PMC: Privatização da Guerra

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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PMC: Privatização da Guerra

#1 Mensagem por Scout » Seg Set 24, 2007 12:47 pm

BLACKWATER: EXÉRCITO PRIVADO OU OUTRA CARA DO KU KLUX KLAN?

por Pedro Brás
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O governo iraquiano enfrenta desde o dia 15 de Setembro mais um dilema.
A empresa Blackwater, especializada em segurança musculada no Iraque, terá alegadamente entrado em confronto com civis iraquianos e do recontro terão resultado pelo menos 11 civis iraquianos mortos. O governo iraquiano retirou a licença de operação à empresa Blackwater, a maior empresa americana de segurança em operação no país, mas os dirigentes da empresa já avisaram que o governo do Iraque não tem autoridade para retirar uma licença que nunca passaram. A Blackwater afirma que opera como subcontratada das forças armadas americanas, e só a elas pode obedecer.

Os reduzidos efectivos militares dos Estados Unidos no Iraque levaram a que desde o início do conflito os responsáveis do Pentágono aceitassem a sugestão de empregar empresas privadas que garantissem a segurança de instalações importantes e embaixadas.
O número de militares regulares envolvidos na operação foi sempre considerado insuficiente e acredita-se que os responsáveis americanos tomaram como certos muitos dos relatórios que afirmavam que grande parte da população do Iraque deveria aceitar facilmente a chegada das tropas dos Estados Unidos.
Com uma grande adesão popular, a presença de grandes forças americanas era de pouca utilidade e por isso não foram feitos planos para uma presença longa de forças daquele país no Iraque.

INVASÃO DESASTRADA
A recusa do pentágono e de cabeças pensantes como Donald Rumsfeld em aceitar que a guerra no Iraque seria longa e custosa, tem uma curiosa parecença com a atitude de Adolf Hitler em 1941, quando se recusou a admitir que as forças alemãs na Rússia teriam que lutar no inverno.
Sempre que alguém falava em roupas para o Inverno Hitler recusava-se pura e simplesmente a ouvir. O tempo passou e a realidade sobrepôs-se ao sonho e a realidade era dura e fria como o gelo da Rússia.

No Iraque, os militares nitidamente não tinham como controlar a situação e embora a vitória tivesse sido declarada, não havia paz nas ruas das cidades iraquianas.
Na tentativa de resolver o problema, foi chamado às pressas Paul Bremer, um administrador americano para o Iraque. Tratava-se de um administrador civil, que pretendia dar a ideia de que o Iraque não era governado pelos militares e que tentou resolver o problema da falta de tropas, utilizando para o efeito meios civis, estabelecendo contratos com empresas norte-americanas que passariam a ser responsáveis pela reconstrução do Iraque e pela sua transição para a democracia.

Ocorre que grande parte dos contratos estabelecidos por Paul Bremer, provou-se serem fraudulentos. O sistema montado era débil e no seu conjunto tão absurdo e desorganizado que os pagamentos por serviços prestados eram feitos em dinheiro (notas de 100 dólares americanos), sem qualquer nota ou recibo dos pagamentos. Os maços e pacotes de notas de dólar, eram enviados para o Iraque em aviões civis e militares de carga, e acomodados como mercadoria. O sistema de pagamentos era medieval e para para Paul Bremer, tinha a vantagem de ser impossível de escrutinar.

Paul Bremer foi afastado, mas foi no ambiente de corrupção e negócios escuros, a que alegadamente estará ligado o próprio vice-presidente dos Estados Unidos através da empresa Halliburton que a empresa Blackwater apareceu no Iraque com a importância que hoje se lhe atribui.

Mas as empresas civis, pela sua própria natureza não poderiam obedecer às regras e condutas dos militares, mas também não poderiam estar sob jurisdição iraquiana, pois o país não tinha quaisquer instituições funcionais que pudessem escrutinar a operação das empresas privadas de segurança.
Ao mesmo tempo, embora sendo empresas norte-americanas, as empresas de segurança não têm que responder perante a lei do seu país de origem.

Estava montado o palco para a criação e crescimento do poder de instituições que possuíam armas, tinham o direito de recorrer à violência para atingir os seus fins (proteger os seus clientes) mas que não tinham que responder perante qualquer lei, qualquer tribunal, qualquer juiz ou qualquer instituição legítima.

EXÉRCITO PRIVADO, FORA DA LEI
A Blackwater está entre as muitas empresas contratadas para fornecer serviços de segurança e tornou-se neste período na maior empresa privada de segurança a operar no Iraque.

Segundo o iraquiano médio entrevistado pelas televisões, as colunas de veículos das empresas de segurança que andam pelas ruas não respeitam regras de transito atropelam pessoas nos passeios são violentas e mais temidas que os próprios soldados americanos. Eles podem bater. Violar e até matar, sabendo que nada, absolutamente nada lhes vai acontecer.

Eles recebem ordens para proteger empresários e figuras públicas - desde empresários americanos a funcionários do próprio governo do Iraque – e não têm qualquer problema em quebrar qualquer regra para cumprir essa missão.

Para desempenhar estas missões cada um dos funcionários/mercenários pode receber até 1.400 Euros por dia , 42.000 Euros (R& 120.000) por mês, dependendo da missão que lhe for atribuída e do perigo que a mesma represente para quem a desempenha.

O Iraque, para a Blackwater e os seus mercenários, funciona como o antigo «Far West» dos Estados Unidos, em que não há nenhuma lei, e onde quem impõe a lei é quem tem uma arma.

Mas para conseguir encontrar os seus «guerreiros» modelo, a Blackwater tem que proceder a um recrutamento selectivo, e a forma de recrutamento por parte da Blackwater (e não só) está desde há algum tempo a ser criticada mesmo nos próprios Estados Unidos.

Muitos dos recrutados são antigos militares dos Estados Unidos, que após cumprirem o serviço militar voluntário procuram emprego na sociedade civil.
Muitos deles não sabem fazer mais nada que não seja utilizar armamentos e colocar em prática os ensinamentos que lhes deram.

Além destes, existem ainda os cidadãos norte-americanos que não sendo militares têm especial apetência pelas armas e pela violência.

São especialmente preocupantes as ligações da Blackwater com a chamada direita neo conservadora norte-americana, os lobbies das empresas de armamento e as seitas evangélicas extremistas, às quais está ligado o próprio presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

RECRUTAMENTO SELECTIVO
Mas como se não fosse já de si preocupante a criação do que parece ser um exército privado, gerido por pessoas com ideais religiosos próximos do fanatismo, há ainda a alegada ligação da Blackwater aos teoricamente extintos movimentos da «Nação Ariana» e «Ku Klux Klan».
A tal nível chegou a situação, que nos Estados Unidos a empresa Blackwater já é chamada de Ku Klux Klan sem os lençóis brancos.

O recrutamento é extremamente exigente, e por detrás dessas exigências que são uma das marcas da Blackwater (A empresa afirma recrutar apenas os melhores), desponta uma estranha realidade:
A Blackwater, parece ter uma estranha apetência por cidadãos que sejam de pele branca, ascendência americana-ariana, religião protestante evangélica, e de preferência votante no Partido Republicano. As excepções existem, mas são tão poucas que quase se podem afirmar como a excepção que confirma a regra.

O comportamento truculento e violento dos funcionários da Blackwater no Iraque, coaduna-se perfeitamente com a visão racista e xenófoba do Ku Klux Klan e das seitas evangélicas norte-americanas.
Muitas seitas evangélicas americanas, são geridas por bispos de moralidade duvidosa, tendo ainda recentemente um dos seus mais conhecidos pastores proposto que se bombardeasse Meca com armas atómicas.

A Blackwater, é uma «agência de segurança» em roda livre, sem qualquer controlo e com ordem para se necessário matar indiscriminadamente num país estrangeiro, com a garantia para os seus executores de que nada lhes acontecerá e de que não devem temer nenhuma justiça.

As actividades da Blackwater não se restringem a simples operações de escolta e vão muito para lá disso.

Exército privadoA empresa já opera veículos blindados, uma frota de aeronaves, e recentemente demonstrou o seu interesse pela aquisição de aeronaves de ataque ao solo da Embraer, as quais podem ser equipadas com foguetes e mísseis.

Futuramente, a Blackwater poderá disponibilizar os seus serviços militares privados para ditadores em dificuldades, que tenham o dinheiro mas não a capacidade para organizar um exército no seu próprio país.

Ao contrário de criar uma situação de estabilidade e segurança, o comportamento das empresas de segurança americanas, com os seus funcionários violentos, alguns deles saídos das prisões, e educados num ambiente de ódio xenófobo a tudo o que não for americano, parece ser mais causa de problemas que solução para o que quer que seja.

O que acontecer à Blackwater no Iraque, vai também servir para conferir até que ponto o governo eleito daquele país, tem de facto poder.




Editado pela última vez por Scout em Seg Set 24, 2007 12:56 pm, em um total de 1 vez.
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#2 Mensagem por Scout » Seg Set 24, 2007 12:49 pm

Iraque vê "vácuo de segurança" sem Blackwater

Folha de SP
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Um oficial do governo iraquiano afirmou que não haverá pressa em expulsar a empresa americana de segurança privada Blackwater porque deixaria um "vácuo de segurança" na capital Bagdá. A Blackwater está sob investigação, após um tiroteio em que 11 iraquianos morreram.

Esse tiroteio, ocorrido há uma semana, inflamou os iraquianos. O primeiro ministro Nuri al-Maliki prometeu paralisar os trabalhos da empresa americana no país, que emprega cerca de 1 mil pessoas e faz a guarda de funcionários da embaixada americana.

"Se nós expulsarmos esta companhia [a Blackwater] imediatamente, haverá um vácuo de segurança que vai exigir que coloquemos alguns soldados que estão em combate para proteger aquelas instituições [as representações americanas]", afirmou o porta-voz Tahseen al-Sheikhly.

A declaração deste domingo representa uma reviravolta na posição inicial de Bagdá. O governo iraquiano e funcionários americanos concordaram em fazer um inquérito conjunto sobre a atuação de outras companhias privadas que atuam no país, vistas por muitos locais como exércitos privados que atuam impunemente.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou que já ordenou uma total "revisão de como nós estamos monitorando os detalhes de segurança", mas acrescentou que as missões diplomáticas perigosas no Iraque devem prosseguir porque são críticas para os objetivos americanos.




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#3 Mensagem por Scout » Seg Set 24, 2007 12:52 pm

A privatização da guerra: o uso crescente de empresas militares e de segurança privadas

pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha

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Estudo discutindo o emprego crescente de empresas particulares militares e de segurança nas zonas de conflito; as implicações para os civis e os demais que se encontram sob a proteção das Convenções de Genebra, as conseqüências para as operações militares e a posição dessas empresas diante do Direito Internacional Humanitário.

Desde os anos 1990, cada vez mais funções que eram tradicionalmente desempenhadas por forças públicas de segurança ou militares foram subcontratadas por empresas particulares militares e de segurança (EPM/EPS). Essas atividades incluem tarefas de segurança, apoio técnico e logístico, treinamento e proteção.
No entanto, cada vez mais os prestadores de serviços particulares têm sido usados para reunir material de inteligência e análise, fazer a custódia dos prisioneiros e interrogá-los e, às vezes, participar dos combates.

Essas atividades colocam as EPM/EPS em contato direto com as pessoas que estão sob a proteção do Direito Internacional Humanitário (DIH). O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) está desenvolvendo seus contatos com essas empresas, como também com os governos interessados, com vistas a garantir que todos os envolvidos entendam sua responsabilidade perante o DIH.




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#4 Mensagem por Scout » Seg Set 24, 2007 12:55 pm

Com a palavra a Cruz Vermelha:

Um breve histórico
O recente aumento da subcontratação de tarefas militares colocou as empresas particulares militares e de segurança (EPM/EPS) em contato direto com pessoas sob a proteção do Direito Internacional Humanitário, tais como civis e pessoas privadas de liberdade.

Nos últimos quinze anos, mais e mais funções que costumavam ser efetuadas pelo aparato militar e de segurança dos Estados foram repassadas para as EPM/EPS. Entre outras, essas atividades incluem o apoio logístico para o envio de soldados e as operações militares, a manutenção dos sistemas de armamentos, a proteção das instalações, uma proteção das pessoas efetuada de perto, o treinamento dos militares e das forças policiais no país e no exterior, a reunião e a análise de informações da inteligência, a custódia e o interrogatório dos prisioneiros e, às vezes, a participação nos combates. Este desdobramento da situação também suscita questões relativas à proteção das equipes que trabalham para as EPM/EPS sob o DIH.

Os últimos anos testemunharam um aumento sem precedentes na demanda por serviços particulares militares e de segurança, que foi atendida tanto por companhias estruturadas com um histórico de prestação de serviços militares e de segurança, como por um rol de novas empresas.

Não apenas os Estados, mas também as empresas comerciais, as organizações internacionais e regionais, além das organizações não governamentais estão recorrendo aos serviços de segurança privatizados, em particular quando estão operando em situações de conflito armado.

Em geral, os especialistas da área de segurança concordam que as EPM/EPS vão continuar a fazer parte deste setor no futuro previsível.

Alguns dos temas em jogo a partir da perspectiva do CICV

A implementação do Direito Internacional Humanitário (DIH)
Embora se afirme com freqüência que existe um vácuo na lei quando as EPM/EPS são abordadas, nas situações de conflito armado o DIH regulamenta tanto as atividades das equipes das EPM/EPS como as responsabilidades dos Estados que as empregam. Deve-se admitir que para certos assuntos não há respostas simples. Por exemplo, o status perante o DIH das equipes das EPM/EPS – elas são combatentes ou civis?

As pessoas que trabalham para as EPM/EPS são consideradas civis – a não ser que elas façam parte das forças armadas de um Estado. Como tal, não podem ser alvo. No entanto, se conduzirem atividades que equivalem a participar diretamente das hostilidades, perdem a proteção de serem atacadas. Em qualquer situação, devem respeitar o DIH. O status das empresas em si não é regulamentado pelo DIH.

Diferença entre civis e combatentes

Este hábito crescente de recorrer a novos atores que, em algumas circunstâncias, aos observadores e àqueles que operam no terreno não parecem ser com clareza nem civis e nem combatentes, traz o risco de corroer a diferença – fundamental no DIH e nas operações militares – entre essas duas categorias de pessoas.

O dever de respeitar e garantir o respeito ao DIH

A principal preocupação do CICV é que esses novos atores nas situações de conflitos armados respeitem o DIH. No mínimo, os seguintes tópicos são necessários para se alcançar isto:

As equipes das EPM/EPS devem estar cientes da estrutura jurídica em que elas operam, incluindo o DIH;
Suas operações devem obedecer ao DIH, ou seja, suas normas de combate e modelos de procedimentos de operação devem estar de acordo com o DIH;
Devem existir mecanismos eficientes para que as EPM/EPS e suas equipes prestem contas caso ocorram violações;
As medidas para atingir esses parâmetros devem ser tomadas pelas próprias EPM/EPS e pelos Estados que as empregam, pelos Estados em cujo território elas estão incorporadas e os Estados em que elas operam. Pode-se responder às últimas duas situações por meio da adoção de uma estrutura de normas e regulamentos. Até agora, apenas alguns Estados adotaram uma legislação estabelecendo os procedimentos que as EPM/EPS baseadas em seus territórios devem seguir a fim de serem autorizadas a operar no exterior. Poucos Estados também regulamentam as EPM/EPS que operam em seu próprio território.

Responsabilidade de comando
As forças armadas dos Estados têm uma série ampla de medidas corretivas não judiciais e administrativas – como também a própria lei militar – que ajudam os oficiais a manter a disciplina, o respeito ao DIH e o comando, e o controle efetivo dos soldados sob seu comando.

Como são previstos esses instrumentos de comando, este sistema também antevê a possível responsabilidade criminal de um oficial de comando se ele/ela não consegue evitar ou reprimir as violações do DIH cometidas por seus soldados, das quais ele/ela sabia ou deveria ter tido conhecimento.

Este conceito de comando responsável é um instrumento poderoso para evitar as violações do DIH pelos soldados durante as operações militares. Não está claro até que ponto um sistema semelhante possa existir para lidar com as EPM/EPS.

A política do CICV com relação às EPM/EPS

Quando um Estado emprega forças militares e de segurança de fora, continua responsável perante o DIH. O CICV iniciou um diálogo sobre as EPM/EPS com alguns Estados, em particular com aqueles que as empregam, aqueles em que elas operam e aqueles em que elas estão incorporadas. Os primeiros passos neste diálogo têm sido encorajadores. Os objetivos são garantir que os Estados exercitem suas responsabilidades com relação às operações das EPM/EPS e incentivá-los a tomar as medidas adequadas para assegurar o respeito ao Direito Internacional Humanitário.

Paralelamente, o CICV iniciou um diálogo com representantes da indústria das EPM/EPS. O objetivo é proteger e assistir melhor as pessoas atingidas pelos conflitos armados e promover o DIH. Mais especificamente, o CICV procura garantir que as EPM/EPS e suas equipes respeitem o DIH e que conheçam, e compreendam o mandato, as atividades e o modus operandi do CICV.




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#5 Mensagem por Scout » Seg Set 24, 2007 1:04 pm

Mercenários made in Brazil

por MÁRIO CHIMANOVITCH

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Uma operação secreta de recrutamento de mercenários brasileiros – pilotos e combatentes – para lutar contra a guerrilha e o narcotráfico nas selvas da Colômbia está em pleno curso no Brasil. Aviadores militares (oficiais da reserva) e civis desempregados, que tenham gosto pela aventura e pelo dinheiro, estão sendo contatados no Rio de Janeiro. Os pilotos podem ganhar de US$ 10 mil a US$ 12 mil por missão. O recrutamento, no entanto, exige referências: é necessário que o candidato seja conhecido do contato e já tenha, no passado, participado de missões arriscadas, como as ocorridas em Angola entre 1992 e 1994, quando o governo socialista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) travava uma sangrenta guerra, como agora, contra a Unita, de Jonas Savimbi, armada pela África do Sul.

Não se sabe ainda quem está por trás dessa operação de recrutamento, mas existem fortes indícios de que ela esteja sendo operada pela Divisão de Operações Clandestinas da CIA, o serviço de Inteligência dos Estados Unidos. ISTOÉ conseguiu conversar com um dos alistados. Profissional da aviação civil, atualmente desempregado, ele revelou que os pilotos que não têm experiência com aviões de transporte Hércules C-130 – que serão utilizados nas missões, levando homens, armamentos e suprimentos para as forças de combate às Farc e ao narcotráfico – recebem um kit que inclui um programa de simulação por computador de vôo para esse equipamento.

Com o programa, o piloto treina entre quatro e seis horas por dia. Segundo o alistado, que já participou de missões como co-piloto de Hércules C-130 e piloto de DC-8, uma vez familiarizados com o avião, os mercenários viajarão para o Chile, de onde, a partir de uma base militar não revelada pelo piloto, efetuarão as missões na Colômbia. Antes de embarcarem, no entanto, deverão assinar um contrato em que ficam obrigados, em caso de morte ou acidente, a não reclamar indenizações. “O contrato não inclui seguro de vida. Cada um voa e combate por sua conta e risco. As famílias deverão subscrever o documento comprometendo-se a não efetuar nenhuma reivindicação financeira em caso de morte ou acidente e nem tampouco reclamar o corpo de quem vier a morrer”, revela.

O piloto, que não gosta de ser chamado de mercenário, contou a ISTOÉ que no passado participou das operações em Angola, operando na maioria das vezes sob condições muito adversas. “Descíamos com armas e equipamentos sob fogo cerrado. Eram pousos e decolagens extremamente rápidos, que duravam poucos minutos: descíamos com os Hércules em pistas muitas vezes precárias, debaixo do fogo de metralhadoras e morteiros. Descarregávamos e levantávamos vôo imediatamente”, disse ele, admitindo que ocorreram acidente e mortes, mas não revela nomes nem patentes.

O piloto afirmou que o grupo que está sendo recrutado agora para missões na Colômbia é praticamente o mesmo que operou em Angola. Ele afirma que a denúncia que acaba de ser feita pelo representante da Unita em Portugal, de que aviadores mercenários brasileiros estariam combatendo a guerrilha de Savimbi ao lado das forças armadas angolanas, pode ser verdadeira. O fato foi negado pelo embaixador do Brasil em Luanda, Jorge Taunay, na semana passada, quando a Unita ameaçava atacar interesses brasileiros am Angola.

Vietnã – Segundo a Unita, “o Brasil, além de vender aviões do tipo Tucano para Angola, está fornecendo pilotos ao governo do presidente José Eduardo dos Santos, que sempre sobreviveu graças ao apoio de mercenários estrangeiros, que atacam populações indefesas”. Taunay reconheceu que o Brasil, de fato, vendeu aviões para Angola “a fim de treinar pilotos e missões de reconhecimento”.

O piloto contou ainda que “o grupo que vai operar na Colômbia inclui veteranos do Vietnã, que atuaram também na América Central (Nicarágua, principalmente, ao lado dos “contras”, e também El Salvador). Ele revela que os aviões que serão utilizados nas missões contra as Farc e o narcotráfico (C-130 e DC-8) pertencem a um americano que executa missões para a CIA e permanecem em hangares localizados na África do Sul. “Pelo que estou informado são dez aviões, mas não sei dizer se todos serão utilizados na operação colombiana”, diz ele, insistindo que não pode fornecer mais detalhes porque poderia correr risco de ser morto. As decolagens no Chile e o ingresso em espaço aéreo colombiano serão “não-oficiais”, ou seja: com conhecimento das autoridades colombianas, mas sem qualquer registro.




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#6 Mensagem por Scout » Seg Set 24, 2007 1:07 pm

Mercenários Brasileiros

por Rodrigo Rangel

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Atraídos pela promessa de bons salários em dólar, mais de 500 brasileiros estão se alistando para atuar como mercenários no Iraque. O recrutamento vem sendo feito, em segredo, por representantes de uma empresa supostamente sediada na Flórida que estão atuando em São Paulo e Goiânia. O alvo dos agenciadores são militares e ex-militares brasileiros dispostos a ir para o Iraque em troca de um salário mensal que pode variar entre US$ 6,5 mil e US$ 8 mil (R$ 17 mil e R$ 20,9 mil). Sua tarefa, anunciam os prepostos da empresa americana no Brasil, será vigiar instalações militares em território iraquiano.

O GLOBO localizou e conversou com um dos candidatos inscritos para o trabalho no Iraque. Temendo represálias dos agenciadores, ele pediu para não ser identificado e revelou que, embora tenha medo da missão, está disposto a encará-la pelo dinheiro.

-- Na situação que estou vivendo aqui, qualquer coisa vale a pena. Um dia vou ter que morrer mesmo, não é? -- afirmou o candidato, que serviu por um ano no Exército e atualmente trabalha como vigilante.




São Paulo e Goiânia são alvos de recrutadores


O recrutamento dos brasileiros começou no segundo semestre do ano passado por dois alemães que se apresentam como representantes do Departamento de Segurança Global da Inveco International Corporation. Pelo menos dois desses recrutadores, Frank Guenter Salewski, de 39 anos, e Heiko Helmut Emil Seibold, de 34, já foram identificados e estão sendo investigados por autoridades brasileiras.

A dupla tem atuado em São Paulo e Goiânia, mas o esquema se estende a outras capitais, como Curitiba e Brasília. Seibold chegou a ser sócio de uma empresa de segurança de Goiânia. Saiu da empresa depois que os demais sócios descobriram que ele estava usando o nome da firma para arregimentar militares.

-- Fomos traídos por ele, que nunca nos contou que estava alistando gente para trabalhar no Iraque -- diz Antônio Mesquita, um dos proprietários da agência.

Hoje, Seibold presta serviços avulsos a empresas de vigilância de Goiânia. Salewski, baseado em São Paulo, trabalha como instrutor de segurança.

Enquanto a seleção final não vem, os pretendentes são obrigados a preencher um questionário que antecipa as cláusulas contratuais e revela que a empresa quer nada mais que mercenários. A ficha -- de cinco páginas com questões em inglês e num português mal traduzido -- verifica a disposição dos interessados em arriscar a vida em troca de dólares. Indaga, por exemplo, se o candidato tem consciência de que trabalhará em ambiente hostil e se ele está disposto a assumir os riscos.

O recrutamento não é anunciado publicamente. O convite é feito a partir de indicações de quem já se alistou. E todo o processo corre em sigilo. A empresa exige que os interessados saibam manusear fuzil, pistola e metralhadora.

A oferta de emprego inclui a suposta garantia de que a permanência no Iraque não passará de seis meses. A hospedagem, segundo explicou Seibold em reunião com candidatos em dezembro, seria em tendas do Exército americano e a alimentação também seria a mesma dos militares dos EUA. Semanalmente, os mercenários teriam direito a dez minutos de internet para se comunicar com os familiares no Brasil.

Procurado pelo GLOBO, Salewski negou por telefone que estaria recrutando brasileiros para o Iraque, embora seu nome apareça em todo o material apresentado aos candidatos.

-- Tenho amigos que estão indo para o Iraque, mas são da Alemanha. Essa informação de que estou recrutando brasileiros não é verdadeira -- afirmou Salewski, com um forte sotaque alemão.

Seibold também foi procurado, mas não retornou as ligações.

A despeito do perigo, a oferta de trabalho temporário no conflagrado território iraquiano tem atraído o interesse não só de jovens recém-saídos das Forças Armadas como também de militares ainda em serviço. Em Goiânia, onde a Inveco já alistou mais de cem candidatos, a última reunião com os interessados foi feita em dezembro, no salão de festas do prédio onde mora Seibold, no Setor Oeste, um bairro de classe média alta da cidade.

Nesse encontro, Seibold anunciou que ainda analisará currículos e, depois, submeterá os candidatos a uma prova de fogo: um treinamento de uma semana, em território brasileiro, indicará os mais aptos a encarar a linha de frente do conflito.

Os dois representantes da Inveco no Brasil, porém, são relativamente conhecidos na área policial. Há pelo menos cinco anos eles ministram cursos de táticas especiais em escolas privadas e até em academias de polícia. Ambos se apresentam como ex-agentes de forças militares alemãs. O currículo de Seibold destaca sua experiência no manuseio de 17 modelos de armas, de pistolas a fuzis AR-15 e AK-47.

A arregimentação de militares brasileiros para trabalhar no Iraque inclui outras empresas. Sediada em Curitiba, a TEES Brazil admitiu em sua página na internet que fez uma sondagem de interessados e 300 pessoas mandaram currículos. A empresa, porém, anunciou ter desistido de enviar homens ao Iraque "em virtude de crescente instabilidade na região, em especial a que diz respeito à segurança de contratados estrangeiros trabalhando no país".

De acordo com estimativas do governo provisório iraquiano, há no país mais de 50 mil homens trabalhando em situação ilegal, como seguranças. Boa parte desse contingente é de mercenários.


'LÚCIO'
'Medo a gente sente um pouco'


GOIÂNIA. Do tempo que passou no Exército, Lúcio (nome fictício) lembra bem do dia em que desfilou no Sete de Setembro e da rígida disciplina, que ensina a não ter pena do inimigo. Pronto para trocar o verde-amarelo pelos interesses dos EUA no Iraque, o jovem de menos de 25 anos diz que o risco vale a pena. Casado há três anos e trabalhando como segurança, concordou em ser entrevistado desde que sua identidade fosse preservada.
Como você foi abordado?
LÚCIO: Um amigo, que também é ex-militar, perguntou-me se eu tinha interesse em aceitar uma missão para ganhar US$ 6,5 mil por mês. Perguntei: é para matar quem? Aí ele disse que tinha um sujeito que estava selecionando gente para trabalhar no Iraque. A partir daí, ele me ajudou a fazer contato com o alemão (Heiko Seibold).

E qual é a proposta de serviço?
LÚCIO: Dizem que não é para atuar em frente de guerra, que é para fazer segurança do Exército americano. Faríamos a segurança dos lugares onde os americanos estão treinando policiais iraquianos. É para vigiar os campos de treinamento e fazer a segurança também nos deslocamentos das tropas.

Você está com medo?
LÚCIO: Medo a gente sente um pouco. Mas para saber mesmo, só lá.

O que te leva a aceitar isso?
LÚCIO: Hoje em dia, com a precariedade dos salários aqui... Na minha função ganho muito pouco para me arriscar da mesma forma. Para mim, seria bom na parte financeira. E também vou ganhar experiência.

Já pensou na possibilidade de não voltar?
LÚCIO: Já. A gente foi orientado. É por isso que querem levar só quem tem preparo. Teria que ser pessoa de raciocínio frio.

Se tiver de matar, você mata?
LÚCIO: Se for por ordem de cima, a gente mata. A gente aprende isso no quartel, né?

Você sabe que tem mercenários mortos no Iraque?
LÚCIO: Sei. É normal. A certeza que tenho é que um dia vou (morrer). A hora, não sei.

Como é o processo de seleção?
LÚCIO: Primeiro tem a seleção por currículo e depois vai ter um treinamento aqui no Brasil. O processo está atrasado, segundo eles, por causa das eleições no Iraque. Agora acho que vai seguir em frente.

Você consultou sua família sobre essa proposta de trabalho?
LÚCIO: Primeiro disse que tinha recebido o convite. Minha mãe já ficou logo cismada. Meu pai até aceitou, os irmãos também. O problema foi só a minha esposa e a mãe.

O que fará com o dinheiro que ganhar?
LÚCIO: Penso em investir nos estudos da minha esposa, pagar faculdade para ela. (R.R.)




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#7 Mensagem por Scout » Seg Set 24, 2007 1:09 pm

Gostaria de saber a opinião dos foristas a respeito da privatização da guerra e sobre o lugar dos brasileiros nessa questão.




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#8 Mensagem por rodrigo » Seg Set 24, 2007 2:38 pm

privatização da guerra
O uso de mercenários tem milhares de anos.

o lugar dos brasileiros nessa questão.
Exportamos de tudo. Já ouvi dizer que nossos pilotos de C-130 são os melhores ´´privatizados`` em ação na Colômbia. Os Comandos e membros das unidades de operações especiais policiais de vários estados são permanentemente assediados para trabalhar com essas empresas. Alguns recrutadores já foram até expulsos do Brasil. Acredito que esse recrutamento por aqui seja reflexo da qualidade de nosso treinamento.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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#9 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Set 24, 2007 8:18 pm

rodrigo escreveu:Exportamos de tudo. Já ouvi dizer que nossos pilotos de C-130 são os melhores ´´privatizados`` em ação na Colômbia. Os Comandos e membros das unidades de operações especiais policiais de vários estados são permanentemente assediados para trabalhar com essas empresas. Alguns recrutadores já foram até expulsos do Brasil. Acredito que esse recrutamento por aqui seja reflexo da qualidade de nosso treinamento.

E sem relação nenhuma com os baixo salários?




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#10 Mensagem por david_wesley » Seg Set 24, 2007 9:54 pm

Me preocupa muito a idéia de colocar a culpa de todos os "desmandos" do governo Bush em "seitas" evangélicas. Parece-me que o ódio e a xenofobia estão mais voltadas contra os evangélicos em geral. Sem fazer juízo de valor estas pessoas são seres humanos e não é o fato de se declararem desta ou daquela religião que vai torná-las melhores ou piores. Desculpem o desabafo.




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#11 Mensagem por Sniper » Seg Set 24, 2007 9:57 pm

david_wesley escreveu:Me preocupa muito a idéia de colocar a culpa de todos os "desmandos" do governo Bush em "seitas" evangélicas. Parece-me que o ódio e a xenofobia estão mais voltadas contra os evangélicos em geral. Sem fazer juízo de valor estas pessoas são seres humanos e não é o fato de se declararem desta ou daquela religião que vai torná-las melhores ou piores. Desculpem o desabafo.


Cara, os "evangélicos" americanos são muito, mas muito diferentes dos protestantes Brasileiros... :wink:

A questão racial por exemplo é uma segregação velada... :?




Editado pela última vez por Sniper em Seg Set 24, 2007 10:27 pm, em um total de 1 vez.
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#12 Mensagem por david_wesley » Seg Set 24, 2007 10:00 pm

Sei... o problema é a generalização, inclusive da mídia brasileira, digo, Rede Globo, que na intenção de derrubar a Rede Record atinge a toda a população evangélica. Mas olha, não quero prolongar uma discussão que não leve a nada, só gostaria de deixar claro que minha opinião, como evangélico, é totalmente contrária a muitas da "direita" americana.




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#13 Mensagem por Sniper » Seg Set 24, 2007 10:27 pm

david_wesley escreveu:Sei... o problema é a generalização, inclusive da mídia brasileira, digo, Rede Globo, que na intenção de derrubar a Rede Record atinge a toda a população evangélica. Mas olha, não quero prolongar uma discussão que não leve a nada, só gostaria de deixar claro que minha opinião, como evangélico, é totalmente contrária a muitas da "direita" americana.


Entendo e respeito! :wink:




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#14 Mensagem por Dieneces » Ter Set 25, 2007 1:01 am

Scout escreveu:Mercenários made in Brazil

por MÁRIO CHIMANOVITCH

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Uma operação secreta de recrutamento de mercenários brasileiros – pilotos e combatentes – para lutar contra a guerrilha e o narcotráfico nas selvas da Colômbia está em pleno curso no Brasil. Aviadores militares (oficiais da reserva) e civis desempregados, que tenham gosto pela aventura e pelo dinheiro, estão sendo contatados no Rio de Janeiro. Os pilotos podem ganhar de US$ 10 mil a US$ 12 mil por missão. O recrutamento, no entanto, exige referências: é necessário que o candidato seja conhecido do contato e já tenha, no passado, participado de missões arriscadas, como as ocorridas em Angola entre 1992 e 1994, quando o governo socialista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) travava uma sangrenta guerra, como agora, contra a Unita, de Jonas Savimbi, armada pela África do Sul.

Não se sabe ainda quem está por trás dessa operação de recrutamento, mas existem fortes indícios de que ela esteja sendo operada pela Divisão de Operações Clandestinas da CIA, o serviço de Inteligência dos Estados Unidos. ISTOÉ conseguiu conversar com um dos alistados. Profissional da aviação civil, atualmente desempregado, ele revelou que os pilotos que não têm experiência com aviões de transporte Hércules C-130 – que serão utilizados nas missões, levando homens, armamentos e suprimentos para as forças de combate às Farc e ao narcotráfico – recebem um kit que inclui um programa de simulação por computador de vôo para esse equipamento.

Com o programa, o piloto treina entre quatro e seis horas por dia. Segundo o alistado, que já participou de missões como co-piloto de Hércules C-130 e piloto de DC-8, uma vez familiarizados com o avião, os mercenários viajarão para o Chile, de onde, a partir de uma base militar não revelada pelo piloto, efetuarão as missões na Colômbia. Antes de embarcarem, no entanto, deverão assinar um contrato em que ficam obrigados, em caso de morte ou acidente, a não reclamar indenizações. “O contrato não inclui seguro de vida. Cada um voa e combate por sua conta e risco. As famílias deverão subscrever o documento comprometendo-se a não efetuar nenhuma reivindicação financeira em caso de morte ou acidente e nem tampouco reclamar o corpo de quem vier a morrer”, revela.

O piloto, que não gosta de ser chamado de mercenário, contou a ISTOÉ que no passado participou das operações em Angola, operando na maioria das vezes sob condições muito adversas. “Descíamos com armas e equipamentos sob fogo cerrado. Eram pousos e decolagens extremamente rápidos, que duravam poucos minutos: descíamos com os Hércules em pistas muitas vezes precárias, debaixo do fogo de metralhadoras e morteiros. Descarregávamos e levantávamos vôo imediatamente”, disse ele, admitindo que ocorreram acidente e mortes, mas não revela nomes nem patentes.

O piloto afirmou que o grupo que está sendo recrutado agora para missões na Colômbia é praticamente o mesmo que operou em Angola. Ele afirma que a denúncia que acaba de ser feita pelo representante da Unita em Portugal, de que aviadores mercenários brasileiros estariam combatendo a guerrilha de Savimbi ao lado das forças armadas angolanas, pode ser verdadeira. O fato foi negado pelo embaixador do Brasil em Luanda, Jorge Taunay, na semana passada, quando a Unita ameaçava atacar interesses brasileiros am Angola.

Vietnã – Segundo a Unita, “o Brasil, além de vender aviões do tipo Tucano para Angola, está fornecendo pilotos ao governo do presidente José Eduardo dos Santos, que sempre sobreviveu graças ao apoio de mercenários estrangeiros, que atacam populações indefesas”. Taunay reconheceu que o Brasil, de fato, vendeu aviões para Angola “a fim de treinar pilotos e missões de reconhecimento”.

O piloto contou ainda que “o grupo que vai operar na Colômbia inclui veteranos do Vietnã, que atuaram também na América Central (Nicarágua, principalmente, ao lado dos “contras”, e também El Salvador). Ele revela que os aviões que serão utilizados nas missões contra as Farc e o narcotráfico (C-130 e DC-8) pertencem a um americano que executa missões para a CIA e permanecem em hangares localizados na África do Sul. “Pelo que estou informado são dez aviões, mas não sei dizer se todos serão utilizados na operação colombiana”, diz ele, insistindo que não pode fornecer mais detalhes porque poderia correr risco de ser morto. As decolagens no Chile e o ingresso em espaço aéreo colombiano serão “não-oficiais”, ou seja: com conhecimento das autoridades colombianas, mas sem qualquer registro.
Que notícia esquisita , eu nem sabia que a guerra em Angola havia recomeçado...que a Unita , a guerrilha de Savimbi como diz no texto- que , aliás , já morreu- ainda ameaçasse inclusive os interesses brasileiros e que existisse uma pista chilena para lançar aviões da CIA contra as FARC , com a conivência da esquerda mapuche no poder , e mais ainda passando por cima do PERU...




Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
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#15 Mensagem por Dieneces » Ter Set 25, 2007 1:13 am

Scout escreveu:Gostaria de saber a opinião dos foristas a respeito da privatização da guerra e sobre o lugar dos brasileiros nessa questão.
O governo imperial brasileiro várias vezes contratou mercenários europeus para guerrear contra os castelhanos aqui no sul , no séc.XIX , foram célebres os Brumers . Há descendentes deles aqui na minha cidade. Existem países que mantém tropas mercenárias regulares em seus exércitos :Índia , Grã-Bretanha , Espanha , a célebre Legião Estrangeira da França , a maioria dos países árabes mais endinheirados , etc...Isso é normal e sempre foi . Guerra não é playground .




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