Nos anos 80 o Brasil teve uma pujante indústria de defesa, com bom volume de exportações. Nos anos 90 o setor foi esmagado pela ausência de uma política de defesa e pelo aumento desmedido da dívida pública, que passou a consumir a maior parte dos recursos orçamentários. Agora, com a nova Política Nacional de Defesa, anunciada pelo Ministro Nelson Jobim, o que se tem de legado do período anterior?
No artigo “Um olhar sobre alguns projetos ainda viáveis para a indústria de defesa no Brasil”, o pesquisador Expedito Carlos Stephani Bastos, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) procede a um inventário do período. Segundo ele, empresas foram sucateadas, mas projetos e projetistas continuam à disposição do novo esforço industrial.
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O primeiro destaque é o Ogum, blindado leve desenvolvido pela Engesa – Engenheiros Especializados S/A –, cujas características são a “baixa pressão sobre o solo, aerotransportável, podendo inclusive ser lançado de pára-quedas, extremamente ligeiro, com grande mobilidade e raio de ação além de baixo peso”. O veículo foi desenvolvido para o cliente Iraque, em guerra com o Irã. Os estudos começaram em novembro de 1985 e em maio de 1986 já estava pronto o primeiro protótipo.
Em 1988, um outro protótipo chegou a vencer tecnicamente o Wiesel, veículo alemão consagrado internacionalmente, em uma concorrência em Abu Dhabi.
Diz o analista: “O EE-T4 Ogum ainda é um veículo versátil mesmo para os dias de hoje, seu conceito é extremamente moderno e poderia muito bem ser aproveitado pelo Exército Brasileiro que criou recentemente uma Brigada de Operações Especiais; serviria também para a Brigada Pára-quedista e muitas outras unidades nas mais variadas funções”.
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Um segundo equipamento é o EE-18 Sucuri, desenvolvido pela Engesa nos anos 80, a pedido da empresa alemã Rheinmetall, para atender a uma encomenda da Infantaria dos Estados Unidos, que necessitava de um canhão de baixo recuo, para ser acoplado a um veículo de pequeno porte. A Engesa percebeu o potencial e acabou construindo um caça-tanque, utilizando os primeiros sistemas de CAD/CAN existentes na época, quando a eletrônica começou a interagir com a mecânica.
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O Charrua é outro projeto, desenvolvido pela Moto Peças S/A, em parceria com o Exército, visando modernizar os tanques M-59, americanos, oriundos da guerra da Coréia. Era o que se denomina de CBTP (Carro Blindado para Transporte de Pessoal), anfíbio, podendo transpor rios e lagos. Foram previstas três versões, mas apenas a primeira chegou na fase de protótipo.
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A conclusão do especialista é que “faz-se necessário uma readequação do nosso Parque Industrial de Defesa, com fusões de empresas (...); criar uma agência de aquisição e avaliação de material para as três forças ligadas ao Ministério da Defesa, com poder de decisão e como forma de transformar as forças armadas em operadoras de sistemas de armas e não detentoras de plataformas “A” ou “B” (...) Recriar empresas estatais para produção de material de defesa que não sejam de interesse das privadas (pouca lucratividade, pequenas quantidades e longo tempo de compras)”.
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Realmente o Brasil possui uma criatividade cultural muito forte, este fator social foi muito bemj aproveitado na indústria bélica brasileira, nossos equipamentos tinham características muito peculiares, eram versáteis, resistentes, baixo custo de aquisição e manutenção e aproveitavam lacunas de equipamentos que outra nações não se dedicavam. Porém o nosso país possui um demagógico perfil pacifista, demagógico pois somos pacíficos somente em relação as guerras, e este "ladinho" pacifista nos impede de mantermos uma estrutura de defesa confiável e tecnogicamente adequada para a nossa nação detentora de tantas riquezas. Poderíamos fazer isto somente com o que existe em nosso país, somos detentores de inúmeros centros de tecnologia, parques industriais e principalmente necessidade, tanto da defesa, quanto do progresso tecnológico.
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Na Universidade Federal de Juiz de Fora´existe um núcleo de estudos e pesquisas sobre Defesa e Tecnologia militar muito bom,existem várias análises sobre este assunto,e uma avaliação sobre as forças mecanizadas do exército,no link que envio abaixo:
http://www.defesa.ufjf.br/arq/Art651.htm
Abs,
Tigershark
http://www.defesa.ufjf.br/arq/Art651.htm
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