O menor foguete lançador do mundo.

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Koslova
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O menor foguete lançador do mundo.

#1 Mensagem por Koslova » Seg Mai 21, 2007 1:17 am

Uma foto de uma "Avis Raras" no mundo espacial.

Trata-se do lançador japones L-II, o menor foguete lançador orbital já construido, com capacidade de satelização de 25Kg.

Ele foi o primeiro foguete orbital japones, seu primeiro vôo foi em meados dos anos de 1960, e foram necessários 4 vôos para o primeiro sucesso.





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LeandroGCard
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#2 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mai 21, 2007 12:53 pm

Este fogute era semelhante à proposta brasileira do VLM, um pequeno lançador da mesma faixa de carga que seria constituído pelo VLS sem os boosters laterais que compõem o primeiro estágio.

Talvez, se nosso país tivesse lançado o VLM com sucesso na época em que ele poderia estar pronto (na época da primeira tentativa do VLS), o programa espacial brasileiro pudesse ter tomado um outro rumo. Acredito que seria mais fácil (e certamente muito mais barato) efetuar a campanha de qualificação do VLM do que a do VLS, e com um foguete operacional já aprovado ficaria também mais fácil justificar as verbas para acrescentar os boosters e chegar ao VLS. Seria não só uma questão técnica lançar o VLM primeiro, mas também de propaganda mesmo, como fez o Japãp com este lançador Lambda, a França com o Diamant, os EUA com o Vanguard e o Juno I/II, etc... .

O problema pelo que li na mídia era (e ainda será quando o VLS-Alfa ficar pronto) a indisponibilidade de plataformas inerciais, pois as poucas que programa espacial brasileiro conseguiu adquirir não poderiam ser gastas na qualificação de um lançador tão pequeno, que na prática só poderia ser utilizado para o lançamento de cargas experimentais, mas não para satélites com com algum tipo de aplicação real. Por isto teria-se optado por partir direto para o VLS, com os resultados conhecidos. Uma pena.

Leandro G. Card




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Re: O menor foguete lançador do mundo.

#3 Mensagem por Koslova » Seg Mai 21, 2007 1:07 pm

Algumas perguntas que surgiram em outros foruns sobre este post, as quais respondi.

Olá Elizabeth e amigos do grupo, Elizabeth, se não me engano havia um acordo internacional que proibia o Japão de produzir armas, mas pela foto, esse lançador se parece muito com um ICBM, ou melhor, pelo pouco que aprendi com as discussões da lista, esse lançador poderia adaptado e ser equipado com uma ogiva , estou certo ? Sendo assim, como os paises do acordo, fiscalizavam para que o Japão desenvolvese um lançador ou um ICBM ?


Ola Roberto

Dificilmente este foguete poderia ser caracterizado como o desenvolvimento de um potencial para míssil balístico militar.

Primeiro que ele não era guiado.

Tão qual a maioria dos foguetes de sondagem, ele é disparado de forma balística e mantido na sua trajetória por meio de estabilização aerodinâmica gerada por sua aletas.

Veja na foto o detalhe do longo trilho de lançamento que abriga o foguete na forma de uma pequena plataforma direcionavel.

Enquanto esta preso a plataforma ele tem que ganhar velocidade suficiente para que suas aletas tenham autoridade aerodinâmica para estabilizá-lo logo após se separar fisicamente da plataforma.

Por esta razão, este tipo de foguete tem um empuxo cerca de 10 vezes maior do que sua massa, para que acelere o mais rapidamente possível.

Um lançador de foguetes de combustível sólido que tenha um sistema TVC dificilmente tem empuxo maior do que 3 vezes sua massa, porque nas baixas camadas da atmosfera acelerar muito rapidamente gera muita vibração, o que traduz em necessidade de uma estrutura mais robusta.

Como coincidência as falhas dos lançamentos, foram 9 lançamentos com 5 falhas, foram todas associadas aos improvisos necessários a um disparo orbital não guiado.

Ao sair da atmosfera o foguete precisa encontrar outra maneira de estabilizá-lo que não forças aerodinâmicas, uma vez que ele se encontra no vácuo. Então se utiliza um quarto estagio que não tem aletas, mas pequenos motores sólidos que ao serem ligados imprimem uma velocidade de rotação ao estagio gerando estabilização por spin.

Quase todas as falhas do L-II estavam associadas a esta etapa, com pouca capacidade instrumentada a bordo, existiam muitas coisas que poderiam estar dando errado, como a não ignição dos impulsores de rotação, a não ignição do estagio, uma “trombada” com o estagio anterior após a separação, coisas que até hoje costumam “derrubar foguetes” mas que os japoneses na época tiveram dificuldade em determinar.

Foram 4 lançamentos perdidos por problemas nesta etapa. Logo depois, veio o sucesso. Já em 1970.

O segundo motivo pelo qual este foguete não pode ser entendido como um míssil balístico é a sua capacidade de carga. Ele tinha uma capacidade de satelitização de menos de 30Kg, fazendo um rápido calculo de cabeça, se fosse eu a carga útil deste foguete, ele não chegaria a 5000Kg. Detalhe, eu peso 60Kg. Algo militarmente inexpressivo em termos de carga paga.


Imagem[/quote]


Elizabeth, voce saberia nos dizer quantos satélites ele efetivamente pôs em orbita?....

Ola Sergio.

Foram 9 lançamentos 5 fracassos.

Dos 9 lançamentos, os 6 primeiros foram com satelites a bordo, os ultimos 3 para desenvolvimento de sistemas de controle de empuxo sem satelites.

No unico lançamento com satelite que deu certo, a carga util era o pequeno satelite de 25Kg chamado Ohsumi, lançado em 1970 que reentrou na atmosfera a uns 3 anos atrás, lembro disto, porque houve um evento em comemoração na Agência Espacial Japonesa.

A unica foto que tenho do Ohsumi.

Imagem




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#4 Mensagem por alcmartin » Seg Mai 21, 2007 4:26 pm

Uma boa notícia (má p/os japas!) para o povo brasileiro, cuja cultura é querer só sucesso imediato e sem custos... :wink:




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Re: O menor foguete lançador do mundo.

#5 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mai 21, 2007 6:46 pm

Koslova escreveu:
Primeiro que ele não era guiado.



Cara Koslova,

Esta é uma informação realmente interessante. Nunca sequer imaginei que fosse possível lançar uma carga em órbita sem um sistema de guiagem, pelo menos no primeiro estágio!

Imagino que a órbita do satélite era do tipo "qualquer-coisa-elíptica", sem muito controle sobre altitude, excentricidade, etc... . Sendo assim, concluo que o VLM poderia ter funcionado mesmo sem uma plataforma inercial à bordo.

Vejamos:

- Um primeiro estágio tipo VLS (na verdade o segundo estágio do VLS) com controle de atitude por vetoração de empuxo através de injeção de freon, que funcionou muito bem no lançamento do VLS-1. Um conjunto de giroscópios comuns (ou quase, pelo menos adaptado para o nível de vibração à bordo), para determinação da inclinação e giro, e um controle via rádio à la A-4/V-2 (o primeiro estágio estaria dentro do alcance da base de lançamento, permitindo este procedimento). Isto já daria algum nível de controle no lançamento, bem melhor que o Lambda.

- Segundo e terceiro estágios balísticos, estabilizados por spin. O sistema de foguetes para rotação estaria instalado no segundo estágio, e o terceiro estágio giraria solidário com ele. Assim só haveria uma etapa crítica de aplicação da rotação. O VLS/Alfa também teria uma etapa destas em seu perfil de vôo.

Dá para conseguir um lançador de micro-satélites por um preço bem menor que o do próprio VLS. São quatro grandes motores e cinco sistemas de guiagem à menos, e eletrônica simplificada (nem computador de bordo é preciso, só um receptor de rádio). Provavelmente a torre de lançamento do Sonda-IV no CLBF poderia ser empregda sem (ou com poucas) alterações.

Não vejo razão para um lançador assim não estar pronto em alguns meses, ao invés dos anos previstos para o lançamento do primeiro VLS-Alfa.

Acho que mesmo agora seria bem interessante uma campanha de qualificação para um lançador assim, levando em consideração o interesse renascido em micro-satélites nos últimos anos. Agora mesmo existem várias equipes privadas em diversos países trabalhando exatamente nisso. No mínimo permitiria que a equipe de lançamento que trabalhará no programa Cruzeiro-do-Sul já fosse sendo treinada à custo mínimo, enquanto o pessoal responsável pelo projeto dos novos foguetes está fazendo seus doutorados na Rússia sabe-se lá por mais quanto tempo.

O que acha da idéia?




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#6 Mensagem por Bolovo » Seg Mai 21, 2007 6:58 pm

Não consigo ver a foto! :?




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Re: O menor foguete lançador do mundo.

#7 Mensagem por Koslova » Seg Mai 21, 2007 9:41 pm

Ola Leandro.

Qualquer coisa que eu pense sobre VLS, VLM, Programa Cruzeiro do Sul e demais planos do programa espacial brasileiro, por força profissional sou abrigada a guardar para meu juízo de valores a partir do momento em que o Brasil tenha assinado um acordo de cooperação com o governo russo.




LeandroGCard escreveu:
Koslova escreveu:
Primeiro que ele não era guiado.



Cara Koslova,

Esta é uma informação realmente interessante. Nunca sequer imaginei que fosse possível lançar uma carga em órbita sem um sistema de guiagem, pelo menos no primeiro estágio!

Imagino que a órbita do satélite era do tipo "qualquer-coisa-elíptica", sem muito controle sobre altitude, excentricidade, etc... . Sendo assim, concluo que o VLM poderia ter funcionado mesmo sem uma plataforma inercial à bordo.

Vejamos:

- Um primeiro estágio tipo VLS (na verdade o segundo estágio do VLS) com controle de atitude por vetoração de empuxo através de injeção de freon, que funcionou muito bem no lançamento do VLS-1. Um conjunto de giroscópios comuns (ou quase, pelo menos adaptado para o nível de vibração à bordo), para determinação da inclinação e giro, e um controle via rádio à la A-4/V-2 (o primeiro estágio estaria dentro do alcance da base de lançamento, permitindo este procedimento). Isto já daria algum nível de controle no lançamento, bem melhor que o Lambda.

- Segundo e terceiro estágios balísticos, estabilizados por spin. O sistema de foguetes para rotação estaria instalado no segundo estágio, e o terceiro estágio giraria solidário com ele. Assim só haveria uma etapa crítica de aplicação da rotação. O VLS/Alfa também teria uma etapa destas em seu perfil de vôo.

Dá para conseguir um lançador de micro-satélites por um preço bem menor que o do próprio VLS. São quatro grandes motores e cinco sistemas de guiagem à menos, e eletrônica simplificada (nem computador de bordo é preciso, só um receptor de rádio). Provavelmente a torre de lançamento do Sonda-IV no CLBF poderia ser empregda sem (ou com poucas) alterações.

Não vejo razão para um lançador assim não estar pronto em alguns meses, ao invés dos anos previstos para o lançamento do primeiro VLS-Alfa.

Acho que mesmo agora seria bem interessante uma campanha de qualificação para um lançador assim, levando em consideração o interesse renascido em micro-satélites nos últimos anos. Agora mesmo existem várias equipes privadas em diversos países trabalhando exatamente nisso. No mínimo permitiria que a equipe de lançamento que trabalhará no programa Cruzeiro-do-Sul já fosse sendo treinada à custo mínimo, enquanto o pessoal responsável pelo projeto dos novos foguetes está fazendo seus doutorados na Rússia sabe-se lá por mais quanto tempo.

O que acha da idéia?




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#8 Mensagem por A-29 » Ter Mai 22, 2007 3:04 pm

Notícia recente e interessante sobre o início do programa japonês e os grandes lançadores de hoje:

http://www.flug-revue.rotor.com/FRheft/FRHeft07/FRH0706/FR0706a.htm

Fato interessante é que eles construíram lançadores americanos sob licença.




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Re: O menor foguete lançador do mundo.

#9 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mai 22, 2007 8:32 pm

Koslova escreveu:Ola Leandro.

Qualquer coisa que eu pense sobre VLS, VLM, Programa Cruzeiro do Sul e demais planos do programa espacial brasileiro, por força profissional sou abrigada a guardar para meu juízo de valores a partir do momento em que o Brasil tenha assinado um acordo de cooperação com o governo russo.




Oi Koslova.

É uma pena que você não possa comentar sobre estes assuntos. É muito difícil encontrar no Brasil alguém com conhecimento nesta área, e ainda mais com a disposição que você sempre mostrou em partilhar suas informações e esclarecer as dúvidas de nós, pobres entusiastas.

Bem sei que não é por vontade própria que você se abstém de discutir este assunto, mas sem sua participação acho que qualquer debate sobre o programa espacial brasileiro perde muito do brilho.

De qualquer forma um grande abraço, e vamos ver se podemos discutir assuntos correlatos sem ter que mencionar o programa oficial.

Leandro G. Cardoso




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#10 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mai 22, 2007 8:52 pm

A-29 escreveu:
Fato interessante é que eles construíram lançadores americanos sob licença.


Na verdade, este tipo de procedimento é bem mais comum do que parece. A China, a India e a Coréia do norte iniciaram seus programas de lançadores espaciais produzindo cópias (autorizadas ou não) de mísseis balísticos soviéticos, com algumas adaptações.

Posteriormente estes foguetes foram ainda mais modificados, e o conhecimento assim adquirido permitiu o desenvolvimento de outros modelos maiores e mais potentes.

Abraços,

Leandro G. Card




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