GIP's - GNR (Portugal)

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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GIP's - GNR (Portugal)

#1 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 20, 2007 12:33 pm

GIPS: Nova unidade da Guarda Nacional Republicana

TCOR M. Silva Machado

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Foi oficialmente criada no passado mês de Fevereiro e já actuou nesta “época de incêndios 2006”, uma nova unidade da GNR, o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS). Destinado a executar acções de prevenção e de intervenção de primeira linha em todo o território nacional, em situações de emergência de protecção e socorro, designadamente nas ocorrências de incêndios florestais ou de matérias perigosas, catástrofes ou acidentes graves, a grande motivação governamental para o levantamento em tempo muito curto desta força foi na realidade – e como primeira prioridade – o combate aos incêndios florestais.

O GIPS é composto por 315 militares da GNR organizados em comando e 3 companhias, sendo que cada uma destas dispõe de 4 pelotões. Cada pelotão tem duas secções e estas duas equipas cada.

O conceito de utilização destas equipas – composta por 1 cabo e 4 soldados que utilizam um helicóptero ligeiro ou uma viatura – é o da primeira intervenção logo que um incêndio nascente é detectado, com a utilização de ferramentas manuais e apoiados pelo meio aéreo. A equipa actua sobre o fogo nos primeiros 20 a 25 minutos (o que corresponderá ao mesmo tempo a duas descargas de água efectuada pelo helicóptero). Se não tiver sucesso a equipa retira e entram em acção os meios de combate tradicionais dos bombeiros.

O comando do GIPS está instalado num antigo depósito de material do Exército, no Grafanil, e as Companhias dispersas pelo território, com uma na região Sul, outra na região Centro e outra na região Norte.

O GIPS actua em coordenação com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil que fornece os meios de helitransporte das suas secções.

Os militares da GNR que actuam no GIPS receberam, entre Janeiro e Maio de 2006, uma formação muito completa, que incluiu, entre outras matérias, técnicas de montanhismo, técnicas de resgate vertical, topografia e orientação, técnicas de sapador florestal, adaptação a meios aéreos, condução todo o terreno, gestão de situações de crise, legislação, treino de competências psicológicas e emocionais.

A intenção governamental já anunciada é a de duplicar no próximo ano o número de militares da GNR a envolver no GIPS alargando também a sua actuação a mais regiões do país. Os primeiros elementos estatísticos disponíveis permitem já dizer que o GIPS tem taxas de sucesso muito elevadas mas, naturalmente, só no final do tempo quente se fará a avaliação rigorosa do seu contributo, nesta área de actividade que o governo cada vez mais parece querer profissionalizar, abandonando progressivamente o actual sistema que se baseia em grande parte nos bombeiros voluntários.

Os militares da GNR que integram o GIPS, oriundos do Regimento de Infantaria da GNR, além dos equipamentos próprios de combate a incêndios, foram dotados com um novo uniforme de trabalho (castanho claro) e usam dois símbolos exclusivos: No peito a insígnia do “curso GIPS” e no ombro a da unidade GIPS. Ambas têm como elemento principal uma ave, um açor, pelo facto de ter decorrido na serra do mesmo nome (a sul da Serra da Estrela) a parte prática deste primeiro curso. A boina que usam é a do Regimento de Infantaria, azul ferrete com uma lista verde e um fio dourado.


Fonte: http://www.revistamilitar.pt/modules/ar ... php?id=142




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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#2 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 20, 2007 12:33 pm

GPI'S:

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Editado pela última vez por cabeça de martelo em Sex Jul 20, 2007 12:40 pm, em um total de 2 vezes.
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#3 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 20, 2007 12:35 pm

Quando toca a sirene no Centro de Meios Aéreos de Santa Comba Dão há nove corações que começam a bater com mais intensidade. Sem dizer palavra, os operacionais do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR vestem os casacos antifogo, colocam os capacetes e correm para o helicóptero. Em menos de dois minutos estão sentados nos bancos de lona da aeronave e prontos a partir para a frente de fogo.

O piloto liga os motores, recebe as coordenadas do local do incêndio, cumpre os procedimentos de segurança aeronáutica e descola em direcção à floresta.

O ruído dentro da aeronave impede a troca de palavras e os olhares tornam-se mais expressivos. Não há medo, mas a inquietude é evidente. As pulsações só abrandam quando se avista a coluna de fumo – pouco densa e esbranquiçada. É sinal de que as chamas não lavram com grande intensidade e o combate será mais fácil. Os riscos serão menores.

O helicóptero descreve um círculo ainda em altitude, verifica se há pessoas ou habitações em perigo e aterra próximo do fogo. Logo que a aeronave toca o solo, a máquina humana entra em funcionamento.

Sob o comando de um sargento, quatro homens retiram os batedores, os Macloud (um instrumento que faz de ancinho e enxada) e os dois extintores dorsais (com 20 litros de água cada). Os restantes operacionais colocam o balde do helicóptero em condições de fazer descargas e afastam-se. A descrição demora quase mais tempo do que a acção no terreno, cronometrada ao segundo. Não há pausas nem hesitações. “Cada elemento tem a sua função e sabe o que tem fazer a cada momento ou situação”, explica o comandante da 3.ª Companhia de GIPS de Viseu, capitão Cura Marques.

Após deixar os militares, o heli levanta à procura de um ponto de água para começar o combate aéreo e a equipa de nove homens dirige-se a um dos flancos do incêndio.

Seguem em fila indiana, com a adrenalina próxima dos limites. Se as chamas estão mais altas, os primeiros projectam jactos de água. Seguem-se os batedores, que malham no fogo de forma energética. No fim da fila os portadores dos Macloud remexem a terra ardida para impedir os reacendimentos.

Em menos de 40 minutos o incêndio está extinto. Em 2006 foi assim em 94 por cento dos casos (ver caixa). Os novos ‘bombeiros’ chegaram, actuaram e venceram o fogo. Este ano, apesar das previsões meteorológicas apontarem para um Verão com temperaturas altas, as expectativas são maiores. Fruto da experiência acumulada e alguns acertos nos equipamentos e metodologias, todos esperam conseguir melhores resultados.

Há dois anos, no rescaldo de um dos períodos mais devastadores para a floresta portuguesa, os bombeiros chilenos que vieram auxiliar no combate aos incêndios florestais fizeram um diagnóstico pouco abonatório sobre a forma como se atacava os fogos em Portugal. Segundo eles, os nossos bombeiros usavam muita água para extinguir as chamas e poucas ferramentas, o que favorecia a ocorrência dos temidos reacendimentos.

MÉTODO NOVO

Com a entrada em cena dos GIPS, o panorama modificou-se. O ataque ao fogo na fase nascente passou a ser prioritário. E as ferramentas passaram a ser encaradas como peças fundamentais para o combate, assim como a força física e psicológica dos operacionais.

“Na primeira intervenção a água tem pouco peso. O importante é actuar com estratégia, conhecimento e muita disciplina”, afirma Cura Marques, destacando a disciplina e o espírito de entreajuda como pilares essenciais na actuação das equipas especiais da GNR.

Sendo uma estrutura militarizada, o GIPS assenta numa cadeia hierárquica única, rígida e bem definida. Uma voz de comando é uma ordem inquestionável e, como tal, não há lugar a atritos entre operacionais, mesmo em situações de grande stress, garante o sargento Luís Davi. O profissionalismo é mais do que evidente, mas mesmo assim incapaz de contornar alguns dos problemas endémicos da cultura portuguesa, como é o caso da tendência generalizada para o improviso.

Em Santa Comba Dão, como na maioria dos Centros de Meios Aéreos para combate aos fogos florestais, as brigadas helitransportadas estão ‘arrumadas a um canto’ disponibilizado pelos bombeiros locais. Os operacionais ocupam uma pequena garagem que partilham com duas máquinas de lavar roupa e uma barulhenta arca frigorífica.

Enquanto aguardam pelo toque da sirene, ocupam os tempos livres com a leitura, a jogar computador, a navegar na internet ou a ver televisão. Nesta Fase Bravo, que se iniciou a 15 de Maio, as saídas têm sido praticamente nulas. Mas o inferno pode chegar a qualquer momento. E o grau de prontidão tem de estar sempre a cem por cento.

“Pode pensar-se que os GIPS é só fardas bonitas e carros novos mas não. É, sobretudo, muito sacrifício e abnegação”, sublinha Luís Davi.

Seleccionados com base em rigorosos critérios físicos e psicológicos, os militares da GNR destacados para o combate aos incêndios rodam pelas brigadas helitransportadas e terrestres para garantir uma melhor gestão do esforço e dos recursos.

A escala de serviço compreende seis dias de trabalho de 12 horas (08h00/20h00) seguidos de três dias de folga. Os elementos que estiverem um dia nos helis passam a integrar as brigadas terrestres no dia seguinte. No pico dos incêndios, em que se registam várias saídas, esta rotatividade revela-se fundamental para garantir o equilíbrio físico e psicológico dos operacionais.

Na brigada terrestre as exigências são igualmente grandes, mas os níveis de esforço são diferentes e mais repartidos. Por norma, as equipas – com cinco elementos cada – actuam em conjunto e servem de apoio às brigadas helitransportadas, sempre que o terreno permite o acesso à frente do incêndio.

O equipamento de protecção pessoal (ver infografia) é o mesmo – com excepção do Fire Sheltor – e as ferramentas base também. Mas em cada jipe todo-o-terreno há mais uma motobomba e um depósito com 700 litros de água, uma mangueira com cem metros, um ancinho especial de fabrico nacional, uma pá, um machado, um extintor e uma foice.

Se não estão a combater fogos as brigadas terrestres aproveitam para fiscalizar as florestas e sensibilizar as populações para a necessidade da limpeza dos terrenos. Por vezes, são mal recebidos. Mas na generalidade dos casos os moradores manifestam satisfação por se cruzarem com uma força de segurança.

“Chegamos a ir a sítios em que as pessoas nos dizem que não viam a GNR por ali há mais de um ano. E o facto de nós passarmos com mais frequência deixa os cidadãos mais descansados e atentos a possíveis transgressões”, refere o tenente José Lopes, comandante do Centro de Meios Aéreos da GNR, em Santa Comba Dão.

Os elementos dos GIPS receberam formação na Escola Nacional de Bombeiros, na Lousã, e fazem questão de se manter em reciclagem permanente, quer a nível físico quer teórico. ‘Instrução difícil, combate fácil’ é o lema adoptado.

“Temos que andar nestas actividades mais puxadas enquanto temos forças. O tempo de ganhar barriga fica para depois”, justifica o guarda António Marques, após fazer uma pausa no jogo de estratégia Age of Empires, do qual usa e abusa para passar os tempos mortos.

O militar de 27 anos esteve na Bósnia e no Kosovo em missões de paz ao serviço do Exército. O ano passado ingressou na GNR, directamente para o GIPS. Já passou por uma situação de grande perigo, quando uma língua de fogo inesperada quase atingiu a equipa, no Verão passado, em Tábua. O episódio não deixou marcas. Apenas serviu para lhe incutir mais respeito pelos fenómenos naturais, sempre que parte para um incêndio.

NOS LIMITES

O esforço dos militares quando estão numa primeira intervenção de combate a um incêndio é levado aos limites, físicos e psicológicos.

Nos treinos são simuladas situações para aproximar as exigências físicas às psicológicas e avaliar o comportamento dos operacionais. Porém, nenhum exercício se compara a uma acção de fogo real, onde as capacidades de resistência humana são verdadeiramente postas à prova.

“Ver um homem a querer beber água do depósito que já está vazio e ajudá-lo a ignorar a sede para continuar a combater o incêndio não é fácil para ninguém, mas é essencial para garantir que ninguém falha nas suas funções”, diz o capitão Cura Marques. O comandante da 3.ª Companhia de GIPS, que abrange Viseu, Armamar e Santa Comba Dão, quis sentir de perto a adrenalina do combate no terreno e no ano passado acompanhou as brigadas em mais de 40 saídas,

A aguardar pela primeira experiência real está o guarda Rebelo Marques, da Companhia de GIPS de Santa Comba Dão. Ofereceu-se como voluntário, trocando a vida “mais descansada” que levava em Lisboa pela agitação do combate aos incêndios, na região da Beira Alta. Casado há um ano com uma militar do Exército, sentiu grandes dificuldades em que ela aceitasse a sua entrada nos grupos de combate ao fogo da GNR. “A princípio não aceitou muito bem”, mas após o choque inicial acabou por se resignar.

O casal planeava ter um filho este ano só que a entrada no GIPS fez adiar este projecto de vida.

“Vamos ver como correm as coisas e tentaremos para o próximo ano”, revelou o militar. Enquanto aguarda pelo primeiro frente-a-frente com um fogo autêntico, o militar tem apenas uma ideia da forma como as pulsações aumentam quando a sirene toca no Centro de Meios Aéreos. Isto porque um elemento do GIPS se lembrou de gravar o som da sirene no telemóvel para surpreender os amigos. Quando o aparelho tocou, saltaram todos da cadeira, prontos para atacar as chamas. Os ritmos cardíacos dispararam, até perceberem que era alarme falso.

AMEAÇADOS COM UMA CAÇADEIRA

Os elementos dos GIPS arriscam a vida para salvar os bens da voracidade das chamas, mas a sua presença no terreno nem sempre é apreciada pelos cidadãos. “Uma vez uma equipa foi ameaçada por um homem armado com uma caçadeira, que não queria que o helicóptero tirasse água do seu tanque”, conta o capitão Cura Marques, comandante da 3.ª Companhia GIPS, em Viseu. Noutras ocasiões, em zonas mais isoladas, os moradores chegaram a atirar pedras à aeronave, numa tentativa de impedir que chegasse perto dos pontos de água particulares, mas essenciais para garantir a extinção das chamas florestais. Alheias aos deveres de cidadania e às normas legais, algumas pessoas “chegam a tapar os poços ou tanques de água com redes” para inviabilizar o abastecimento dos helicópteros mobilizados para o ataque aos fogos, adianta o oficial. Nestes casos, os guardas vêem-se obrigados a tomar conta das infracções e elaborar os respectivos autos de notícia para posterior procedimento judicial. As redes são confiscadas e se os proprietários mantiveram uma atitude que se revele deliberadamente prejudicial para o trabalho dos guardas ou dos bombeiros podem acabar detidos e conduzidos ao posto mais próximo.

EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL DO GIPS

CAPACETE

Feito em material resistente ao choque e às altas temperaturas junto às chamas.

ÓCULOS

Preparados para proteger os olhos das faúlhas e das temperaturas elevadas.

LUVAS

Fabricadas com nomex kevlar, permitem agarrar um tronco em brasa sem haver perigo de queimadura.

CALÇAS

Tal como o casaco, são em tecido nomex e permitem estar mais próximo das chamas sem consequências.

MÁSCARA

Os soldados colocam um cogola na cabeça, resistente ao fogo, semelhante às usadas pelos pilotos de Fórmula 1.

FIRE SHELTER

Às costas levam um abrigo anti-fogo e uma mochila com água, um kit de primeiros socorros e outro de sobrevivência.

BOTAS

Em couro especial que resiste ao fogo e permite a respiração do pé. A sola está preparada para pisar brasas.

"NÃO COMPETIMOS COM OS BOMBEIROS", Cura Marques, comandante da 3.ª Companhia GIPS

Correio da Manhã – Com os bons resultados alcançados pelos GIPS em 2006 que metas traçaram para a época de fogos florestais deste ano?

- Cura Marques – O objectivo é melhorar a eficácia. É transpor os bons resultados para os distritos onde foram criadas novas companhias e, se possível, atingir os cem por cento de eficácia. Se não conseguirmos tentaremos pelo menos melhorar os índices conseguidos em 2006.

- O que distingue os elementos do GIPS dos bombeiros?

- Não somos melhores nem piores. Temos a nossa forma de actuar e conseguimos bons resultados. Mas não estamos a competir com ninguém. A nossa competição é interna, para atingir o máximo de cada um. Respeitamos muito o trabalho dos bombeiros e não pensamos sequer em competição, porque o nosso inimigo é comum.

- O que falta fazer para melhorar a prevenção?

- A GNR tem investido muito na prevenção e sensibilização das populações, alertando-as para a necessidade da limpeza das matas e dos terrenos. Mas continuamos a deparar-nos com três problemas essenciais. A dificuldade em notificar alguns proprietários, o facto de os emigrantes só chegarem às suas propriedades no Verão e as queimadas feitas pelos pastores. Sabemos que eles vão deitar o fogo, porque têm necessidade de o fazer, só não temos é forma de os controlar. A legislação está bem conseguida, mas é preciso que as pessoas sintam que têm de cumprir as normas.

HELICÓPTEROS MOBILIZADOS DE ACORDO COM RISCO DE INCÊNDIO

O plano aprovado pela Comissão Nacional de Protecção Civil (CNPC) prevê que os meios aéreos entrem em funcionamento de forma progressiva, durante a Fase Bravo e de acordo com o risco de incêndio.

Segundo um porta-voz do Ministério da Administração Interna, neste momento estão ao serviço das brigadas helitransportadas da GNR quatro helicópteros: em Loulé, Santa Comba Dão, Fafe e Vidago.

A presença dos Grupos de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) foi alargada este ano a Viana do Castelo, Porto, Vila Real e Aveiro, prevendo-se a mobilização gradual de 14 aerotanques até ao dia 15 de Junho, data em que os dois Canadair entram em actividade.

Como a operacionalidade dos meios aéreos adquiridos pelo Estado sofreu um atraso, “foram contratados dez helicópteros que estarão em funcionamento na primeira quinzena de Junho”, informou o gabinete do ministro Rui Pereira.

Estas aeronaves servirão para transportar também as brigadas da Companhia Especial de Bombeiros, designadas por canarinhos. A nova estrutura tem um comando próprio e foi constituída com alguns dos bombeiros pertences às equipas helitransportadas existentes em 2005 e 2006. Dados como operacionais desde ontem, os canarinhos abrangem os distritos da Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Santarém. A formação que receberam na Escola Nacional de Bombeiros obedece aos padrões internacionais, o que os habilita a partir para missões no estrangeiro em 24 horas.

Em 2008 o espaço de intervenção destas brigadas será alargado aos distritos de Évora, Beja e Setúbal.

Correio da Manhã




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#4 Mensagem por manuel.liste » Sex Jul 20, 2007 12:38 pm

Me parece mejor que lo que se ha hecho en España: poner el ejército a hacer las funciones propias de bomberos y protección civil.

En España se llama UME (Unidad Militar de Emergencias)




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#5 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 20, 2007 12:43 pm

Eu também prefiro ter esta unidade na GNR do que no Exército, sempre é melhor financiada que se fosse no Exército e tem acesso a muitos militares que já foram Bombeiros Voluntários e com imensa experiência. :wink:




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#6 Mensagem por Moccelin » Sex Jul 20, 2007 4:37 pm

Eu nunca entendi direito como funciona o sistema de Defesa Civil de Portugal (e da Europa como um todo)... Aqui no Brasil são instituições militares, em alguns Estados são parte da Polícia Militar e em outros são independentes...
Antes de ser do Exército eu era Cadete do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais...

Como funciona aí em Portugal??




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#7 Mensagem por Fireman Sam » Sex Jul 20, 2007 8:15 pm

A criação dos GIPS da GNR foi o maior atestado de incompetência que já alguma vez foi passado aos bombeiros portugueses...

vilmarmoccelin se nem nós percebemos como isto funciona cá quanto mais voces aí no Brasil :twisted:




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#8 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 20, 2007 8:32 pm

vilmarmoccelin escreveu:Eu nunca entendi direito como funciona o sistema de Defesa Civil de Portugal (e da Europa como um todo)... Aqui no Brasil são instituições militares, em alguns Estados são parte da Polícia Militar e em outros são independentes...
Antes de ser do Exército eu era Cadete do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais...

Como funciona aí em Portugal??


Cada pais tem o seu sistema, a União Europeia ainda não é um país, mas sim uma organização politica.

Em Portugal nós temos os Bombeiros Sapadores que são bombeiros profissionais que por norma estão nas grandes cidades. Para se tornar Bombeiro Sapador tem que se passar por testes e provas ao nível de uma GNR ou PSP. São individuos muito bem formados e por norma os Regimentos de Bombeiros Sapadores estão bem equipados.

Depois temos os Bombeiros Voluntários que são bombeiros que como o nome indicam são voluntários e não profissionais. A sua formação não é tão completa e praticamente qualquer pessoa pode entrar para estes bombeiros. Há que se referir que todas as Corporações de Bombeiros Voluntários têm um quadro profissional, assim mesmo eles têm elementos mais bem treinados e formados. Tenho um brande amigo que foi bombeiro Voluntário. Se no principio ele tinha pouca (para não dizer nenhuma formação), ao longo do tempo que lá ficou foi tirando cursos. Como podes imaginar um individuo que não curso de tripulante de ambulâncias não pode fazer essa tarefa. É que em Portugal os Bombeiros fazem tudo, desde o combate aos fogos, ao transporte de doentes, etc.

Depois temos esta unidade da GNR (Guarda Nacional Republicana, algo como a vossa Policia Militar). Os GIPS foi a resposta do governo para se ter equipas de primeira intervenção nos combates florestais, totalmente profissional e sempre disponível para as intervenções.

Posso dizer-te que há uns anos tive aqui na minha zona fogos de grande intensidade e houve momentos em que os Bombeiros Voluntários pura e simplesmente recusavam-se a ir para o terreno porque não estavam dispostos a correr tantos riscos, por outro lado tinhamos os Bombeiros Sapadores de Lisboa que chegarma e avançaram logo para o terreno, ao contrários dos Voluntários eles não ficavam à espera de ordens nem que o fogo chega-se até eles. Tenho imenso respeito pelos Voluntários, mas acho que os Sapadores são sem dúvida muito mais eficazes do que eles.




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#9 Mensagem por Fireman Sam » Sex Jul 20, 2007 8:45 pm

Se têm melhores equipamentos, se têm mais formação e se não fazem outra coisa na vida tambem era caricato se fossem piores :D
Mas isso é tudo muito relativo, há sapadores e sapadores, como voluntários e voluntários.

Só acho é que tanto seja voluntário como sapador deveriam ter a mesma formação e os mesmos equipamentos...

Eu sou bombeiro há 8 anos e se tenho equipamentos de protecção individual em condições foi porque os paguei do meu bolso.

Ou seja eu ainda pago para ser bombeiro, eu pago para arriscar a minha vida e se quero andar bem protegido e cumprir as regras de protecção individual tenho que desenbolsar do meu bolso.

É uma tristeza...




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#10 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 20, 2007 8:53 pm

Ponte de Sor investe 15 milhões em base aérea
Diário de Notícias, 18/07/2007

MANUEL CARLOS FREIRE

Infra-estrutura do MAI fica a curta distância da base de hélis do Exército
O Estado vai investir dezena e meia de milhões de euros só nas infra-estruturas do aeródromo, a construir em Ponte de Sor e a três dezenas de quilómetros da base aérea do Exército em Tancos, para acolher os helis e aviões de combate aos fogos.

"Para os equipamentos [destinados à torre de controlo, por exemplo] ainda não há orçamento", disse ontem ao DN o presidente da Câmara de Ponte de Sor, João Taveira Pinto, referindo que o concurso público para construir de raiz aquela base aérea estima em "12,5 milhões a 15 milhões de euros" o custo da obra, quase todo financiado pela autarquia.

O caderno de encargos envolve a construção de uma pista de quase dois quilómetros, um hangar com cinco mil metros quadrados de área coberta, torre de controlo, placa de estacionamento e quatro hangares com mil metros quadrados. De fora estão os equipamentos de comando e controlo ou de iluminação da pista, de valor ainda não estimado.

Segundo fontes ouvidas pelo DN, a opção de fazer nova estrutura aeronáutica - para os aviões Beriev ou os helis pesados Kamov - ser construída a curta distância da base aérea de Tancos resultou da "falta de cooperação das Forças Armadas".

Taveira Pinto ouviu falar na impossibilidade de a base ser disponibilizada por "estar afecta à NATO". O argumento (usado por fontes do Exército) foi confirmado por um militar que integrou os grupos de trabalho do Ministério da Administração Interna (MAI) ligados ao processo de aquisição dos meios para combate aos fogos. "A dada altura, [os responsáveis do Exército, que têm pilotos em Tancos mas não têm helicópteros] queriam saber quais eram as missões e que eles as cumpriam, ao que nós explicámos que não podia ser porque se tratavam de missões da Protecção Civil", de acordo com o quadro legal, adiantou a alta patente.

Fonte oficial do MAI frisou ao DN que "foram equacionadas todas as alternativas disponíveis e conhecidas no território nacional" para instalar a base permanente das aeronaves da Empresa de Meios Aéreos (EMA).

A pista de Tancos - criada no Verão de 1921 e elevada a base aérea em Janeiro de 1939, uma década antes do nascimento da NATO - nunca pertenceu à estrutura da Aliança enquanto foi usada pela Força Aérea.

O Exército disse ao DN que "não tem posição oficial" sobre essa matéria. Fonte oficial garantiu mesmo desconhecer quaisquer documentos que o ramo tenha produzido na fase de estudos que culminou com a decisão (Maio) de ir para Ponte de Sor.




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#11 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 20, 2007 8:55 pm

Fireman Sam escreveu:Se têm melhores equipamentos, se têm mais formação e se não fazem outra coisa na vida tambem era caricato se fossem piores :D
Mas isso é tudo muito relativo, há sapadores e sapadores, como voluntários e voluntários.

Só acho é que tanto seja voluntário como sapador deveriam ter a mesma formação e os mesmos equipamentos...

Eu sou bombeiro há 8 anos e se tenho equipamentos de protecção individual em condições foi porque os paguei do meu bolso.

Ou seja eu ainda pago para ser bombeiro, eu pago para arriscar a minha vida e se quero andar bem protegido e cumprir as regras de protecção individual tenho que desenbolsar do meu bolso.

É uma tristeza...


Pois, cá na minha zona anda tudo a fazer rifas e outras cenas do género para equipar as várias Corporações de Bombeiros com equipamentos individuais de jeito, estilo isto:

Imagem :roll:




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#12 Mensagem por Bárbara Leite » Sáb Jul 21, 2007 12:52 am

cabeça de martelo escreveu:
Quando toca a sirene no Centro de Meios Aéreos de Santa Comba Dão há nove corações que começam a bater com mais intensidade. Sem dizer palavra, os operacionais do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR vestem os casacos antifogo, colocam os capacetes e correm para o helicóptero. Em menos de dois minutos estão sentados nos bancos de lona da aeronave e prontos a partir para a frente de fogo.

O piloto liga os motores, recebe as coordenadas do local do incêndio, cumpre os procedimentos de segurança aeronáutica e descola em direcção à floresta.

O ruído dentro da aeronave impede a troca de palavras e os olhares tornam-se mais expressivos. Não há medo, mas a inquietude é evidente. As pulsações só abrandam quando se avista a coluna de fumo – pouco densa e esbranquiçada. É sinal de que as chamas não lavram com grande intensidade e o combate será mais fácil. Os riscos serão menores.

O helicóptero descreve um círculo ainda em altitude, verifica se há pessoas ou habitações em perigo e aterra próximo do fogo. Logo que a aeronave toca o solo, a máquina humana entra em funcionamento.

Sob o comando de um sargento, quatro homens retiram os batedores, os Macloud (um instrumento que faz de ancinho e enxada) e os dois extintores dorsais (com 20 litros de água cada). Os restantes operacionais colocam o balde do helicóptero em condições de fazer descargas e afastam-se. A descrição demora quase mais tempo do que a acção no terreno, cronometrada ao segundo. Não há pausas nem hesitações. “Cada elemento tem a sua função e sabe o que tem fazer a cada momento ou situação”, explica o comandante da 3.ª Companhia de GIPS de Viseu, capitão Cura Marques.

Após deixar os militares, o heli levanta à procura de um ponto de água para começar o combate aéreo e a equipa de nove homens dirige-se a um dos flancos do incêndio.

Seguem em fila indiana, com a adrenalina próxima dos limites. Se as chamas estão mais altas, os primeiros projectam jactos de água. Seguem-se os batedores, que malham no fogo de forma energética. No fim da fila os portadores dos Macloud remexem a terra ardida para impedir os reacendimentos.

Em menos de 40 minutos o incêndio está extinto. Em 2006 foi assim em 94 por cento dos casos (ver caixa). Os novos ‘bombeiros’ chegaram, actuaram e venceram o fogo. Este ano, apesar das previsões meteorológicas apontarem para um Verão com temperaturas altas, as expectativas são maiores. Fruto da experiência acumulada e alguns acertos nos equipamentos e metodologias, todos esperam conseguir melhores resultados.

Há dois anos, no rescaldo de um dos períodos mais devastadores para a floresta portuguesa, os bombeiros chilenos que vieram auxiliar no combate aos incêndios florestais fizeram um diagnóstico pouco abonatório sobre a forma como se atacava os fogos em Portugal. Segundo eles, os nossos bombeiros usavam muita água para extinguir as chamas e poucas ferramentas, o que favorecia a ocorrência dos temidos reacendimentos.

MÉTODO NOVO

Com a entrada em cena dos GIPS, o panorama modificou-se. O ataque ao fogo na fase nascente passou a ser prioritário. E as ferramentas passaram a ser encaradas como peças fundamentais para o combate, assim como a força física e psicológica dos operacionais.

“Na primeira intervenção a água tem pouco peso. O importante é actuar com estratégia, conhecimento e muita disciplina”, afirma Cura Marques, destacando a disciplina e o espírito de entreajuda como pilares essenciais na actuação das equipas especiais da GNR.

Sendo uma estrutura militarizada, o GIPS assenta numa cadeia hierárquica única, rígida e bem definida. Uma voz de comando é uma ordem inquestionável e, como tal, não há lugar a atritos entre operacionais, mesmo em situações de grande stress, garante o sargento Luís Davi. O profissionalismo é mais do que evidente, mas mesmo assim incapaz de contornar alguns dos problemas endémicos da cultura portuguesa, como é o caso da tendência generalizada para o improviso.

Em Santa Comba Dão, como na maioria dos Centros de Meios Aéreos para combate aos fogos florestais, as brigadas helitransportadas estão ‘arrumadas a um canto’ disponibilizado pelos bombeiros locais. Os operacionais ocupam uma pequena garagem que partilham com duas máquinas de lavar roupa e uma barulhenta arca frigorífica.

Enquanto aguardam pelo toque da sirene, ocupam os tempos livres com a leitura, a jogar computador, a navegar na internet ou a ver televisão. Nesta Fase Bravo, que se iniciou a 15 de Maio, as saídas têm sido praticamente nulas. Mas o inferno pode chegar a qualquer momento. E o grau de prontidão tem de estar sempre a cem por cento.

“Pode pensar-se que os GIPS é só fardas bonitas e carros novos mas não. É, sobretudo, muito sacrifício e abnegação”, sublinha Luís Davi.

Seleccionados com base em rigorosos critérios físicos e psicológicos, os militares da GNR destacados para o combate aos incêndios rodam pelas brigadas helitransportadas e terrestres para garantir uma melhor gestão do esforço e dos recursos.

A escala de serviço compreende seis dias de trabalho de 12 horas (08h00/20h00) seguidos de três dias de folga. Os elementos que estiverem um dia nos helis passam a integrar as brigadas terrestres no dia seguinte. No pico dos incêndios, em que se registam várias saídas, esta rotatividade revela-se fundamental para garantir o equilíbrio físico e psicológico dos operacionais.

Na brigada terrestre as exigências são igualmente grandes, mas os níveis de esforço são diferentes e mais repartidos. Por norma, as equipas – com cinco elementos cada – actuam em conjunto e servem de apoio às brigadas helitransportadas, sempre que o terreno permite o acesso à frente do incêndio.

O equipamento de protecção pessoal (ver infografia) é o mesmo – com excepção do Fire Sheltor – e as ferramentas base também. Mas em cada jipe todo-o-terreno há mais uma motobomba e um depósito com 700 litros de água, uma mangueira com cem metros, um ancinho especial de fabrico nacional, uma pá, um machado, um extintor e uma foice.

Se não estão a combater fogos as brigadas terrestres aproveitam para fiscalizar as florestas e sensibilizar as populações para a necessidade da limpeza dos terrenos. Por vezes, são mal recebidos. Mas na generalidade dos casos os moradores manifestam satisfação por se cruzarem com uma força de segurança.

“Chegamos a ir a sítios em que as pessoas nos dizem que não viam a GNR por ali há mais de um ano. E o facto de nós passarmos com mais frequência deixa os cidadãos mais descansados e atentos a possíveis transgressões”, refere o tenente José Lopes, comandante do Centro de Meios Aéreos da GNR, em Santa Comba Dão.

Os elementos dos GIPS receberam formação na Escola Nacional de Bombeiros, na Lousã, e fazem questão de se manter em reciclagem permanente, quer a nível físico quer teórico. ‘Instrução difícil, combate fácil’ é o lema adoptado.

“Temos que andar nestas actividades mais puxadas enquanto temos forças. O tempo de ganhar barriga fica para depois”, justifica o guarda António Marques, após fazer uma pausa no jogo de estratégia Age of Empires, do qual usa e abusa para passar os tempos mortos.

O militar de 27 anos esteve na Bósnia e no Kosovo em missões de paz ao serviço do Exército. O ano passado ingressou na GNR, directamente para o GIPS. Já passou por uma situação de grande perigo, quando uma língua de fogo inesperada quase atingiu a equipa, no Verão passado, em Tábua. O episódio não deixou marcas. Apenas serviu para lhe incutir mais respeito pelos fenómenos naturais, sempre que parte para um incêndio.

NOS LIMITES

O esforço dos militares quando estão numa primeira intervenção de combate a um incêndio é levado aos limites, físicos e psicológicos.

Nos treinos são simuladas situações para aproximar as exigências físicas às psicológicas e avaliar o comportamento dos operacionais. Porém, nenhum exercício se compara a uma acção de fogo real, onde as capacidades de resistência humana são verdadeiramente postas à prova.

“Ver um homem a querer beber água do depósito que já está vazio e ajudá-lo a ignorar a sede para continuar a combater o incêndio não é fácil para ninguém, mas é essencial para garantir que ninguém falha nas suas funções”, diz o capitão Cura Marques. O comandante da 3.ª Companhia de GIPS, que abrange Viseu, Armamar e Santa Comba Dão, quis sentir de perto a adrenalina do combate no terreno e no ano passado acompanhou as brigadas em mais de 40 saídas,

A aguardar pela primeira experiência real está o guarda Rebelo Marques, da Companhia de GIPS de Santa Comba Dão. Ofereceu-se como voluntário, trocando a vida “mais descansada” que levava em Lisboa pela agitação do combate aos incêndios, na região da Beira Alta. Casado há um ano com uma militar do Exército, sentiu grandes dificuldades em que ela aceitasse a sua entrada nos grupos de combate ao fogo da GNR. “A princípio não aceitou muito bem”, mas após o choque inicial acabou por se resignar.

O casal planeava ter um filho este ano só que a entrada no GIPS fez adiar este projecto de vida.

“Vamos ver como correm as coisas e tentaremos para o próximo ano”, revelou o militar. Enquanto aguarda pelo primeiro frente-a-frente com um fogo autêntico, o militar tem apenas uma ideia da forma como as pulsações aumentam quando a sirene toca no Centro de Meios Aéreos. Isto porque um elemento do GIPS se lembrou de gravar o som da sirene no telemóvel para surpreender os amigos. Quando o aparelho tocou, saltaram todos da cadeira, prontos para atacar as chamas. Os ritmos cardíacos dispararam, até perceberem que era alarme falso.

AMEAÇADOS COM UMA CAÇADEIRA

Os elementos dos GIPS arriscam a vida para salvar os bens da voracidade das chamas, mas a sua presença no terreno nem sempre é apreciada pelos cidadãos. “Uma vez uma equipa foi ameaçada por um homem armado com uma caçadeira, que não queria que o helicóptero tirasse água do seu tanque”, conta o capitão Cura Marques, comandante da 3.ª Companhia GIPS, em Viseu. Noutras ocasiões, em zonas mais isoladas, os moradores chegaram a atirar pedras à aeronave, numa tentativa de impedir que chegasse perto dos pontos de água particulares, mas essenciais para garantir a extinção das chamas florestais. Alheias aos deveres de cidadania e às normas legais, algumas pessoas “chegam a tapar os poços ou tanques de água com redes” para inviabilizar o abastecimento dos helicópteros mobilizados para o ataque aos fogos, adianta o oficial. Nestes casos, os guardas vêem-se obrigados a tomar conta das infracções e elaborar os respectivos autos de notícia para posterior procedimento judicial. As redes são confiscadas e se os proprietários mantiveram uma atitude que se revele deliberadamente prejudicial para o trabalho dos guardas ou dos bombeiros podem acabar detidos e conduzidos ao posto mais próximo.

EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL DO GIPS

CAPACETE

Feito em material resistente ao choque e às altas temperaturas junto às chamas.

ÓCULOS

Preparados para proteger os olhos das faúlhas e das temperaturas elevadas.

LUVAS

Fabricadas com nomex kevlar, permitem agarrar um tronco em brasa sem haver perigo de queimadura.

CALÇAS

Tal como o casaco, são em tecido nomex e permitem estar mais próximo das chamas sem consequências.

MÁSCARA

Os soldados colocam um cogola na cabeça, resistente ao fogo, semelhante às usadas pelos pilotos de Fórmula 1.

FIRE SHELTER

Às costas levam um abrigo anti-fogo e uma mochila com água, um kit de primeiros socorros e outro de sobrevivência.

BOTAS

Em couro especial que resiste ao fogo e permite a respiração do pé. A sola está preparada para pisar brasas.

"NÃO COMPETIMOS COM OS BOMBEIROS", Cura Marques, comandante da 3.ª Companhia GIPS

Correio da Manhã – Com os bons resultados alcançados pelos GIPS em 2006 que metas traçaram para a época de fogos florestais deste ano?

- Cura Marques – O objectivo é melhorar a eficácia. É transpor os bons resultados para os distritos onde foram criadas novas companhias e, se possível, atingir os cem por cento de eficácia. Se não conseguirmos tentaremos pelo menos melhorar os índices conseguidos em 2006.

- O que distingue os elementos do GIPS dos bombeiros?

- Não somos melhores nem piores. Temos a nossa forma de actuar e conseguimos bons resultados. Mas não estamos a competir com ninguém. A nossa competição é interna, para atingir o máximo de cada um. Respeitamos muito o trabalho dos bombeiros e não pensamos sequer em competição, porque o nosso inimigo é comum.

- O que falta fazer para melhorar a prevenção?

- A GNR tem investido muito na prevenção e sensibilização das populações, alertando-as para a necessidade da limpeza das matas e dos terrenos. Mas continuamos a deparar-nos com três problemas essenciais. A dificuldade em notificar alguns proprietários, o facto de os emigrantes só chegarem às suas propriedades no Verão e as queimadas feitas pelos pastores. Sabemos que eles vão deitar o fogo, porque têm necessidade de o fazer, só não temos é forma de os controlar. A legislação está bem conseguida, mas é preciso que as pessoas sintam que têm de cumprir as normas.

HELICÓPTEROS MOBILIZADOS DE ACORDO COM RISCO DE INCÊNDIO

O plano aprovado pela Comissão Nacional de Protecção Civil (CNPC) prevê que os meios aéreos entrem em funcionamento de forma progressiva, durante a Fase Bravo e de acordo com o risco de incêndio.

Segundo um porta-voz do Ministério da Administração Interna, neste momento estão ao serviço das brigadas helitransportadas da GNR quatro helicópteros: em Loulé, Santa Comba Dão, Fafe e Vidago.

A presença dos Grupos de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) foi alargada este ano a Viana do Castelo, Porto, Vila Real e Aveiro, prevendo-se a mobilização gradual de 14 aerotanques até ao dia 15 de Junho, data em que os dois Canadair entram em actividade.

Como a operacionalidade dos meios aéreos adquiridos pelo Estado sofreu um atraso, “foram contratados dez helicópteros que estarão em funcionamento na primeira quinzena de Junho”, informou o gabinete do ministro Rui Pereira.

Estas aeronaves servirão para transportar também as brigadas da Companhia Especial de Bombeiros, designadas por canarinhos. A nova estrutura tem um comando próprio e foi constituída com alguns dos bombeiros pertences às equipas helitransportadas existentes em 2005 e 2006. Dados como operacionais desde ontem, os canarinhos abrangem os distritos da Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Santarém. A formação que receberam na Escola Nacional de Bombeiros obedece aos padrões internacionais, o que os habilita a partir para missões no estrangeiro em 24 horas.

Em 2008 o espaço de intervenção destas brigadas será alargado aos distritos de Évora, Beja e Setúbal.

Correio da Manhã


Esta narrativa me deixou até nervosa! Parabéns Cabeça de Martelo!! Sempre trazes assuntos interessantíssimos!




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#13 Mensagem por cabeça de martelo » Dom Jul 22, 2007 8:32 am

:wink:




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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#14 Mensagem por cabeça de martelo » Seg Jul 23, 2007 5:28 pm

Ataque aéreo às chamas
Pilotos em alerta máximo contra fogos
Correio da Manhã, 21/07/2007
Ricardo Graça

Perspicácia, sangue-frio, destreza e muita concentração. Os pilotos dos meios aéreos de combate aos fogos florestais estão em alerta máximo para travar mais uma guerra contra um inimigo imprevisível. Têm nacionalidades variadas e um objectivo comum: vencer as chamas à nascença. O risco vale-lhes um ordenado mensal próximo dos cinco mil euros.

Toca a sirene no Centro de Meios Aéreos da Lousã. A tripulação do helicóptero Bell 250 corre para a pista e toma posição na aeronave. O comandante Carlos Undurraga, de nacionalidade chilena, quase nem precisa de olhar para os painéis com centenas de botões, manómetros e interruptores para accionar os motores e colocar o aparelho em acção de partir.

Ao seu lado, o major Paulo Soares recebe as instruções via rádio, enquanto os elementos do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR assumem posições nos pequenos bancos do helicóptero.

“Hotel 3, Hotel 3”, chama a operadora da Torre. “Hotel 3, transmita”, responde o co-piloto português. “Missão Semide, direcção 2, 8, 4, a oito quilómetros”, ordena a operadora. “Ok, recebido”, devolve Paulo Soares.

Em menos de cinco minutos a tripulação efectuou mais de 30 procedimentos e colocou o aparelho no ar, fazendo-o desaparecer no céu, em direcção ao incêndio. A verdadeira batalha começa aqui.

Os fogos não têm comportamentos iguais e as armadilhas no terreno são muitas. A mais pequena distracção pode ser fatal.

“Temos de estar sempre com sete olhos”, refere Paulo Soares, enquanto manobra a aeronave de porte médio, com capacidade para fazer largadas de 1200 litros de água sobre o incêndio.

O combate às chamas é difícil para todos os pilotos, mas exige ainda mais dos que manobram os helicópteros.

É preciso ter atenção ao fumo, à turbulência, mas essencialmente aos fios. “Os cabos são a nossa maior dor de cabeça. No Norte, por exemplo, é o descalabro total. Há fios por todo o lado”, relata o major.

Feita a observação inicial ao local do incêndio, a tripulação escolhe uma zona para aterrar – o mais próxima possível do fogo. O helicóptero deixa a brigada de primeira intervenção no terreno e começa de imediato o ataque às chamas. Mais uma vez, os níveis de concentração e destreza têm de estar nos limites. O balde modifica a forma de operar a aeronave e as variações repentinas de temperatura interferem com a potência dos motores. A juntar a tudo isto, surgem sempre “muitos mirones e bancadas centrais, que chegam a ignorar os perímetros de segurança” nas áreas do fogo ou dos abastecimentos, explica Paulo Soares.

Sempre que um meio aéreo chega ao teatro de operações, os bombeiros respiram de alívio. Os moradores e autarcas já não aceitam ver lavrar as chamas sem que apareça uma aeronave.

Mesmo assim, continuam a ouvir-se vozes que acusam os pilotos de provocar os incêndios para poderem combatê-los e ganhar dinheiro. O piloto português desvaloriza as suspeitas. “Isso não faz sentido porque ganhamos o mesmo, voando ou não.”

Ao contrário do que possa parecer, falar das remunerações não é assunto tabu para os pilotos. Quer Paulo Soares quer Carlos Undurraga admitem que estão no combate aos incêndios “também por questões económicas”. Há pilotos a ganhar três mil euros e outros que levam para casa dez mil euros todos os meses. Mas a média mensal “ronda os cinco mil euros”, segundo o piloto português.

O major pertence aos quadros do Exército. Ofereceu-se para integrar a Unidade de Aviação Ligeira daquele ramo das forças armadas, mas quase só voa na época de fogos florestais, porque a sua companhia nunca chegou a receber os helicópteros.

“É a única forma de conseguir voar”, afirma o militar de 39 anos, que integra o dispositivo nacional pelo quarto ano consecutivo, ao serviço da Heliportugal. Tira férias e folgas em atraso para fazer este trabalho.

O comandante chileno, ao contrário, passa a vida a combater as chamas. Com 48 anos, esteve duas décadas ao serviço do Exército do seu país. Há dez anos saiu para a aviação civil e passou a integrar o quadro de pilotos da empresa Patagónia del Pacífico, com quem a Heliportugal estabeleceu uma parceria.

Está em Portugal pela segunda vez aos comandos de um helicóptero. O ano passado ficou em Portalegre, este ano foi destacado para a Lousã. Já combateu fogos no Chile, Espanha, Canadá e Argentina.

Habituado a participar em intervenções musculadas no seu país de origem – com 14 meios aéreos em simultâneo – Carlos Undurraga encontrou uma dificuldade acrescida em Portugal. As altas temperaturas interferem no desempenho das aeronaves e é preciso muita experiência para colmatar uma eventual perda repentina de potência, diz. Fora isso, reconhece que Portugal evoluiu muito ao apostar forte na primeira intervenção, embora aconselhe mais esforço nas acções de prevenção e recomende mais celeridade no accionamento dos meios aéreos.

“Até o alerta chegar aos meios aéreos gasta-se cerca de 15 minutos em burocracia. Este tempo devia ser reduzido”, afirma o chileno.

Durante as missões, o cumprimento das normas de segurança é sagrado. No entanto, há quem acabe por “pisar o risco”, quando está em perigo a vida das pessoas. Foi o caso de Paulo Soares, que entrou com o helicóptero no fumo, há dois anos, após ouvir nas comunicações que estavam pessoas em perigo. Exceptuando esta peripécia, o piloto português nunca apanhou um susto de “deixar o coração pequenino”.

A tripulação do helicóptero estacionada no Centro de Meios Aéreos da Lousã (a do Canadair não foi autorizada a falar pela Aeronorte) aproveita os tempos livres para conhecer melhor o terreno de combate ou contactar com as famílias, através da internet. Independentemente da quantidade ou gravidade dos incêndios, têm como máxima que é preciso “ir e voltar”.

"CAÍMOS A CINCO MIL METROS" (José Sanches, 52 anos, chileno, mecânico de helicópteros e aviões)

Correio da Manhã – Que tipo de manutenção tem de fazer no helicóptero?

José Sanches – Faço uma inspecção visual ao aparelho todos os dias de manhã e ao final da tarde. Tenho especial atenção aos hidráulicos e à limpeza, pois uma aeronave limpa é mais fácil de inspeccionar. A manutenção é essencial para proporcionar um voo seguro e prevenir antes que aconteça algum problema.

– Há quanto tempo é mecânico de aeronaves?

– Há 33 anos. E não me canso. As máquinas têm vida. Comunicam connosco. Algum som estranho indica- -nos que existem problemas. E a leitura dos instrumentos é fundamental. Temos de acreditar naquilo que nos estão a transmitir. As aeronaves avisam sempre antes de haver algum problema.

– O helicóptero que está ao seu cuidado é um pouco antigo?

– A estrutura tem 40 anos, mas o equipamento electrónico foi todo mudado e actualizado.

– Já sofreu algum acidente aéreo?

– Sim, em 1978, com um Alouette III. Ia a cinco mil metros de altitude, com uma carregamento para uma empresa mineira, e estatelou-se no solo. Sofremos todos ferimentos graves e eu fiquei três meses internado no hospital.

– Ficou com medo de voltar a voar?

– Não, fiquei ainda mais louco. Quando sai do hospital fui directo à empresa e pedi para voar, para perceber o que sentia. E senti-me muito bem.

– Como se relaciona o mecânico com os pilotos?

– A nossa relação tem de ser de grande amizade e cumplicidade. Somos como uma família e falamos a mesma linguagem, que é a segurança da aeronave.

– Como é que a sua família encara as ausências prolongadas?

– Sou casado e tenho cinco filhos, todos maiores. A família sempre me apoiou muito, pois estas missões são vantajosas em termos económicos.

– Participa no combate aos incêndios no Chile, depois vem para Portugal.

– É verdade. Deixamos a época de incêndios no Chile e vimos para Portugal. É outro Verão, mas sem podermos ir à praia.

– É a primeira vez que está em Portugal?

– Não, é a segunda.

– Encontra muitas diferenças entre os dois países?

– Não, nem por isso. O povo português é muito amável e muito parecido com o chileno.

CANDIDATOS SÓ COM MAIS DE DEZ MIL HORAS

Um piloto precisa de ter um mínio de mil horas de voo para poder integrar o dispositivo aéreo de combate aos incêndios. Antes de partir para o ataque às chamas tira um curso de adaptação ao meio aéreo que vai pilotar, recebe formação para trabalhar com o balde e algumas explicações técnicas sobre fogos florestais. Depois, cumpre horário das 09h00 às 20h00. Se não houver voos, pode estar ao serviço até um máximo de 15 dias, com uma folga pelo meio. As normas de segurança exigem que descanse um período mínimo de dez horas e que se faça uma pausa por cada três horas de voo. Está proibido de ingerir bebidas alcoólicas e precisa de ter um grau de prontidão e disponibilidade elevado. Como não podem ausentar-se, os pilotos costumam fazer caminhadas na pista para manter a forma física. As comunicações com a torre do Centro de Meios Aéreos e com o comandante operacional são sempre feitas por pilotos portugueses.

2007 COM MENOS INCÊNDIOS

O clima húmido que se fez sentir durante o mês de Junho limitou o número de incêndios em relação aos anos anteriores. Em Julho chegou o calor, mas o número de ocorrências e a àrea ardida continuam abaixo da média. Até 15 de Julho, há registos de 473 incêndios florestais e 3338 fogachos (menos de um hectare consumido).

Em 2006, pela mesma altura, já tinham acontecido 1205 incêndios e 6801 fogachos. Quanto à área ardida, a diferença é ainda maior. De acordo com os dados da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, arderam 1277 hectares de área florestal e 1059 de povoamentos . Em 2006, o balanço desta altura apontava para 6845 hectares de florestas e 9959 de povoamentos queimados.

Quanto à distribuição geográfica dos fogos, os números mostram que o Norte do País tem sido mais castigado pelos fogos. O distrito de Braga é o que regista mais incêndios, com 76 registos até 30 de Junho. Seguem-se os distrito de Vila Real, com 68 hectares de floresta ardida, e o de Viana do Castelo, com 46.

Juntando o número de incêndios e de fogachos, o distrito do Porto é o que regista mais ocorrências, com 609, seguido do de Braga, com 477. A Sul, o distrito de Setúbal lidera as ocorrências (338), mas apenas 28 se referem a incêndios com mais de um hectare de área ardida.

FAZ PREVENÇÃO COM 920 BLOGUES

Criado no Centro de Operações e Técnicas Florestais da Lousã, David Lopes, 24 anos, desenvolveu o projecto Floresta Unida, que assenta numa rede de blogues destinada a reunir informação e promover acções de prevenção, formação e apoio aos meios de combate aos incêndios. “Não queremos só dar as ideias, tentamos também ajudar a aplicar novas técnicas e ferramentas”, explica o jovem, que nos últimos quatro anos já criou “perto de 920 blogues” ao abrigo do projecto. Além da promoção de campanhas de reflorestação e da pesquisa de novas ferramentas para ataque aos incêndios, o jovem pretende, acima de tudo, contribuir para mudar mentalidades. “O nosso objectivo é levar as crianças a gostarem mais do verde do que das chamas”, refere David Lopes. O projecto tem o apoio da Direcção-Geral de Florestas, do Projecto Fire Paradox e da Guarda Nacional Republicana.

DISPOSITIVO REFORÇADO COM EQUIPAMENTOS E INFRA-ESTRUTURAS

MEIOS

A Fase Charlie, em vigor entre 1 de Julho e 30 de Setembro, tem mobilizados 52 meios aéreos, que estão estacionados em 18 aeródromos ou helipistas de Norte a Sul.

BERIEV

Este ano foram contratados dois aviões Beriev 200, com capacidade para descargas de 12 mil litros de água. O aluguer custa 2,5 milhões de euros, mais 9300 euros por hora de voo.

HELIS

O dispositivo conta com 34 helicópteros, sendo 28 bombardeiros médios e ligeiros e os restantes pesados, modelo Kamov, semelhantes aos que o Governo adquiriu à Rússia.

PISTA

O Estado vai investir 15 milhões de euros na construção de uma base aérea, em Ponte de Sor. A infra-estrutura destina-se a receber os helis e aviões de combate aos fogos.

EMPRESA

O Ministério da Administração Interna criou a Empresa de Meios Aéreos (EMA) para gerir a frota de aeronaves adquiridas pelo Governo. O capital social é de 54 milhões de euros.

GPS

Os pilotos têm todos os pontos de água registados num aparelho GPS, que lhes serve de auxílio nas acções de combate. As coordenadas foram todas actualizadas este ano, durante os períodos em que não houve fogos.

MEDICAMENTOS

O helicóptero está equipado com uma caixa de primeiros socorros para o caso de haver algum pequeno acidente com a tripulação ou com os elementos das brigadas helitransportadas. Além dos habituais adesivos, tem medicamentos para os cuidados primários.

DROMADER

É um avião ligeiro de fabrico polaco com capacidade para 2200 litros de água. Atinge velocidades de 237 km/hora e pode operar durante hora e meia.

PRONTIDÃO

A rápida intervenção dos meios aéreos ajuda a que a maioria dos fogos tenha sido extinta antes que a sua dimensão ultrapasse a área de um hectare.

COMBATE AOS INCÊNDIOS

FASE CHARLIE (1 de Julho a 30 de Setembro)

DISTRIBUIÇÃO DE MEIOS AÉREOS

TOTAL – 52

Helicópteros bombardeiros médios/ligeiros – 28

Helicópteros pesados modelo Kamov – 6

Aviões aerotanques ligeiros médios – 14

Aerotanques pesados modelos Beriev/Canadair – 4

VIANA DO CASTELO – Heli pesado

VILA REAL – 2 Heli ligeiro/médio; 2 Avião aerotanque

BRAGANÇA - 2 Heli ligeiro/médio

BRAGA - 2 Heli ligeiro/médio

PORTO - Heli pesado

AVEIRO - 2 Heli ligeiro/médio

VISEU - 3 Heli ligeiro/médio: 2 Avião aerotanque ligeiro/médio

GUARDA - 3 Heli ligeiro/médio: 2 Aerotanque pesado

COIMBRA - Heli ligeiro/médio; Heli pesado; 3 Avião aerotanque ligeiro/médio

CASTELO BRANCO - 2 Heli ligeiro/médio; Heli pesado; 4 Avião aerotanque ligeiro/médio

LEIRIA - Heli ligeiro/médio ; Avião aerotanque ligeiro/médio; 2 Aerotanque pesado

SANTARÉM – 2 Heli ligeiro/médio; Heli pesado; 2 Aerotanque pesado

PORTALEGRE - Heli ligeiro/médio; Aerotanque pesado

LISBOA - Heli ligeiro/médio

ÉVORA - Heli ligeiro/médio

SETÚBAL - Heli ligeiro/médio

BEJA - Heli ligeiro/médio

FARO – 3 Heli ligeiro/médio

NÚMRO DE FOGOS POR DISTRITO (Até 30 de Junho)

Viana do Castelo – 156

Bragança – 84

Braga – 427

Vila Real – 200

Porto – 481

Viseu – 191

Aveiro – 276

Guarda – 97

Coimbra – 70

C. Branco – 51

Leiria – 127

Santarém – 145

Portalegre – 24

Lisboa – 240

Setúbal – 260

Évora – 21

Beja – 21

Faro - 251




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#15 Mensagem por Bárbara Leite » Seg Jul 23, 2007 7:41 pm

Nossa! Homens de coragem e determinação! Estes tipos fazem mesmo falta em um país, não é mesmo! Parabéns aos valentes!




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