orestespf escreveu:Mais alguns belos posts do amigo Walter, que escrevendo "pouco", diz muita coisa.
Estou em situação análoga, querendo "falar" e não podendo. Assim, tenho ficado apenas na leitura dos vários posts aqui no DB.
Mas "eu tive um sonho", mais ou menos assim:
A FAB compraria 24 F-16 (1º lote) e depois mais 12 em um segundo lote. Lá para 2010 entraria novamente em contato com os franceses para negociar um lote inicial de 24 Rafales (F3??) e com o tempo, mais 12 unidades. Deste modo, lá para 2017 (aproximadamente...) teríamos cerca de 72 vetores de dois modelos (mono e bi-turbina).
Período em que nossos F-5 e A-1 começariam a dar baixa. Estes últimos sendo substituídos pelos F-16 e Rafale. Possivelmente, em 2020 ainda teríamos alguns F-5 e A-1 operacionais e a FAB teria algo em torno de 100 a 110 caças e muito bem armados.
Nosso cenário no futuro não será muito diferente deste, mudando talvez, a quantidade de vetores. Uma FAB "enxuta", mas operacional e muito eficiente.
Até lá, teremos a Embraer cada vez mais envolvida em projetos militares, e em particular, na fabricação de caças avançados para sua época. O suficiente para deixar a FAB (e a MB??) em um posição confortável no que diz respeito a seguranção e sistema de defesa do país.
Acordei do sonho! rsrs E lendo uma frase do Walter (a coisa vem de cima pra baixo), pensei assim: pra que continuar a discussão se isto já diz tudo? Tem muita coisa não óbvia sobre esta afirmação tão clara, mas...
Tempos atrás eu vivia dizendo exatamente isso (geo-política, etc.), mas alguns preferiram continuar discutindo o "hardware". Parecem que perderam o bonde e agora se revoltam, quando tudo que está acontecendo é tão óbvio e natural.
Alguém se surpreendeu com tal anúncio do F-16??? Eu não!!! Tinha certeza absoluta desde janeiro... Por que janeiro?? Bem, deixa pra lá...
Saudaçãoes,
Orestes
O problema caro Orestes,
É que quem defendia isto a uns 03 anos atrás era quase comido vivo, me lembro das frases " a FAB tinham que ter o melhor vetor", quando eu falava em pacote, em ficar dependente de um certo vendedor, etc.. Quase me batiam. Pelo mesmo motivo sempre preferi o F-16 ao Gripen, porque se vamos ficar com o rabo preso ao EUA, é melhor ficar logo de primeira, e não por tabela.
O texto abaixo é de minha autoria, datado de outubro de 2004, ainda no finado Fórum Asas, quase apanhei na época.
Aonde se lê M-2000, agora seria o Rafale/Typhoon, no lugar do Mig-29, o Mig 35, o resto não precisa mudar nadinha.
Srs.
Muitas vezes me pergunto se o debate do F-X não se transformou em uma estéril conversa entre adolescentes para ver quem tem o maior e melhor “brinquedo”.
O pior de tudo é que a FAB e nosso Ministério da Defesa e nossa imprensa embarcaram nessa canoa furada. De compararmos aviões como modelistas entusiastas ou devoradores de “manuais técnicos” e propaganda de fabricantes de armas.
Qualquer decisão adulta e lúcida para o F-X teria que passar antes por critérios, que apesar de técnicos, e muito mais técnicos que a avaliação da FAB de cada modelo, são de natureza subjetiva, política, para somente depois realizarmos uma avaliação dos pacotes envolvidos na oferta.
O papel do Ministério da Defesa, como representante de um Governo com planejamento estratégico e uma política externa consistente, seria de delimitar os países ofertantes sob o ponto de vista de nossas necessidades estratégicas, delineadas a partir do projeto de nação que queremos. A partir daí passar para a FAB os pacotes ofertados segundo estes pressupostos.
Colocando os parâmetros acima em termos práticos; qual o futuro queremos para o Brasil? Queremos uma nação subordinada e dependente dos EUA e seus aliados? Queremos uma nação que, apesar de aliados, tenha um grau de independência dentro do bloco ocidental(como a França)? Ou nosso futuro será ter os EUA e seus aliados como inimigos? Qual nosso espaço para manobras?
Não me passa pela cabeça que uma compra deixando a FAB literalmente na mão de apenas um modelo de avião a sua existência, não passe antes pela resposta das questões acima, ainda que não seja um resposta taxativa, este tipo de avaliação teria que ter sido feita, obrigatoriamente, pelo Ministério da Defesa, antes do recebimento de qualquer oferta ou proposta.
Uma análise mais detida nos deixaria com dois grupos de pacotes do F-X, os subordinados totais e os independentes em diversos graus, de acordo com os países fornecedores. Assim, me parece claro que de um lado estariam os F-16 e Gripen como pacotes dependentes e de outro lado os pacotes independentes, caso do S-35, Mig-29 e M-2000.
1- O F-16 seria o maior grau de dependência, comparado com o Gripen, mais depois que os suecos transformaram o Gripen num projeto multinacional, ficaríamos nas mãos deles, dos EUA e dos Ingleses. Qual a melhor subordinação? A realizada com os representantes do poder maior(capangas ingleses), ou diretamente com o poder maior(DOD dos EUA)? A resposta aqui é clara: entre o Gripen e o F-16 é muito melhor o F-16, inclusive com o grande pacote de armas associado com este fornecimento(já divulgado aqui no Asas).
2- Se a resposta aos questionamentos anteriores for de que é mais vantajoso sermos independentes mais continuarmos no bloco ocidental, o M-2000 é a única solução proposta, neste caso ganha importância fundamental à existência de um parceiro nacional para tornamos possível a fabricação do caça. Um nacionalismo moderado baseado na construção local de armas.
3- Se a resposta for que mais cedo ou mais tarde seremos um país em guerra com os EUA e seus aliados subordinados(como os ingleses), o SU-35 e o Mig-29 serão os candidatos naturais, neste caso também será fundamental a existência do parceiro nacional.
Além disso, temos que considerar o Plano Nacional para o F-X, que ele seja adequado as políticas governamentais existentes, quer de subordinação, quer de nacionalização. Vale dizer, necessitamos de uma burguesia nacional para gerarmos tecnologia e fabricarmos armas, o capital internacional e suas empresas não fazem isso fora de sua matriz.
Os países vencedores das Guerras Modernas são os capazes de produzir e desenvolver armas, absorver tecnologia nacionalmente, retendo e desenvolvendo este conhecimento ou seus aliados subordinados. Nenhum vetor bélico convencional e tático(como um caça) ganha uma guerra, por melhor qualidade individual que tenha, ainda mais que um F-X dentro do contexto brasileiro, só enfrentaria inimigos muito inferiores em desempenho global de nossas Forças Armadas, como o caso Sul Americano. Neste caso, nem mesmo precisaríamos de um F-X.
Se a intenção for colocar o F-X em combate direto com os EUA e seus aliados, ele seria completamente inócuo, seja qual for o modelo. Neste caso devemos guardar nossos recursos para desenvolvermos bombas nucleares e mísseis balísticos, as únicas armas ao nosso alcance capazes de dissuasão de forças tão poderosas.
Afinal o que queremos com o F-X? O país parece um bêbado sem rumo, comprando cachaça(armas) por cada bar aonde tropeça, é o caso de seguirmos a Argentina, comprando modernos Tipo 42 da Royal Navy, e um mês depois declarar guerra ao governo inglês.
O mundo pós-Guerra Fria não está mais dividido de modo ideológico, as relações internacionais tomaram caráter diverso(Guerra Comercial), está na hora de decidirmos que lado vamos ficar e tomar atitudes como gente grande, assumindo as responsabilidades e os deveres de nossas decisões.
O resultado de uma análise fria deixaria duas opções o F-16, como a melhor solução subordinada e o M-2000 como a melhor solução nacionalista. Como não passa pela cabeça de ninguém sério no país declararmos guerra aos EUA, as propostas do SU-35 e do Mig-29 estariam descartadas.
Abraços...