orestespf escreveu:thelmo rodrigues escreveu:Conexão diplomática
Jogada de mestre
Por Claudio Dantas Sequeira
O ministro Nelson Jobim desembarca hoje em Moscou para a segunda fase de sua turnê internacional pelo mercado de defesa. Leva na maleta uma proposta que promete tirar o sono de ninguém menos que… Hugo Chávez. É que as cúpulas do Kremlin e do Planalto negociam em segredo a instalação em território brasileiro de um parque industrial para manutenção dos caças de combate russos e, possivelmente, helicópteros. Os mesmos que o caudilho venezuelano tem adquirido, às dezenas, com seus petrodólares. Chávez gastou US$ 3 bilhões em 24 Sukhoi Su-30MK2 e 33 helicópteros blindados de ataque, inclusive o poderoso Mi-35. Mas o acordo foi meramente comercial e não incluiu troca de tecnologia. Se fechado o negócio com o governo Lula, Chávez será obrigado a fazer a manutenção de suas aeronaves no Brasil. Nas palavras de um diplomata, “ele virá comer nas nossas mãos”.
Nunca antes na história deste país… se teve chance tão boa para garantir superioridade estratégica em relação à Venezuela, com incrível poder de contenção das estripulias bolivarianas. Os russos pensaram em montar seu aparato industrial lá em solo venezuelano, mas toparam com dois problemas: a carência de mão-de-obra especializada e um desgaste desnecessário (e extremamente arriscado) com os EUA — uma espécie de reedição da crise dos mísseis em Cuba, em 1962.
Para efeitos do novo programa de reaparelhamento brasileiro (FX-2), os russos mantêm a oferta de transferência de tecnologia a partir da compra de 36 aparelhos Sukhoi-35. Também se analisa a participação do programa russo PAK-FA T-50, um avião de combate de 5ª geração, que já conta com a participação da Índia. Para Lula, a parceria com os russos é complementar à aliança estratégica com a França. Enquanto a produção de helicópteros Cougar com o consórcio EADS acalma o poderoso lobby da Embraer, o negócio com os aviões russos satisfaz o comando da FAB. A Marinha terá seus submarinos e o Exército, seus blindados, sejam de Paris ou Moscou. Quanto mais diversificação, maior a autonomia do país.
Tá certo que o Sequeira parece torcer pelos russos, pelo menos noto isso em seus artigos, além de ter a forte sensação que o mesmo é freqüentador do DB, visto que escreve muito próximo da forma exposta por alguns foristas daqui.
Por outro lado, colocando de lado estas coisas, o seu artigo entra em uma seara muito interessante, que reside no fato do Brasil firmar acordo com dois grandes produtores de equipamentos e armamentos do mundo (França e Rússia).
A frase que mais me chama a atenção é esta: "Para Lula, a parceria com os russos é complementar à aliança estratégica com a França. ".
Eu já comentei aqui várias vezes que o submarino nuclear está saindo do papel justamente por ser desejo do Presidente Lula. O Presidente é assim mesmo, quando ele coloca uma coisa na cabeça, seus auxiliares sabem que é ordem, não existem contra-argumentos, se não tem como fazer, que se crie uma condição para realizá-lo.
Só para ilustrar, existe uma competição nacional que é conhecida como Olimpíada Brasileira de Matemática. Este projeto nasceu no Ceará com o trabalho de um matemático brasileiro conhecido. Alguém achou por bem apresentar ao MCT, que topou de cara, mas seria necessário uma parceria com o MEC, que vetou o projeto. Os caras não desistiram e resolveram mostrá-lo pessoalmente ao Presidente Lula, que não apenas gostou, como exigiu sua imediata implantação. O MEC mais uma vez vetou, alegou uma série de problemas. E o que aconteceu? O MEC recebeu a seguinte ordem do Presidente: "não quero saber dos problemas que vocês vêem, quero o projeto implementado e pronto. Entenderam o Recado?" Recado dado e acatado. Hoje a Olimpíada Brasileira de Matemática é um grande sucesso (mas este é outro assunto). O Presidente agora quer uma olimpíada brasileira de português, mas a luta dos "contra" já iniciou, porém ele já mandou novo recado (ordem).
Nosso presidente é assim, passional até certo ponto, mas racional em outros. Se ele quer, nada o detém. Isso se aplica ao sub nuclear brasileiro, que é uma exigência dele.
E o que este assunto tem haver com os russos? Se (repito, SE) for mesmo da vontade do Presidente Lula uma parceria com os russos, complementar à aliança estratégica com a França, não tenho dúvidas que um novo acordo acontecerá. Não vou comparar os termos, são diferente naturalmente, igualmente não acredito em um SOFA com os russos, mas acredito em algo interessante.
E o que precisamos saber de fato? Se esta notícia dado pelo sr. Sequeira é mesmo verdadeira, isto é, se o Presidente pensa assim e se for um desejo dele, teremos dois fornecedores externos (ótimo isso!) e bons acordos comerciais pela frente.
Mas restam algumas dúvidas: por que o Jobim anda tão empolgado pelos franceses e comentando pouco sobre os russos? Divisão interna? A posição apresentada pelo Lula é uma espécie de palavra de honra acertada previamente com o Saito? E por que o Saito não foi junto nas viagens? E mais uma dúvida final, onde os americanos entram nesta estória toda?
Sds,
Orestes
Eu diria que esta reportagem é apenas a opinião de alguém, nada mais, não existe nenhum fato recente que indique isto.
O que mais me preocupa é a tentativa de amarrar projetos e escolhas de vetores bélicos, a opinião ou preferência pessoal de uma pessoa. Que no ano que vem já não estará mais no cargo, e de outro que não pode mais de reeleger.
Como fica depois? Comprar helos e caças dos russos se justifica pelo menor custo, construir aqui não tem sentido, pelo simples fato que nossa mão de obra não ser mais barata que a dos russos, e nossa moeda não está mais desvalorizada que os russos.
Não vejo como séria nenhuma afirmativa de construção de caças fora da Embraer, e nas quantidades faladas.
Quanto aos helos a situação não é diferente. Não temos mercado interno que justifique a construção do zero de uma fábrica de MI-17, depois ainda falam em construir sucatas aqui.
O mercado interno civil para tal helo é inexistente. E como fica depois? Quem vai bancar isso no futuro?
Mesmo a fábrica da Eurocopter só se justifica porque ela é a empresa dominante hoje no mundo dentro do mercado civil.
Igualmente, me parece absurda a idéia de trocar comoditities por produtos acabados, a troca com os Russsos seria a abertura do mercado local, totalmente controlado pelo Governo, aos aviões da Embraer. Este seria um bom acordo com os Russos.
Quanto a Venzuela, os russos não vão fazer nenhuma fábrica lá porque não existe condições objetivas para tal, não existe mercado, nem perspectivas de usar a Venezuela como base exportadora, porque os Russos não tem nenhuma mercado civil de helos nas Américas. E criar mercado é o mais difícil. E o Acordo com Russos depois dos Franceses, pode significar um risco, para a única grande empresa exportadora de alta tecnologia que temos, a EMBRAER.
A EMBRAER exporta quase tudo que fabrica, e os 02 maiores mercados são EUA e EUROPA OCIDENTAL, devem representar mais de 90% das vendas. E os EUA são o maior mercado. Este é o fato que tornar a equação dos caças tão complexa. E não estou pensando no curto prazo, mas depois que o Sr. Lula e o Sr. Sato não estiverem mais dando as cartas. Como é que vai ficar?
Mesmo porque nada indica que o Sr. Chavez vai se eternizar no poder, o que impede o próximo governo da Venezuela jogar os SU para escanteio, como o atual fez com os F-16? E como já foi dito aqui, o primeiro caça só deve chegar depois de 2010.
Já falei, minha segunda opção são os SU-35-1. Se estiver vendo SOMENTE pelo prisma da plataforma. Mas como não sou piloto, nem um adolescente apaixonado por shows aéreos, sei que a ordem dos caças devem ser EUA e FRANÇA, não pelos modelos, mais pela lógica de mercado. Não gosto de gente cantando de galo, quando não tem como bancar aquilo que fala e planeja. Como é o caso do Sr. Chavez, ser falastrão é fácil, agora, no momento que sofrermos uma retaliação comercial na área da aviação nos EUA, como é que vamos ficar?
Daí, talvez, tantas viagens aos EUA, TEMOS que dar todas as chances a eles no campo da aviação. É a tal da reciprocidade, não devemos nada aos Russos, não vendemos nada lá a não ser comoditities, e isso está em alta no mundo, não graças aos russos, mais aos chineses e indianos.
Portanto, gostaria muito que estas decisões não tivessem caráter pessoal, eu diria que é a pior maneira de decidir a compra de caças sejam, russos, franceses ou dos EUA.
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