Cartas resposta enviadas ao Editor do Jornal O Globo por professores de universidades do Estado do Rio de Janeiro (não publicadas)
Sr Editor:
O GLOBO, na sua edição de domingo, 11/11/2007, na sua página quatro, publicou matéria intitulada "Pesquisadores criticam a falta de
transparência nos gastos militares". Quero levar à opinião pública minha mais veemente discordância em relação às declarações de alguns
especialistas consultados. Com efeito, no corpo da reportagem, assinada pelo jornalista Chico Otávio, lê-se que "não há conversa com
as instituições civis" e que "nas escolas militares os alunos não são livres para fazer a tese que gostariam" . Apregoa-se, também, a
existência de "distanciamento das forças com a sociedade civil". Na qualidade de Coordenador do Projeto Rede Brasil de Defesa - que
estabelece original e inédita parceria entre a Universidade Federal Fluminense e as três instituições militares de altos estudos, a saber,
a Escola de Comando e Estado Maior do Exército, a Escola de Guerra Naval e a Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica da
Universidade Força Aérea - devo testemunhar que acontece exatamente o contrário. Civis e militares fazem juntos os cursos de Mestrado e
Doutorado na área de Estudos Estratégicos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFF em gozo da mais elevada
liberdade acadêmica. Em instalações civis, mas ocasionalmente também castrenses, civis e militares convivem em harmonia. Jamais, nunca, em
tempo algum, qualquer autoridade militar falou, ou mesmo insinuou, qualquer interferência em relação aos estudos e pesquisas conduzidos
pelos professores civis. A matéria em pauta, assim, além de estar na contra-mão do que acontece nos estabelecimentos militares, em nada
colabora com a necessária aproximação e identificação entre civis e Forças Armadas, tão necessárias à vida democrática.
Professor Eurico de Lima Figueiredo
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e do Núcleo de Estudos Estratégicos / UFF.
Senhor Editor,
Em atenção ao artigo de O GLOBO no domingo 11/11/2007, intitulado "Pesquisadores Criticam a falta de transparência nos gastos militares", muito especialmente quando alguns pesquisadores falam " que não há liberdade nas escolas militares" ou "distanciamento das forças com a sociedade civil", nós pesquisadores profundamente envolvidos em estudos de defesa e assuntos militares, gostaríamos de expressar nossa veemente discordância. As escolas militares primam pelo rigor, uso de métodos e procedimentos acadêmicos, e conduzem pesquisas de alto nível. Somos testemunhas da plena liberdade de expressão vigente - incluindo aí alguns de nós com uma orgulhosa militância anti-autoritária no passado recente - , bem como a ampla capacidade de critica e auto-crítica, com o constante e insistente chamamento a civis, nacionais e estrangeiros, para ministrar cursos e palestras. Além disso, é incessante o esforço das FFAA na direção de incorporar pessoal, experiência, métodos e procedimentos do mundo acadêmico, como comprovam os comites Pro-Defesa do CNPq e da Capes e a criação dos cursos, nas universidades, de defesa e assuntos militares.
Prof. Titular Marcio Scalercio/UCAM/PUC
Prof. Emérito Francisco Carlos Teixeira/UFRJ/Eceme
Profa. Dra. Angela da Rocha/UFRJ
Prof. Dr. Alexander Zhebit/UFRJ
Prof. Dr. Bernardo Kocher/UFF
Prof. Dr. Sidnei Munhoz/UEM
Prof. Titular Antonio Celso Ferreira/UERJ/UFRJ
Prof. Dr. Mauricio Parada/PUC
Prof. Titular Paulo Vizentini/UFRGS
Prof. Titular Eurico Figueiredo/UFF
Profa. Sabrina Medeiros/UFRJ
Prof. Aureliano Moura (NEST/UFF).
Prof. Eduardo Siqueira Brick (NEST/UFF)
Prof. Nelson Mariano (NEST/UFF)
Prof. Titular Theotonio dos Santos (NEST/UFF)
Prof,. Waldimir Pirró e Longo (NEST/UFF)
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"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.
Jauro.
Toda porrada na Globo é bem-vinda.
Bem, quanto ao tema. Não pode haver o claro desvio de finalidade que é conceber as Forças Armadas como entidade à parte da sociedade; pois ela existe, em tese, pra servir à essa mesma sociedade (em tese, pois há uma gama de considerações de ordem dialético-material que podem ser feitas).
Por outro lado, o próprio cerne da vida castrense não deve estar exposto, às escâncaras, por motivos óbvios.
Bem, quanto ao tema. Não pode haver o claro desvio de finalidade que é conceber as Forças Armadas como entidade à parte da sociedade; pois ela existe, em tese, pra servir à essa mesma sociedade (em tese, pois há uma gama de considerações de ordem dialético-material que podem ser feitas).
Por outro lado, o próprio cerne da vida castrense não deve estar exposto, às escâncaras, por motivos óbvios.