Frações de Infantaria

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Heer.Skuda
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#16 Mensagem por Heer.Skuda » Sex Ago 17, 2007 8:23 pm

Tòpico maravilhoso...




"Minha experiência pessoal diz que as decisões ousadas e arriscadas constituem a melhor promessa da vitória"

Erwin Johannes Eugen
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Clermont
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#17 Mensagem por Clermont » Dom Jan 13, 2008 12:15 pm

GUERRA DE SELVA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

”Os sons noturnos na selva compreendem uma cacofonia de estranhos e fantasmagórios grunhidos, assobios, sibilos, miados, uivos e tosses, de toda a espécie de animal que agarra cada oportunidade da noite para reabastecer seus estômagos e executar suas funções naturais. Selecionar de todos esses sons a aproximação do inimigo exige um bocado de escuta, de olhar e de cheirar, pois todos esses sentidos tem de estar alertas.”

Essas primeiras impressões do capitão Peter Grant dos Cameron Highlanders em 1944 não são atípicas. Mesmo hoje em dia, viajantes recorrem a plugues de ouvido para poder dormir; e à luz do dia a selva permanece viva com barulhos estranhamente eletrônicos de insetos, lagartos e os chamados de primatas. Charles Walker, com o 164º de Infantaria americano, afirmava que seus camaradas podiam, literalmente cheirar o inimigo – um odor adocicado de equipamento de couro e transpiração. Enquanto sons e cheiros parecem amplificados, a visibilidade é severamente limitada – algumas vezes um pouco mais do que a extensão do braço.

As respostas iniciais podem incluir claustrofobia, e terror do desconhecido. Para o major Bernard Fergusson, a selva em breve se tornou o que ele descreveu como um “lugar de ocultação, um lugar para se travar guerra, um lugar que fornece cobertura para se aproximar de seu inimigo, e para ele rastrear você.”

O general Frank Messervy, comandante da 7ª Divisão indiana considerava que o medo da selva era, em parte, a sensação de que “você está sendo observado o tempo todo” – seus homens falavam em sussuros, e, com freqüência, dormiam com um arame atado ao dedo, pelo qual eles podiam despertar calmamente ao primeiro sinal de perigo.

Com mais freqüência, entretanto, a selva é molhada – ou mais precisamente, úmida. O praça de 1ª classe James Jones da 25ª Divisão americana em Guadalcanal – que mais tarde ficcionalizou sua experiência em The Thin Red Line – descreveu tal umidade como tão grande que ela era mais como um “objeto material do que uma condição climática”. Quando calor e umidade são combinados o processo de crescimento e decomposição são acelerados. Enquanto a folhagem cresce rapidamente, também o equipamento de couro, tecido, mesmo livros e papel deterioram surpreendemente rápido. No contexto humano, feridas, arranhões e picadas de insetos resistem, obstinadamente a sarar, e infecções por fungos são amplas. Como um instrutor de guerra de selva resume com brutal simplicidade, “você apodrece.”

Movimento e navegação.

Na eclosão da Segunda Guerra Mundial no Oriente, haviam enormes áreas da Malaia, Birmânia, Tailândia, Índias Orientais Holandesas e ilhas do Pacífico que não eram cobertas com selva verdadeira afinal de contas, mas tinham sido desflorestadas para abrir caminho para plantações de borracha, banana, pinho e outras plantações. Algumas vezes essas eram dispostas em escala industrial, porém mais freqüentemente elas formavam pequenas e nem sempre óbvios “jardins nativos”. Enquanto intransponíveis para viaturas, e longe de abertas, a maioria das plantações podia ser atravessada à pé com muita facilidade. Poucas selvas eram, genuinamente “impenetráveis”, de fato e é um mito de que se acreditasse que elas eram assim em 1941. Os teoristas britânicos tinham publicado tratados sobre luta na selva tão cedo quanto o século XIX, e o Manual of Training for Jungle and River Warfare do major Gordon Casserly apareceu em 1914. Um volume oficial intitulado Notes on Training in Bush and Jungle Warfare foi produzido em 1922, com uma versão emendada em 1930. Na imaginação popular, selvas são sempre atravessadas com suor e afiadas machetes; mas na Segunda Guerra Mundial, como agora, esse era o método de último recurso.

Aquilo que os japoneses referiam como “grupo de corte” era esperado manter uma velocidade de apenas um quarto de milha por hora, com uma distância máxima de quatro a seis milhas por dia sendo obtido em boas condições. O mui louvado desempenho do 42º Regimento de Infantaria japonês através do “inferno de calor” na selva em Kampar, Malaia, os viu negociar apenas três milhas em três dias. A literatura de treinamento americana salienta que um homem treinado era capaz de limpar “100 jardas quadradas de trilha” em cinco horas. Onde havia insuficientes homens descansados para rotacionar à testa da marcha, ou em tempo ruim ou sob interferência inimiga, o índice diário de avanço podia ser mensurado em centenas de jardas antes do que em milhas. O tenente John Randle do 7/10 Baluchis descreve o processo inteiro como “inútil”, não apenas sob o argumento da falta de progresso mas porque era exaustivo e barulhento.

Na maioria dos casos viaturas motorizadas eram canalizadas sobre as poucas estradas viáveis, ou barcos eram utilizados para viajar ao longo das vias aquáticas. Onde estrada e rio acabavam, trilhas nativas ainda ligavam assentamentos e plantações. Quando todo sinal de presença humana tinha sido deixado para trás, caminhar ao longo de leitos de riachos era o recurso natural – sanguessugas sendo o principal problema desse método. Ainda assim, navegação na selva raramente é simples: como o major Fergusson explicou, se está “submerso” na selva, e alcançar uma colina com uma vista é como, repentinamente emergir de uma escotilha num barco. Outras metáforas ocorrem aos japoneses: Ogawa Masatsugu considerava a Nova Guiné como um “deserto de verde... cheio de verde, o ano inteiro”. O problema não é, apenas a falta de marcas terrestres. Com a rotação de colheitas, selva se torna plantação e plantação, selva, de ano para ano. Em alguns lugares, habitantes das selvas abandonam suas vilas à intervalos, e constroem novas. Novos assentamentos podem manter os velhos nomes, ou serem distinguidos pela adição de um sufixo significando, por exemplo, “norte” ou “novo”.

A selva como campo de batalha.

Sob essas condições, apenas uma arma de serviço era verdadeiramente adequada para a guerra de selva. Como o manual americano Jungle Warfare sobriamente explica: “Luta na selva é desempenhada, largamente pela infantaria. O combate é normalmente caracterizado pela luta aproximada. Apoio à infantaria por outras armas irá, com freqüência ser impraticável ou impossível.”

Como a infantaria efetuava a maior parte da luta, também sofria a maior parte das mortes. Um exemplo é suficiente para ilustrar o ponto. Durante 1944, na Birmânia, a 26ª Divisão indiana (“Cabeça de Tigre”) sofreu um total de 2255 baixas de batalha, das quais cerca de um quarto foram fatais. Mais de 93 % dessas recaírarm sobre a infantaria; 3 % eram artilheiros; apenas menos de 1 % eram engenheiros, e os restantes 3 % estavam distribuídos entre médicos, elementos de comando, comunicações, o Real Corpo de Serviços do Exército Indiano e outros.

A selva impunha três maiores limitações sobre a infantaria que lutou nela em 1941-45. A primeira – falta de visibilidade e campos de fogo – exigia drásticas revisões das táticas de frações. A segunda – distância e obstrução ao transporte – não apenas influenciava o modo como as tropas lutavam em batalha, em emboscada e em patrulha, mas impunha, algumas vezes insuperáveis problemas sobre suprimento e o movimento de equipamento pesado. Obter as coisas mais simples para o soldado podia ser extremamente difícil: o general Slim citava problemas específicos com leite, papelão apodrecendo e latas enferrujando. Os pacotes de alimentos japoneses eram inadequados no início da guerra, e o transporte dles quase não existente no fim.

A terceira condição governante era o clima tropical em si; umidade combinava com vida insetívora e água estagnada para produzir uma espantosa variedade de doenças, muitas delas desconhecidas na Europa. Enquanto o cólera e o tifo eram assassinos, eram as febres debilitadoras, e acima de tudo a malária, que ceifavam as fileiras destes que lutaram na selva. A malária, causada por um parasita injetado enquanto o mosquito sugava o sangue de um homem, vinha em várias formas, atacando em ciclos de um, dois ou três dias. Seu início era rápido, como recorda o major David Atkins:

“A velocidade e ferocidade da malária eram extraordinárias de se ver. Ela chega muito mais rápido que a gripe e produz uma temperatura mais alta. No começo, um homem se sente quente e corado e a temperatura sobe tremendamente. Quando a febre irrompe o homem sua profusamente. Então, mesmo se ele está sendo levado pra cima e pra baixo na traseira de um caminhão e sem nenhum travesseiro, ele parece se recuperar rapidamente e, logo está muito lúcido, embora muito fraco.”

”O major Lockett, com sua companhia de Leicesters, teve papel importante na derrota final da 53ª Divisão, graças à brilhante aplicação do princípio guerrilheiro de exercer pressão continuada sobre ponto decisivo. Quando ainda na área de Indaw, após espalhar armadilhas na 'Cidade Branca', descobriu enorme depósito de munição de artilharia. As sentinelas já haviam sido eliminadas, mas não contava com tempo suficiente até que algum reforço o encontrasse. As bombas e outras munições estavam dispostas em depósitos separados, de tal sorte que a explosão de um lote não destruiria os outros. Tinhas, apenas, dez quilos de explosivos e muito pouco tempo. Qual o ponto decisivo? O que provocaria mais baixas que qualquer outra coisa na Birmânia? Na certa, malária e outras doenças tropicais. Lockett, após procurar algum tempo, encontrou as reservas de quinino e outros medicamentos e destruiu tudo."

O tenente-general Fujiwara sustenta, em sua crônica sobre a história do 15º Exército e da 53ª Divisão, a teoria de Lockett: "as baixas durante essas operações (em ‘Blackpool') não foram numerosas, porém os primeiros sinais da grave fraqueza dessa nova divisão, com seu grande número de reservistas, que já haviam deixado para trás sua juventude, começaram a fazer-se notar, no total de doenças observadas diariamente. A malária era o pior problema. A medicação contra ela chegara ao fim". Mais adiante, diz: "A 53ª Divisão sofreu terrivelmente a prova da malária. Os suprimentos de quinino e outros rempédios eram insuficientes. Apesar de os oficiais interrogados não poderem informar os números exatos, afirma-se que o registro de incidência de malária, na divisão, foi, provavelmente, o pior de que se tem conhecimento, em toda a Birmânia, e grande proporção dos casos foi fatal."

Em grande parte, a guerra de selva na Segunda Guerra Mundial é a história de como as forças aliadas não só confrontaram e dominaram os japoneses com novas táticas e armas, mas como elas se adaptaram, com sucesso aos fatores naturais – compreendendo que, longe de ser uma amiga para o inimigo, “a selva é neutra”.


_______________________________

Extraído de Osprey "World War II Jungle Warfare Tactics" e Rennes - "Chindits, Os Comandos da Selva".




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#18 Mensagem por Guerra » Dom Jan 13, 2008 2:54 pm

Mais um otimo texto do Clermont.

Clermont escreveu: compreendendo que, longe de ser uma amiga para o inimigo, “a selva é neutra”.[/size]


...isso quando os dois não dominam seus segredos.




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Re: Frações de Infantaria

#19 Mensagem por Clermont » Sáb Jun 14, 2008 12:11 am

COMPANHIA, PELOTÃO E GRUPO DE COMBATE.

Por Gordon L. Rottman

Cada aspecto do planejamento militar, aquisição e preparação desde o nível do governo nacional para baixo, basicamente, serve a um só objetivo: permitir que um pelotão de fuzileiros assalte um bosque, uma colina, um ponto-forte ou um quarteirão. No curso de um único dia, numa grande guerra, centenas de tais assaltos “insignificantes” ocorrem, dos quais, nem mesmo dois são exatamente iguais; e a soma total de seus resultados faz a diferença entre a vitória e o fracasso de um exército.

Embora executem miríades de outras tarefas, o assalto aproximado de um objetivo ocupado pelo inimigo é o trabalho central de um pelotão de fuzileiros – “cerrar com o inimigo, e matá-lo ou capturá-lo, através do fogo e do movimento”. Não importa o quanto bem equipadas e bem treinadas as unidades sejam, de antemão, elas tem de ser flexíveis o bastante para responder às técnicas, armas, obstáculos e fortificações do inimigo (tanto quanto ao terreno, vegetação e clima).

Os mais difíceis assaltos eram os conduzidos contra fortificações de campanha – sistemas de trincheira, bunkers, pillboxes, maciças fortificações permanentes, cavernas, túneis ou edifícios defendidos – mas ataques sobre qualquer tipo de objetivo tinham de lidar mais do que com o objetivo em si. O pelotão de assalto, primeiro tinha de abrir caminho e encontrar o objetivo, com freqüência por sobre terreno íngreme ou elevado, e à noite e/ou com tempo ruim. Obstáculos artificiais e naturais tinham de ser vencidos. Os atacantes tinham de enfrentar fogo punitivo da defesa, não só dos defensores imediatos, mas também fogo de apoio de outras direções. O assalto poderia ser desfechado direto da boca de uma embarcação de desembarque ou pela lateral de um trator anfíbio; após cambalear para fora de um planador, ou após se livrar dos arneses de um pára-quedas.

O pelotão de fuzileiros era uma fração de emprego geral, mas era o núcleo de qualquer assalto. Ele raramente operava de acordo com a tabela de organização, por três razões: em combate, unidades estavam, normalmente, desfalcadas; elas poderiam ter mais ou menos armas do que o autorizado; e elas eram organizadas por tarefa para cada missão. A organização padrão era, simplesmente uma estrutura básica, alocando potencial humano e armas, para serem adaptadas de modo a cumprir missões específicas.

O pelotão de fuzileiros era a fração básica de fogo e movimento. Seus dois à quatro GC (“sections” para os britânicos; ou “squads” para os americanos) não atacavam de forma independente; eles operavam como parte do pelotão. Um pelotão operava em ligação com outro pelotão de sua companhia, com um terceiro pelotão em suporte – esse cenário, “dois encima e um embaixo” era quase universal. O pelotão de suporte podia servir como “reserva” para reforçar o sucesso, mas podia, igualmente, ser enviado para flanquear o inimigo, ou atacar de outra direção; para explorar uma vantagem ou para manter a sincronização tática, substituindo um exaurido pelotão de assalto; para proteger um flanco exposto ou para fornecer apoio de fogo direto para os pelotões de assalto.

Engenheiros de combate (“pioneiros” ou “sapadores”) normalmente assistiam na construção de obstáculos e campos minados (embora os pelotões de fuzileiros realizassem muito do trabalho manual), o reparo de estradas e pequenas pontes e a construção de bunkers protetores para postos de comando e outras instalações críticas. Entretanto, pelotões de engenheiros, com freqüência, desempenhavam um papel direto no assalto, limpeza de rotas através de campos minados, rompendo ou destruindo obstáculos e atacando fortificações de campanha com explosivos e lança-chamas. Em alguns exércitos, a doutrina-padrão determinava que a engenharia liderasse a infantaria em assalto.

Em todos os exércitos a organização dos pelotões de fuzileiros era, surpreendentemente, similar. O comando de pelotão consistia de um tenente, (nota do Clermont: ou sargento superior), um sargento de pelotão (adjunto de pelotão, no Brasil) e, pelo menos, um praça que poderia ser um rádio-operador (embora poucos pelotões da Segunda Guerra Mundial tivessem rádio orgânico), ordenança do oficial ou mensageiro. Dois ou três mensageiros poderiam ser designados, mais para ligação com o comando da companhia do que com os GC; o líder de pelotão e o sargento de pelotão podiam, normalmente, dirigir os líderes de GC pela voz, sinais de braço ou mão e apitos. Um socorrista podia ser anexado, também, mas, normalmente, qualquer tratamento imediato tinha de ser prestado por fuzileiros com treinamento de socorro adicional.

Não havia nenhum “grupo de apoio” dentro do pelotão, mas em alguns exércitos o comando de pelotão podia ter uma única arma coletiva – um morteiro leve ou arma anti-tanque de ombro. O pelotão alemão tinha um morteiro de 5 cm, até 1943; o pelotão da Comunidade Britânica, um morteiro de 2 polegadas, principalmente para lançar fumaça e projéteis de sinalização. A partir de 1943, os pelotões da Comunidade receberam um PIAT (Projector Infantry Anti-Tank), que substituiu um fuzil anti-tanque; os americanos adicionaram uma bazuca ao pelotão, no final de 1943. Alguns pelotões japoneses tinham uma seção de lança-granadas de 5 cm, com três “morteiros de joelho”, mas estes eram, com freqüência, atribuídos para os grupos de fuzileiros ou de metralhadora leve.

Um pelotão tinha três grupos de fuzileiros/metralhadora leve (inicialmente quatro, nos exércitos alemão e soviético, mas, com freqüência, na prática, apenas três ou mesmo dois, devido à baixas e carência de pessoal, e a organização logo foi reduzida para três grupos. Fosse chamado de GC, squad ou section, esses consistiam, oficialmente, de entre nove e treze homens, mas, com freqüência, em combate, de apenas cinco à sete, liderados por um cabo ou sargento subalterno. Cada um tinha um assistente do líder; um atirador de metralhadora leve ou fuzil automático, com um assistente/municiador; um remuniciador, que acumulava como fuzileiro; e o restante eram fuzileiros, com pelo menos um, portando um fuzil lança-granadas. Os GC japoneses, algumas vezes, tinham um “morteiro de joelho” de 5 cm; alguns GC soviéticos tinham duas metralhadoras leves, o pelotão compreendendo dois GC “pesados”, com duas destas armas, e dois GC “leves” com uma só arma.

Os GC eram, normalmente, divididos em duas esquadras (teams): uma esquadra de metralhadores, de dois à quatro homens e a esquadra de fuzileiros. O líder de GC podia dirigir, ambas as esquadras, de fuzileiros e de metralhadores; liderar a esquadra de fuzileiros, pessoalmente ou dirigir o fogo da esquadra de metralhadores. Seu assistente podia liderar a esquadra de fuzileiros, controlar a esquadra de metralhadores, ou simplesmente, se posicionar onde pudesse melhor auxiliar o controle do GC – incluindo, encarregar-se da retaguarda para impedir extraviados. O GC americano iniciou a guerra com uma terceira esquadra de dois batedores, que o líder de GC podia acompanhar; isso caiu em desuso, já que todos os fuzileiros eram, realmente, batedores, e a esquadra de batedores, com freqüência, acabava aferrada, se desdobrada à frente.

O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos tinha, informalmente, adotado um conceito de esquadra de tiro (fire team concept), de três ou quatro homens, centrado sobre uma arma automática, durante as “Guerras de Bananas” dos anos 1930. Eles não aceitavam o GC como o mais básico elemento de manobra, e o pelotão de fuzileiros navais começou a guerra com quatro grupos: três grupos de fuzileiros de nove homens, cada um com um fuzil automático Browning (BAR); mais um grupo BAR, com duas peças. Em abril de 1943, eles passaram para três GC de doze homens, cada um com duas peças BAR, capazes de operar como duas esquadras de seis homens. Em abril de 1944, eles adotaram um GC de 13 homens, com um líder de GC e três esquadras de tiro de quatro homens; cada uma destas, com um líder de esquadra, um atirador de BAR, seu municiador e um fuzileiro.

Ampla variedade era vista nas armas de apoio à companhia de fuzileiros. A maioria dos exércitos não tinha um “pelotão de armas” (pelotão de petrechos, na terminologia brasileira da FEB), em cada companhia, mas o Exército dos Estados Unidos tinha um pelotão de petrechos, com duas metralhadoras leves e três morteiros 60 mm, e o pelotão de petrechos dos Fuzileiros Navais americanos tinha três – posteriormente, seis – metralhadoras e três morteiros. Os alemães começaram a guerra com duas metralhadoras em tripé e três fuzis anti-tanque, mas estes desapareceram por volta de 1942; os soviéticos tinham uma seção de três morteiros 50 mm. A maioria dos batalhões de infantaria tinha três companhias de fuzileiros, mas os exércitos da Comunidade Britânica utilizavam quatro, o mesmo fazendo (com freqüência) os japoneses.

Ao nível do batalhão, os Exército e Corpo de Fuzileiros Navais americanos tinham uma companhia de petrechos com seis e quatro morteiros 81mm; mais oito e doze metralhadoras pesadas, respectivamente. Em 1944, os Fuzileiros Navais transferiram as metralhadoras do batalhão para as companhias de fuzileiros, e os morteiros para a companhia de comando do batalhão. O batalhão do Exército americano, também tinha quatro canhões anti-tanque 37mm. A companhia de apoio da Comunidade Britânica tinha seis morteiros 3 pol, seis metralhadoras médias, seis canhões anti-tanque 2 libras (mais tarde, 6 libras), mais pelotões de pioneiros de assalto e de transportadores blindados leves, de emprego geral. O batalhão soviético era o mais bem armado (quando as armas estavam disponíveis), com uma companhia de nove metralhadoras pesadas, outra de nove morteiros 82 mm e um pelotão de dois canhões anti-tanque 45 mm, mais alguns fuzis anti-tanque. O batalhão alemão tinha uma companhia de metralhadoras, com doze peças e seis morteiros 8 cm. O batalhão japonês incluía uma companhia de metralhadoras com quatro, oito ou doze peças, mais um pelotão de canhões de infantaria ou companhia com dois ou quatro canhões leves de 7 cm, respectivamente.

Ao nível regimental (de brigada, na Comunidade Britânica), as armas de apoio variavam grandemente, e podiam incluir canhões anti-tanque, canhões de infantaria (obuseiros leves) e morteiros pesados. Estas armas, normalmente, forneciam apoio geral, antes do que direto, para os pelotões de assalto.

_________________________________

Gordon L. Rottman ingressou no Exército dos Estados Unidos, em 1967, voluntariou-se para as Forças Especiais e completou o treinamento como especialista de armamentos. Ele serviu no 5º Grupo de Forças Especiais, no Vietnam, em 1969-70 e, subseqüentemente, na infantaria aeroterrestre, patrulha de longo alcance e funções de inteligência, até reformar-se, depois de 26 anos de serviço. (Extraído de Osprey – World War II - Infantry Assault Tactics).




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Re: Frações de Infantaria

#20 Mensagem por cvn73 » Dom Jun 15, 2008 2:17 am

Topico fantástico !!

Parabéns!!!




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Re: Frações de Infantaria

#21 Mensagem por Hermes » Sex Jun 20, 2008 8:37 pm

A ESCOPETA TÁTICA EM GUERRA DE RUA.

Por Ryan J. Morgan – Infantry Magazine novembro-dezembro de 2004.

Minha companhia de fuzileiros da Infantaria de Assalto Aéreo encarou muitos desafios durante a Operação IRAQI FREEDOM. Não sendo o menor deles o fato de que sabíamos que iríamos ter de entrar e limpar edifícios em guerra de rua. Esses edifícios variavam em tamanho e formato da casa padrão com um muro exterior à hotéis e universidades de múltiplos andares. Através de todos eles, os GCs encarregados de entrar e limpar essas complexas estruturas se desempenharam soberbamente, ao adaptar-se à situação e sempre completar a missão.

A escopeta mostrou ser uma arma muito útil para minha companhia. Nós conduzimos operações urbanas em cinco cidades durante a Operação IRAQI FREEDOM. Para todas essas missões, a escopeta foi a mais versátil arma em nosso arsenal. O problema era que apenas haviam duas na companhia. Isso resultou ou no GC e pelotão retardarem seu momento para levar a escopeta à frente, resultando em que o soldado ficava exaurido; ou conduzindo entradas martelando, continuamente, a fechadura ou a porta, meios que não permitem a surpresa. O pano de fundo é de que a escopeta devia ser uma arma de GC. Cada líder de GC devia ter a opção de ter essa arma em seu grupo.

Arrombar portas ou portões não tem a mesma ênfase colocada que a real limpeza de recintos tem. Tradicionalmente, os manuais de campanha cobrindo esse treinamento tem soldados indo através dos movimentos; muito pouco, se qualquer, treinamento prático é feito para arrombar portas e fechaduras. O FM 7-8 (manual de campanha) não trata de “como fazer” para arrombar uma porta, ele, meramente, declara que o “GC entra e limpa todas os recintos subseqüentes...” As razões para isso, são muitas. Pode haver uma carência de fechaduras para praticar corte, ou o controle da raia de tiro pode não permitir às unidades atirar em portas na casa de tiro. O tempo pode não ser o bastante para permitir a uma unidade arrombar e reconstruir portas para cada GC. Nunca há explosivo o bastante para praticar entradas além dos auxiliares de treinamento inertes. No entanto, baseado em observações e experiências no Iraque, eu vi um modo mais fácil: a escopeta tática. Graças ao FM 3-06.11, “Armas Combinadas em Terreno Urbano”, finalmente tem-se alguma ênfase e explanação sobre alguns “como fazer” para irromper. O FM 3-06.11 explica os três tipos de entrada; balística, explosiva e mecânica, com a maioria dessas duas páginas cobrindo a entrada balística.

No Iraque.

Durante operações urbanas no Iraque, 90 % ou mais dos arrombamentos de porta executados pelos meus grupos de combate, foram com a escopeta. Nós tínhamos outros meios de arrombamento, um sendo o conjunto Hallagan, também conhecido como os “instrumentos dos Hooligans”. Este é um conjunto de ferramentas portadas por um soldado consistindo de uma marreta leve, um pequeno conjunto de cortadores de correntes e, é claro, a ferramenta Hallagan.

A ferramenta de ruptura Hallagan é um pé-de-cabra modificado, feito de material não-faiscante com um espigão extra e um enxó em forma de cunha numa ponta para adicional alavancagem. Ele também tem uma haste de fibra de vidro com um cabo emborrachado, que é isolante e reforçado para grandes trabalhos de alavancagem. A ferramenta Hallagan trabalha muito bem com portas de madeira e outras fracas barreiras, entretanto, ela é menos efetiva sobre portas de metal e portões. Outra ferramenta é, obviamente, a carga de demolição. Material de demolição estava em falta para ação de entrada devido à grande quantidade de depósitos de armas que estávamos destruindo. O ressuprimento para material de demolição era imprevisível, e os GCs tinham de achar uma alternativa. O ombro de um infante também funciona como ferramenta de arrombamento; no entanto, essa técnica pode se tornar dolorosa com o homem de ruptura entrando, se não caindo, dentro do recinto primeiro. Eu acredito que a maioria dos infantes iria considerar isso inaceitável. Tudo nos deixa com a escopeta.

As escopetas de nosso batalhão eram orgânicas da companhia de comando. Quando o desdobramento se aproximava, os comandantes de companhia requisitavam que duas escopetas fossem designadas para cada companhia de linha, como meios alternativos de arrombamento. O treinamento, no terreno, para a utilização da escopeta no pelotão era limitado a adestramentos de reflexos, e Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTPs) de um coletivo de antigos soldados de batalhões Ranger, antigos oficiais de polícia e outros que tinham algum treinamento com uma escopeta. Portanto, enquanto cruzávamos a fronteira para dentro do Iraque, cada companhia tinha entre quatro a seis soldados treinados no uso limitado da escopeta em um ambiente tático.

Compreendam que o GC de nove homens, delineado nos manuais para táticas de infantaria é a exceção antes do que a regra. Na minha companhia, as únicas frações completas eram as seções de apoio. A norma era um grupo de combate de sete homens. O homem de ruptura (Breach Man) portava a escopeta, em adição a sua arma primária, a metralhadora leve M249 SAW. Limpeza de recintos é um exercício de precisão, e nem a SAW, nem a escopeta são armas de precisão.

Quando chamado a conduzir um arrombamento, o homem de ruptura entrava em posição, carregava o primeiro cartucho, então, disparava. Se fosse determinado que outro disparo era exigido, o homem de ruptura iria carregar outro cartucho e disparar. A seqüência de fogo era mirar, carregar, disparar, recarregar, disparar etc... Após o último tiro ser disparado, a escopeta não deveria ter outro cartucho na câmara. Após essa seqüência, a porta era chutada, e a equipe entrava e limpava o recinto com o homem de ruptura assumindo a última posição no grupo.

A escopeta deve ser portada em uma bandoleira que permita a ela pender do corpo de um soldado estando prontamente disponível para troca com a arma primária do soldado. Não estando sob o controle direto do soldado (isto é, o soldado não a está segurando), a escopeta é susceptível para se enroscar em obstáculos ou equipamentos e o soldado corre o risco de que a arma tombe. Se não houver um cartucho na câmara, isso não é problema, daí não se recarregar a arma após o último tiro de arrombamento. O modo mais seguro de portar a escopeta é com o ferrolho fechado, martelo à frente, câmara vazia e pronta para disparo (breech closed, hammer forward, chamber empty and on fire). Isso favorece a utilização de uma escopeta de ação de bomba sobre uma automática.

Quando decidir que tipo de escopeta utilizar, é importante ter uma que possua duas características distintas. Primeiro, ela não deve ter cano excessivamente longo, quanto mais curto, melhor. Isso reduz a possibilidade de desgaste da arma ou, apenas, ter o cano ficando no caminho. Segundo é a necessidade de uma coronha retrátil ou, até mesmo, nenhuma coronha. Semelhante à M-4 em relação ao M-16, em combate aproximado, quanto mais curto melhor e mais fácil de manejar.

O equipamento apropriado é essencial para o soldado portando a escopeta. Primeiro de tudo, uma bandoleira que mantenha a arma próximo ao lado de disparo do soldado, permite-lhe alcançar esse lado e preparar a arma sem reajustar sua arma primária. A bandoleira necessita ser presa à arma pela coronha ou próximo à guarda do gatilho. Isso permite máximo alcance de movimentação sem qualquer excesso de bandoleira ficando no caminho.

O tipo certo de munição precisa estar disponível para a unidade. Enquanto os chumbos grosso e fino funcionem, esses são os menos preferíveis para operações de entrada. Para arrombamento de porta, a carga de escolha por muitas equipes SWAT é um balote desintegrante (frangible slug). Um balote desintegrante é especialmente desenhado para derrotar fechaduras e dobradiças sem penetrar o recinto. Isso reduz, significativamente, o dano colateral no interior do aposento. Se o balote desintegrante não estiver disponível, chumbo #09 irá funcionar. O tamanho do chumbo reduz o dano colateral além da porta.

Um balote desintegrante não pode ser empregado efetivamente se o cano da arma estiver tocando na porta. Portanto, um dispositivo distanciador (stand-off device) deve ser utilizado para criar o efeito desejado. Um tipo de dispositivo distanciador é uma haste de metal que fica ligada ao tubo carregador. Outro é chamado Dispositivo Rompedor (Breacher Device). Ele se prende ao cano da arma e parece um supressor de clarão ou compensador. O rompedor permite a arma ser colocada na superfície da porta e disparada sem preocupação com uma explosão do cano. O rompedor irá reduzir, aproximadamente, 80 % da pressão do gás que resulta quando uma escopeta é colocada contra uma porta sólida. NOTA: Se você está empregando chumbo sem um Dispositivo Rompedor, é melhor botar o cano da escopeta próximo à porta para reduzir estilhaçamento.

Uma lanterna é, também, essencial para a escopeta. Operações conduzidas durante visibilidade limitada ou no interior de um edifício sem eletricidade, exigem que os soldado tenha uma dispositivo de iluminação. Escopetas podem ser modificadas com uma lanterna no tubo carregador ou no lado do cano.

Pontaria e treino de familiarização com a escopeta precisam ser integrados dentro do treinamento de armas do pelotão, da mesma forma como uma M-4 ou um AT-4. Ela é um sistema de armas que todo homem no pelotão precisa ser capaz de utilizar e empregar efetivamente. Um bom plano de familiarização está no RTC 350-1-2. Ele sublinha o processo passo-a-passo de carregar, disparar, reduzir enguiços, recarregar e limpar até os adestramentos de tiro-ao-alvo e, por fim, treinamento para arrombamentos de porta. A escopeta não é a arma primária do soldado que a portar, portanto, ele precisa ser capaz de fazer uma suave transição de volta a sua arma primária. Também, embora a escopeta não seja uma arma de precisão e não seja a melhor escolha para limpar um aposento, pode se tornar necessário para o homem da escopeta engajar alvos. O RTC fornece um adestramento básico de tiro-ao-alvo para treinar tal habilidade.

Uma utilização a mais para a escopeta está em operações de estabilidade e apoio. Ter uma escopeta confiada para uma tarefa por um GC fornece a este grupo de combate a habilidade para empregar munições não-letais ou de menor letalidade. Ter munição de chumbo ou de balote é um benefício quando confrontado por uma turba amotinada. A escopeta é, por si mesma, uma arma intimidatória, e irá conseguir a atenção de uma turba, por meramente ter sua câmara carregada com um cartucho. Meus soldados, muitas vezes, utilizaram uma escopeta descarregada por esta razão. Nós descobrimos que as pessoas respondem muito rápida e calmamente quando ouvem o ferrolho de uma escopeta se fechando.

Através de todas as ações de estabilidade e apoio da Operação IRAQI FREEDOM, a escopeta tática mostrou ser uma arma útil e versátil. É a minha crença de que a escopeta deve se tornar uma adição permanente ao arsenal de todo grupo de combate da Infantaria. Essa mudança irá aumentar a efetividade do grupo de combate por todo o espectro das missões que se exige que ele desempenhe.

_________________________________

O Capitão Ryan Morgan é um graduado da Academia Militar dos Estados Unidos, em West Point. Suas designações anteriores incluem serviço como líder de um pelotão “Bradley”, líder de pelotão de morteiros pesados e oficial executivo (subcomandante) de companhia com o I Batalhão, 8º Regimento de Infantaria em Fort Carson, Colorado. Ele também comandou as companhia de comando e “Charlie” do II Batalhão, Regimento 502 de Infantaria, 101ª Divisão Aeroterrestre (Assalto Aéreo) durante a Operação IRAQI FREEDOM. Cap. Morgan, atualmente, serve como oficial executivo assistente no Centro do Futuro, Comando de Doutrina e Treinamento.

Principalmente quanto a última parte, onde se fala sobre o uso da espingarda em operações de estabilidade e apoio digo, por experiência própria, que é a mais completa realidade. Muitas vezes colegas armados com M-16 ou subs não intimidaram tanto quanto o "cleck-cleck" de uma 12 "bocuda" sendo engatilhada. O povo desiste fácilmente do desacato ou da agressão depois de ouvir esse barulhinho mágico. Sou fã dessa arma para operações policiais urbanas, devido à sua potência, pouca penetrabilidade (menos baixas à longa distância) e versatilidade.
Alguém sabe se é possível no Brasil se conseguir esses cartuchos "frangíveis" ou tem mais algum material sobre técnicas de rompimento de portas com espingardas?
Desde já agradeço.




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Re: Frações de Infantaria

#22 Mensagem por Guerra » Sáb Jun 21, 2008 7:43 pm

hmundongo escreveu:A ESCOPETA TÁTICA EM GUERRA DE RUA.

Por Ryan J. Morgan – Infantry Magazine novembro-dezembro de 2004.

Minha companhia de fuzileiros da Infantaria de Assalto Aéreo encarou muitos desafios durante a Operação IRAQI FREEDOM. Não sendo o menor deles o fato de que sabíamos que iríamos ter de entrar e limpar edifícios em guerra de rua. Esses edifícios variavam em tamanho e formato da casa padrão com um muro exterior à hotéis e universidades de múltiplos andares. Através de todos eles, os GCs encarregados de entrar e limpar essas complexas estruturas se desempenharam soberbamente, ao adaptar-se à situação e sempre completar a missão.

A escopeta mostrou ser uma arma muito útil para minha companhia. Nós conduzimos operações urbanas em cinco cidades durante a Operação IRAQI FREEDOM. Para todas essas missões, a escopeta foi a mais versátil arma em nosso arsenal. O problema era que apenas haviam duas na companhia. Isso resultou ou no GC e pelotão retardarem seu momento para levar a escopeta à frente, resultando em que o soldado ficava exaurido; ou conduzindo entradas martelando, continuamente, a fechadura ou a porta, meios que não permitem a surpresa. O pano de fundo é de que a escopeta devia ser uma arma de GC. Cada líder de GC devia ter a opção de ter essa arma em seu grupo.

Arrombar portas ou portões não tem a mesma ênfase colocada que a real limpeza de recintos tem. Tradicionalmente, os manuais de campanha cobrindo esse treinamento tem soldados indo através dos movimentos; muito pouco, se qualquer, treinamento prático é feito para arrombar portas e fechaduras. O FM 7-8 (manual de campanha) não trata de “como fazer” para arrombar uma porta, ele, meramente, declara que o “GC entra e limpa todas os recintos subseqüentes...” As razões para isso, são muitas. Pode haver uma carência de fechaduras para praticar corte, ou o controle da raia de tiro pode não permitir às unidades atirar em portas na casa de tiro. O tempo pode não ser o bastante para permitir a uma unidade arrombar e reconstruir portas para cada GC. Nunca há explosivo o bastante para praticar entradas além dos auxiliares de treinamento inertes. No entanto, baseado em observações e experiências no Iraque, eu vi um modo mais fácil: a escopeta tática. Graças ao FM 3-06.11, “Armas Combinadas em Terreno Urbano”, finalmente tem-se alguma ênfase e explanação sobre alguns “como fazer” para irromper. O FM 3-06.11 explica os três tipos de entrada; balística, explosiva e mecânica, com a maioria dessas duas páginas cobrindo a entrada balística.

No Iraque.

Durante operações urbanas no Iraque, 90 % ou mais dos arrombamentos de porta executados pelos meus grupos de combate, foram com a escopeta. Nós tínhamos outros meios de arrombamento, um sendo o conjunto Hallagan, também conhecido como os “instrumentos dos Hooligans”. Este é um conjunto de ferramentas portadas por um soldado consistindo de uma marreta leve, um pequeno conjunto de cortadores de correntes e, é claro, a ferramenta Hallagan.

A ferramenta de ruptura Hallagan é um pé-de-cabra modificado, feito de material não-faiscante com um espigão extra e um enxó em forma de cunha numa ponta para adicional alavancagem. Ele também tem uma haste de fibra de vidro com um cabo emborrachado, que é isolante e reforçado para grandes trabalhos de alavancagem. A ferramenta Hallagan trabalha muito bem com portas de madeira e outras fracas barreiras, entretanto, ela é menos efetiva sobre portas de metal e portões. Outra ferramenta é, obviamente, a carga de demolição. Material de demolição estava em falta para ação de entrada devido à grande quantidade de depósitos de armas que estávamos destruindo. O ressuprimento para material de demolição era imprevisível, e os GCs tinham de achar uma alternativa. O ombro de um infante também funciona como ferramenta de arrombamento; no entanto, essa técnica pode se tornar dolorosa com o homem de ruptura entrando, se não caindo, dentro do recinto primeiro. Eu acredito que a maioria dos infantes iria considerar isso inaceitável. Tudo nos deixa com a escopeta.

As escopetas de nosso batalhão eram orgânicas da companhia de comando. Quando o desdobramento se aproximava, os comandantes de companhia requisitavam que duas escopetas fossem designadas para cada companhia de linha, como meios alternativos de arrombamento. O treinamento, no terreno, para a utilização da escopeta no pelotão era limitado a adestramentos de reflexos, e Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTPs) de um coletivo de antigos soldados de batalhões Ranger, antigos oficiais de polícia e outros que tinham algum treinamento com uma escopeta. Portanto, enquanto cruzávamos a fronteira para dentro do Iraque, cada companhia tinha entre quatro a seis soldados treinados no uso limitado da escopeta em um ambiente tático.

Compreendam que o GC de nove homens, delineado nos manuais para táticas de infantaria é a exceção antes do que a regra. Na minha companhia, as únicas frações completas eram as seções de apoio. A norma era um grupo de combate de sete homens. O homem de ruptura (Breach Man) portava a escopeta, em adição a sua arma primária, a metralhadora leve M249 SAW. Limpeza de recintos é um exercício de precisão, e nem a SAW, nem a escopeta são armas de precisão.

Quando chamado a conduzir um arrombamento, o homem de ruptura entrava em posição, carregava o primeiro cartucho, então, disparava. Se fosse determinado que outro disparo era exigido, o homem de ruptura iria carregar outro cartucho e disparar. A seqüência de fogo era mirar, carregar, disparar, recarregar, disparar etc... Após o último tiro ser disparado, a escopeta não deveria ter outro cartucho na câmara. Após essa seqüência, a porta era chutada, e a equipe entrava e limpava o recinto com o homem de ruptura assumindo a última posição no grupo.

A escopeta deve ser portada em uma bandoleira que permita a ela pender do corpo de um soldado estando prontamente disponível para troca com a arma primária do soldado. Não estando sob o controle direto do soldado (isto é, o soldado não a está segurando), a escopeta é susceptível para se enroscar em obstáculos ou equipamentos e o soldado corre o risco de que a arma tombe. Se não houver um cartucho na câmara, isso não é problema, daí não se recarregar a arma após o último tiro de arrombamento. O modo mais seguro de portar a escopeta é com o ferrolho fechado, martelo à frente, câmara vazia e pronta para disparo (breech closed, hammer forward, chamber empty and on fire). Isso favorece a utilização de uma escopeta de ação de bomba sobre uma automática.

Quando decidir que tipo de escopeta utilizar, é importante ter uma que possua duas características distintas. Primeiro, ela não deve ter cano excessivamente longo, quanto mais curto, melhor. Isso reduz a possibilidade de desgaste da arma ou, apenas, ter o cano ficando no caminho. Segundo é a necessidade de uma coronha retrátil ou, até mesmo, nenhuma coronha. Semelhante à M-4 em relação ao M-16, em combate aproximado, quanto mais curto melhor e mais fácil de manejar.

O equipamento apropriado é essencial para o soldado portando a escopeta. Primeiro de tudo, uma bandoleira que mantenha a arma próximo ao lado de disparo do soldado, permite-lhe alcançar esse lado e preparar a arma sem reajustar sua arma primária. A bandoleira necessita ser presa à arma pela coronha ou próximo à guarda do gatilho. Isso permite máximo alcance de movimentação sem qualquer excesso de bandoleira ficando no caminho.

O tipo certo de munição precisa estar disponível para a unidade. Enquanto os chumbos grosso e fino funcionem, esses são os menos preferíveis para operações de entrada. Para arrombamento de porta, a carga de escolha por muitas equipes SWAT é um balote desintegrante (frangible slug). Um balote desintegrante é especialmente desenhado para derrotar fechaduras e dobradiças sem penetrar o recinto. Isso reduz, significativamente, o dano colateral no interior do aposento. Se o balote desintegrante não estiver disponível, chumbo #09 irá funcionar. O tamanho do chumbo reduz o dano colateral além da porta.

Um balote desintegrante não pode ser empregado efetivamente se o cano da arma estiver tocando na porta. Portanto, um dispositivo distanciador (stand-off device) deve ser utilizado para criar o efeito desejado. Um tipo de dispositivo distanciador é uma haste de metal que fica ligada ao tubo carregador. Outro é chamado Dispositivo Rompedor (Breacher Device). Ele se prende ao cano da arma e parece um supressor de clarão ou compensador. O rompedor permite a arma ser colocada na superfície da porta e disparada sem preocupação com uma explosão do cano. O rompedor irá reduzir, aproximadamente, 80 % da pressão do gás que resulta quando uma escopeta é colocada contra uma porta sólida. NOTA: Se você está empregando chumbo sem um Dispositivo Rompedor, é melhor botar o cano da escopeta próximo à porta para reduzir estilhaçamento.

Uma lanterna é, também, essencial para a escopeta. Operações conduzidas durante visibilidade limitada ou no interior de um edifício sem eletricidade, exigem que os soldado tenha uma dispositivo de iluminação. Escopetas podem ser modificadas com uma lanterna no tubo carregador ou no lado do cano.

Pontaria e treino de familiarização com a escopeta precisam ser integrados dentro do treinamento de armas do pelotão, da mesma forma como uma M-4 ou um AT-4. Ela é um sistema de armas que todo homem no pelotão precisa ser capaz de utilizar e empregar efetivamente. Um bom plano de familiarização está no RTC 350-1-2. Ele sublinha o processo passo-a-passo de carregar, disparar, reduzir enguiços, recarregar e limpar até os adestramentos de tiro-ao-alvo e, por fim, treinamento para arrombamentos de porta. A escopeta não é a arma primária do soldado que a portar, portanto, ele precisa ser capaz de fazer uma suave transição de volta a sua arma primária. Também, embora a escopeta não seja uma arma de precisão e não seja a melhor escolha para limpar um aposento, pode se tornar necessário para o homem da escopeta engajar alvos. O RTC fornece um adestramento básico de tiro-ao-alvo para treinar tal habilidade.

Uma utilização a mais para a escopeta está em operações de estabilidade e apoio. Ter uma escopeta confiada para uma tarefa por um GC fornece a este grupo de combate a habilidade para empregar munições não-letais ou de menor letalidade. Ter munição de chumbo ou de balote é um benefício quando confrontado por uma turba amotinada. A escopeta é, por si mesma, uma arma intimidatória, e irá conseguir a atenção de uma turba, por meramente ter sua câmara carregada com um cartucho. Meus soldados, muitas vezes, utilizaram uma escopeta descarregada por esta razão. Nós descobrimos que as pessoas respondem muito rápida e calmamente quando ouvem o ferrolho de uma escopeta se fechando.

Através de todas as ações de estabilidade e apoio da Operação IRAQI FREEDOM, a escopeta tática mostrou ser uma arma útil e versátil. É a minha crença de que a escopeta deve se tornar uma adição permanente ao arsenal de todo grupo de combate da Infantaria. Essa mudança irá aumentar a efetividade do grupo de combate por todo o espectro das missões que se exige que ele desempenhe.

_________________________________

O Capitão Ryan Morgan é um graduado da Academia Militar dos Estados Unidos, em West Point. Suas designações anteriores incluem serviço como líder de um pelotão “Bradley”, líder de pelotão de morteiros pesados e oficial executivo (subcomandante) de companhia com o I Batalhão, 8º Regimento de Infantaria em Fort Carson, Colorado. Ele também comandou as companhia de comando e “Charlie” do II Batalhão, Regimento 502 de Infantaria, 101ª Divisão Aeroterrestre (Assalto Aéreo) durante a Operação IRAQI FREEDOM. Cap. Morgan, atualmente, serve como oficial executivo assistente no Centro do Futuro, Comando de Doutrina e Treinamento.

Principalmente quanto a última parte, onde se fala sobre o uso da espingarda em operações de estabilidade e apoio digo, por experiência própria, que é a mais completa realidade. Muitas vezes colegas armados com M-16 ou subs não intimidaram tanto quanto o "cleck-cleck" de uma 12 "bocuda" sendo engatilhada. O povo desiste fácilmente do desacato ou da agressão depois de ouvir esse barulhinho mágico. Sou fã dessa arma para operações policiais urbanas, devido à sua potência, pouca penetrabilidade (menos baixas à longa distância) e versatilidade.
Alguém sabe se é possível no Brasil se conseguir esses cartuchos "frangíveis" ou tem mais algum material sobre técnicas de rompimento de portas com espingardas?
Desde já agradeço.
Muito bom esse texto. Esse negocio de "arma do GC" deveria ser mas discutido. Eu acho que uma companhia de fuzileiros poderia ter seu arsenal diversos tipos de armas que fariam esse papel.
Aqui no Brasil, é comum na selva, mas em outras OM nem falam sobre o assunto.

Alguém tem fotos das granadas de mão usadas pelo exército americano? Será que eles não sama granadas para destruir portas?




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Re: Frações de Infantaria

#23 Mensagem por Hermes » Sáb Jun 21, 2008 8:36 pm

A algum tempo atrás ouvi boatos de que o EB ira comprar espingardas da Boito para colocar com os sentinelas nos aquartelamentos no RJ, primeiramente a fim de reduzir a cobiça dos traficantes sobre os FAL e segundo por que o alcançe do tiro de 12 é bem menor e reduziria danos colaterais em caso de troca de tiros com traficantes (é óbvio que os pobres sentinelas de 12 seriam os primeiros danos colaterais num caso desses). Alguém sabe se essa prática foi implementada? O pessoal das OM de GLO devem ter bastantes, para poderem disparar munições não letais, né.




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Re: Frações de Infantaria

#24 Mensagem por Guerra » Dom Jun 22, 2008 8:19 pm

hmundongo escreveu:A algum tempo atrás ouvi boatos de que o EB ira comprar espingardas da Boito para colocar com os sentinelas nos aquartelamentos no RJ, primeiramente a fim de reduzir a cobiça dos traficantes sobre os FAL e segundo por que o alcançe do tiro de 12 é bem menor e reduziria danos colaterais em caso de troca de tiros com traficantes (é óbvio que os pobres sentinelas de 12 seriam os primeiros danos colaterais num caso desses). Alguém sabe se essa prática foi implementada? O pessoal das OM de GLO devem ter bastantes, para poderem disparar munições não letais, né.
A minha OM recebeu espingardas, para esse fim, mas não usa.




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Re: Frações de Infantaria

#25 Mensagem por Piffer » Seg Jun 23, 2008 10:49 pm

Aqui na AvEx se usa faz tempo.




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Re: Frações de Infantaria

#26 Mensagem por Clermont » Sáb Jul 19, 2008 11:32 am

A COMPANHIA DE FUZILEIROS NA CAMPANHA DA ITÁLIA.

General Everaldo José da Silva – Revista do Exército Brasileiro 121 (1): 60-82 – Janeiro-Março de 1984.

I – INTRODUÇÃO.

Na qualidade de comandante de uma companhia de fuzileiros da Força Expedicionária Brasileira (FEB) não poderia me furtar a transmitir impressões sobre como vi o emprego da companhia durante a guerra, na Itália.

Assim, atendendo a convite da Revista do Exército Brasileiro, após decorridos quase 40 anos, eis-me voltando aos tempos de capitão, à frente de uma subunidade – a 1ª Companhia do Regimento “Sampaio” – a unidade de infantaria com que o então Distrito Federal contribuiu para organizar a FEB.

Não foi muito fácil, confesso, reorganizar muitas idéias e rever aquela pequena coluna de combatentes nas diferentes ações de que tomou parte.

Às vezes, chegou-me a fugir da memória o que tanto me preocupara na época para o cumprimento da missão determinada – o que fazer, como fazer e quando fazer – e como foi feito, na realidade.

Ouvindo melhor o subconsciente, porém, foi-me ele ainda fiel e consegui reunir as idéias adiante transcritas, todas elas pautadas na mais legítima lealdade para com aquele pugilo de bravos que tive a honra e a felicidade de comandar.

É possível, é evidente, que a outro comandante de companhia de fuzileiros poderá parecer estranha alguma conceituação que hoje trago a registro com o único propósito de servir a estudos pormenorizados que se desejar fazer a respeito da guerra na Itália, da doutrina de ontem em paralelo com a que se realiza hoje em nosso Exército Brasileiro, que nos parece muito benéfico à chegada de conclusões no aprimoramento do emprego das armas, mui especialmente da subunidade de infantaria, cuja missão no combate é, no ataque, aproximar-se o mais possível do inimigo para destruí-lo ou capturá-lo, tomando-lhe a posição, e na defensiva, repelir o avanço inimigo pelo fogo, mantendo, a todo custo, a posição ocupada.

Procurei n este registro focalizar as fases mais importantes em que a companhia de fuzileiros foi empregada durante a campanha, descrevendo fatos e comportamentos, através de informações colhidas do batalhão, em relatórios escritos e orais, e por meio de companheiros de fileira que comigo conviveram na guerra e após seu término.

Para isso, seguiremos o sumário elaborado justamente sob as idéias enumeradas e que norteará o presente trabalho.

II – ORGANIZAÇÃO.

A companhia de fuzileiros tipo FEB, compunha-se da seção de comando, três pelotões de fuzileiros e um pelotão de petrechos, este correspondendo ao pelotão de apoio na atual organização, com menor poder de fogo, evidentemente, em face da presença, no atual pelotão de apoio, da seção de morteiros 81 e outra, de canhões sem-recuo, principal meio de defesa a serviço da companhia.

Em ligeira observação, verifica-se que a atual organização possui maior poder de fogo e mais autonomia em combate, por poder dispensar o acompanhamento, em determinadas missões, da companhia de apoio do batalhão.

O pelotão de petrechos da companhia tipo FEB possuía, além de uma seção de metralhadoras leves .30, uma seção de morteiros 60 mm. Além desse armamento, a companhia possuía uma metralhadora .50, arma geralmente empregada contra viaturas de qualquer tipo e contra a aviação inimiga.

À falta de armamento de maior potência na companhia de fuzileiros, o batalhão reforçava as companhias segundo as missões, com suas seções de metralhadoras pesadas e morteiros 81.

Evidentemente, a atual organização dá à companhia maior liberdade de ação em combate, maior autonomia.

Não se deve inferir daí, entretanto, que a organização tipo FEB tenha sido insuficiente para atuar nos idos de 40, na II Grande Guerra. O batalhão supriu essa necessidade.

A companhia de fuzileiros era mais fluída, menos pesada, mais leve, em detrimento, é lógico, de sua capacidade de combate.

Forçosamente, a mecanização, a blindagem, meios e princípios generalizados no modo de combater hoje, foram aperfeiçoando a organização atualmente existente.

Quanto a efetivo, a companhia tipo FEB possuía da ordem de 200 homens. Seus pelotões possuíam 41 homens, inclusive um 3º sargento orientador; fora o capitão comandante e o 1º tenente subcomandante, a seção de comando constava de 33 praças.

No que se refere a armamento, o fuzil (arma individual) usado era o Springfield ou Garand, hoje substituídos pelo FAL.

As metralhadoras eram leves – ponto 30, e pesadas – ponto 50.

Além disso, como já nos referimos anteriormente, a companhia possuía três morteiros 60, hoje distribuídos aos pelotões de fuzileiros.

Sobre transporte, a companhia possuía duas ou três viaturas ¼ de tonelada (jeep) para o comando da companhia e usadas para carregar o material do pelotão de petrechos, nos grandes deslocamentos.

O equipamento da Seção de Comando, inclusive os sacos de lona, eram transportados em viaturas do batalhão.

Parece-nos merecer especial enforque a questão do uniforme.

Era ele de lã verde-oliva, que resguardava o homem da inclemência do clima europeu, nos meses de inverno. Além da calça e blusa, foi distribuída uma jaqueta, à semelhança de nossa japona, porém oferecendo vantagens por ser de duas faces, uma delas forrada de lã que aquecia a contento.

Foram também distribuídas galochas de borracha que resguardavam os pés da friagem, evitando o conhecido problema do “pé-de-trincheira”. Para forrar o capacete, havia um gorro de lá que protegia a cabeça e os ouvidos do vento, da neve e do frio.

Aos motoristas, foi pago um par de óculos especiais de forma a proteger os olhos da neve e do vento quando na direção.

Em síntese muito ligeira, aqui estão elementos que constituíram características da companhia tipo FEB. Poderíamos entrar em outras minudências, lembrando, por exemplo, a capa branca, o forro branco da barraca, com o objetivo de mascarar, camuflar, no lençol branco que cobre a Itália nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro e outras peças que o Exército Norte-Americano, a quem cabia apoiar a FEB no aspecto, distribuiu às forças brasileiros.

Não julgo, porém, de real importância para o objetivo do trabalho e, por isso, passo a considerações sobre o emprego da companhia em combate.

III – EMPREGO.

Não pretendemos examinar o emprego da companhia tipo FEB em todas as fases do combate.

Preferimos adiantar desde já que fugiu bastante ao que se ensina e se aprende na teoria. Na prática, as missões atribuídas às unidades eram bem superiores ao que normalmente se via nos manuais e se exercitava em paz. As frentes de ataque e de defesa, os objetivos a conquistar e as posições a guardar, a manter, distribuídas à companhia tipo FEB, eram mais amplas do que previam os regulamentos, aconselhavam os princípios táticos. Entretanto, eram missões ... E missões se cumprem com os meios disponíveis.

Atribuímos esse distanciamento da teoria o fato da escassez de forças no teatro de operações italiano, à situação em si. Essa não observância às possibilidades ideais da subunidade acarretava dificuldades no desenrolar do cumprimento da missão.

No âmbito do batalhão, provocava verdadeiros vazios entre as subunidades ao ameaçar os flancos. Dificultavam as ligações entre elas e o comando do batalhão se sentia algumas vezes sem poder influir sobre o combate dada a falta de ligações, pelo rádio 111, que falhava em momentos precioso para a conduta da operação.

No âmbito da companhia, entre os pelotões, ocorria o mesmo problema, pois nem o fio, nem o rádio, nem o mensageiro funcionavam a pleno êxito nessas oportunidades em que o bombardeio da artilharia e de morteiros inimigos era desfechado sobre a coluna atacante, sobre os núcleos de defesa de uma posição.

Em face desses problemas, ocorria também a pouca disponibilidade de meios para constituir a reserva, princípio que garante a manutenção do impulso na ofensiva, e na defensiva assegura o combate para a defesa de uma posição tomada ao inimigo.

Como exemplo gritante, citamos a ação de 21 de fevereiro de 1945, sobre Castelo, em que o comandante do I Batalhão do Regimento “Sampaio” usou um pelotão da 1ª Companhia como elemento de segurança imediata dos elementos de comando do batalhão que acompanhava o ataque, ficando assim aquela subunidade com dois pelotões somente para cumprir a missão que lhe fora atribuída, de atacar à retaguarda e à esquerda do dispositivo do batalhão, em ligação com os elementos mais da direita da 10ª Divisão de Montanha, que fora lançada sobre a crista do conjunto Belvedere - Monte Gorgolesco - Capela de Ronchidos – Della Torracia. E observe-se ainda que, para essa operação, o batalhão solicitou e obteve o reforço da 5ª Companhia (do capitão Waldir Moreira Sampaio) ao regimento de infantaria, fato também que não nos parecia muito usual na teoria, mas que, segundo sentiu o major comandante do I Batalhão, se tornava imprescindível para que o ataque fosse reanimado e crescesse de ímpeto, o que realmente ocorreu, com absoluta segurança.

Na defesa, quase sempre, os dispositivos eram muito dispersos, as frentes largas demais, determinando a leitura cuidadosa de um plano de fogos em que estes se cruzassem evitando vazios, trechos não batidos.

Os pelotões ocupavam pontos críticos não permitindo que guardássemos reservas no âmbito da companhia.

O batalhão quase sempre preferia suprir essa dificuldade, colocando uma companhia ou mesmo o pelotão em condições de atuar na frente vulnerável, ameaçada.

O problema, porém sempre existiu: frentes superiores às possibilidades dos meios, determinando cuidadosa vigilância, inclusive por meio de pequenas patrulhas à noite para evitar surpresas desagradáveis.

Sobre patrulhas, reservamos um item especial, dado seu largo emprego em campanha, em particular nos meses em que o inverno italiano obrigou aos aliados a fazerem uma parda na guerra de movimento, aproveitando para recompletarem seus efetivos, reorganizarem-se para a grande ofensiva da primavera, enquanto o degelo bloqueava as estradas.

IV – PATRULHAS.

Como todos sabem, os meses de defensiva na Itália tiveram como ações de movimenti, agressivas, as conhecidas patrulhas do “pracinha”, que se infiltrava nas linhas inimigas em busca de informações, em busca de prisioneiros e para precisar melhor as posições que nos incomodavam de dia e à noite com tiros de metralhadoras e fogos de artifício, para irritar o nervo brasileiros que, a pouca distância, às vezes, chegava a sentir os preparativos e ouvir suas conversas no idioma alemão.

Segundo a missão que recebia, a patrulha se dizia:

- de Reconhecimento

- de Combate

- para fazer prisioneiro.

Não vamos definir os diferentes tipos de patrulha, convindo porém focalizar que a de combate normalmente tinha por missão “se possível” ocupar a posição inimiga, expulsando, destruindo ou capturando seus ocupantes e, por isso, era considerada de maior importância e de maior responsabilidade para os patrulheiros.

As patrulhas tanto se realizavam durante o dia como à noite, tudo em função dos fins a que deveriam servir ao escalão que as determinava.

Eram constituídas desde pequenas esquadras de ligação até o pelotão reforçado, que tinha por missão enfrentar o adversário (tendo em vista o combate para ocupar posição, desalojando dela o ocupante) ou capturar prisioneiro.

Normalmente, as patrulhas vinham em ordem escrita do batalhão, que agia por iniciativa própria ou por ordem do regimento.

Ao chegar a ordem à subunidade, os homens que constituiriam a patrulha eram cuidadosamente selecionados, segundo a missão a que seria levados.

O estudo da missão “ordem de patrulha” começava com a interpretação do documento, por parte, inicialmente, do comandante da companhia, e posteriormente, em conjunto com o oficial ou sargento designado.

Eram fatores a pesar nesse estudo os seguintes dados:

- missão

- terreno, principalmente o objetivo, o local até onde deveria chegar a patrulha, os itinerários de ida e de regresso, os acidentes mais importantes do terreno a percorrer, trechos minados etc.

- inimigo, natureza e efetivo do inimigo com que provavelmente os patrulheiros iriam encontrar.

Esse estudo era feito inicialmente na carta, e, posteriormente, no terreno, de um posto de observação (PO) de onde seria abarcada a maior extensão da área a percorrer. Quando possível, aos patrulheiros de maior responsabilidade no cumprimento da missão era mostrado no terreno o processo de como deveria cumprir sua tarefa no conjunto da patrulha.

Conforme a importância da missão, o batalhão acionava seus morteiros e o observador avançado da artilharia para apoiar a patrulha em caso de necessidade. Houve um pelotão que, durante uma “patrulha de ocupação” de dia, recebeu apoio de fogo de artilharia, que assegurou seu retorno às bases, isolando elementos inimigos que procuravam cercar, envolver a patrulha, mediante uma progressão protegida por pequena dobra do terreno. Não fosse o desencadeamento do fogo previsto e a patrulha teria sido severamente castigada por sua audácia em penetrar nas linhas inimigas em as conhecer devidamente.

Ao término da missão, de retorno às linhas inimigas, cabe ao comandante da patrulha fazer relatório oral pormenorizado ao comandante da companhia, que o transmite, imediatamente, ao comandante do batalhão, por intermédio do oficial de permanência, de forma que as informações se tornem úteis e não percam em sua validade por decurso de tempo.

Além das informações orais, é feito um relatório por escrito o m ais explícito possível, registrando-se, de preferência, a natureza do inimigo, quanto a efetivo, armamento e missão.

Acompanha o relatório um croquis onde eram amarradas as resistências (PO e postos de comando, PC), com os meios de comunicação usados pelo inimigo.

Quanto a prisioneiros, estes não devem permanecer por muito tempo no PC da companhia. Devem ser encaminhados o mais cedo possível ao PC do batalhão.

Assim se procedia na Itália.

Em anexo, um Relatório de Patrulha, elaborado pelo então tenente Carlos Augusto de Oliveira Lima, comandante de uma patrulha, à base de pelotão reforçado.

REGIMENTO “SAMPAIO

I Btl / 1ª Cia

Em 25 de janeiro de 1945.

Do 1º Ten Carlos Augusto de O. Lima

Ao Sr. Major Cmt do I Btl

Relatório da patrulha do dia 24 de janeiro de 1945.

Dia: vinte e quatro (24)

Hora de Saída: 09:55h

Hora de Regresso: 18:00h

Duração: 08:05h

Efetivo: Um pelotão de fuzileiros (Pel Fzo), uma seção de metralhadoras leves (Sç Mtr L), uma equipe de mineiros com três homens e um radiotelegrafista.

Comando: do 1º Ten Carlos Augusto de Oliveira Lima.

Missão: ocupar o Ponto 999, caso não encontre resistências fortes capazes de a deter.

Itinerário: Oratório delle Sassane, Ponto 832, Caselina e Ponto 999.

Execução:

A) Mecanismo:

1) À saída das linhas, o pelotão tomou o dispositivo de grupos sucessivos a fim de passar a região minada na frente das posições. O movimento foi protegido por densa neblina que descia sobre a região.

2) Ao passar o terreno minado, já dentro dos bosques das castanheiras, o pelotão mudou de formação passando a um GC à frente e dois atrás, todos desenvolvidos. A Sc Mtr L deslocou-se à retaguarda uns 100 metros.

3) Passagem do rio: o grupo ponta atravessou o rio Marano, a fim de fazer o reconhecimento da margem e de Seneveglio. O 2º GC desceu ao barranco do rio, protegendo o reconhecimento da ponta, enquanto o 3º GC e a Sc Mtr L ficaram a uns 300 metros à retaguarda, a fim de apoiar o primeiro escalão. A equipe de mineiros deslocou-se com o GC ponta.

4) Subida do espigão de Oratório: o GC ponta subiu a encosta do espigão enquanto o 2º GC, da passagem do rio, acompanhava o movimento; e o 3º GC e mais uma peça de Mtr, desciam até o rio. A outra peça de Mtr, acompanhou o 2º GC, próximo ao morteiro do pelotão. (nota do Clermont: o que indica que a fração, também, tinha sido reforçada por uma peça da seção de morteiros 60 da companhia). Em cada parada foi feito o reajustamento necessário e foram das missões aos diversos elementos. Em Senevlegio foram ouvidos civis que informaram que há mais de 10 dias os alemães tinham descido até ali.

5) Reconhecimento da casa grande Oratório: o 1º GC atingiu a casa grande e reconheceu-a, não tendo encontrado inimigo. O comandante do pelotão (Cmt Pel), ao deslocar-se para a região da casa grande, determinou que o GC que vinha à retaguarda, à esquerda, reconhecesse uma posição inimiga naquela ocasião descoberta. Isto foi feito e no interior da posição foi encontrada somente uma carta particular. Enquanto isso se passava foram encontrdas várias minas pelo GC ponta a uns 100 metros ao norte da casa grande.

O Cmt Pel determinou que os mineiros fizessem um reconhecimento à frente do GC ponta e procurassem remover as minas, abrindo passagem para o primeiro elemento. Foram retiradas duas minas, tendo o Cmt Pel feito, pessoalmente, o reconhecimento do trecho minado, encontrado fios altos e várias minas e booby-traps (“armadilhas para tolos”) à superfície da terra umas, e outras enterradas. Até então nenhuma manifestação inimiga sobre a patrulha. Como o terreno minado se estendesse por toda a frente do itinerário, o Cmt Pel julgou aconselhável abrigar seus homens e proceder um estudo mais demorado do terreno, a fim de poder atravessá-lo. Uns 10 minutos passaram-se nessa situação e quando o Cmt Pel comunicou-se pelo rádio com o comandante da companhia (Cmt Cia), foram vistos vários alemães progredindo pela direita, em direção à casa grande; foi quando o 3º sargento Bernardindo Jesus da Silva, do grupo da esquerda e à retaguarda, por iniciativa própria atirou sobre dois deles, prostrando-os. Este movimento inimigo foi visto pelos mineiros que ainda removiam minas, tendo o soldado nº 573, José Torres de Oliveira da Companhia de Comando do I Batalhão (CC I), atirado num dos alemães que progredia, tombando-o. Foi trocado então um forte tiroteio, tendo os alemães desaparecido aproveitando uma pequena dobra do terreno. Várias metralhadoras inimigas atiraram então de direções diversas sobre a patrulha. Convém notar mais uma vez que o disfarce e a natureza da pólvora e das armas dos alemães não permitiram à patrulha amarrar as resistências. Foram procedidos vários deslocamentos dos GC da patrulha para aproveitar melhor o terreno, ao mesmo tempo que se procurava posição melhor de tiro, para as direções de onde partiam os tiros inimigos. Tornou-se difícil encontrar posições para os fuzis automáticos (FA) e Mtr, em virtude dos pés enterrarem-se na neve, em média 50 centímetros. Foram tentados vários deslocamentos, aproveitando o inimigo para atirar nessa ocasião, prejudicando as intenções da patrulha. Como essa situação se demorasse sem que a patrulha precisasse as resistências, o Cmt Pel resolveu comunicar-se com o Cmt Cia, com o que obteve apoio de artilharia e de morteiros, permitindo realizar um desdobramento pela esquerda, aproveitando as ravinas a oeste do espigão, guardado como estava de Geletto. Determinou o Cmt Pel que a Sç Mtr L organizasse uma posição de tiro de maneira que protegesse esse movimento e que o 3º GC guardasse a direita, atirando sobre qualquer reação inimiga que dessa direção partisse. O GC ponta tentou atingir a casa, progredindo uns 50 metros. Cada vez que esse GC progredia, cerrado tiroteio caía sobre ele, prejudicando sua progressão, já grandemente prejudicada pela neve que impedia os lances rápidos. O movimento sobre a neve é quase que andando. No entretanto, a patrulha não desanimou. Foram dados três tiros de bazooka sobre a casa, onde o inimigo resistia. Com os elementos de apoio e proteção foram trocados vários tiros de FA e fuzil ordinário (FO, isto é, a arma individual do soldado), nesse momento. O GC que avançava sobre a casa atirou também na direção das resistências, não conseguindo neutralizá-las, nem diminuir o seu fogo. Foram mandados três foguetes vermelhos pelo inimigo, à direita da patrulha, e observados em seguida movimentos na mesma direção, sendo evidente a intenção do inimigo de envolver a patrulha. Comunicado o que acontecia ao Cmt Cia, este determinou, por ordem do Sr. major, Cmt Btl, que a patrulha retraísse, tomando todas as precauções indicadas para fugir a qualquer movimento de envolvimento, enquanto fogo de artilharia, metralhadoras .30 e .50 e morteiros apoiavam o retraimento e sua acolhida na base de partida. O retraimento foi feito sob ordens e as precauções aconselhadas.

B) Informações sobre o inimigo:

O inimigo continua ocupando o espigão de Oratório delle Sassane, estendendo suas posições nas encostas leste a oeste.

1) (...)

2) Reações inimigas:

a) Fogos – o inimigo fez fogo de Mtr e FO.

b) Movimento – de deslocamento de casas até um barranco e desbordamento;

c) Sinais luminosos – foguetes à direita do dispositivo;

d) Um inimigo aproximou-se vestido com traje civil, saindo de uma casa com uma metralhadora escondida nas costas, fazendo fogo com a mesma sobre elementos da patrulha que reagiram, mas não conseguiram abatê-lo.

3) Efetivo inimigo: é de difícil avaliação, no entanto, sabe-se que as posições inimigas são ocupadas por três a cinco homens, armados de Mtr L, havendo às vezes uma pesada.

C) Terreno:

1) Natureza: montuoso, limpo com ligeiros bosques de castanheiras. Descoberto e cortado pelo fosso Marano, cujos buracos nas passagens obrigatórias atingem 30 metros de altura.

2) Obstáculos: os obstáculos naturais já citados entre os quais conta-se a neve, juntamente com as minas.

D) Material inimigo encontrado: uma carta particular dentro de uma organização, um cano de morteiro leve e uma granada de bazooka.

E) Feridos e mortos: Nenhum.

Carlos Augusto de Oliveira Lima.

1º Ten Cmt da Patrulha.


V – O PELOTÃO DE PETRECHOS.

Pouquíssimas vezes na FEB, a companhia de fuzileiros teve oportunidade de empregar o pelotão de petrechos como um todo.

As duas peças de metralhadora e as três peças de morteiros 60 eram entregues quase sempre de reforço aos pelotões. Isto até mesmo na defensiva, em razão dos elementos da subunidade ficarem distanciados uns dos outros e precisarem de apoio imediato desses petrechos.

Esta foi a característica principal, a nosso ver, no emprego desse pelotão. Não me recordo uma só vez em que o Pelotão de Petrechos da 1ª Companhia haja atuado, em conjunto, com suas duas peças de metralhadora e três peças de morteiro 60.

Convém assinalar, porém, que as metralhadoras e os morteiros 60 tiveram amplo emprego na Campanha constituindo sempre fator para aumentar o moral do pelotão de fuzileiros ao se ver apoiado por aquelas armas.

Por isso, talvez esse fato deva ter levado à adoção da atual organização do pelotão da companhia de fuzileiros, que traz em sua estrutura a presença de uma peça de morteiro 60.

Recordo-me que no dia 22 de fevereiro de 1945, já nas encostas nordeste/noroeste de Castelo, divisando o compartimento seguinte, tendo sido avistada uma resistência inimiga junto às casas de La Possione, o próprio comandante do pelotão, que atacara com duas peças de morteiros junto ao Pelotão Aquino, conseguiu atingir em cheio a resistência inimiga, expulsando seus ocupantes de lá. Os alemães, então, usando de um pequeno estratagema, (Nota do Clermont: uma grande sacanagem, na minha opinião...) levantaram a bandeira da Cruz Vermelha e fizeram remover em maca o armamento, muito provavelmente morteiros e metralhadoras que guarneciam a posição, para uma outra posição abrigada do fogo de Castelo. Tão logo terminaram a transferência de equipamento, desencadearam poderosa saraivada de fogo de morteiro e metralhadora sobre nossas posições ocupadas na noite anterior.

Foi preciso que nos abrigássemos e os fizéssemos silenciar com o fogo de morteiros 60 e da artilharia solicitada por intermédio do observador avançado.

O tenente Cecil Wale Barbosa de Carvalho, comandante do Pelotão de Petrechos, havia ele próprio calculado a distância de 1.000 m e colocado a primeira granada no tubo do morteiro. Menciono este caso como pequeno louvor ao serviço prestado pelo morteiro 60 na Campanha da Itália.

Em síntese, os morteiros 60, hoje incorporados ao pelotão de fuzileiros, constituem poder de fogo que dá aos pelotões maior possibilidade de autonomia no combate, batendo resistências abrigadas fora da trajetória das armas de tiro tenso.

VI – COMUNICAÇÕES.

Convém enfatizar o emprego do hand-talk, na Itália.

As ligações no âmbito da companhia eram mantidas através deste equipamento, nas ações de movimento, em particular.

No âmbito do batalhão, o rádio 111 também atendeu regularmente às necessidades, falhando algumas vezes por defeito do próprio aparelho.

Em algumas ocasiões, a 1ª Companhia manteve ligação com o batalhão através do hand-talk da Companhia de Petrechos, cujo comandante geralmente acompanha o PC do batalhão.

Os mensageiros e o telefone tiveram ampla aplicação no desenvolvimento da Campanha da Itália, em particular na defensiva, quando, principalmente, a subunidade substituía tropa americana na posição. Aliás, é boa a norma norte-americana de não recolher os fios usados e deixá-los para a tropa substituta.

Em razão da escassez dos efetivos, como dissemos anteriormente, a companhia substituía comumente o batalhão, e este o regimento, ocupando a subunidade, quase sempre os PC e PO, com órgãos de comanda da subunidade, o que facilitava sobremodo o estabelecimento das ligações, na defensiva.

A sinalização por intermédio de foguetes também foi muito usada, como se pode verificar nas diferentes ordens de operações.

No caso particular da 1ª Companhia do Regimento “Sampaio”, por exemplo, na conquista de Castelo, na tarde de 21 de fevereiro, foi comunicado ao batalhão por meio de um foguete de cor âmbar, código conforme prescrevia a ordem de ataque, informação logo reiterada por meio de telefone.

Houve ocasiões em que o batalhão reforçada as companhias com um rádio 511 (bengala).

Não se pode queixar sobre os meios de transmissões usados na FEB. Funcionaram bem não obstante as interferências inimigas usadas nos sistemas telefônicos e rádios. Em suma, não são eles responsáveis pela falta de ligação. Deve ter havido muito problema com as transmissões, mas não os culpemos. Outros fatores devem ter concorrido, não os meios de transmissões da época.


(...)

____________________________

O general Everaldo José da Silva foi comandante da 1ª Companhia de Fuzileiros, Regimento “Sampaio”, na Campanha da Itália; Chefe da Divisão de Ensino da Academia Militar das Agulhas Negras e comandante da 1ª Brigada de Infantaria; é membro da Academia de Letras de São João del-Rei e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Por seus feitos recebeu as condecorações da Cruz de Combate de 1ª Classe e a Bronze Star, da América do Norte.



EXPERIÊNCIAS DE COMBATE DA INFANTARIA BRASILEIRA NA ITÁLIA.

Por José da Fonseca e Silva, veterano do 11º Regimento de Infantaria, em palestra proferida no comando da 4ª Região Militar – Revista do Exército Brasileiro – 125 (2); 97-98 – abril/junho de 1988.

(...)A partir daí, fiquei com o meu pelotão em apuros e correndo um risco tremendo, pois chegamos a ouvir a metralha inimiga, embora distante, mas bem atrás das nossas posições. Uma meia hora depois, recebi ordem de retirar o pelotão para uma posição a uns seiscentos metros mais atrás, para que a região fosse batida pela artilharia.

Assim também aconteceu com toda a minha Cia. Foi duro, mas valeu a pena, pois lá da nova posição assisti a um espetáculo que nunca mais vou ver. Na escuridão da noite, as explosões continuadas das granadas de nossa artilharia, que encurtava e alongava a alça, davam a impressão de que aquilo rolava para lá e para cá. Entendi por que esta era chamada de “barragem rolante”.

Mas, enquanto ocorria o drama no batalhão vizinho, no meu pelotão houve uma “guerrinha particular” de fazer vergonha a qualquer soldado. À direita e em frente das posições havia uma depressão do terreno que não permitia a rasância da arma automática do GC que defendia aquele setor. Então, determinei que o local fosse batido por granadas de mão, lançadas à vontade, em grande quantidade. As nossas posições eram protegidas por algumas castanheiras, árvores ainda novas. Então, na fatídica noite, alguém denunciou ter ouvido barulho na depressão. Determinei o lançamento de granadas mas, concomitantemente ao nosso lançamento, recebemos também, vindas da depressão, umas três granadas de mão. Quem ali estava havia se aproximado bastante, pois o seu lançamento era morro acima, o que reduzia o alcance. Repetimos a dose com um lançamento de umas vinte granadas. Recebemos umas quatro, também. Avisei ao meu comandante da iminência de ser abordado pelo tedesco. Ele ficou preocupado e pedia informação a todo momento. Lá pelas tantas, suspendi o lançamento, aguardando que nos atacassem, pois não seriam muitos, pela quantidade de granadas que lançaram. Tudo voltou à calma. Não lançamos mais granadas e também não recebemos nenhuma. Assim que terminou a tal barragem “rolante” da artilharia, voltamos às nossas posições e o dia já estava clareando. Fui logo ver se o alemão havia pisado na tal depressão. Nada, não havia sinal nenhum além das marcas de nossas granadas. Voltei ao meu abrigo e correndo os olhos nos galhos das castanheiras entendi o problema que nós mesmos criamos. Alguns galhos apresentavam pequenas mossas, sinais de que algumas granadas que lançamos bateram neles e simplesmente caíram em cima da gente. Aqui, no tempo de paz, a gente lança granada em lugar completamente limpo e sem obstáculos para evitar acidentes. O tipo de granadas que usávamos e a mecânica de seu lançamento dificultavam quando estávamos no meio de árvores.

Ao voltar da guerra, vez por outra, eu me lembrava daquelas malditas lanternas que os tedescos acenderam em Castello. Mais tarde, como instrutor de combate do 11º RI, montei uma coisa parecida num exercício de defesa (linha de postos avançados). O curso era constituído só de sargentos e uns 70 % haviam pertencido à FEB. O efetivo era de uns cem. Desejava testar causa e efeito. Comandei uma patrulha contra os Postos Avançados, enquanto mandei uns três homens, com lanternas, acendê-las ligeiramente em outro ponto oposto ao da patrulha. A coisa funcionou como eu esperava, pois, encostado a um dos Postos, ouvi comando de fogo e, mais tarde, o aviso do atirador de que o festim havia acabado de tanto atirar. Assim, penetrei no dispositivo e fui abordando os demais postos pela retaguarda, até que cheguei ao comandante de toda a linha de defesa (normalmente um sargento, para exercitar-se no comando) e ainda o ouvi, comentando com os demais, os erros que a patrulha estava cometendo ao acender lanternas e que se admirava como eu permitia aquilo. Repeti a experiência mais duas vezes com outros cursos de aperfeiçoamento que funcionaram posteriormente. O resultado foi sempre o mesmo. Em combate, o nervosismo durante o batismo de fogo era normal. Mas no tempo de paz, estranhei que uma tropa constituída só de sargentos atirasse em lanternas. Como eles estavam sob a vista do instrutor, que tinha de atribuir-lhes grau e conceito, poderiam ficar nervosos e faze tolice também.

Mas, com alguma reserva, tendo vista o grau de formação que eu possuía na época, cheguei à conclusão de que tudo aquilo era provocada por reflexo condicionado errado, vindo da instrução noturna, que ocorria no início do primeiro período de formação. A turma em semi-círculo, no alto de um morro, via a figuração atirar num homem que fumava e que caía espalhafatosamente; atirar em lanternas, atirar em figurantes que faziam barulho com o equipamento. Assim, o homem mentalizava que, vendo luz e ouvindo barulho, devia atirar, quando o certo seria informar. Ele não percebia a necessidade de resguardar o sigilo da posição. Somente mais tarde, nos cursos de sargento, é que o instrutor ia dizer que a abertura de fogo, em uma situação tática, era reservada ao comandante da fração. Os soldados, então nem tomavam conhecimento disto e ficavam com o aprendizado anterior de: vendo, atirar; ouvindo, atirar. Talvez o alemão tenha explorado este lado fraco de nosa instrução. Foi a única explicação que encontrei para que eles usassem lanternas naquela noite no Monte Castello. Por via das dúvidas, mesmo não sendo uma verdade absoluta, passei a dar esta instrução com mais cuidado, e mesmo aos recrutas avisava repetidamente “que a abertura de fogo numa posição obedecia a uma situação tática e era reservada ao comandante da fração”, que o soldado deveria informar o que via e ouvia. Poderia atirar em casos imprevistos, de surpresa, para defender-se ou como aviso a todo o pelotão. Foi mais uma dura experiência colhida.




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Re: Frações de Infantaria

#27 Mensagem por Clermont » Dom Dez 14, 2008 7:05 pm

A INFANTARIA JAPONESA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

Desde 1930, exigia-se que as crianças japonesas completassem, pelo menos, seis anos de educação nas escolas primárias. Esses, felizes o bastante, para receberem educação mais avançada, cursavam escolas de primeiro e segundo graus por cinco anos. Desde a idade de oitos anos, meninos recebiam treinamento militar mínimo dos professores. Nas escolas de primeiro e segundo graus e nas universidades, oficiais da ativa forneciam treinamento. Este era de, apenas, duas ou quatro horas por semana com, possivelmente, um exercício de campo de quatro a seis dias, anual. Escolas para jovens ofereciam treinamento militar para estes que haviam completado, somente, os seis anos básicos de educação e, agora, estavam empregados na força de trabalho. Durante a guerra, foi exigido que as escolas de primeiro e segundo graus expandissem seus treinamentos militares para produzir cadetes, enquanto as universidades foram, essencialmente, transformadas em academias-reserva de oficiais da ativa.

A sociedade japonesa já havia, de antemão, preparado os futuros soldados para a vida militar, ao exigir obediência e respeito aos mais velhos, um grau de arregimentação com infidáveis regras e regulações governamentais, estritamente impostas pela polícia e autoridades locais, a exigência de conformismo individual, ambientes de moradia e de trabalho, abarrotados, e condições espartanas de vida.

Antes da guerra, o treinamento de recrutas durava de três a seis meses. Os recrutas eram designados para um divisão-depósito (rusu shidan), das quais uma era designada para cada distrito de conscrição divisionário. Além de treinamento de recrutas, elas equipavam e forneciam treinamento de rememoração para reservistas reconvocados, despachavam recompletamentos para unidades de campanha, organizavam novas unidades de campanha, e providenciam o retorno das baixas e das cinzas dos mortos. Quando novas divisões de infantaria e unidades não-divisionárias eram formadas, a divisão-depósito fornecia levas de recrutas, nem sempre treinados e quadros de oficiais e sargentos, tirados de outras unidades.

Uma vez designados para seu regimento de treinamento de recompletamentos, o soldado recebia seu uniforme e equipamento. Sob condições de tempo de paz, ele empreendia o treinamento de recruta, de janeiro até maio. Uma de suas primeiras experiências era a primeira de muitas leituras do Edito Imperial para Marinheiros e Soldados por um oficial. Ele estipulava seus deveres, responsabilidades e o que se esperava dele, à serviço do Imperador. Não havia nenhum juramento militar, no sentido ocidental, apenas, completa obediência ao Edito Imperial.

Fosse recebendo seu treinamento numa unidade de recompletamento ou de campanha, o soldado era designado para uma fração de treinamento (naumu han) dentro de sua companhia. Esta consistia de 20-30 recrutas sob o encargo de um cabo ou sargento e era organizada em duas seções (buntai), análogas a uma US Squad (GC). Não havia um número estabelecido de han numa companhia; isto dependia da força desta e da disponibilidade de sargentos. O han treinava, fazia o rancho e se aquartelava, junto. Só após uma companhia de fuzileiros (chutai) ser desdobrada em campanha que ela se reorganizava em três pelotões de fuzileiros (shotai de, normalmente, três seções de metralhadora leve (GC japonês) e uma seção de lança-granadas com um tenente no comando. Durante o treinamento era raro o soldado ver oficiais, a não ser durante as freqüentes leituras do Edito Imperial e nas inspeções. Os Cinco Princípios da Ética em Batalha – lealdade, cortesia, coragem, honestidade e frugalidade – também eram ensinados. Estes eram extraídos do Código de Serviço em Campanha (Senjinkun) publicados em 3 de janeiro de 1941. O treinamento era repetitivo e aprendido de cor, com rápida punição por desatenção, negligência e erros.

A maioria dos oficiais da ativa era formada pelo vasto sistema de escolas preparatórias e academias militares. Na idade entre 14 e 15, cadetes juniores entravam numa escola preparatória. Na teoria, ela era aberta a todos que pudessem passar nos rígidos exames, porém, a família tinha de pagar pelo considerável custo de acomodação e isto mantinha as classes baixas de fora. Praças abaixo dos 22 anos e sargentos, abaixo dos 25, podiam solicitar ingresso nas academias, porém, a maioria dos candidatos a oficial era de famílias da classe alta e ingressava entre os 16 e 18 anos. Oficiais da reserva eram selecionados a partir dos recrutas do serviço militar obrigatório, com, pelo menos, dois anos de segundo grau e que tivessem passado num exame, para o qual eles estudavam por sua própria conta, durante seus primeiros três meses de treinamento de recrutas. Após outros três meses, um segundo exame os dividia em candidatos a oficial e candidatos a sargento. Os candidatos a oficiais de infantaria empreendiam treinamento entre 6-11 meses, em uma das sete escolas de oficiais da reserva. Após o que, eles serviam com uma unidade de campanha, como estágio, por quatro meses e eram, então, colocados na reserva ou, retidos na ativa, se exigido. A maioria dos oficiais de linha nas unidades de infantaria eram produtos deste treinamento.

Os praças eram selecionados para treinamento de sargento após três meses de treinamento básico, ou mais tarde, em seus serviços. Esta era uma ação voluntária, e se esperava que eles se tornassem sargentos de carreira. Eles continuavam seu treinamento na unidade por mais outros nove meses, porém, recebiam responsabilidades, instrução e estudo, adicionais. Os candidatos a sargento de infantaria cursavam uma das três escolas de sargentos (Kyodo Gakko) no Japão, ou uma na Manchúria (o período de treinamento foi encurtado durante a guerra). Especialistas técnicos destinados a deveres como comunicações, material bélico, saúde, veterinária, intendência, logística e por aí vai, eram designados para unidades de infantaria e treinavam em cursos divisionários ou escolas formais de seus serviços.

O treinamento dos recrutas enfatizava, inicialmente, o cuidado e uso do uniforme e equipamento do soldado, identificação de patentes, continências aos superiores e adestramento individual e de seção, com infindáveis marchas. Ele aprendia os procedimentos e responsabilidades do serviço de guarda. Embora, não sendo uma parte formal da educação do recruta, o soldado aprendia, também, os meandros da hierarquia dos praças e seu lugar como o mais baixo dos baixos. O objetivo primário do treinamento, incluindo, os abusos infligidos por todos acima dele, era a imediata e inquestionável obediência à ordens. Sem isto, o Exército não teria funcionado como fez. Cada erro, cada omissão, qualquer falta de vigilância e atenção era, rápida e duramente tratada, por aqueles acima. O infante era adestrado por meio de um processo gradual de endurecimento, com marchas forçadas, cada vez mais longas e testes de resistência. Rações curtas e severa conservação de água eram típicas. Os recrutas que voltavam das marchas forçadas eram ordenados a entornarem seus cantis. Aqueles cujos cantis esvaziavam primeiro, eram espancados e reprimidos, como boiolas. Surpreendemente, quando se considera o grau de dureza esperado dos soldados, eles não passavam mais do que cinco dias em campo, por vez, devido ao temor de afetar a saúde deles. Em fevereiro, uma “marcha de neve”, de cinco dias, era conduzida, nela os soldados aprendiam a viver em condições invernais. Embora os soldados mantivessem diários e enviassem cartas para casa, os abusos e árduas condições, raramente, eram mencionados. Tais assuntos não eram admitidos e a dureza era, simplesmente, um fato da vida.

Uma grande parte do treinamento do soldado era a pontaria e manutenção do fuzil. A quantidade de munição destinada à prática de tiro, escasseou durante a guerra. A precisão individual não era uma grande preocupação, no entanto, já que o fogo emassado de fuzil e de metralhadora era o método preferido de combate. Embora existissem exceções, individualmente falando, os soldados japoneses eram, tão somente, atiradores medianos. O combate à baioneta era considerado como essencial e era, psicologicamente, vinculado ao passado dos guerreiso espadachins do Japão. Os rudimentos das táticas de seção eram ensinados, mas em o benefício das armas integradas de apoio.

Enquanto a guerra progredia, mesmo na China, antes do início da Guerra do Pacífico, unidades desdobradas, cada vez mais, recebiam recrutas bisonhos para serem adestrados pela unidade de campanha. A partir de 1937, as unidades começaram a receber recrutas e reservistas reconvocados (hojuhei) a cada poucos meses, antes do que num ciclo anual. Se pequenos números fossem recebidos, eles eram, simplesmente, integrados nos pelotões. Se uma unidade recebia um grande número de recrutas destreinados ou parcialmente treinados, eles poderiam ser organizados em companhias de treinamento e adestrados por sargentos destacados das companhias de linha. O treinamento individual e de frações podia ser errático para as unidades na China e Manchúria. Os recrutas poderiam ser empenhados em combate ou engajados em ações de segurança, e, embora os recrutas ganhassem experiência, o treinamento deles não era completo, nem eficiente.

Uma vez designados para uma unidade, os indivíduos eram selecionados para guarnecerem metralhadoras leves e lança-granadas. Outros eram designados para a companhia de metralhadoras do batalhão, ou para as companhias regimentais de canhões de infantaria e antitanque. Lá, eles aprendiam a operar e manutenir suas novas armas e agir como serventes de peças. Eles recebiam um número de servente e treinavam numa missão específica – atirador, municiador, remuniciador, etc. Eles, indubitavelmente, aprendiam como lidar com as missões dos outros serventes, mas tinham pouca oportunidade para desempenhá-las. Não é, completamente verdadeiro, que se um atirador de metralhadora fosse morto, os outros serventes eram incapazes de assumirem a arma; eles sabiam como fazê-lo, mas sua hesitação era mais uma questão de motivação ou medo de violarem uma regra, já que não era sua função assumir uma tal responsabilidde, se não tivessem ordens para tanto, de um superior. O senso, profundamente, instilado de harmonia, isto é, de não se desviar daquilo que era exigido ou esperado, e o medo de afrontarem um superior, fazia tanto parte deste quadro mental, quanto qualquer carência de adestramento.

Aqueles com habilitações civis ou demonstrando capacidade para desempenharem tarefas especiais eram selecionados de dentro da companhia para serem soldados especialistas (tokugyo hei). Sargentos ou outros habilitados nas tarefas adestravam os noviços. Especialistas eram promovidos após completarem um ano de serviço e demonstrarem sua habilidade. Eles incluíam armeiros, sapateiros, alfaiates, corneteiros, barbeiros, cozinheiros e socorristas. Estes especialistas estavam isentos das faxinas de trabalho geral e do serviço de guarda. A companhia era uma extensa família e, em guarnição, era bem auto-suficiente em serviços de rotina.

Após três meses de treinamento, oficiais da unidade conduziam a “inspeção do primeiro quadrimestre”. Esta durava vários dias e consistia de inspeções de alojamento e de campanha, mais testes nos quais os soldados demonstravam suas habilidades, desde adestramento de baionetas até a recitação do Edito Imperial e os Cinco Princípios da Ética de Batalha.

O treinamento da subunidade progredia através de um planejamento anual, iniciando-se com treinamento individual e de seção e culminando nas manobras regimentais ou divisionárias de outono. De janeiro a maio, era gasto no treinamento e integração dos recrutas, táticas de seção, treinamento de fuzil e baioneta, e condicionamento ao clima frio. Junho e julho eram passados com mais prática de fuzil e baioneta, táticas de pelotão e companhia, treinamento de armas coletivas, marchas diárias de 30 Km e construção de fortificações de campanha. Agosto via uma continuação do treinamento da companhia, tanto como exercícios de batalhão, fogo tático, mais adestramento de baionetas, nado, e marchas de 40 Km. Estas eram, cada vez mais longas e rápidas, com equipamento completo, com freqüência, conduzidas por sobre terreno íngreme e em ásperas condições de clima. Os exercícios de batalhão e de regimento eram conduzidos em outubro e novembro, com exercícios de fogo com munição real e manobras de grandes unidades. O treinamento das unidades era exigente e infindável. Enrijecimento físico e mental, através da exposição aos elementos, sob condições, cada vez mais ásperas, era o padrão. Os oficiais participavam, totalmente, no treinamento, juntamente com seus homens. Embora a disciplina fosse imperdoável, as unidades desenvolviam uma cerrada lealdade e os soldados eram imbuídos com uma grande dose de orgulho de corpo. Dezembro via a dispensa daqueles que completavam seu serviço ativo, mais a manutenção do equipamento e instalações, e a preparação para o próximo ano de treinamento, e seu influxo de substitutos.

Após seis meses de serviço, o soldado era elegível para promoção à praça de 1ª classe (itto-hei) embora, nem todos o fossem. Após um ano, estes e os especialistas de companhia podiam ser promovidos para praça superior (joto-hei).

O treinamento se deteriorou, através da guerra, enquanto pessoal de qualidade mais baixa era recrutado, instrutores qualificados rareavam, e recursos e instalações para treinamento mostravam-se inadequados para um exército crescente. Anteriormente, apenas números pequenos de jovens das áreas urbanas eram recrutados, já que tendiam a ser mais inconfiáveis, menos subservientes e desacostumados às durezas da vida de campanha. Eles, agora, eram recrutados em grandes números para fornecerem o necessário potencial humano, mas mostravam-se problemáticos e eram pobremente adequados à guerra de selva. O mito de que o soldado japonês era um combatente de selva nato, era somente isto, mito; os japoneses não tinham conduzido nenhum adestramento semelhante, e o terreno e clima, no Japão e na China, não forneciam a ambientação correta para tal adestramento. Eles foram, de início, bem-sucedidos, devido a serem rijos, condicionados à dureza, disciplinados e terem fé total, em sua força de vontade.


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Extraído de Osprey – Japanese Infantryman 1937-45: Sword of the Empire (Gordon L. Rottman).




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Re: Frações de Infantaria

#28 Mensagem por Clermont » Dom Abr 05, 2009 7:58 pm

PERSPECTIVAS DA INFANTARIA parte 1.

James Dunnigan & Albert Nofi – Dirty Little Secrets of World War II.

EXCESSO DISSO, FALTA DAQUILO.

As forças dos Estados Unidos, viram-se invadindo a França, em 1944, com um exército desequilibrado. Havia unidades demais antiaéreas, antitanque e de apoio, e de menos de infantaria. Isso não foi estupidez no trabalho, mas história.

Quando os Estados Unidos começaram a se rearmar, em 1940, eles o fizeram sob a influências das notáveis vitórias blitzkrieg alemãs deste ano, na França, e um ano depois, na África do Norte e na Rússia. O Exército dos Estados Unidos tinha de se preparar para enfrentar as, aparentemente, invencíveis forças armadas alemãs, e planejaram de acordo.

As mais assustadoras armas alemãs, em 1940-41, eram os tanques e aviões. Mesmo embora a força aérea do Exército planejasse construir centenas de milhares de aviões, a força terrestre do Exército preparou-se para agrupar 557 batalhões de artilharia antiaérea. Contra os tanques alemães, deveria haver mais de 100 mil tanques americanos (a maioria em divisões blindadas), além de 200 batalhões antitanque (a maioria autopropulsada) e 65 batalhões independentes de tanques.

De modo a retardar a produção alemã de tanques e aviões, através do bombardeio de suas fábricas, foram feitos planos para produzir mais de 50 mil bombardeiros pesados (quadrimotores), além de muitos mais bombardeiros leves. Todas estas medidas antitanque e antiaéreas absorveram milhões dos melhores recrutas.

Quando os Aliados, finalmente, ficaram cara-a-cara com um grande exército alemão, em 1944, descobriram que as guerras ainda eram travadas com um bocado de infantaria. As campanhas na África do Norte (terreno de tanques) e Itália (terreno de cabras montesas) eram enganadoras. A Itália prendeu uma grande porção de infantaria aliada, mas as montanhas também transformaram isto num sangrento impasse, reminiscência da Grande Guerra. As batalhas de 1944, na França e Alemanha, deram aos Aliados Ocidentais um gosto do que os russos estavam experimentando desde 1941. Além disso, os Aliados, por volta de 1944, tinham avassaladora superioridade aérea e os alemães tinham (relativamente) bem menos tanques do que em seus dias de glória de 1940 e 1941. Mas os alemães ainda tinham um bocado de infantaria.

Os aliados tinham esquecido o fato de que, desde os últimos anos da Grande Guerra (1916-1918), os alemães tinham se concentrado no aperfeiçoamento de sua infantaria. Enquanto os tanques e aviões alemães atraíam toda a atenção, foi a soberba infantaria alemã que fez a maior parte do trabalho. Quando os Aliados desembarcaram na Normandia, em junho de 1944, eles, rapidamente, descobriram que o principal antídoto para a infantaria alemã era infantaria aliada, e os Aliados não tinham bastante infantaria. Mas tinham um monte de batalhões antiaéreos, antitanque e de artilharia. Estas unidades foram, rapidamente, arroladas para apoiar a infantaria, duramente pressionada. A situação era tão ruim que os britânicos tiveram de dissolver divisões para fornecer recompletamentos. Os americanos tinham um problema ainda pior, com sua infantaria, devido a problemas “políticos”, de treinamento, de equipamento e organizacionais. Resumidamente, estes problemas americanos eram:

Equipamento. Embora muito equipamento americano fosse de primeira classe, as armas do infante deixavam um pouco a desejar. O fuzil do soldado, o semi-automático M1, era o melhor disponível em qualquer lugar, no começo da guerra. Mas, por volta de 1944, ele tinha sido superado pelo StG-44 alemão (o AK-47, é, essencialmente, uma cópia desta arma). Felizmente, os alemães começaram a armar sua infantaria com StG-44, somente, em 1944, e, pelo fim do ano, a maioria dos soldados alemães ainda estava utilizando o fuzil de ação de ferrolho Mauser 1898. Um grande problema eram as metralhadoras que os GIs americanos tinham. Foi reconhecido, durante a Grande Guerra, que as metralhadoras forneciam a maior parte do poder de fogo de um grupo de combate de infantaria. Os outros soldados no GC protegiam os metralhadores e realizavam a manobra e o trabalho sujo com granadas e, algumas vezes, com fogo de fuzil. O GC americano tinha um ou dois Fuzis Automáticos Browning (BAR, ou Browning Automatic Rifles). Uma arma da Grande Guerra, o BAR tinha 9 Kg, calibre .30 (7,62 mm) com um carregador de vinte cartuchos. Ele tinha um cano mais pesado do que um fuzil de ferrolho ou semi-automático (como o M1), mas, mesmo assim, se superaquecia caso carregadores demais fossem disparados, em poucos minutos. Em situações defensivas, o BAR estava em distinta desvantagem devido ao problema de superaquecimento. No ataque, ele estava mais em seu elemento. Os alemães resolveram todos estes problemas com sua MG-42, uma metralhadora calibre 7,92 mm, com 11,7 Kg. E, mais importante, a MG-42 tinha cano removível. Assim, em situações defensivas, onde um monte de poder de fogo era necessário, um cano superaquecido podia ser, com facilidade, trocado por um novo. A coisa mais próxima que os americanos tinham da MG-42 era a metralhadora M1919 .30. Esta besta pesava 14 Kg, precisava de um tripé de 6 Kg, não tinha cano removível, e disparava mais lentamente que a MG-42. Uma versão de 15 Kg, com bipé, foi desenvolvida para os pára-quedistas americanos, mas este foi o único aperfeiçoamento feito.

Organização. O grupo de combate de infantaria era grande demais (doze homens) e não tinha nenhuma subdivisão interna. Em combate, esta era uma situação desajeitada e o líder de GC (um sargento) e seu auxiliar (um cabo) passavam por uma dureza tentando controlar as coisas. Em combate, um líder podia supervisionar, não mais do que três ou quatro outros soldados. Outras nações resolveram o problema tendo GCs menores ou (como os Fuzileiros Navais americanos) organizando o GC em “esquadras de tiro” de quatro homens (uma técnica, formalmente, adotada pelo Exército depois da guerra, e informalmente, durante ela). Em acréscimo ao desajeitado GC, havia muitas outras deficiências menores na organização das unidades de infantaria americanas (batalhões e regimentos). Após uns poucos meses de combate, as unidades tendiam a alcançar suas próprias soluções para muitos destes problemas. Mas, neste meio tempo, muitas baixas desnecessárias foram sofridas.

Treinamento. Esta era a maior fraqueza das tropas americanas. Os alemães prestaram muito mais atenção ao treinamento. Não só para seus praças, mas também para oficiais e sargentos. É revelador que os alemães forneciam um treinamento mais longo para seus sargentos do que aquele dos oficiais de infantaria americanos. Não que a infantaria americana não gastasse um monte de tempo treinando, o problema é que eles não aprendiam as coisas que precisavam conhecer. Isto foi, em grande medida, um problema de comunicação. Mesmo antes de os Estados Unidos entrarem na guerra, oficiais americanos observaram a luta na Europa e Ásia, fazendo um monte de anotações. Mas esta informação foi, raramente, transformada em treino útil para as tropas que teriam de travar o combate. Isto foi piorado pelo tumulto criado quando o exército lutava para se expandir de 150 mil homens, em 1940, para mais de 7 milhões, em 1944. Por volta de 1942, setenta e quatro divisões estavam em estágios diversos de organização. Cada uma destas divisões precisava de oficiais e sargentos, e estes eram, normalmente, obtidos, tirando-os de outras unidades que estavam num estágio mais avançado de treinamento. A situação era tolerável devido a muitos dos ex-combatentes da Grande Guerra terem sido reconvocados para o serviço e a Guarda Nacional ativada. Mas nenhum destes homens tinha qualquer experiência recente de combate, e o serviço na Grande Guerra era, realmente, algo como uma desvantagem, devido às enormes mudanças que tinham ocorrido na conduta da guerra, desde 1918. O resultado final foi de que a maioria dos soldados entrando na Europa em 1943 e 1944 tinha de passar por um bem sangrento OJT (on-the-job training).

Políticas. Havia muitos “sindicatos” pedindo por soldados e equipamento para suas áreas de interesse particular. As unidades de apoio ao combate eram, particularmente populares, assim o exército acabou tendo mais de duzentos batalhões de engenharia, e uma porção de outras unidades de “apoio”. Todas estas unidades de apoio eram mais fáceis de formar, transportar e suprir do que divisões de infantaria. Até que as unidades americanas se envolvessem em pesado combate terrestre em 1943 (na Itália), nenhuma voz se levantou para apontar que eram as divisões de infantaria que faziam o trabalho, portanto, você precisava de um monte delas, e das boas, para ter o trabalho feito. Não que todas estas unidades de apoio fossem um desperdício. As divisões de infantaria receberam várias unidades de apoio (e, com freqüência, as tornaram, de fato, partes permanentes da divisão), resultando que o tamanho real das divisões de infantaria passou de 17.500 soldados nominais para quase 20.000. Mas, as tropas de apoio não estavam na linha de frente, durante a ação de infantaria, e nunca havia bastante infantaria.

Não apenas havia insuficiência de divisões de infantaria disponíveis (apenas 65 num exército de 88 divisões), mas havia sérios problemas com a substituição de baixas. A carência de divisões de infantaria significava que, quase todas elas, tinham de ser mantidas em ação o tempo todo. A lição aprendida na Grande Guerra, era de que uma divisão, ao sofrer muitas baixas, e passar tempo demais em ação - ao ponto de que os soldados começavam a ficar em estado de choque -, precisava ser enviada para um pequeno descanso. Durante este período, os recompletamentos seriam trazidos e os veteranos os treinariam e os conheceriam. Na Segunda Guerra Mundial, a prática americana era enviar recompletamentos enquanto as unidades estavam debaixo de fogo. Isto não deu certo, e a maioria dos recompletamentos, rapidamente, se tornava baixas. As unidades se exauriam, devido ao tempo infindável passado em ação.

E ainda pior: devido as muitas outras exigências “prioritárias” por potencial humano, os mais bem-educados e mais capacitados recrutas, geralmente, iam para qualquer lugar, menos para a infantaria. As unidades de combate terrestres tinham a última escolha em recrutas. Devido a natureza caótica da formação de tropas, um bocado de recrutas de alta qualidade acabavam na infantaria. Mas, geralmente, a infantaria era considerada o lixão para recrutas que ninguém mais queria.

Havia divisões adicionais disponíveis para serviço na Europa, pelo menos, em termos de potencial humano treinado e organizado. O gargalo estava na navegação, já que meia-dúzia de navios cargueiros eram necessários para levar uma divisão de infantaria da América do Norte para a Europa. Até o final de 1943, os U-Boote alemães eram um perigo bem real, e não se podia esperar que todos os navios conseguissem passar. Depois desta data, os submarinos eram um problema muito menor. Mas nunca houve navios o bastante, e outras coisas demais (como suprimentos para a ofensiva de bombardeio estratégico) tinham prioridade. Por esta época (1944) já era tarde demais. Além disso, por volta de 1944, havia 172 batalhões de infantaria independentes (o bastante para formar o núcleo de outras dezenove divisões de infantaria) dispersos por aí. Muitos nem mesmo tinham saído dos Estados Unidos. Mas, em 1944, o grande colapso do potencial humano tinha chegado e já era tarde demais para formar novas divisões e enviá-las para o combate, antes do fim da guerra. A infantaria que travou a luta sofreu enormes baixas, com algumas divisões sofrendo perdas de 300 % entre seus infantes. É verdade que um monte destas baixas eram por ferimentos menores, e muitos infantes foram feridos, várias vezes. Mas, se você fosse um “pé-de-poeira”, não poderia deixar de pensar que deveria haver um modo melhor. Havia, mas não foi implementado até muito depois de a Segunda Guerra Mundial acabar.




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Re: Frações de Infantaria

#29 Mensagem por Don Pascual » Dom Abr 05, 2009 10:35 pm

sofrendo perdas de 300 % entre seus infantes
Perdas de 300%??? Isso está certo? Se está, como é possivel???




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Re: Frações de Infantaria

#30 Mensagem por Clermont » Dom Abr 05, 2009 11:10 pm

Perdas cumulativas, ao longo do tempo.




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