Rechazan homenaje al Marqués de Tamandaré
Por unanimidad, el Parlamento rechazó la solicitud de autorización hecha por el Poder Ejecutivo para que la plana mayor y tripulantes del buque ROU "Vanguardia" de la Armada participen del acto que se realizará en Brasil por el bicentenario del nacimiento del Marqués de Tamandaré, debido a la actuación que le cupo contra las tropas de Leandro Gómez en la toma de Paysandú.
(...)"el almirante Joaquín Marqués Lisboa, conocido como Marqués de Tamandaré, no es, como militar, ni como persona, alguien a quien se le pueda rendir homenaje desde Uruguay".
Su actuación antes, durante y después del ataque a "la heroica" Paysandú fue cuestionada por el legislador.
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"No creemos oportuno que un buque participe en los festejos del bicentenario (...) pero, además, este personaje se enfrentó al Estado oriental como tal, constitucional, democráticamente electo según la Constitución de 1830", agregó Penadés.
Asimismo, Penadés acusó al Marqués de "enfrentar, amenazar y confrontar" a nuestro país,
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LAMENTÁVEL , "se esquecem de que foi o próprio governo uruguaio quem solicitou intervenção do Império, pois o partido Colorado estava no poder e a cidade, dominada por um Blanco, não reconhecia o governo central, que Tamandaré antes de atacar ofereceu asilo ao defensor, querendo levá-lo ao Brasil e protegê-lo de qualquer constrangimento".
De minha parte, não vejo nada de mais na postura uruguaia. Não li nada que fosse considerado insultuoso ao Brasil, ou até mesmo a figura do almirante Tamandaré. Na minha interpretação, simplesmente um grupo político uruguaio não considera apropriado que militares de seu país participem de homenagens a alguém, que na opinião deles, conduziu ações de guerra contra o país deles.
Por acaso, os japoneses deveriam mandar navios para participar de alguma cerimônia em homenagem ao Comodoro Perry, que encabeçou uma humilhante agressão ao Japão, no séc. XIX?
E, por um acaso, se o almirante Nimitz tivesse tomado o Rio de Janeiro, em 1942 (como existiam alguns planos americanos) deposto o governo Getúlio Vargas e matado algumas centenas de brasileiros, nós deveríamos,, hoje, enviar navios brasileiros para alguma homenagem aquele chefe naval americano?
E, devemos esperar que, dia desses, os paraguaios desfilem suas tropas em homenagem à memória do Duque de Caxias?
E mais, na tomada de Paysandu ocorreram alguns episódios lamentáveis. O comandante uruguaio e seus oficiais renderam-se à Tamandaré. Mas, foram, posteriormente, entregues aos "colorados" de Flores (segundo uma versão, à pedido próprio, o que não deixa de ser estranho, dado costume uruguaio da época de fuzilar prisioneiros de partidos inimigos). E todos os prisioneiros foram, imediatamente, fuzilados. Tamandaré teria ficado indignado (ele disse, depois, que não teve nada com o caso, mas quem vai saber, não é mesmo?) e proibiu que mais prisioneiros fossem entregues. Mas saiba-se que existem outras versões para a execução do coronel Leandro Gomez, que são piores para a imagem do Brasil. Não que ele o uruguaio falecido fosse um Gandhi da vida. Sobre ele pesavam acusações de mandar degolar alguns prisioneiros "brazucas". De qualquer modo, fica evidente que a tomada de Paysandu não foi uma brincadeira. Foi um ato ocorrido dentro da selvageria de uma guerra civil daí que suas lembranças devem ser mais fortes para os uruguaios do que para os brasileiros. Afinal de contas, quantos brasileiros por aí, já ouviram falar em Paysandu? (a não ser, o time de futebol...)
Mais uma coisa, realmente devo dizer que essa versão de que o governo imperial foi "convidado" a entrar em território uruguaio me parece fantástica!
Pelo que eu sei - até mesmo, em livros escritos pelo próprio Estado-Maior do Exército do Brasil - é que os brasileiros se intrometeram em um conflito civil dentro do Uruguai. Dando apoio a um rebelde (o "colorado" Flores) contra o legítimo governo do Uruguai (presidente Berro e depois presidente Aguirre do partido "blanco") que governava o país inteiro, não só Montevidéu, até que o bando rebelde de Flores, formado dentro de território argentino, invadiu o país, em 1863.
E mais: tal intervenção brasileira foi contra a expressa opinião de muita gente na Côrte do Rio de Janeiro da época. Inclusive de um certo idoso general chamado Marquês de Caxias que iria ter de comandar a vitória na guerra contra o Paraguai, que foi, em grande medida, uma conseqüência da guerra civil uruguaia. Quando solicitado a dar sua opinião, sobre a intervenção, Caxias foi claramente contra e disse que a melhor solução, era, simplesmente, reforçar a fronteira e que o Brasil não devia se meter em assuntos de outros países.
Em resumo, Tamandaré é uma figura histórica para o Brasil. Mas também é histórica para os uruguaios. Só que a história deles é diferente da nossa. E tem de ser respeitada.