#679
Mensagem
por Clermont » Ter Jul 03, 2007 10:45 am
MARÇO DE 2003.
Por Paul Craig Roberts – 03 de julho de 2007.
John Lukacs em sua monografia, June 1941: Hitler and Stalin, relata que “os melhores especialistas militares em todo o mundo previram a derrota da União Soviética dentro de umas poucas semanas, ou em dois meses, no máximo”, seguindo-se à invasão da Rússia por Hitler, em 22 de junho de 1941.
Embora a soberba máquina militar alemã tenha tido um excelente desempenho, pelo início de 1943 sua capacidade ofensiva estava exaurida e os alemães foram derrotados em Stalingrado. A Alemanha perdeu a guerra um ano e meio antes de os Estados Unidos efeturarem a invasão da Normandia. Se Hitler não tivesse exaurido o Exército alemão na Rússia, uma invasão americana da Normandia não poderia ter sido contemplada.
Lukacs se ocupa com as conseqüências imprevistas do 22 de junho de 1941. Não é tão cedo, ou tão tarde, para nos ocuparmos com as conseqüências imprevistas do 20 de março de 2003.
Mais de quatro anos atrás, o Pentágono e seus conselheiros neo-conservadores e propagandistas da imprensa prometeram aos americanos um “passeio de guerra” com entre três e seis semanas de duração. Seis semanas depois, em 2 de maio de 2003, no mais desastrado factóide de propaganda da história, o Presidente Bush pousou no porta-aviões “USS Lincoln”, cuja torre tinha sido enfeitada com uma faixa declarando “Missão Cumprida”, e anunciou o fim das grandes operações de combate no Iraque.
De fato, a guerra mal tinha começado. Quatro anos depois, com o fracasso, em junho de 2007 da última medida desesperada do Presidente Bush – “The Surge” – a capacidade ofensiva dos Estados Unidos está exaurida *. As forças armadas americanas nada mais podem fazer e tem menos controle da situação do que nunca.
Talvez, a mais clara indicação de que a guerra no Iraque não mais está sob controle americano seja o anúncio da Turquia de planos para invadir o norte do Iraque, o lar dos curdos iraquianos. Enquanto junho de 2007 chega ao fim, o Ministro do Exterior da Turquia, Abdullah Gul declarou que se as forças americanas ou iraquianas não eliminarem as guerrilhas curdas que estão atacando a Turquia, o exército turco irá se mover para dentro do norte do Iraque para lidar com a situação.
O Ministro do Exterior, Gul, foi inequívoco: “Os planos militares foram traçados em seus menores detalhes. O governo conhece esses planos e concorda com eles. Se nem o governo iraquiano, nem as forças ocupantes americanas podem fazer isto [esmagar as guerrilhas], nós tomaremos nossas próprias decisões e as implementaremos.”
O ultimato coloca o Presidente Bush em uma situação impossível. Nem o governo iraquiano, nem os militares americanos tem os meios para lidar com as guerrilhas curdas em suas fortalezas nas montanhas. Os militares americanos não podem, sequer, ocupar Bagdá. O governo iraquiano existe, tão somente, em nome, e pode ser encontrado, apenas, em seus escritórios localizados dentro da Zona Verde, fortificada e protegida pelos americanos, em Bagdá. E mais ainda, se o governo, apenas nominal, iraquiano tem algum apoio, ele é oriundo dos curdos no norte do Iraque.
O restante do Iraque é controlado por insurgentes sunitas e milícias xiitas. Mesmo Basra, no sul, foi abandonada ás milícias xiitas pelos aliados britânicos de Bush.
O distendido Império Americano não tem quaisquer tropas para enviar para o norte do Iraque. A OTAN, cuja carta a destinava a defender a Europa Ocidental da invasão soviética, deveria ter sido desmobilizada há duas décadas atrás. Hoje, a OTAN funciona como força auxiliar dos Estados Unidos e foi enviada para o Afeganistão, onde está sendo derrotada, como os britânicos e soviéticos foram antes.
Nas brumas desse caos ingovernável, o vice-presidente Cheney, o antigo embaixador de Bush na ONU, John Bolton e o restante do Bando de Guerra estão exigindo que os Estados Unidos ataquem o Irã, a Síria e o Hezbollah, no Líbano.
As conseqüências imprevistas do “passeio de guerra” já estão muito além da capacidade do governo Bush para administrá-las e irão atormentar os futuros governos por muitos anos. Para a administração dar início a novos atos de agressão no Oriente Médio, é ir além da temeridade para a insanidade.
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Paul Craig Roberts redigiu a Lei Kemp-Roth e foi Assistente-Secretário do Tesouro na Administração Reagan. Ele é Editor Associado da página de editorial do The Wall Street Journal e Editor-Colaborador da National Review.
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* : À propósito, as forças armadas americanas estão com problemas sérios. O recrutamento está caindo, mês após mês. e, por isso, os militares americanos estão rebaixando os padrões de aptidão física dos candidatos a recrutas. Pesquisas mostram que, devido a guerra impopular no Iraque, somente um décimo da juventude americana manifesta o desejo de servir às forças armadas. Esse é o índice mais baixo da história desse tipo de pesquisa.