Sniper escreveu:A esmagadora maioria dos helicópteros no Brasil é de origem Francesa, incluindo a aviação civíl e forças policiais( essas creio que 100%).Longe de mim querer discordar de você Koslova, mas acredito que se os helicópteros franceses fossem tão ruins como alguns pintam, não faríam o enorme sucesso que fazem no Brasil.
Obviamente o fator politico contribui em muito para sua adoção principalmente nas Forças Armadas, mas acredito que apesar dos problemas enfrentados (como disponibilidade e tempo de entrega de peças e serviços) eles tem seu valor na aviação Brasileira.
A propósito da notícia, fico muito feliz, todo investimento (principalmente com transferência de tecnologia) é muito bem vindo!
Abraços!
Completando o que você escreveu Sniper
Os helicópteros franceses obviamente não são ruins, provavelmente são tão bons quanto seus pares americanos, ingleses, russos, italianos etc.
A questão não esta na qualidade dos helicópteros franceses, mas no cerceamento de liberdade de escolha em alguns momentos por condicionantes políticas.
É obvio que a questão política é fundamental, não é só no Brasil, é também fundamental nos EUA, na Inglaterra, no Paraguai e em qualquer lugar onde se realize uma compra com dinheiro publico.
Porem quando os EUA compram um míssil de caracteristicas questionaveis como o Sea Sparrow da Raytheon, eles estão comprando um míssil DE UMA EMPRESA AMERICANA.
Quando o Brasil compra um caça de custo beneficio questionavel ou um helicoptero de uma qualidade questionavel para a função, e estes hardwares são vendidos por uma empresa européia que tem um testa de ferro no Brasil, a compra ajuda UMA EMPRESA EUROPÉIA.
Uma questão que você colocou em sua mensagem, e colocou em negrito inclusive, se chama “Transferência de Tecnologia”, que se fala tanto no Brasil, tanto mesmo, que poucas pessoas tem uma verdadeira idéia do que significa.
Basicamente tecnologia é um meio para se obter um resultado. Tecnologia é meio e não fim por si só.
Um helicóptero pode ser montado no Brasil e não trazer tecnologia alguma ao país, em compensação um segundo modelo pode ser montado na Índia, chegar ao porto de Santos de Navio e trazer ganhos tecnológicos aos seus operadores.
A questão passa a ser, qual tecnologia queremos e para que finalidade.
Existem varias tecnologias.
A primeira delas é a de projeto de uma plataforma, por exemplo.
Isto quase nenhuma empresa transfere, a Embraer pode transferir a ENAER por exemplo toda a tecnologia para montar a empenagem de um ERJ-145, mas não vai transferir conhecimento sobre como se projeta um ERJ-145. Se assim o fizer, será mediante um acordo financeiro muito vantajoso.
A Boeing pode ensinar a VEM como se transforma um 767 em um avião cargueiro, mas dificilmente vai ensinar como se seleciona materiais compostos que irão fazer parte da estrutura do seu novo 787.
Depois podemos selecionar tecnologias ligadas a montagem dos helicópteros.
A Helibras obviamente forneceu a dezenas de engenheiros brasileiros uma experiência razoável sobre como se montam os kits de helicópteros fabricados na França. Esta tecnologia efetivamente interessa ao Brasil?
E por fim existem tecnologias associadas a operação do vetor, estas é claro são as menos "glamurosas" de se obter, mas seguramente são as mais importantes.
Agora eu proponho a seguinte abstração.
Existe no Brasil uma empresa que não monta um helicóptero sequer. Também não projeta nenhum modelo de asas rotativas. É uma empresa brasileira, parceira da FAB, como são também tantas outras fornecedoras nacionais.
Esta empresa tem apenas duas áreas de expertise.
Revisa motores, células e sistemas de uma dúzia de modelos de helicópteros seja ele Americano, Europeu ou Russo.
Realizar pequenas modificações de engenharia como blindagem, instalação de armamentos, modificação de sistemas eletrônicos, em meia dúzia de modelos de helicópteros, seja ele Americano, Europeu ou Russo.
Com qual destas soluções as FA´s brasileiras estariam melhor servidas?
Uma empresa estrangeira que monta no Brasil kits de helicópteros, ganha politicamente as concorrências pela sua presença em solo nacional, mas depois mantem preços de serviços de pos vendas questionáveis já que detem grande parcela de mercado.
Uma empresa brasileira que não monta modelos no Brasil, mas mantem em operação, e tem capacidade de realização de modificações nos modelos selecionados pelas FA´s de acordo com critérios mais técnicos e econômicos?
Tomem cuidado quando ficarem repetindo o termo: Transferência de tecnologia, sem entender seu real significado.
Pagamos alto preço em termos operacionais por tomarmos decisões sobre temas militares sem uma analise pragmática de que tecnologia queremos e para que finalidade.