VENEZUELA
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- Luiz Bastos
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- Marino
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Consolidando a ditadura
A modéstia não está entre as qualidades do coronel Hugo Chávez. Quarta-feira - bom discípulo de Fidel Castro - ele fez um discurso de mais de quatro horas na Assembléia Nacional para apresentar o seu projeto de reforma da Constituição venezuelana, que já era obra sua. “Com isso ativamos o maravilhoso mecanismo - não quero parecer pretensioso, mas é verdade - de uma das mais avançadas constituições do universo-mundo.” Mas a verdade é que o texto apresentado por Chávez é uma simples consolidação de um monumental retrocesso político e institucional para a Venezuela, que só um caudilho autoritário poderia conceber. O coronel golpista já controla o Poder Judiciário e o Poder Legislativo do país, além de 23 dos 25 governos estaduais, e está no poder há 8 anos - mas isso, para ele, é pouco. Com a reforma, a pretexto da construção de um esdrúxulo “socialismo do século 21”, ele assegura as condições para a sua perpetuação no poder, com uma soma de prerrogativas ainda maior do que a que já tem.
“Sempre foi a oligarquia que teve o poder na Venezuela e isso tem de mudar. O poder é do povo e não dos oligarcas”, afirmou Chávez antes de começar a recitar para os deputados as alterações de 33 dos 350 artigos da sua Constituição de 1999. E, a cada item que lia e explicava detalhadamente, ao observador isento ficava claro que a reforma foi feita sob medida para que a oligarquia fosse substituída definitivamente pelo todo-poderoso Chávez.
Não por acaso, o ponto central da reforma é o dispositivo que permite a reeleição sem limites do presidente da República. Chávez, que anunciava que ficaria no poder até 2021, ultimamente tem afirmado, meio a sério, meio brincando, que governará a Venezuela durante 40 anos. É em torno dele - com renovados poderes - que se desdobra a “construção da democracia socialista”. Pois, segundo Chávez, só no socialismo é possível a “verdadeira democracia. No capitalismo, a democracia não é possível”.
Como bom democrata, Chávez definiu como um dos componentes do Estado o “poder popular”. Mas, para ele, o poder popular não se expressa pelo voto, e sim pela “condição dos grupos humanos organizados como base da população”, através das comunidades e dos conselhos operários, camponeses e estudantis - versão “bolivariana” dos sovietes stalinistas. E também, é claro, pelos comitês de defesa do bolivarianismo, que continuarão cuidando para que o apoio popular ao caudilho seja unânime e espontâneo.
A “democracia socialista” de Chávez, como é natural, evitará todos os males do capitalismo. O monopólio, qualquer monopólio, por exemplo, está proibido, exceto os estatais e outros que sejam convenientes por interesse público ou por seu caráter estratégico - tudo isso definido pelo caudilho. Poderão ser criadas empresas, desde que obedecidos os “princípios da economia socialista”.
E que ninguém diga que Hugo Chávez extinguiu a propriedade privada. Sua constituição prevê cinco tipos de propriedades: 1) a social, pertencente ao povo e controlada pelo Estado; 2) a coletiva, pertencente a grupos sociais ou comunitários, mas sob o controle do Estado; 3) a mista, com participação do setor privado e do Estado, mas sob o controle deste; 4) a pública, administrada pelo governo; e 5) a privada, que poderá ser confiscada quando afetar os direitos de terceiros ou da sociedade. Em resumo, o Estado - leia-se Hugo Chávez - será o grande proprietário de todos os meios de produção e de serviços.
O Banco Central passa a ter papel decorativo. As reservas internacionais serão administradas pelo presidente da República, que também definirá a política monetária. O objetivo, segundo Chávez, é eliminar todo vestígio de autonomia do Banco Central. Na sua visão, os bancos centrais são autônomos “dos governos e do país, mas dependentes do modelo mundial de dominação, da ditadura monetária mundial”.
A Constituição vigente na Venezuela foi aprovada em 1999 segundo os cânones bolivarianos determinados por Chávez. Ela estabelece que seus princípios fundamentais só podem ser modificados por uma Assembléia Constituinte, e nunca por simples emenda. Hugo Chávez pisa na Constituição que escreveu, mudando completamente a natureza do Estado e do regime, sem convocar a Constituinte. Pode fazê-lo. Controla os 176 deputados que constituem a Assembléia Nacional e tem todos os poderes do Estado nas mãos.
A modéstia não está entre as qualidades do coronel Hugo Chávez. Quarta-feira - bom discípulo de Fidel Castro - ele fez um discurso de mais de quatro horas na Assembléia Nacional para apresentar o seu projeto de reforma da Constituição venezuelana, que já era obra sua. “Com isso ativamos o maravilhoso mecanismo - não quero parecer pretensioso, mas é verdade - de uma das mais avançadas constituições do universo-mundo.” Mas a verdade é que o texto apresentado por Chávez é uma simples consolidação de um monumental retrocesso político e institucional para a Venezuela, que só um caudilho autoritário poderia conceber. O coronel golpista já controla o Poder Judiciário e o Poder Legislativo do país, além de 23 dos 25 governos estaduais, e está no poder há 8 anos - mas isso, para ele, é pouco. Com a reforma, a pretexto da construção de um esdrúxulo “socialismo do século 21”, ele assegura as condições para a sua perpetuação no poder, com uma soma de prerrogativas ainda maior do que a que já tem.
“Sempre foi a oligarquia que teve o poder na Venezuela e isso tem de mudar. O poder é do povo e não dos oligarcas”, afirmou Chávez antes de começar a recitar para os deputados as alterações de 33 dos 350 artigos da sua Constituição de 1999. E, a cada item que lia e explicava detalhadamente, ao observador isento ficava claro que a reforma foi feita sob medida para que a oligarquia fosse substituída definitivamente pelo todo-poderoso Chávez.
Não por acaso, o ponto central da reforma é o dispositivo que permite a reeleição sem limites do presidente da República. Chávez, que anunciava que ficaria no poder até 2021, ultimamente tem afirmado, meio a sério, meio brincando, que governará a Venezuela durante 40 anos. É em torno dele - com renovados poderes - que se desdobra a “construção da democracia socialista”. Pois, segundo Chávez, só no socialismo é possível a “verdadeira democracia. No capitalismo, a democracia não é possível”.
Como bom democrata, Chávez definiu como um dos componentes do Estado o “poder popular”. Mas, para ele, o poder popular não se expressa pelo voto, e sim pela “condição dos grupos humanos organizados como base da população”, através das comunidades e dos conselhos operários, camponeses e estudantis - versão “bolivariana” dos sovietes stalinistas. E também, é claro, pelos comitês de defesa do bolivarianismo, que continuarão cuidando para que o apoio popular ao caudilho seja unânime e espontâneo.
A “democracia socialista” de Chávez, como é natural, evitará todos os males do capitalismo. O monopólio, qualquer monopólio, por exemplo, está proibido, exceto os estatais e outros que sejam convenientes por interesse público ou por seu caráter estratégico - tudo isso definido pelo caudilho. Poderão ser criadas empresas, desde que obedecidos os “princípios da economia socialista”.
E que ninguém diga que Hugo Chávez extinguiu a propriedade privada. Sua constituição prevê cinco tipos de propriedades: 1) a social, pertencente ao povo e controlada pelo Estado; 2) a coletiva, pertencente a grupos sociais ou comunitários, mas sob o controle do Estado; 3) a mista, com participação do setor privado e do Estado, mas sob o controle deste; 4) a pública, administrada pelo governo; e 5) a privada, que poderá ser confiscada quando afetar os direitos de terceiros ou da sociedade. Em resumo, o Estado - leia-se Hugo Chávez - será o grande proprietário de todos os meios de produção e de serviços.
O Banco Central passa a ter papel decorativo. As reservas internacionais serão administradas pelo presidente da República, que também definirá a política monetária. O objetivo, segundo Chávez, é eliminar todo vestígio de autonomia do Banco Central. Na sua visão, os bancos centrais são autônomos “dos governos e do país, mas dependentes do modelo mundial de dominação, da ditadura monetária mundial”.
A Constituição vigente na Venezuela foi aprovada em 1999 segundo os cânones bolivarianos determinados por Chávez. Ela estabelece que seus princípios fundamentais só podem ser modificados por uma Assembléia Constituinte, e nunca por simples emenda. Hugo Chávez pisa na Constituição que escreveu, mudando completamente a natureza do Estado e do regime, sem convocar a Constituinte. Pode fazê-lo. Controla os 176 deputados que constituem a Assembléia Nacional e tem todos os poderes do Estado nas mãos.
- Plinio Jr
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Kratos escreveu:Boa imagem pro Chavez, o ser humano que mais cheirou cocaína na história do século 20 declara-se chavista.
É o famoso Diga-me com quem andas e te digo quem tú és....
Ditadores, drogados, traficantes, tudo gente boa, falando sobre liberdade...afffff...
¨Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão ¨- Eça de Queiroz
- Marino
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Socialismo por osmose
Jarbas Passarinho
Foi ministro de Estado, governador e senador
Quando estudante secundarista, no Pará, meu professor de História Universal detinha-se particularmente no estudo da Revolução Francesa e nas lutas de descolonização dos países da América hispânica. Na revolução, centrou-se na figura de Napoleão e o examinou, ora como o gênio militar, ora siderado pelo poder, à semelhança de César, ora à busca da glória, como Alexandre. Dentre os bravos condutores das tropas que tornaram vitoriosa a independência nesta parte do continente, destacava San Martin e Bolívar. Embora tecesse loas ao argentino, era Bolívar, para ele, o símbolo do libertador desprovido da ambição. Referia-se, com entusiasmo, ao desencanto de Bolívar, após assistir à coroação de Napoleão. Negou-se a aceitar coroar-se também, o que lhe era oferecido, por bajuladores.
Hoje, é pelo menos estranho verificar que o coronel que preside a Venezuela, embora proclame veneração por Bolívar, demonstre com fatos concretos que não passa de mais um caudilho, desprovido da bagagem literária que Bolívar herdara de sua educação na Europa. À medida que ordena ao Legislativo aprovar emendas à Constituição, que ele mesmo ditou, deixa claro que pretende ser presidente perpétuo. Agora mesmo encaminha reformas substanciais que inapelavelmente serão aprovadas, prefigurando uma Venezuela regida por um socialismo autoritário e tirânico. Chávez cita Bolívar, porém seu fanal é Stalin. Em breve o Parlamento aprovará quatro tipos de propriedade: coletiva, estatal, social e privada. Alguém lhe disse que Marx escreveu no Manifesto de 1848 que a teoria do comunismo pode ser sumarizada numa simples frase: abolição da propriedade privada.
A imobilizada oposição na Venezuela prevê que a emenda constitucional dará a Chávez o direito de expropriar, quando lhe convier, a propriedade particular. Stalin fez isso e criou as propriedades coletivas (kolkozes), as estatais (sovkhozes) e expropriou as prósperas fazendas dos proprietários (kulakes) privados tradicionais, agricultores ou pecuaristas. Indignados, os proprietários reagiram. Tocaram fogo na plantação e sacrificaram os animais, desesperados por verem que todo o trabalho de suas vidas passava a ser propriedade do Estado. Stalin, segundo os dados constantes dos livros de Solsenitsin, mandou matar 14 milhões deles, impondo a coletivização nos campos. As fazendas coletivas, como as estatais, foram um fracasso, sujeitas a produzir cotas obrigatórias do que fosse determinado pelo governo.
Dois anos antes do colapso da União Soviética, Gorbachev escreveu um resumido ensaio crítico do stalinismo, denominado O novo socialismo, onde se lê: “A socialização teve caráter formal, ostensivo, convencional e foi imposta pela força, como a coletivização do campo. Hoje, devemos definir a nossa posição em relação à propriedade social atendendo à experiência colhida. Há que lembrar o aviso de Lênin — ignorado depois de sua morte — de que “a socialização não deve resumir-se à estatização. Rejeitamos a forma primitiva e deturpada como ela se deu em nosso país”. Seja o senhor Chávez presidente perpétuo, ou imperador no futuro, será trágico para o povo venezuelano experimentar o “socialismo do século 21” insistindo nos erros que levaram, depois de 74 anos, ao colapso do comunismo. Como suponho que lhe falte o conhecimento exato do que ocorreu de Lênin a Yeltsin, pretende aprender socialismo por osmose correndo o risco de tomar gato por lebre.
Outro indicador da mediocridade do conhecimento básico da dupla Engels — Marx, deu-nos o governador do Rio de Janeiro. Ao reagir ao protesto de estudantes e professores, na inauguração de um educandário profissionalizante, presente o presidente Lula, acusou os manifestantes de “pequeno-burgueses”, supondo ser um insulto político aos jovens e ele um exemplo de operário engajado na luta de classes. Engels usou a palavra classe-média para significar o segmento inferior de proprietários que se distinguiam da nobreza, porém Marx usou a expressão do governador exatamente como pequena burguesia, a que está entre a burguesia e a classe operária.
Se o governador, insisto, vem das hostes dos trabalhadores, terá lido ao menos o Manifesto de 1848 e verá a burguesia como lá está escrito: “Fonte de todos os vícios e maldades”, mas não a pequeno-burguesia, classe média, que o velho Karl diz não ser revolucionária e até combater a burguesia. Melhor se saiu Lula, que aduziu: “Eles não têm consciência política”. Ao lado dele, operário aposentado, estava o exemplo do burguês eleito, também, pela pequena burguesia, a classe média definida por Marx, e que mereceu seu desprezo equivocado.
Jarbas Passarinho
Foi ministro de Estado, governador e senador
Quando estudante secundarista, no Pará, meu professor de História Universal detinha-se particularmente no estudo da Revolução Francesa e nas lutas de descolonização dos países da América hispânica. Na revolução, centrou-se na figura de Napoleão e o examinou, ora como o gênio militar, ora siderado pelo poder, à semelhança de César, ora à busca da glória, como Alexandre. Dentre os bravos condutores das tropas que tornaram vitoriosa a independência nesta parte do continente, destacava San Martin e Bolívar. Embora tecesse loas ao argentino, era Bolívar, para ele, o símbolo do libertador desprovido da ambição. Referia-se, com entusiasmo, ao desencanto de Bolívar, após assistir à coroação de Napoleão. Negou-se a aceitar coroar-se também, o que lhe era oferecido, por bajuladores.
Hoje, é pelo menos estranho verificar que o coronel que preside a Venezuela, embora proclame veneração por Bolívar, demonstre com fatos concretos que não passa de mais um caudilho, desprovido da bagagem literária que Bolívar herdara de sua educação na Europa. À medida que ordena ao Legislativo aprovar emendas à Constituição, que ele mesmo ditou, deixa claro que pretende ser presidente perpétuo. Agora mesmo encaminha reformas substanciais que inapelavelmente serão aprovadas, prefigurando uma Venezuela regida por um socialismo autoritário e tirânico. Chávez cita Bolívar, porém seu fanal é Stalin. Em breve o Parlamento aprovará quatro tipos de propriedade: coletiva, estatal, social e privada. Alguém lhe disse que Marx escreveu no Manifesto de 1848 que a teoria do comunismo pode ser sumarizada numa simples frase: abolição da propriedade privada.
A imobilizada oposição na Venezuela prevê que a emenda constitucional dará a Chávez o direito de expropriar, quando lhe convier, a propriedade particular. Stalin fez isso e criou as propriedades coletivas (kolkozes), as estatais (sovkhozes) e expropriou as prósperas fazendas dos proprietários (kulakes) privados tradicionais, agricultores ou pecuaristas. Indignados, os proprietários reagiram. Tocaram fogo na plantação e sacrificaram os animais, desesperados por verem que todo o trabalho de suas vidas passava a ser propriedade do Estado. Stalin, segundo os dados constantes dos livros de Solsenitsin, mandou matar 14 milhões deles, impondo a coletivização nos campos. As fazendas coletivas, como as estatais, foram um fracasso, sujeitas a produzir cotas obrigatórias do que fosse determinado pelo governo.
Dois anos antes do colapso da União Soviética, Gorbachev escreveu um resumido ensaio crítico do stalinismo, denominado O novo socialismo, onde se lê: “A socialização teve caráter formal, ostensivo, convencional e foi imposta pela força, como a coletivização do campo. Hoje, devemos definir a nossa posição em relação à propriedade social atendendo à experiência colhida. Há que lembrar o aviso de Lênin — ignorado depois de sua morte — de que “a socialização não deve resumir-se à estatização. Rejeitamos a forma primitiva e deturpada como ela se deu em nosso país”. Seja o senhor Chávez presidente perpétuo, ou imperador no futuro, será trágico para o povo venezuelano experimentar o “socialismo do século 21” insistindo nos erros que levaram, depois de 74 anos, ao colapso do comunismo. Como suponho que lhe falte o conhecimento exato do que ocorreu de Lênin a Yeltsin, pretende aprender socialismo por osmose correndo o risco de tomar gato por lebre.
Outro indicador da mediocridade do conhecimento básico da dupla Engels — Marx, deu-nos o governador do Rio de Janeiro. Ao reagir ao protesto de estudantes e professores, na inauguração de um educandário profissionalizante, presente o presidente Lula, acusou os manifestantes de “pequeno-burgueses”, supondo ser um insulto político aos jovens e ele um exemplo de operário engajado na luta de classes. Engels usou a palavra classe-média para significar o segmento inferior de proprietários que se distinguiam da nobreza, porém Marx usou a expressão do governador exatamente como pequena burguesia, a que está entre a burguesia e a classe operária.
Se o governador, insisto, vem das hostes dos trabalhadores, terá lido ao menos o Manifesto de 1848 e verá a burguesia como lá está escrito: “Fonte de todos os vícios e maldades”, mas não a pequeno-burguesia, classe média, que o velho Karl diz não ser revolucionária e até combater a burguesia. Melhor se saiu Lula, que aduziu: “Eles não têm consciência política”. Ao lado dele, operário aposentado, estava o exemplo do burguês eleito, também, pela pequena burguesia, a classe média definida por Marx, e que mereceu seu desprezo equivocado.
Doação de Chávez dá desconto em ônibus a pobres em Londres
Os moradores de Londres com baixa renda podem pedir, a partir desta semana, um cartão que dá desconto de 50% nas tarifas de ônibus da capital britânica, graças a um acordo entre o prefeito da cidade e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Pelo acordo, a estatal venezuelana de petróleo, PDVSA, dará US$ 32 milhões ao longo de um ano para subsidiar o transporte para pobres em Londres em troca de ajuda técnica da prefeitura da cidade para melhorar o sistema de transporte da capital venezuelana, Caracas.
Segundo as contas do prefeito de Londres, Ken Livingstone, ao menos 250 mil londrinos, incluindo pais solteiros, desempregados e deficientes, serão beneficiados com o corte no preço das passagens.
O acordo, acertado durante uma visita do presidente venezuelano a Londres no ano passado, tem sido criticado em ambos os países.
O jornal britânico Financial Times comenta que "o acordo provocou a ira da oposição a Livingstone, que questiona por que Londres, uma das cidades mais ricas do mundo e um centro financeiro em expansão, está aceitando doações de uma nação em desenvolvimento cujo Produto Interno Bruto per capita é estimado em menos de um quarto do da Grã-Bretanha".
O diário observa ainda que a própria prefeitura de Londres admite que o custo do acordo para Londres será "minúsculo comparado com o presente da Venezuela".
O acordo com Londres, observa o Financial Times, "marca outro golpe de relações públicas de Chávez, após seus recentes acordos para vender óleo para aquecimento com desconto de 40% a 100 mil famílias pobres dos Estados Unidos e gasolina para o Irã aliviar sua escassez do produto".
O centro de análises venezuelano Fundación Justicia y Democracia, que se opõe a Chávez, acusa o presidente venezuelano de estar prejudicando as contas da PDVSA com suas doações.
Segundo as contas do centro, a Venezuela já "doou" US$ 30 bilhões para países aliados desde 2004 - Cuba é o país que aparece na lista da fundação como maior beneficiário dessas doações, com US$ 7,6 bilhões, e o Brasil aparece em terceiro, com US$ 4,5 bilhões.
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2007/ ... 350373.asp
Inté!! =/
- Morcego
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Marino escreveu:Sniper escreveu:saullo escreveu:Pra onde veio esse dinheiro ?
Abraços
HAAHUAHUAHA!
O MORCEGO LEVOU BOLA???????
brincadeirinha, Mestre Bat
marino, TU SABES QUE NÃO TEM ERRO POWSS. eu ainda sou MAIS DURO EM VC com algumas coisas na MB heaheha, eu apenas acho qeu vc é apaixonado demais com a MB, e as vezes custa pra aceitar umas nabas.
mas no caso, PQ EU LEVEI BOLA ?? EU REALMETNE NÃO ENTENDI
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21/08/2007
Generosidade no exterior poderá provocar dificuldades na Venezuela
Dino Mahtani e Benedict Mander
As margens escuras e nubladas do Tâmisa em Londres forneceram ontem o pano de fundo improvável para o último gesto do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para ampliar suas ambições geopolíticas.
Parado diante de seu gabinete, na frente de um ônibus vermelho de dois andares em Londres, o prefeito Ken Livingstone anunciou formalmente um esquema pelo qual a PDVSA, companhia estatal de petróleo da Venezuela, subsidiaria tarifas de transporte mais baratas para os londrinos pobres, num acordo de US$ 32 milhões.
AS BENESSES DE HUGO*
País Valor gasto (US$ milhões)
Cuba 7.581
Argentina 6.305
Brasil 4.501
Nicarágua 3.264
Bolívia 2.061
Uruguai 927
Paraguai 810
Outros do Caribe 792
Jamaica 631
Equador 565
Haiti 427
China 300
EUA 236
República Dominicana 156
Mali 100
Irã 100
Guiana 53
El Salvador 40
Reino Unido 32
Dominica 10
Granada 7,5
Benim 2,9
Indonésia 2
Outros da África 1,16
Porto Rico 0,25
A última promessa venezuelana se dá exatamente duas semanas depois de Chávez ter percorrido a América do Sul prometendo ajudar a financiar usinas de petróleo e gás de bilhões de dólares em todo o continente e a fornecer petróleo com desconto "por cem anos". Este mês a Venezuela aparentemente também prometeu à Belarus US$ 460 milhões para ajudá-la a pagar sua conta de gás com a Rússia.
As promessas fazem parte da estratégia de Chávez de usar as receitas da PDVSA para promover sua muito anunciada agenda contra o governo americano. Sempre um mestre da publicidade, ele recentemente autorizou um acordo para fornecer petróleo ao Irã para ajudar o país a superar sua escassez e ampliou um plano para oferecer com descontos às residências pobres dos EUA óleo para aquecimento.
Mas analistas da indústria se perguntam se Chávez tem condições de continuar aumentando os gastos em empreendimentos no exterior, em meio a preocupações de que a PDVSA, a quarta maior companhia de petróleo integrada do mundo, não estaria investindo o suficiente para aumentar a produção e manter o fluxo de caixa.
"O governo atualmente tem muitas prioridades que está tentando financiar e há um risco de que possa não alimentar bem a galinha dos ovos de ouro", disse Jed Bailey, um especialista em América Latina e diretor-gerente de mercados emergentes na Cambridge Energy Research Associates.
Como parte de sua chamada revolução bolivariana, Chávez usou o orçamento da PDVSA para embarcar numa redistribuição de renda em larga escala para os setores pobres da população. No ano passado a PDVSA financiou custos de US$ 13,3 bilhões somente em gastos sociais, o equivalente a 87% do valor dos custos operacionais e de exploração da companhia.
A Fundación Justicia y Democracia (FJD), um grupo de pensadores de oposição, diz que as promessas de Chávez no exterior prejudicaram ainda mais as finanças da PDVSA. O grupo estima que a Venezuela se comprometeu a "dar de presente" cerca de US$ 30 bilhões para países estrangeiros "amigos" desde 2004, quando deveria gastar esse dinheiro em casa.
Alguns dos maiores projetos de Chávez incluem bilhões de dólares prometidos para financiar refinarias nas Américas do Sul e Central e outros bilhões em entregas de petróleo com desconto para países do Caribe, incluindo Cuba, que em troca mandou médicos para Venezuela.
Calixto Ortega, diretor da Comissão de Energia da Assembléia Nacional da Venezuela até o ano passado, diz que esses gastos externos permitem que a Venezuela ajude seus amigos e receba algo em troca, e afirma que se a Venezuela gastasse toda a sua riqueza internamente a inflação "explodiria".
Em referência à estimativa do FJD, ele disse: "Não é uma proposta séria, assim como a maioria das propostas da oposição".
Mas muitos analistas dizem que enquanto os gastos sociais e externos estão aumentando em meio aos preços recordes do petróleo, não se está investindo o suficiente para aumentar a produção de petróleo e manter o fluxo de caixa da petrodiplomacia.
O governo venezuelano pretende aumentar a produção nacional para 5,8 milhões de barris/dia até 2012, contra os 3,1 milhões que declara atualmente. A maioria dos observadores do setor, incluindo a Agência Internacional de Energia, sediada em Paris, já situa a produção de petróleo cru venezuelano na faixa dos 2,5 milhões de barris/dia, uma queda do pico de 3,4 milhões em 1999, e considera os planos do governo irreais.
David Mares, um pesquisador da Universidade da Califórnia e especialista em PDVSA, diz que a extração de petróleo dos poços existentes na Venezuela está caindo em um ritmo muito mais rápido do que as normas da indústria, em parte porque os depósitos da Venezuela são de óleo pesado, que exige mais tecnologia para ser extraído.
"O ritmo de perfuração de novos poços também não está de acordo com as expectativas para os aumentos de produção que eles definiram", ele diz.
Segundo fontes da indústria, Chávez talvez tenha de escolher entre aumentar a produção ou gastar em empreendimentos no exterior, diante da pressão política que enfrenta para conter os gastos sociais. Em conseqüência, grandes projetos que vão além da mera publicidade podem estar ameaçados.
* Fonte: Fundación Justicia y Democracia
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Visite o site do Financial Times
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/ ... u2233.jhtm
Caramba! É muito din-din...