem que ser tratada com países isolados. Vamos ver se a gente consegue criar uma coesão.

Mas vai tratar de áreas de inteligência, por exemplo?

Não, isso ainda vamos formatar. Temos que começar com certa humildade. Não adianta querer fazer uma coisa enorme, que não faz nada. Queremos trabalhar pontualmente na discussão das questões de defesas regionais e internacionais e depois vai se consolidando aquilo que for consensual. O segundo objetivo dessas conversas são as colaborações que o Brasil possa ter com os países bilateralmente. É o caso, por exemplo, em que estamos colaborando com a Bolívia, nesse problema terrível que eles estão tendo (com as inundações). Determinamos a remessa de uma equipe de engenheiros para examinar o problema de pontes que eles têm lá, porque as águas destruíram tudo. Então estamos tentando ajudar.

Ainda nessa área de Defesa, ministro, o senhor conseguirá atender a reivindicação dos militares por reajustes salariais nesse ano, mesmo sem a receita com a CPMF? O Congresso Nacional fez cortes menores nas áreas militares em comparação com outros ministérios. Isso garante o reajuste?

Isso já demonstra que tivemos uma vitória. Quando eu assumi a proposta do orçamento de Defesa, ele era de R$ 6 bilhões para custeio e investimento e foi para R$ 9 bilhões, podendo chegar a R$ 10 bi na execução orçamentária. Isso tudo antes das CPMF. Agora, o próprio Congresso adotou cortes diferenciados para no orçamento, o que mostra que a questão da Defesa passou a fazer parte da agenda nacional. Vai ser possível dar os reajustes. Eu ainda não tenho os números, porque na segunda-feira eu terei reunião com o ministro Paulo Bernardo (do Planejamento) e depois na quarta-feira deve haver a reunião da Junta Orçamentária, que vai definir os limites, e daí eu parto para a definição numérica. Mas não quero colocar na mesa também proposta que sejam superiores ou inferiores do que será possível. Isso não é uma disputa de ministérios e sim uma decisão de governo.

Há quase um ano, ministro, tivemos o episódio da revolta dos controladores, um dia de caos. De lá para cá, houve uma série de reivindicações dos controladores, algumas ainda em negociação e outras guardadas na gaveta. O que para um controlador de 31 de março de 2007 mudou para aquele que está trabalhando em 31 de março de 2008? Ele vai ter um salário melhor ou apenas se tem uma tropa mais unida?

Temos uma tropa mais unida, desapareceu aquele sentido corporativo sindicalista que passaram a eles e nós pacificamos o sistema. Mas, evidente que na discussão da carreira, mantido que seja o modelo militar e não quero discutir esse assunto já, vou mandar fazer uma auditoria, estou atrás de quem faça isso, completa no sistema aéreo brasileiro...

Mas a ICAO (Organização de Aviação Civil Internacional, sigla em inglês) não virá ao Brasil fazer essa auditoria nesse ano?

Não, vem só no ano que vem. Mas a ICAO não faz vistoria. A ICAO faz vistoria sobre o cumprimento por parte do sistema estabelecido por eles. Mas eu quero ir mais longe, quero a ver a eficácia e ver onde podemos melhorar o sistema. Tem gente internacional que faz isso, estou atrás disso. A doutora Solange (Solange Vieira, presidente da Agência Nacional de Aviação Civil) está indo aos Estados Unidos e vai verificar lá, existem quatro ou cinco empresas no mundo que fazem isso. Eu quero que eles venham aqui e me mostrem o que pode ser melhorado no sistema.

O senhor não teme que as vísceras do sistema apareçam?

Não tem mais vísceras está tudo sob controle.

Mas uma auditoria pode apontar que determinadas pistas não são adequadas para o número de aviões que a utiliza, pode mostrar que o sistema de radar é falho e ultrapassado?

Isso é o que precisamos saber. Aí tenho condições de consertar isso. Isso é que eu quero. Não tenho intenção de ocultar nada. Eu preciso é compor o sistema. O crescimento da demanda no Brasil é brutal. Então, tem que ter sistema eficaz. Você tem os dois lados da moeda, um é o controle do espaço aéreo e outra é a infra-estrutura aeroportuária, que é questão da Infraero. Por isso, estamos tocando uma reestruturação da Infraero e vamos tocar também a verificação para saber se essa nossa "plataforma" do sistema de controle do espaço aéreo está compatível.

O senhor desistiu de enviar por Medida Provisória a proposta de ressarcimento aos passageiros que enfrentarem atrasos nos seus vôos acima de uma hora? Vai ser enviado por projeto de lei?

Não é compatível o projeto com MP. Tem uma série de medidas que são tomadas após e uma MP não pode ser para vigir daqui a 60 dias.

O senhor vai pedir urgência constitucional para o projeto?

Não. Vou fazer urgência lá. Prefiro a urgência com participação parlamentar. Vou negociar. Eu negocio tudo sempre. Lembro que quando aprovaram a lei de lavagem de dinheiro em que eu era ministro da Justiça foi toda ela negociada. Eu não quero á partidarizar isso. Esse assunto não é político-partidário. A Medida Provisória não ajuda para esse tipo de coisa. Não ajuda porque tu entra em vigor com um negócio e depois no processo é mudado e gera confusão infernal.

Durante a sua gestão o senhor tem tido uma relação mais rígida com as companhias. Com esse novo marco legal que o senhor irá propor vai ficar ainda mais difícil para as empresas? O que pode mudar para elas?

O marco legal que temos que trabalhar é da perspectiva do usuário. Ou seja, o que cabe a nós do Ministério da Defesa é dar infra-estrutura aeroportuária para que sirva ao usuário. Ao servir o usuário servirá às empresas, mas as empresas têm que servir ao usuário.

Pode ter maior abertura para investimento estrangeiro nas companhias brasileiras?

Pode. Tem proposta no Congresso de até 49% (hoje esse investimento é limitado a 20% do capital). O ministério vê dessa forma também. Não há problema nenhum. Porque o nosso problema é o seguinte: é ter sistema que seja dentro dos critérios de segurança, pontualidade e regularidade e isso você cria. Um é responsabilidade nossa e a definição de toda estrutura é da perspectiva do usuário. Precisamos dar segurança e conforto a ele. E evidente que as empresas têm que ser vistas como parceira disso e não como inimigas disso.

Essa reestruturação da Infraero é para esse governo ainda?

Ah, espero que sim. Eu tenho muita pressa.

Abertura de capital inclusive?

Não, primeiro a reestruturação. Depois decidimos. Eu não estou examinando essa questão da abertura de capital. Eu sou favorável. Não estou dizendo que deva ou não.

Mas o horizonte dessa mudança é 2010?

Espero que sim, eu tenho pressa. Já tenho 62 anos.




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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1028 Mensagem por Marino » Sex Mar 07, 2008 6:17 pm

Uma correção: a MB não recebe leudêmio. Arrêgo!
======================================================================
Do Valor:
Os meigos precisam andar armados

Maria Cristina Fernandes

O título acima é a transcrição literal de uma passagem do discurso do ministro extraordinário de assuntos estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, no lançamento do Comitê Ministerial de Formulação da Estratégia Nacional de Defesa. É a partir do documento a ser produzido por este comitê, que, além de Mangabeira, terá a participação do ministros da Defesa, da Fazenda, do Planejamento, e da Ciência e Tecnologia, além dos três comandos militares, que se conhecerão, de fato, as consequências reais do conflito andino sobre as Forças Armadas no Brasil.

Ainda não foi desta vez que a América do Sul se transformou num Oriente Médio, para tomar de empréstimo a retórica do presidente do Equador, Rafael Correa, em seu apelo pela condenação da Colômbia no ataque à soberania de seu país. Mas a ameaça de conflito armado aumentou as expectativas sobre o documento que deve nortear desde a política de recuperação do parque industrial bélico do país até os dogmas da segurança nacional. "O texto deverá refletir a concepção de que que a América do Sul é instável e o Brasil, por isso, precisa de Forças Armadas preparadas", diz o professor da Universidade Federal de São Carlos e presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Defesa, João Roberto Martins Filho.

O discurso de Mangabeira é, até hoje, passados seis meses dos 12 de prazo para a conclusão dos trabalhos do comitê, o único documento oficial sobre a linha de atuação deste grupo sob sua coordenação. De sua íntegra, depreende-se um velado anti-americanismo - "As Forças Armadas Brasileiras não existem para ajudar outra potência a policiar o mundo, elas existem para defender o Brasil" - além de um indisfarçável romantismo sobre a missão ali iniciada: "Às vezes é mais difícil mudar do que morrer. Disposição para mudar é o que a nação agora exige dos seus soldados. E dos civis, o que se espera é que saldem a maior dívida da nação para com as Forças Armadas: a dívida da desatenção".

Uma parte da fatura está abrigada no projeto de lei do Orçamento que o Congresso reluta em votar. Prevê-se lá um aumento de quase 50% nos recursos destinados às três pastas militares, que devem passar de R$ 9 bilhões. Os parlamentares foram bombardeados no final do ano passado por sucessivas audiências com os comandantes militares que fizeram longos relatos da penúria de suas pastas pelos cortes de repasses iniciados no governo Fernando Henrique Cardoso.

Da Aeronáutica, reportou-se que mais de um terço de seus aviões estão no chão por falta de peças. Do Exército, que sete em cada dez blindados têm mais de três décadas de operação. E da Marinha, que está em litígio permanente por repasses de royalties de petróleo e de laudêmios aquém do que lhes é de direito, que todos os seus 21 navios operam com restrições e que, de seus cinco submarinos, apenas um não tem problemas. O Brasil, segundo esse conjunto de relatos, só estaria em condições de colocar em operação pouco mais de um terço de seu poderio bélico.

"Parece óbvio mas é difícil convencer que não há Estado sem Forças Armadas", diz o professor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, Geraldo Cavagnari. A América do Sul é uma das regiões do mundo de mais baixos gastos militares. E, entre os sulamericanos, o Brasil é um dos países que, proporcionalmente, faz menos investimentos em defesa.

Conflito terá reflexo sobre nova política de defesa

Se isso se justifica, de um lado, por uma tradição pacifista da política externa brasileira que tem mantido o país longe dos conflitos bélicos do continente desde a carnificina promovida, no final do século 19, pela Guerra do Paraguai, por outro, pesa em favor do lobby armado a discrepância entre a reivindicação por uma cadeira no Conselho de Segurança e a reduzida expressão militar do Brasil na região. A presença de tropas brasileiras no Haiti, justificadas, em grande parte, para fazer frente a essa pretensão, não bastaria como plataforma de campanha.

"É um mito este de que o mundo está se desarmando", diz Cavagnari, apresentando suas estatísticas: a China aumentou seu orçamento militar para US$ 100 milhões, que ainda é um oitavo do que gasta o Pentágono, e a Rússia, depois de Putin, já multiplicou por seis seus gastos que já chegam a US$ 35 bilhões.

No início do seu primeiro mandato, ao propagandear o combate à fome como commodity de sua imagem internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou aplausos no mundo inteiro ao anunciar a suspensão da compra de caças em nome da prioridade ao que então se chamava Fome Zero.

De lá pra cá, enfrentou o apagão aéreo, fruto, em grande parte, do desinvestimento nos sistemas de controle da Aeronáutica, já está no seu terceiro ministro da Defesa, e, agora, pode vir a terminar o mandato como o presidente que mais investiu nas Forças Armadas desde o final do regime militar.

Na discussão em torno do documento que deverá nortear a atuação dessas forças reaparelhadas, resta monitorar as pressões contra o que uma fatia dos militares considera excessivo pacifismo da defesa nacional.

São discussões que chegam até mesmo a ventilar uma improvável lei de abate. Os pilotos que monitoram a fronteira amazônica queixam-se de que, ao interceptarem conversas de traficantes nos rádios conseguem, no máximo, se posicionar ao lado dessas aeronaves com ordem de pouso. Não podem usar força pela ausência de aval na política de Defesa Nacional. E é improvável que algum dia possam, pelo risco de vitimarem civis. Mas não surpreenderia se o novo documento, ao contrário do atual, mencionasse o termo narcotráfico.

É um debate que deve ter posições antagônicas, entre petistas e militares, por se dar numa conjuntura de recrudescimento de movimentos de guerrilha fomentados em grande parte por governos de esquerda que pipocam no continente e, dos quais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é considerado interlocutor privilegiado.

Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1029 Mensagem por Booz » Sex Mar 07, 2008 6:51 pm

me corrijam, por favor, mas achei o texto dessa jornalista algo ambíguo. Não sei e ela estava/está se posicionando à favor, contra, ou muito pelo contrário. O texto me leva intuir uma espécie de tentativa de corrosão retórica à pretensão de um poder militar brasileiro forte.
Nos idos dos anos 70 se diria que isto era "coisa de comunistas" :evil:




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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1030 Mensagem por Marino » Dom Mar 09, 2008 12:48 pm

O Brasil na crise sul-americana

O Brasil não está preparado para exercer plenamente seu papel de liderança no Continente porque perdeu poder de dissuasão

Depois de quase irem à guerra, os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e do Equador, Rafael Correa, puseram um fim à crise entre os dois países com um aperto de mãos. A Colômbia pediu perdão por ter invadido o território do vizinho para matar um líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e prometeu nunca mais fazê-lo. O Equador aceitou as desculpas. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, saudou o acordo e desistiu da guerra contra Uribe. E a Nicarágua, que havia rompido relações com a Colômbia em solidariedade ao Equador, também voltou atrás. A reunião de cúpula do Grupo do Rio, em Santo Domingo, foi um sucesso surpreendente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, único chefe de Estado ausente, acompanhou tudo do Rio de Janeiro, onde lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas favelas.

Uma lição
A crise entre os vizinhos serviu de lição para o governo brasileiro, que viveu tudo de perto. O envolvimento brasileiro começou na frustrada operação de resgate do menino Emanoel, que não estava em poder da guerrilha, mas num asilo em Caracas. O Brasil não lidou com o problema como um líder regional capaz de dissuadir os vizinhos, embora tenha prestígio suficiente para influenciá-los por meios diplomáticos. O conflito serviu apenas para aumentar a influência dos Estados Unidos na Colômbia e nem de longe está resolvido.

O Exército colombiano continuará a perseguir os guerrilheiros na selva, as Farc a manter relações com o narcotráfico, realizar seqüestros e trocar reféns como fonte de financiamento e chantagem. O Equador permanecerá sendo um refúgio para os guerrilheiros. O sonho bolivariano de Hugo Chávez está longe de acabar. E o Brasil terá que lidar com o problema ainda por muitos anos, de olho nas nossas fronteiras, para não virar um santuário da guerrilha, nem grande produtor de cocaína. Ou seja, a crise continua latente.

Dissuasão
O Brasil tem um projeto de integração da América do Sul. Seu eixo é a infra-estrutura do continente, de maneira a integrar o sistema de transportes e explorar melhor o potencial energético. É uma necessidade decorrente do progressivo deslocamento do poder de compra mundial do Atlântico para o Pacífico, conseqüência da globalização e da emergência da China e da Índia como potências econômicas. Essa é a base racional de nossa diplomacia no continente, muito mais importante do que a retórica terceiro-mundista do governo ou as relações petistas com os governos de esquerda. Não são desprezíveis os investimentos do Brasil na Venezuela e no Equador, por exemplo, nem a presença de empresas e produtos brasileiros nos países vizinhos.

O problema é que, no plano militar, o Brasil não está preparado para exercer plenamente seu papel de liderança no continente porque perdeu poder de dissuasão. Nossas Forças Armadas são mais poderosas do que as dos vizinhos, mas não para exercer esse papel na América do Sul. Não temos condições de guarnecer as fronteiras para evitar a presença de guerrilheiros nem impedir a atuação do narcotráfico na Amazônia. Temos bons soldados de selva, guarnições para repelir um ataque, mas não para impedir esse tipo de infiltração.

A defesa
Na verdade, durante décadas, o Brasil se preparou para ser uma força auxiliar dos Estados Unidos no Atlântico e enfrentar os vizinhos do Cone Sul. Não tem poder de dissuasão para proteger nossas plataformas de petróleo na costa, nem o urânio da Amazônia. Para isso, precisa de satélite de comunicações, aviões de caça de última geração, helicópteros de assalto, uma guarda costeira e o tal submarino nuclear, que em menos de 12 anos não sairá do estaleiro. Não se trata de embarcar numa corrida armamentista, mas de adquirir o poder de dissuasão indispensável a uma política de defesa eficiente, compatível com a nova situação. Como dizem os velhos manuais, a melhor estratégia militar sempre é dissuadir os possíveis inimigos e garantir a paz.




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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1031 Mensagem por orestespf » Dom Mar 09, 2008 9:15 pm

Marino escreveu:O Brasil na crise sul-americana

O Brasil não está preparado para exercer plenamente seu papel de liderança no Continente porque perdeu poder de dissuasão

Depois de quase irem à guerra, os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e do Equador, Rafael Correa, puseram um fim à crise entre os dois países com um aperto de mãos. A Colômbia pediu perdão por ter invadido o território do vizinho para matar um líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e prometeu nunca mais fazê-lo. O Equador aceitou as desculpas. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, saudou o acordo e desistiu da guerra contra Uribe. E a Nicarágua, que havia rompido relações com a Colômbia em solidariedade ao Equador, também voltou atrás. A reunião de cúpula do Grupo do Rio, em Santo Domingo, foi um sucesso surpreendente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, único chefe de Estado ausente, acompanhou tudo do Rio de Janeiro, onde lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas favelas.

Uma lição
A crise entre os vizinhos serviu de lição para o governo brasileiro, que viveu tudo de perto. O envolvimento brasileiro começou na frustrada operação de resgate do menino Emanoel, que não estava em poder da guerrilha, mas num asilo em Caracas. O Brasil não lidou com o problema como um líder regional capaz de dissuadir os vizinhos, embora tenha prestígio suficiente para influenciá-los por meios diplomáticos. O conflito serviu apenas para aumentar a influência dos Estados Unidos na Colômbia e nem de longe está resolvido.

O Exército colombiano continuará a perseguir os guerrilheiros na selva, as Farc a manter relações com o narcotráfico, realizar seqüestros e trocar reféns como fonte de financiamento e chantagem. O Equador permanecerá sendo um refúgio para os guerrilheiros. O sonho bolivariano de Hugo Chávez está longe de acabar. E o Brasil terá que lidar com o problema ainda por muitos anos, de olho nas nossas fronteiras, para não virar um santuário da guerrilha, nem grande produtor de cocaína. Ou seja, a crise continua latente.

Dissuasão
O Brasil tem um projeto de integração da América do Sul. Seu eixo é a infra-estrutura do continente, de maneira a integrar o sistema de transportes e explorar melhor o potencial energético. É uma necessidade decorrente do progressivo deslocamento do poder de compra mundial do Atlântico para o Pacífico, conseqüência da globalização e da emergência da China e da Índia como potências econômicas. Essa é a base racional de nossa diplomacia no continente, muito mais importante do que a retórica terceiro-mundista do governo ou as relações petistas com os governos de esquerda. Não são desprezíveis os investimentos do Brasil na Venezuela e no Equador, por exemplo, nem a presença de empresas e produtos brasileiros nos países vizinhos.

O problema é que, no plano militar, o Brasil não está preparado para exercer plenamente seu papel de liderança no continente porque perdeu poder de dissuasão. Nossas Forças Armadas são mais poderosas do que as dos vizinhos, mas não para exercer esse papel na América do Sul. Não temos condições de guarnecer as fronteiras para evitar a presença de guerrilheiros nem impedir a atuação do narcotráfico na Amazônia. Temos bons soldados de selva, guarnições para repelir um ataque, mas não para impedir esse tipo de infiltração.

A defesa
Na verdade, durante décadas, o Brasil se preparou para ser uma força auxiliar dos Estados Unidos no Atlântico e enfrentar os vizinhos do Cone Sul. Não tem poder de dissuasão para proteger nossas plataformas de petróleo na costa, nem o urânio da Amazônia. Para isso, precisa de satélite de comunicações, aviões de caça de última geração, helicópteros de assalto, uma guarda costeira e o tal submarino nuclear, que em menos de 12 anos não sairá do estaleiro. Não se trata de embarcar numa corrida armamentista, mas de adquirir o poder de dissuasão indispensável a uma política de defesa eficiente, compatível com a nova situação. Como dizem os velhos manuais, a melhor estratégia militar sempre é dissuadir os possíveis inimigos e garantir a paz.

Mais uma besta falante!!! De onde vem estas pestes mal formadas academicamente. Não seria melhor dar uma olha no Aurélio ou no Houais sobre o real significa do "dissuasão". Putz! Já não aguento mais tanta ignorância dos que escrevem na mídia "clássica", todos uma topeira.

Por que minha agressividade exacerbada? Simples! O Jobim vive usando (mal) esta expressão, virou moda e os mentecaptos passaram a usar de forma absurda um termo sem saber o do que se trata. Tudo bem... Esse é o Orestes... Mas não, insisto, qual a ligação do Brasil na crise Colômbia-Equador-Venezuela com o poder de dissuasão das FFAA brasileiras??? Respota: NADA, absolutamente NADA!!!

Se querem ver o Brasil ocupar o seu posto de liderança regional, tudo bem, até eu que sou o mais idiota dos idiotas, mas isso não significa ter ou não poder de dissuasão em momentos de crise envolvendo terceiros. Isto é estupidez dos ignorantes (nada pejorativo).

O Brasil (Governo, claro) deixou de exercer sua liderança nesta crise regional sim, mas não por sua incapacidade (ou não) de dissuasão, o País não estava envolvido na crise, pelo menos de forma "bélica" (ou diplomática), logo conceito de dissuasão não se aplica aqui. Estúpido e ignorante o que fez mal uso do termo tentando "brilhar" no obscuro alheio.

Bem... Uma coisa é certa, fico feliz com o "acordo" entre os "conflitantes", que as coisas parem por aqui, que a paz reine na AS. Se vai ou não parar neste ponto, não sei, mas que haja bom senso entre os que governam os nossos países-irmãos.

Saudações,

Orestes




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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1032 Mensagem por Vinicius Pimenta » Seg Mar 10, 2008 12:03 am

Caro Professor,

Conceito empregado errado ou não e erros à parte, confesso que não compreendi sua reação ao texto.

Embora não tenha relação direta, a incapacidade militar brasileira é um fator agravante no menor "poder de pressão/barganha/influência" do governo brasileiro. O poder/capacidade militar é um dos fatores que o compõem, junto ao político e econômico. Esses três pontos são interligados. Está claro que nesse caso o termo "dissuasão" foi erroneamente empregado. Melhor teria sido ele ter utilizado poder de "pressão" ou algo do gênero. No entanto, desconsiderando a parte acadêmica, não tomei o texto como fracasso total, pois mal ou bem apresenta uma visão de necessidade do fortalecimento militar brasileiro, tendo em vista a imprevisibilidade do futuro e nisso creio estarmos de acordo.

Saudações,




Vinicius Pimenta

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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1033 Mensagem por orestespf » Seg Mar 10, 2008 7:50 am

Vinicius Pimenta escreveu:Caro Professor,

Conceito empregado errado ou não e erros à parte, confesso que não compreendi sua reação ao texto.

Embora não tenha relação direta, a incapacidade militar brasileira é um fator agravante no menor "poder de pressão/barganha/influência" do governo brasileiro. O poder/capacidade militar é um dos fatores que o compõem, junto ao político e econômico. Esses três pontos são interligados. Está claro que nesse caso o termo "dissuasão" foi erroneamente empregado. Melhor teria sido ele ter utilizado poder de "pressão" ou algo do gênero. No entanto, desconsiderando a parte acadêmica, não tomei o texto como fracasso total, pois mal ou bem apresenta uma visão de necessidade do fortalecimento militar brasileiro, tendo em vista a imprevisibilidade do futuro e nisso creio estarmos de acordo.

Saudações,
Olá Vinícius,

a reação foi para causar polêmica mesmo. rsrsrs Mas o centro do artigo foi o termo dissuasão, várias vezes repetido e mal utilizado. Na verdade não daria para utilizar outra expressão "técnica" para o autor chegar onde queria. Veja alguns exemplos:

"O Brasil não está preparado para exercer plenamente seu papel de liderança no Continente porque perdeu poder de dissuasão."

"O Brasil não lidou com o problema como um líder regional capaz de dissuadir os vizinhos, embora tenha prestígio suficiente para influenciá-los por meios diplomáticos."

"O Brasil tem um projeto de integração da América do Sul... O problema é que, no plano militar, o Brasil não está preparado para exercer plenamente seu papel de liderança no continente porque perdeu poder de dissuasão."

E continua em seguida: "Nossas Forças Armadas são mais poderosas do que as dos vizinhos, mas não para exercer esse papel na América do Sul." Viu a contradição do termo dissuasão? Veja mais essa:

"Não tem poder de dissuasão para proteger nossas plataformas de petróleo na costa, nem o urânio da Amazônia. Para isso, precisa de satélite de comunicações, aviões de caça de última geração, helicópteros de assalto, uma guarda costeira e o tal submarino nuclear..."

O objetivo do artigo era tratar da ineficiência do Brasil diante da crise Colômbia-Equador-Venezuela. Mas o autor tentou justificar isso tudo com "dissuasão". Ter ou não ter capacidade de dissuasão não mudaria um cenário deste.

Dissuasão é a capacidade de desestimular um potencial aventureiro de adentrar em nosso território e não demonstração de força e poder que poderiam permitir uma "intimidação" a estes países com uma possível ameaça para apoiar militarmente um destes envolvidos no processo em caso de guerra.

Em momento algum o Brasil se viu ameaçado de ser invadido, mas poderiam haver risco se uma guerra se configurasse, mas este não foi o ponto abordado pelo autor. O Brasil não tem condições de apoiar militarmente um dos países, mas tem total condições de dissuadir qualquer um deles.

Desta forma, concordo com você quando diz que o Brasil não tem capacidade militar para exercer seu poder de pressão/barganha/influência. Perfeito, mas não foi isso que o autor quis dizer, mas que deveria.

E por que ele insistiu no uso do termo "dissuasão"? Porque o Jobim fala nisso o tempo todo, como se fosse isso o necessário para o País ficar "tranqüilo" militarmente, ou seja, "protegido". Na verdade o Jobim que fazer compras militares pensando apenas na idéia de dissuasão, este é o ponto que o critico, deveríamos nos reaparelhar para dissuadir, mas acima de tudo para ter o tal "poder" que você citou. Neste caso erra o ministro, neste caso errou o autor do artigo que pegou carona na tese do Jobim para justificar o injustificável, isto é, a inoperância (mais uma vez) do governo brasileiro diante de uma crise configurada nas proximidades de suas fronteiras.

Abraços,

Orestes




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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1034 Mensagem por Vinicius Pimenta » Seg Mar 10, 2008 10:34 am

Orestes, entendo e concordo com você sobre o erro do jornalista. Mas se conseguirmos "abstrair" o termo "dissuasão" e trocarmos pelos termos que eu propus, é possível aceitar algumas coisas do texto que não me pareceu de todo mal, apenas errado pelo fato de embarcar nas palavras do ministro.




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Re: Saiu Plano de reequipamento e recuperação das Forças Armadas

#1035 Mensagem por orestespf » Seg Mar 10, 2008 12:14 pm

Vinicius Pimenta escreveu:Orestes, entendo e concordo com você sobre o erro do jornalista. Mas se conseguirmos "abstrair" o termo "dissuasão" e trocarmos pelos termos que eu propus, é possível aceitar algumas coisas do texto que não me pareceu de todo mal, apenas errado pelo fato de embarcar nas palavras do ministro.
Perfeito, Vinícius, concordo plenamente. A minha "ira" estava relacionada a forma constante que o NJ e MG vem usando mal as palavras e agora a "adoção" por parte da imprensa. Por outro lado, como você muito bem colocou, o assunto abordado na matéria é muito delicado e que deve ser tratado e explorado pela imprensa, como uma forma de cobrança de políticas ruins adotadas por este governo. Espero que o jornalista volte ao tema de forma específica, tratando do assunto da forma que merece e deve ser feito, mas sem concluir que apenas a aquisição de equipamentos bélicos farão do Brasil um país efetivo em crises ou conflitos em suas vizinhanças. Isto não basta, é necessário uma política clara para o setor e não apenas usar o Itamaraty nestes momentos, uma hora a casa cai.

Grande abraço,

Orestes




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