boa noticia .. pelo menos PARECE que nosso programa rumo ao espaço sideral não ta esquecido....
Brasil quer lançar dois satélites em 2010
Ano é alvo para primeiro vôo de foguete VLS melhorado e de parceria Brasil-Ucrânia.
Após deixar projeto da Estação Espacial Internacional, agência quer "foco" no programa.
Imagem do VLS-1 no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão (Foto: AEB)
Brasil vai lançar foguete -- e será lançador de satélite, em 2010. Esses, pelo menos, são os planos da Agência Espacial Brasileira (AEB), que quer executar duas decolagens muito importantes ainda durante a atual administração federal. Uma é do VLS, o lançador 100% nacional; outra é do Cyclone-4, foguete ucraniano que partirá de Alcântara, no Maranhão, numa tentativa de abocanhar parte do rentável mercado internacional de lançamentos comerciais.
Claro, planos da AEB nem sempre se tornam realidade -- e muitas vezes nem chegam a se concretizar longe das apresentações de powerpoint feitas nos estágios iniciais dos projetos.
Para demonstrar isso, exemplos não faltam; basta lembrar o fiasco mais recente, o recebimento de uma carta, enviada pela Nasa em dezembro do ano passado, desobrigando o Brasil de entregar as peças que devia como participante do programa de construção da Estação Espacial Internacional (ISS).
A dispensa significava, na prática, uma expulsão do projeto, embora oficialmente ainda exista um acordo válido de cooperação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, ligado ao complexo orbital tripulado e assinado em 1997. É esse fio de esperança que Sérgio Gaudenzi, presidente da AEB, espera puxar agora para reatar laços com os americanos -- mas em outras bases.
"Queremos renegociar esse acordo, transformá-lo em algo mais amplo", afirma Gaudenzi, em entrevista ao G1. "Os Estados Unidos são um parceiro muito importante para nós nessa área e, do que temos ouvido deles, eles estão bem propensos a essa renegociação", complementa.
Essa renegociação envolveria troca de imagens de satélite entre os dois países em projetos de observação da Terra, colocação de cargas úteis (por exemplo, uma câmera) brasileiras em satélites americanos e cooperação científica em geral.
Sobre a saída à francesa do Brasil do projeto da ISS, Gaudenzi tenta defender a postura nacional. "Não é que nós não fizemos nada. No acordo original, tínhamos de entregar peças no valor de US$ 120 milhões. Chegamos a gastar US$ 30 milhões no projeto, com um trabalho que fizemos com a Boeing. Isso foi pago e foi entregue a eles", diz o presidente da AEB, referindo-se ao estudo de fase A (o primeiro de uma série que precede a construção de uma peça espacial) do Express Pallet, o elemento mais custoso dos seis designados como responsabilidades brasileiras na ISS pelo acordo de 1997. Em troca das peças, o país teria tempo para experimentos a bordo do complexo e poderia treinar e enviar ao espaço o seu primeiro astronauta, no ônibus espacial americano.
Em 2002, o Brasil enviou correspondência à Nasa admitindo que não teria recursos para cumprir o acordo, e uma primeira fase de renegociações com a Nasa teve início. O custo para o país foi reduzido drasticamente, e, em troca das peças originais, o Brasil acabou ficando responsável pela construção de 32 FSEs (Flight Support Equipment, ou Equipamento de Suporte de Vôo, peças de uso geral que podiam servir ao ônibus espacial e à ISS).
Por intermédio do astronauta Marcos Cesar Pontes, um acordo interno acabou sendo firmado com o Senai, para a fabricação gratuita dos protótipos. Mas a papelada não avançou no ritmo necessário, e a Nasa, pressionada por empresas americanas, acabou dispensando o Brasil em definitivo e encomendando as peças por lá mesmo -- o fim melancólico da participação brasileira na estação.
Na verdade, Pontes ainda tem a expectativa de que alguma peça para o complexo parta do Brasil. "No Senai está tudo pronto, o equipamento está lá, o local está reservado. Em Houston, onde eu fico, a gente não sabe de nada, porque as coisas estão sendo negociadas em Washington. Mas, sem uma posição oficial relativa ao acordo, ficamos na expectativa", diz o astronauta, que se tornou o primeiro brasileiro no espaço no ano passado, voando numa nave russa Soyuz, a um custo de US$ 10 milhões para o governo federal.
Mais foco no programa
Gaudenzi não dá muita esperança de que a ISS volte aos planos nacionais, assim como futuras missões tripuladas envolvendo pessoal brasileiro. "É caro, é realmente muito caro", diz o presidente da AEB. "Missões tripuladas passam a ser uma coisa, digamos assim, não tão prioritária. Precisamos dar mais foco no programa espacial brasileiro, não temos tantos recursos."
Aliás, outro projeto que não passou do Powerpoint e já virou lenda e o "Cruzeiro do Sul" -- uma série de foguetes lançadores a ser desenvolvida pela Aeronáutica até 2023, com capacidades crescentes. "É algo ambicioso demais, decidimos nos ater ao que está no Pnae [Programa Nacional de Atividades Espaciais, documento que especifica oficialmente os objetivos do Brasil no espaço durante o período que vai de 2005 a 2014]."
E o Pnae diz que, planos de lançadores, o Brasil só tem mesmo dois. O primeiro e mais conhecido é o velho VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), criado em 1980 e que fez três tentativas de vôo em 1997, 1999 e 2003 (nessa última ocasião, produzindo um acidente que matou 21 engenheiros em Alcântara), nenhuma com sucesso.
O segundo é o VLS-1b, uma atualização do antigo projeto concebida com auxílio de engenheiros russos para ampliar a capacidade do lançador brasileiro. Na versão original, todos os estágios (grosso modo, "andares" do foguete) usavam combustível sólido. Na versão 1b, os antigos terceiro e quarto estágios são trocados por um novo terceiro estágio, movido a combustível líquido -- tecnologia mais adequada para a colocação correta de satélites em órbita.
Comparação do VLS-1 original e do VLS-1b, melhorado em parceria com a Rússia (Foto: AEB)
Tanto o VLS-1 como o 1b não são grande coisa como lançadores de satélite, mas a AEB não cogita abandonar o projeto por uma questão de soberania. "O VLS para nós é estratégico, é o nosso acesso próprio ao espaço, sem depender de ninguém", diz Gaudenzi. Com a versão 1b, será possível lançar quase 500 kg a órbitas de 600 a 800 km de altitude.
A idéia é que o VLS-1b faça seu primeiro vôo em 2010 -- mas não custa lembrar que até agora nem a plataforma de lançamento do foguete, destruída no acidente de 2003, já foi reconstruída em Alcântara.
Para vender
Se no mercado internacional o VLS-1b não vai a lugar algum, a idéia é que o Cyclone-4, foguete ucraniano que herdou tecnologia da antiga União Soviética, coloque Alcântara no mapa dos lançamentos de satélites comerciais. "Dependendo do peso do satélite, conseguimos usá-lo até para lançar em órbita geoestacionária", diz Gaudenzi. O acesso a essa região ao redor da Terra, que fica a 36 mil km do chão, é especialmente valiosa porque é lá que ficam os satélites de telecomunicações. Sem falar que o Brasil tem agora um projeto para desenvolver seu próprio satélite geoestacionário -- atualmente o país compra serviços de artefatos espaciais de outros países.
O acordo com a Ucrânia também tem uma história antiga, e até agora não existe nem a estrutura exigida para o lançamento do Cyclone-4 em Alcântara, nem o próprio foguete -- que os ucranianos estão desenvolvendo, adaptando os antigos mísseis balísticos intercontinentais da mesma série. Mesmo assim, a empresa binacional que administrará o negócio, chamada Alcantara Cyclone Space, já foi criada. Do lado brasileiro, quem estará no comando é Roberto Amaral, ex-ministro da Ciência e Tecnologia durante o primeiro mandato do presidente Lula e membro do PSB -- mesmo partido de Sérgio Gaudenzi.
"A idéia nossa é ter o primeiro lançamento do Cyclone-4 em coisa de três anos", diz.
E os satélites?
As prioridades da AEB no campo de satélites é prosseguir com a bem-sucedida parceria com a China no desenvolvimento de cinco satélites da linha Cbers (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, na sigla inglesa), dos quais dois já foram lançados e o terceiro deve sair ainda neste ano, e concluir o desenvolvimento de uma Plataforma Multimissão (PMM). Trata-se de uma estrutura que pode ser imaginada mais ou menos como a "carcaça" de um satélite. A idéia é criar um design que seja versátil e que possa servir de base para a construção de vários satélites diferentes, com a carga útil (câmeras e instrumentos) acoplada à PMM.
E adivinha quando deve ficar pronta a primeira PMM? "Para 2010, junto com o VLS-1b", diz Gaudenzi.
Além deles, segue em desenvolvimento na Aeronáutica o Sara -- um modelo de satélite recuperável, capaz de passar algum tempo em órbita e então retornar à Terra, trazendo intacto o conteúdo em seu interior. Mas esse desenvolvimento deve demorar bem mais que 2010. Nesse horizonte mais largo também entra o projeto de um satélite-radar.
Nas coisas mais simples e com as tecnologias já dominadas do programa espacial, as coisas andam devagar – mas andam. O programa de foguetes de sondagem voltará a usufruir da infra-estrutura de Alcântara neste ano. Em julho, deve acontecer um lançamento do VSB-30, modelo mais novo criado pelos engenheiros brasileiros. É um foguete capaz apenas de vôos suborbitais, de curta duração, em que o veículo vai ao espaço e volta, traçando uma parábola, sem entrar em órbita.
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0, ... 53,00.html
Brasil planeja lançar dois satélites em 2010
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Que pena, quer dizer que não vai ter mais o Cruzeiro do Sul na sua plenitude???
É...realmente era ambicioso demais para um país que fazem perguntas do tipo: "ahh fica fazendo esses foguete em vez de dar comida pros pobres.." ou senão "Olouco, mil e quinhentos reais só pra ficar estudando???"
Se conseguirem chegar pelo menos no "Betinha" pra ficar legal eu já ficaria feliz...
Até concordo...com o lançamento de Ciclone-4 em Alcântara fica meio inviável fazermos um foguete igual.
Dessa forma poderemos lançar os satélites científicos pelo Alfa-Beta e os maiores pelo Ciclone-4, inclusive comercialmente falando.
abraços]
É...realmente era ambicioso demais para um país que fazem perguntas do tipo: "ahh fica fazendo esses foguete em vez de dar comida pros pobres.." ou senão "Olouco, mil e quinhentos reais só pra ficar estudando???"
Se conseguirem chegar pelo menos no "Betinha" pra ficar legal eu já ficaria feliz...
Até concordo...com o lançamento de Ciclone-4 em Alcântara fica meio inviável fazermos um foguete igual.
Dessa forma poderemos lançar os satélites científicos pelo Alfa-Beta e os maiores pelo Ciclone-4, inclusive comercialmente falando.
abraços]
- LeandroGCard
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Re: Brasil planeja lançar dois satélites em 2010
BrasileiroBR escreveu:
Aliás, outro projeto que não passou do Powerpoint e já virou lenda e o "Cruzeiro do Sul" -- uma série de foguetes lançadores a ser desenvolvida pela Aeronáutica até 2023, com capacidades crescentes. "É algo ambicioso demais, decidimos nos ater ao que está no Pnae [Programa Nacional de Atividades Espaciais, documento que especifica oficialmente os objetivos do Brasil no espaço durante o período que vai de 2005 a 2014]."
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0, ... 53,00.html
Embora eu pessoalmente fosse um entusiasta do Programa Cruzeiro do Sul, já havia cantado esta bola antes em outro tópico. É até possível que se vá até o VLS Beta, mas não passa daí, e mesmo assim só chega lá se for para fins eleitoreiros.
O problema não é técnico nem financeiro, e nem mesmo político. O caso é que o Brasil não tem motivo nenhum para ter um programa espacial tão ambicioso. Se houver uma capacidade mínima de lançamento autóctone só para justificar o esforço já feito e não ficar no prejuízo total já estará bom, a sociedade brasileira não quer mais do que isto (na verdade não quer nem mesmo isso).
O resto serão fogos de artifício para alavancar este ou aquele governo nas eleições. Se precisarmos realmente de algum serviço espacial ou de um satélite é só comprar pronto no mercado e acabou. É uma pena, mas é assim mesmo o nosso país.
Bons sonhos para todos, pois sonhar é o que nos resta.
Leandro G. Card