O Brasil e a guerra em Angola
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O Brasil e a guerra em Angola
Pare evitar complicar o tópico sobre a incoerência de «certa» esquerda portuguesa sobre o processo de descolonização, separo aqui este tema, para fazer um pequeno comentário sobre a minha opinião sobre a possibilidade do envolvimento do Brasil no conflito de Angola.
Quando a guerra começou, em 1961, o Brasil atravessava a confusão com a renuncia de Jãnio Quadros e a sucessão de João Goulart.
O Brasil teve um sistema parlamentarista até 1963, e em 1964 ocorreu o golpe dos generais.
Em teoria o governo do Brasil seria favorável à posição dos Estados Unidos, que era a de dar a Angola a independência.
Creio que quando os generais tomam o poder em 1964, terá havido contactos entre Portugal e o Brasil, sobre que tipo de apoio o Brasil poderia dar a Portugal no assunto «Angola».
Em alguns livros de memórias, que colecciono sobre o periodo dos anos 60, há algumas referências ao Brasil, um dos quais refere a irritação de Salazar, quando pouco depois de 1964 se promove uma visita de navios da marinha do Brasil a Luanda, e era suposto os navios portugueses estarem presentes.
Salazar ficou agastado com os americanos porque eles proíbiram Portugal de enviar a Luanda uma das fragatas mais recentes, na altura da classe Corte Real.
Esse tipo de visita era visto como uma aceitação por parte do Brasil da soberania portuguesa sobre os seus territórios africanos.
No entanto, alguma coisa os politicos de Brasilia deram a entender a Salazar que levou a que o então ministro dos negócios estrangeiros, tenha escrito no seu diário, que o Brasil era um aliado, mas que também tinha interesses que colocariam em perigo a soberania portuguesa.
Depois de pegar várias declarações e pequenas notas de um lado e de outro, a ideia com que fico é a de que o Brasil entre 1964-1968 apoiava Portugal, mas terá colocado condições. Sendo que uma dessas condições era a possibilidade de Angola se tornar independente, mas numa situação de independência da minoria branca.
Ou seja: Angola deveria transformar-se numa espécie de África do Sul sem Apartheid, uma vez que em Portugal nunca houve politica de segregação racial (só económica).
Sabendo-se que os generais brasileiros não íam apoiar os movimentos de inspiração maoista e soviética que operavam em Angola e concluindo-se que o Brasil deu a entender que poderia colocar em causa a soberania portuguesa, e sabendo-se que não havia (e toda a gente sabia disso) uma elite negra em Angola e que a maioria da população minimamente qualificada era branca e de origem Portuguesa, acredito que devem ter havido conversas nesse sentido.
O governo de Castelo Branco apoiaria Portugal, dentro da possibilidade de uma semi independência branca "disfarçada".
Isso permitia continuar as politicas Sul-Sul, reconhecer Angola e estabelecer desde logo relações com aqueles países. O Brasil trataria de conseguir o apoio de países não alinhados e da América do Sul para o reconhecimento desse novo país.
Obviamente, isto é uma especulação, pois não consigo encontrar nada que explique de uma forma lógica, que tipo de acções o Brasil levou a cabo que desagradaram ao governo de Lisboa e que segundo o ministro colocariam a soberania portuguesa em causa.
Cumprimentos
Quando a guerra começou, em 1961, o Brasil atravessava a confusão com a renuncia de Jãnio Quadros e a sucessão de João Goulart.
O Brasil teve um sistema parlamentarista até 1963, e em 1964 ocorreu o golpe dos generais.
Em teoria o governo do Brasil seria favorável à posição dos Estados Unidos, que era a de dar a Angola a independência.
Creio que quando os generais tomam o poder em 1964, terá havido contactos entre Portugal e o Brasil, sobre que tipo de apoio o Brasil poderia dar a Portugal no assunto «Angola».
Em alguns livros de memórias, que colecciono sobre o periodo dos anos 60, há algumas referências ao Brasil, um dos quais refere a irritação de Salazar, quando pouco depois de 1964 se promove uma visita de navios da marinha do Brasil a Luanda, e era suposto os navios portugueses estarem presentes.
Salazar ficou agastado com os americanos porque eles proíbiram Portugal de enviar a Luanda uma das fragatas mais recentes, na altura da classe Corte Real.
Esse tipo de visita era visto como uma aceitação por parte do Brasil da soberania portuguesa sobre os seus territórios africanos.
No entanto, alguma coisa os politicos de Brasilia deram a entender a Salazar que levou a que o então ministro dos negócios estrangeiros, tenha escrito no seu diário, que o Brasil era um aliado, mas que também tinha interesses que colocariam em perigo a soberania portuguesa.
Depois de pegar várias declarações e pequenas notas de um lado e de outro, a ideia com que fico é a de que o Brasil entre 1964-1968 apoiava Portugal, mas terá colocado condições. Sendo que uma dessas condições era a possibilidade de Angola se tornar independente, mas numa situação de independência da minoria branca.
Ou seja: Angola deveria transformar-se numa espécie de África do Sul sem Apartheid, uma vez que em Portugal nunca houve politica de segregação racial (só económica).
Sabendo-se que os generais brasileiros não íam apoiar os movimentos de inspiração maoista e soviética que operavam em Angola e concluindo-se que o Brasil deu a entender que poderia colocar em causa a soberania portuguesa, e sabendo-se que não havia (e toda a gente sabia disso) uma elite negra em Angola e que a maioria da população minimamente qualificada era branca e de origem Portuguesa, acredito que devem ter havido conversas nesse sentido.
O governo de Castelo Branco apoiaria Portugal, dentro da possibilidade de uma semi independência branca "disfarçada".
Isso permitia continuar as politicas Sul-Sul, reconhecer Angola e estabelecer desde logo relações com aqueles países. O Brasil trataria de conseguir o apoio de países não alinhados e da América do Sul para o reconhecimento desse novo país.
Obviamente, isto é uma especulação, pois não consigo encontrar nada que explique de uma forma lógica, que tipo de acções o Brasil levou a cabo que desagradaram ao governo de Lisboa e que segundo o ministro colocariam a soberania portuguesa em causa.
Cumprimentos
Editado pela última vez por pt em Seg Jun 11, 2007 7:24 pm, em um total de 1 vez.
- Einsamkeit
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Isso tudo é teoria, boa para debate. Angola para o Brasil é no mínimo 25 vezes menos importante do que o Uruguai. Eu só me lembro de Angola quando escuto a música morena de Angola do Chico Buarque. Os portugueses tem fixação porque levaram fumo, é assim mesmo, os argentinos também tem com as Malvinas.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Se ocorreu essa possibilidade , é uma pena que não tenha vingado . Todos teriam ganhado . Angola seria hoje um dos países mais desenvolvidos da África . Sob todos os aspectos . E se fosse feita uma composição com a maioria negra , a oposição da guerrilha inexistiria...nem África do Sul , nem Zaire , nem Congo , URSS , EUA , Cuba...andariam a meter o bedelho por lá.
Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
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Te engana Rodrigo . Procura te informar e verá que Angola é mais importante do que tu pensas e os portugueses não levaram fumo por lá , não , pelo contrário . Questão das Malvinas é completamente diferente , não sei de onde tiraste a comparação ...rodrigo escreveu:Isso tudo é teoria, boa para debate. Angola para o Brasil é no mínimo 25 vezes menos importante do que o Uruguai. Eu só me lembro de Angola quando escuto a música morena de Angola do Chico Buarque. Os portugueses tem fixação porque levaram fumo, é assim mesmo, os argentinos também tem com as Malvinas.
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Lembro que meu avô me contava essas histórias...Marino escreveu:Eu era garoto, mas o Brasil sempre votava com Portugal em todas as questões das colônias na ONU.
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- rodrigo
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Me traga as fontes, pode ser que as minhas estejam ruins.Procura te informar e verá que Angola é mais importante do que tu pensas e os portugueses não levaram fumo por lá , não , pelo contrário . Questão das Malvinas é completamente diferente , não sei de onde tiraste a comparação ...
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E estão. Leia alguns tópicos que estão postados no DB . Procure saber dos investimentos brasileiros em Angola , Petrobrás , Odebrecht ...há milhares de Angolanos morando no Brasil , grande parte dos brasileiros tem sangue Angolano , milhões de nós . Desde a independência , o Brasil tem apoiado os angolanos , mesmo com o alinhamento desse país com os países comunistas . Isso continua. Angola é um país rico , dos maiores produtores de petróleo do mundo , diamantes , ferro , áreas agrícolas extensas , mas até hoje não recuperou o estágio que tinha de desenvolvimento que tinha no início dos anos 70 , quando os portugueses ainda estavam por lá. Os portugueses saíram de lá ...abandonando Angola , nunca foram derrotados militarmente . As Malvinas foram invadidas pelos argentinos que foram expulsos pelos britânicos, à força. As fontes se encontram ao pesquisar , Rodrigo . Perambulando pela WEB , com uma forquilha na mão , sempre achará uma vertente...rodrigo escreveu:Me traga as fontes, pode ser que as minhas estejam ruins.Procura te informar e verá que Angola é mais importante do que tu pensas e os portugueses não levaram fumo por lá , não , pelo contrário . Questão das Malvinas é completamente diferente , não sei de onde tiraste a comparação ...
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Vamos lá Dieneces:
Reconhecido até mesmo pelo autor do tópico.Isso tudo é teoria, boa para debate.
Isso pode ser comprovado pelo Itamaraty, pelo Exército Brasileiro, pelo Ministério do Turismo e outras fontes.Angola para o Brasil é no mínimo 25 vezes menos importante do que o Uruguai.
É verdadeEu só me lembro de Angola quando escuto a música morena de Angola do Chico Buarque.
Levaram fumo porque a guerra colonial se mostou insustentável, inclusive servindo de argumento para o 25 abril. A comparação argentina é de fundo psicológico, já que os derrotados sempre levam o trauma, assim como não houve derrota americana no Vietnã, mas levaram fumo e tiveram que sair.Os portugueses tem fixação porque levaram fumo, é assim mesmo, os argentinos também tem com as Malvinas.
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Vamos ver:
Angola já era um dos mais ricos países de África antes da independência. Luanda era uma cidade muito mais cosmopolita que Lisboa.
Mas a questão, do meu ponto de vista, tem outros contornos e considero-a viável, analisando o comportamento dos militares de 64, e a sua visão estratégica.
A independência do Brasil, tem características curiosas que fazem o país ser completamente diferente de qualquer dos outros países do continente. É caso único, que poderá ter alguma comparação com o Canadá, na medida em que é o único país que ascende à independencia como monarquia.
A Monarquia hereditária, para se afirmar precisa de razões históricas, e no Brasil isso foi feito.
Embora tenha ocorrido um corte com Portugal do ponto de vista politico, o Brasil não criou regras, raizes e uma sociedade com conceitos novos como no resto da América do Sul (repúblicas).
Então no Brasil passou a existir de forma implicita uma certa aceitação de uma continuidade entre a monarquia do império, e a do Reino de Portugal, que ficou expressa na continuidade da familia real, que como sabemos era a mesma.
Já falámos neste fórum sobre a questão das bandeiras. Normalmente o Brasil considera como "Bandeiras do Brasil" as bandeiras portuguesas que foram hasteadas no Brasil desde 1500, enquanto os países da america de lingua espanhola normalmente cortam completamente com a herança monarquica espanhola.
Considerando isto, os militares de 1964, com a sua ideia de «Brasil Potência» consideraram as razões históricas, que tinham um precedente.
Em 1640, quando Portugal saiu da órbida da coroa dos Habsburgos espanhóis, a casa de Bragança passou a deter a coroa, e nessa altura os portugueses do Brasil decidiram que deveriam seguir a antiga metropole. E não só seguiram, como foi do Brasil que sairam as expedições militares com vista a recuperar parte do império que tinha caído nas mãos dos holandeses.
É do Brasil, que saem os navios que adivinhem:
dirigem-se a Angola, de onde expulsam os holandeses.
Acredito que esta ideia, na cabeça do regime militar de 1964, faz algum sentido. Numa situação em que Portugal nos anos 60 passava por dificuldades, o Brasil assumiria uma parte das "despesas" de defesa do "Império".
Isto daria naturalmente ao Brasil um pé num país que toda a gente sabia que era riquissimo, porque quando no século XIX a África foi dividida, os portugueses sabiam muito melhor que todos os outros países quais eram as regiões com mais potêncial.
Apresentaria também o Brasil como país mais "interventor" e ao mesmo tempo "passava a perna" nos Americanos, que também estavam interessados em Angola.
Angola já era um dos mais ricos países de África antes da independência. Luanda era uma cidade muito mais cosmopolita que Lisboa.
Mas a questão, do meu ponto de vista, tem outros contornos e considero-a viável, analisando o comportamento dos militares de 64, e a sua visão estratégica.
A independência do Brasil, tem características curiosas que fazem o país ser completamente diferente de qualquer dos outros países do continente. É caso único, que poderá ter alguma comparação com o Canadá, na medida em que é o único país que ascende à independencia como monarquia.
A Monarquia hereditária, para se afirmar precisa de razões históricas, e no Brasil isso foi feito.
Embora tenha ocorrido um corte com Portugal do ponto de vista politico, o Brasil não criou regras, raizes e uma sociedade com conceitos novos como no resto da América do Sul (repúblicas).
Então no Brasil passou a existir de forma implicita uma certa aceitação de uma continuidade entre a monarquia do império, e a do Reino de Portugal, que ficou expressa na continuidade da familia real, que como sabemos era a mesma.
Já falámos neste fórum sobre a questão das bandeiras. Normalmente o Brasil considera como "Bandeiras do Brasil" as bandeiras portuguesas que foram hasteadas no Brasil desde 1500, enquanto os países da america de lingua espanhola normalmente cortam completamente com a herança monarquica espanhola.
Considerando isto, os militares de 1964, com a sua ideia de «Brasil Potência» consideraram as razões históricas, que tinham um precedente.
Em 1640, quando Portugal saiu da órbida da coroa dos Habsburgos espanhóis, a casa de Bragança passou a deter a coroa, e nessa altura os portugueses do Brasil decidiram que deveriam seguir a antiga metropole. E não só seguiram, como foi do Brasil que sairam as expedições militares com vista a recuperar parte do império que tinha caído nas mãos dos holandeses.
É do Brasil, que saem os navios que adivinhem:
dirigem-se a Angola, de onde expulsam os holandeses.
Acredito que esta ideia, na cabeça do regime militar de 1964, faz algum sentido. Numa situação em que Portugal nos anos 60 passava por dificuldades, o Brasil assumiria uma parte das "despesas" de defesa do "Império".
Isto daria naturalmente ao Brasil um pé num país que toda a gente sabia que era riquissimo, porque quando no século XIX a África foi dividida, os portugueses sabiam muito melhor que todos os outros países quais eram as regiões com mais potêncial.
Apresentaria também o Brasil como país mais "interventor" e ao mesmo tempo "passava a perna" nos Americanos, que também estavam interessados em Angola.
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Levaram fumo porque a guerra colonial se mostou insustentável, inclusive servindo de argumento para o 25 abril. A comparação argentina é de fundo psicológico, já que os derrotados sempre levam o trauma, assim como não houve derrota americana no Vietnã, mas levaram fumo e tiveram que sair.
Rodrigo:
Se há país onde os proprios movimentos de libertação reconhecem que perderam, esse país é Angola.
O próprio MPLA reconhece que estava completamente desarticulado em Angola.
O único país onde se pode dizer do ponto de vista estratégico que Portugal perdeu a guerra foi na minuscula Guiné-Bissau, um pais em 33% da terra fica debaixo de água quando enche a maré.
A esmagadora maioria dos analistas militares é unanime em afirmar que Portugal é o unico país a ter conseguido vencer uma guerra contra movimentos de guerrilha.
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Acho que Angola tem melhores condições naturais , apesar do Ouro sul-africano , nesse conflito hipotético , mas Angola tem muito petróleo , o que equilibra essa disputa.Nos outros minerais , ambos os países possuem muitas jazidas relevantes . Angola , no geral tem um clima melhor , África do Sul é muito árida . Mas acho que bons vinhos Angola nunca produziria...Para agricultura Angola é melhor e pode plantar um leque enorme de culturas , tanto quanto o Brasil . Pena que as circunstâncias históricas tenham relegado Angola a um triste destino e não vejamos essa saudável disputa com a África do Sul se tornar realidade . Dois países africanos com importante população branca em meio a uma maioria negra darem exemplo de desenvolvimento aos arautos da idéia que os africanos administram melhor sem a presençade europeus e seus descendentes. Vejam no que está virando o Zimbabwe , depois que o Mugabe correu os últimos descendentes de europeus que , corajosamente ainda produziam...Einsamkeit escreveu:Dificil ser melhor que a Africa do Sul
Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.